  
FESTAS JUNINAS
 
 

DOS
DEUSES PAGÃOS À SÃO JOÃO BATISTA....
O
mês de junho, época de Solstício de Verão na Europa, ensejou inúmeros
rituais de invocação de fertilidade, necessários para garantir o
crescimento da vegetação, fartura na colheita e clamar por mais
chuvas. Estes rituais, eram expressões que foram praticadas pelas mais
diferentes culturas, em todos os tempos e em todas as partes do planeta.
O
espetáculo das grandes mudanças que nos oferece a natureza sobre a
face da terra, sempre impressionou o homem e levou-o a meditar sobre
suas causas, efeitos e transformações. Em certo estágio de
desenvolvimento, acreditou ele, estar em suas mãos os meios de evitar
uma calamidade em potencial e que podia interferir, apressando ou
retardando a marcha das estações pela arte da magia. Com este
pensamento fixo, passou a realizar rituais e a proferir palavras mágicas
para o sol brilhar, os animais se multiplicarem e a vegetação ou
colheita desenvolver-se.
No
decurso de mais algum tempo, porém, acabou por convencer-se que o
crescimento e a decadência da vegetação e as alterações das estações,
assim como a vida e a morte de qualquer criatura viva, dependiam da força
e da vontade de seres divinos. Sendo assim, a velha teoria mágica das
estações, foi complementada com uma teoria religiosa. Mas, mesmo
associando estas transformações às suas divindades, achou que através
de certos ritos mágicos, poderia dar uma ajuda ao seu deus, que era o
princípio da vida na luta contra o princípio contrário, a
morte.
As
cerimônias que realizava para alcançar este objetivo, não
passavam de representações dramáticas dos processos naturais
que desejava favorecer.
Não
obstante, os dois lados da vida, o vegetal e o animal, não
estavam dissociados na mente daqueles que realizavam estes
cerimoniais. Em verdade, eles acreditavam que existiam profundos
laços que uniam o mundo vegetal ao animal e em funções disso,
combinavam a representação dramática do renascimento das
plantas a união dos sexos, objetivando estimular ao mesmo tempo e
com um único ato, a multiplicação dos frutos, dos animais e dos
homens. Para eles, o princípio da vida e da fertilidade, fosse
animal ou vegetal era uno e indivisível. Alimento
e filhos, era o que os homens procuravam obter com a realização
de ritos mágicos para regular as estações. Estes
rituais de fertilidade, sendo muito importantes para todos os
povos, perduraram através dos tempos e na "Era Cristã"
não houve como apagá-los. E, a Igreja Católica,
inteligentemente, ao invés de condená-los, adaptou-os as
comemorações do dia de São João, que teria nascido em 24 de
junho, dia do solstício. |
Nos
conta Frazer, em seu livro "O Ramo de Ouro", do início do século
XX, que na Sardenha, os jardins de Adônis ainda são plantados na festa
de Solstício de Verão, que lá tem o nome de festa de São João. Era
costume, também, em 1 de abril um rapaz da aldeia se apresentar diante
de uma moça e pedir-lhe para ser sua "camare" (namorada) e se
oferecer para ser seu "compare". O convite era considerado
como uma honra pela família da moça e aceito com satisfação. No
final de maio, a jovem faz um vaso com casca de um sobreiro, enche-o de
terra e nele semeia um punhado de trigo e cevada. Colocado ao sol e
regado na devida freqüência, os grãos brotam rapidamente e, na véspera
do solstício (23, junho, véspera de São João), já estaria bem
desenvolvido. O vaso é então chamado de "erme" ou "nenneri".
No dia de São João, o rapaz e a moça, acompanhados por uma comitiva e
precedidos por crianças, vão em procissão até a igreja. Ali quebram
o vaso e lançando-o contra a porta do templo. Sentam-se em seguida em círculo
na relva e comem ovos e verduras ao som da música de flautas. Em
seguida dão-se as mãos e canta, "Namorados de São João (
Compare e comare di San Giovanni) várias vezes, enquanto as flautas
tocam durante todo este ínterim. Quando se cansam de cantar,
levantam-se e dançam alegremente em círculo até a madrugada.
Outro
aspecto importante da festa do Solstício de Verão ligado ao nome de São
João é a tradição de banhar-se no mar, nas nascentes, nos rios ou no
sereno, na noite da véspera do dia da festa do Solstício. Em Nápoles,
há uma igreja dedicada a São João Batista com nome de São João do
Mar (San Giovan a mare). Este hábito é bastante antigo e, homens e
mulheres acreditavam que no ato de banhar-se ficariam livres de todos os
pecados. Nos Abruzos, ainda se acredita que água possua qualidades benéficas
na noite de São João. Em Marsala, na Sicília, há uma nascente em uma
gruta subterrânea, chamada Gritto della Sibila. Ao seu lado, há uma
igreja de São João. Na véspera de São João, dia 23 de junho,
mulheres e moças visitam e gruta e, ao beber da água profética, ficam
sabendo se seus maridos são fiéis ou se casarão no próximo ano. Também
os enfermos, acreditam que banhando-se nestas águas, ficarão curados
de seus males.
O
alcance destas crenças eram tão grandes, que a Igreja, acabou por
achar melhor seguir uma política de acomodação, dando a estes ritos
um nome cristão. E, ao procurar um santo para suplantar o patrono pagão
de tais banhos, dificilmente poderiam ter encontrado um sucessor mais
adequado do que São João Batista.
Atualmente,
os rituais de fertilidade estão representados no casamento caipira e,
as antigas oferendas, deram lugar às simpatias, adivinhações e
pedidos de graças aos santos. O santo mais requisitado é o Santo
Antonio, conhecido como casamenteiro, que segundo reza uma lenda, levou
três irmãs solteiras ao altar.

