Numerosos e
variados são os espíritos da água que moram nas fontes, nos lagos, nos rios, nas
cachoeiras, nos mares. Esses espíritos marinhos da natureza apresentam
características diferentes de uma parte do mundo para outra. Os do Pacífico
diferem dos do Atlântico, e uns e outros do Mediterrâneo. As espécies que se
apresentam em azul luminoso nos mares tropicais são muito distintas das que
saltam nas espumas dos grises mares do Norte.
As formas das
fadas marinhas são variadíssimas, em geral, tendem a tomar formas mais amplas
que as fadas dos bosques e das montanhas, entretanto, como essas apresentam
tamanho diminuto.
No folclore
brasileiro temos algumas dessas fadas, como é o caso da Uiara, nossa ninfa da
água doce, a lendária nereida Açaí, as formosas Juruás, entre outras. Temos
ainda, o Boto, que é o senhor absoluto dos mares e do grande mar doce, que é o
Rio Amazonas. Uiara também exerce grande poder, porém, somente nos rios e lagos.
Especialmente no sagrado Tapajós, o rio dos suspiros. Outros são os rios sacros:
Xingu, o rio de fogo; Tocantins, o rio do esquecimento onde bebem as almas
solitárias; Juruá, o rio das dores; Itajaí, o rio fecundo; Japurá, o rio das
virgens e das ilusões; Ipiranga, o rio dos trovadores; Jaguaribe, o rio dos
ventos; Tubarão, o rio da felicidade; e muitos outros.
Em quase todas as
tradições, assim como as brasileiras, esses seres fantásticos estão relacionados
com a sedução que sempre acaba com o rosário da aurora, a maioria das vezes, de
forma trágica.
Do mesmo modo que
nossa Uiara, as fadas aquáticas universais buscam deliberadamente o contato com
o homem para seduzi-lo, e quando não são correspondidas acabam com a vida do
homem. Porém há mais pontos em comum:
- Vivem no fundo
de uma fonte, cisterna, rio, onde flua água doce, pura e transparente.
- Possuem o
aspecto de mulheres muito belas, de longa cabeleira e as vezes, possuem uma
estrela gravada na testa.
- Podem ser
grandes benfeitoras como letais. As vezes profetizam acontecimentos, e graças a
sua influência produzem riquezas.
- Seus olhos são
da cor verde esmeralda, com um olhar extremamente sedutor que enfeitiça o ser
humano.
- Vivem em
fabulosos palácios, ocultos da vista humana, em lugares subterrâneos ou
aquáticos, ricamente decorados e iluminados nos quais guardam grandes tesouros e
riquezas.
- Muitas dessas
fadas até podem casar com um humano por amor, porém sempre com uma condição, de
não revelar sua condição de "mulher da água".
A origem das
ninfas procede de velhos cultos pagãos, onde se buscava o apoio desses seres
para dar às águas virtudes mágicas e medicinais, sendo em primeiro momento
adoradas como Deusas, passando o culto mais tarde a centrar-se em seu próprio
habitáculo, que se tratava de uma fonte, estanque, remanso ou similar.
Existem vários
nomes, ou classificação para referir-se a esses seres femininos das águas, os
mais conhecidos são: as ninfas (conhecidas também por ondinas), sereias e
nereidas.
Grande parte da
confusão que existe sobre o mundo das sereias se explica porque embaixo desse
termo se englobam personagens sobrenaturais diferentes entre si. Dentro das
águas oceânicas há as mulheres marinhas (mer-women, mer-maids, nereidas,
morganas, etc.), que não apresentam o rabo de peixe como as sereias. Portanto,
as nereidas se diferenciam das sereias por não terem o rabo de peixe e também,
por habitarem os mares interiores ou menores.
Mitologicamente,
as nereidas são consideradas como seres nascidos da união do mar com seus rios,
em uma época que não existiam os homens e foram relegadas a um papel secundário
no reino dos mares, devido a supremacia do Deus Poseidon. Se apresentam como
belas mulheres jovens e nuas, rodeadas permanentemente de tritões. O nome
"nereidas" significa "molhadas" e eram elas que salvavam os marinheiros dos
perigos, diferente das sereias que os provocavam.
As Fadas da Água
estão presentes nas tradições de quase todos os povos e estudá-las nos fará
contemplar o mundo de uma forma holística, que nos fará devolver a consciência
de que vivemos em um Universo, do qual ignoramos suas raízes mais profundas.
A única forma
verdadeiramente possível de entrarmos em contato com esses seres é nos banharmos
dessa magia que unirá a todos com esse passado. É através da nossa integração
instintiva com esse estranho mundo de pequenas criaturas, que personificam o
espírito vivo e latente da Natureza, que sentiremos que não somos "donos" ou
"senhores" de nada, mas sim fazemos parte dessa Natureza e que qualquer agressão
à ela haverá de repercutir no desenvolvimento de todo o Universo.

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