 |
O
FOGO DA VIDA E DA PURIFICAÇÃO...
Também
perduraram, desde os tempos imemoriais, os costumes de acender
fogueiras e tochas, que livravam as plantas e colheitas dos espíritos
maus que poderiam impedir a fertilidade. |
A
festa de São João está também, diretamente relacionada com o
elemento "fogo". Analisando mais a fundo o simbolismo deste
elemento, chegaremos a seus vários aspectos.
O
fogo é criação, nascimento, luz original, alegria e elemento que foi
divinizado pelo homem. Este, submerso nos mistérios da noite, alegra-se
quando seus olhos se abrem para a luz do dia, iluminados pelos raios benéficos
do Sol. Mas o fogo também é destruidor, já que tudo queima e
incinera. Esta ambivalência foi rapidamente observada pelos nossos
antepassados que fizeram do fogo uma representação do bem e do mal. O
fogo portanto, é princípio de vida, revelação, iluminação,
purificação, mas também paixão e destruição. Dá a vida, mas volta
a tirá-la e transforma-a em cinza.
As
fogueiras de São João, que queimam atualmente, na noite de 23 de junho
(véspera da festa de São João), eram no começo, fogos de fertilização
e purificação que se acendiam no dia do Solstício de Verão, na
Europa (21 de junho), justamente antes das colheitas, em honra aos
deuses para agradecer as suas bondades, ou imediatamente depois, para
purificar a terra.
As
festividades de São João, portanto, celebram a vida, o Sol, o fogo
transformador que consome o velho para criar algo novo.
TRADIÇÃO
QUE CONQUISTOU OS ÍNDIOS...

Quando
os portugueses chegaram com seus jesuítas ao Brasil, em torno
1500, trouxeram em sua bagagem todas as suas crenças e costumes.
Alguns cronistas contam que os jesuítas foram os primeiros a
acender fogueiras e tochas para comemorar a festa de São João. |
Ela
foi muito bem aceita pelo nosso indígena, pois se identificava com suas
danças sagradas realizadas também, em torno do fogo.
Os
jesuítas, muito astutos, se utilizaram do interesse do índio pelas
festas religiosas para atraí-los e estabelecerem contatos com objetivos
de catequese.

COQUETEL
DE CULTURAS

As
festas juninas somam hoje, contribuições culturais de vários
povos que aqui se estabeleceram como o passar do tempo. E, pode-se
dizer, por que não, que este verdadeiro "coquetel de
culturas" foi um arranjo perfeito e mobiliza romaria de
turistas para apreciarem suas alegres e descontraídas festas.
|
Desde
do século XIII, a festa de São João portuguesa chama-se "joanina"
e incluía os santos: Santo Antônio ( 13 de junho), São João (24 de
junho) e São Pedro (29 de junho).

As Festas Juninas têm inicio em 13 de
junho, Dia de Santo Antônio. Esse santo português, viveu em 1195 e faz
parte da ordem dos franciscanos, falecendo em Pádua, na Itália, com 36
anos. Bastante reverenciado no Brasil no início do século XX, chegou a
ser condecorado patrono do exército brasileiro. Na cultura popular ele é
conhecido como santo casamenteiro, dividindo com São Gonçalo, as
promessas e as rezas das moças solteiras interessadas em casar. As
festividades em seu louvor incluem levantamentos de mastro, cantorias,
romarias e procissões por todo o País, além de inúmeras crendices e
superstições.
No imaginário popular, Santo Antônio
também ajuda na busca de coisas perdidas.
Já São João está relacionado com o fogo
lendário das fogueiras. Sua adoração era tradicional na Península
Ibérica e foi, portanto, trazida ao Brasil pelos jesuítas. O santo é o
mesmo João, filho de Isabel, prima de Maria, que anunciou a vinda do
Messias e foi chamado de precursor do povo judeu. Ao contrário da imagem
descrita pela Bíblia de um homem ríspido e severo, tem-se nas festas a
sua imagem associada a uma criança meiga e alegre, que adora foguetes e
barulho.

São Pedro é o último a ser comemorado, no
dia 29 de junho. Um dos maiores festejos do Brasil dedicados ao santo
ocorre na cidade de Teresina, no Piauí, cuja festa termina com procissão
fluvial pelo rio Parnaíba. É conhecido como santo chaveiro, pois a ele
foram confiadas as chaves do Reino dos Céus. É o padroeiro dos
pescadores, que realizam procissões marítimas em sua homenagem, e também
o protetor das viúvas.

Já
a quadrilha, tão apreciada e cantada nestas festas juninas é uma dança
francesa que tem suas raízes nas contra-danças inglesas (contry dance=
dança rural) e surgiu no final do século XVIII. Esta dança
desembarcou no Brasil com a família real portuguesa em 1808. Só a alta
sociedade da época, divertia-se em suas recepções ao som da
quadrilha.
Com
o tempo, este modismo importado da França, caiu nas graças do povo,
passando então, a integrar o repertório de cantores e compositores.
Foi assim, que a quadrilha deixou os salões aristocráticos para entrar
nas festas populares. Surgiram então, as variantes no interior do país,
como a quadrilha caipira. A quadrilha ainda hoje, é dançada no
interior para homenagear os santos juninos e agradecer as boas colheitas
da roça. O instrumento tradicional das quadrilhas é a sanfona.
Saiba mais sobre quadrilha acessando o
link:http://www.rosanevolpatto.trd.br/dancaquadrilha.htm

 |
Mas,
a pitada que dá o toque especial ao nosso "coquetel de
cultura" é a maravilhosa culinária indígena, com suas
comidas à base do milho como: espigas de milho, pamonha, canjica,
bolo de fubá, etc.
Portanto,
unindo música, teatro e boa comida, as festas juninas expressam
um imaginário rico em passagens da vida cotidiana de um povo
simples. |
É,
antes de tudo, uma oportunidade onde se dança e canta os costumes
herdados da sabedoria de nossos ancestrais. Sábios ensinamentos de um
tempo que o próprio tempo se encarregou de deixar para trás, mas que
nossa memória nega-se de esquecer.
Além
disso, estas festividades tiveram um papel essencial na integração
entre índios e portugueses e, mais tarde, com os negros e outros grupos
étnicos, estabelecendo o que podemos chamar de união de laços
culturais. Inseridas dentro de um contexto religioso, estas festas foram
portanto, muito importantes nas relações entre diferentes povos que
colonizaram o Brasil. Esta polifonia cultural está arraigada até hoje.
Estas
festa ainda, nos fazem reviver mitos e nos trazem ao palco da vida
atual, cenas da história de um povo, contadas sob um moderno ponto de
vista. São realmente, as primeiras conquistas do povo brasileiro, que
nelas se vê e se representa em papéis ativos.

 |
O
CAIPIRA
O
caipira é um tipo humano de uma determinada região. Sua vida
simplória, sua falta de instrução e por vezes, até falta de
higiene, são fatores hereditários que tornaram-no uma figura
característica do interior paulista. Mas como qualquer tipo
humano, ele possui belíssimas tradições que chegaram até nós
através de gerações. |
Acreditamos
que nas festas juninas o caipira aparece como uma figura deturpada, o
que tornou-o extremamente cômico, próximo de um palhaço, talvez por
pura falta de conhecimento da verdade que representa sua figura. A
imaginação jocosa não vê as qualidades e virtudes que possui, frente
as condições desfavoráveis do seu viver.


CASAMENTO
CAIPIRA

A
cerimônia de casamento caipira é uma manifestação realizada
durante os festejos juninos, principalmente nos dias dedicados a São
Pedro.
Dependendo
da região e estado do Brasil o Casamento Caipira é conhecido
também por outros nomes como Casamento Matuto e Casamento na Roça. |
O
Casamento Caipira é uma paródia às cerimônias tradicionais. O
cerimonial é precedido de um grande cortejo pelas ruas da cidade, onde
os principais personagens da representação são: a noiva grávida, o
noivo, o delegado, o padre, os pais dos noivos, padrinhos, etc. O enlace
caricaturado se desenvolve em meio à fugas do noivo, as indecisões da
noiva e ameaças por parte dos pais, vigário e o delegado. Os textos
apresentam uma linguagem libidinosa e os sermões contém forte conotações
crítico-sociais. Após a celebração do casamento, inicia-se a
quadrilha.

VERSÃO I

NARRADOR: Gente a esperar
Em noite de São Jão
Noiva no artar
Só falta chegar o Jão
NOIVA: Ai meu Santo Antonio
Quê do meu João
Será que vai me deixar
Depois de tanta produção
NARRADOR: Jão é cabra de palavra
Bem que pensou desistir
Mas se assim o fizesse
Tinha que se ver com seu Didi
NOIVO: Oxente minha fulo de Maracujá
Ainda ta aí a me esperar, ta?
Magina se eu ia deixar ocê
Plantada nesse artar
NOIVA: Eu sei meu beija-flor
Que a mim tu tem amor
NOIVO: Vamos padre
Case nois nesse momento
Não tem nenhum impedimento
Prêsse nosso casamento
NARRADOR: O padre já cansado
Não quer mais perder tempo
Chama os dois pra frente
Prumode fazer o juramento
PADRE: Então venha para cá
João Lutero Jatobá
Trazendo consigo a sinhá
Maria fulô Maracujá
NARRADOR: Os dois vão pro artar
Cheios de felicidade
Quando de repente
Aparece uma beldade
AMANTE: Ô Jão Lutero sei lá de que
Acha que vai se casar é?
Ocê imbuxa eu e vai casar
Com outra muié
NOIVO: Mai eu nunca vi ocê
Nem na missa nem na carniça
Esse guri não é meu
Essa muié uma bisca
NOIVA: Ah!!! Jão Lutero
Ocê vai ter que se explicar
Donde vem essa bisca
Com seu filho a carregar
PAI DA NOIVA: Ah!!! Mai vai mermo
Só que não é a eu nem a ocê
É cum delegado da puliça
Que esse cabra vai se ver
NARRADOR: O coração de Jão dispara
Suas pernas trema toda
Inté que chega uma moça
E decidida fala
AMIGA DA AMANTE:
Ontem mermo eu lhe vi
Sua barriga só tinha banha
Vamos logo de uma vez
Acabe com essa façanha
DELEGADO: Parem ou eu atiro! (aponta a arma)
NOIVO: Eu não te disse minha Fulô
Que só tenho oi pra ocê
Vamos padre nos case logo
Antes que a comida acabe
E a gente fique sem comer
NARRADOR: E assim segue o casório
Noivo e noiva no artar
O padre não se demora
Para não contrariar
PADRE: (faz o sinal da cruz e diz:)
Pode beijar a noiva
NOIVA: Ai! Eu tou tão feliz!!!
NOIVO: Ah! Minha fulô...
Eu não vejo a hora de te ver:
Fazendo meu café
Pegando a toalha prumode eu me enxugar
Preparando a mesa para quando eu acordar
NOIVA: Oxente! É só pra isso que ocê me quer, é?
NOIVO: Não! Vamos fazer muito guris!
Solta o som!!!
(Autoria Ivone Alves)

VERSÃO II

Personagens: Noivo, noiva, pai da noiva, xerife, padre; vários casais.
1. Os pares, de braços dados, entram em fila, dão uma volta no salão, e param próximo a mesa/altar.
Ordem da entrada: noivos, padre e viúva, pais do noivo, pais da noiva, xerife e mulher, convidados.
2. Realiza-se o casamento. (o texto abaixo é uma sugestão cômica e com fala "caipira").
Xerife (X): Hoje vim acá no Arraiá pra módi casá esse par di moçus que pretendi formá uma famía nova nu arraiá dus sapus, sabiá e tico-tico donde vancês tudo móra.
Padre (P): U novio qui é fio du fazendêro Mané Pistola mais sua muié comadre Agostinha si chama Inhozinho Manduca Pinduca, i a novia qui é fia du comendadô Chico Chicote mais sua muié comadre Nicota, si chama Chica Brotoeja.
X: Prá ocês num fazê fofoca falando só verdade peçu a toda moçada aqui reunida si subé qui já são casadus notras parages avisá prá eu num arrealizá este casório.
P: Vamus moçada, ocês acha qui podi ele cum ela ajuntá seus trapus hoje? Intão vamus prá frente mi arrespondendo...
(O noivo ameaça fugir, mas o pai da noiva, aponta uma espingarda e o traz de volta)
P: Ocê, Manduca Pinduca, arrecebe Chica Brotoeja?
Noivo: Eu Manduca Pinduca arrecebo á vosmecê Chica Brotoeja como minha muié legítima i verdadêra.
P: I vancê, Chica Brotoeja?
Noiva: Eu, Chica Brotoeja, arrecebo a vois Sinhozinho Manduca Pinduca como meu legítimo i verdadêro maridu.
P: Depois dessas adeclaração tudo pessoar eu vô a declará vancês casadus: maridu i muié. Prá ocês vivê cum muito amô, um só pru ôtru nu seu rancho sem oiá pra mais ninguém. CApinandu a roça de mío, cuidando das prantação i povoandu o arraiá cum argumas dúzia de fios pru mundu num acabá.
X: Vamus dançá a quadria ocês tudo, pessoar!
3. Formar novamente a fila. O "cantador" da quadrilha deve anunciar os passos (em negrito):
Passeio dos Namorados.
Cada um com seu par, de braços dados em fila.
Olha os cumprimentos
Se dividem em dois grupos, sem desfazer os casais, um grupo de frente para o outro.
Cumprimento das damas.
As damas vão até o meio, dançando e segurando a saia. Quando se encontram no meio, fazem uma reverência graciosa. Enquanto isso os homens batem palmas.
Anarriê
As damas voltam de costas ao seu lugar.
Cumprimento de cavalheiros
Os cavalheiros vão até o centro, batendo os pés e com as mãos para trás. Quando se encontram tiram o chapéu e se curvam.
Anarrieê
Recolocam o chapéu e voltam de costas ao seu lugar.
A Galope
De cada uma dos grupos, saem 2 pares "cavalgando", se cruzam no meio e trocam de lugar.
Passeio dos Namorados
Caminho da roça
Os pares se desfazem, passando cada dama para frente do seu par, e continuam andando em fila. (atenção para que fique intercalado - dama, cavalheiro, dama, cavalheiro)
Olha o trem!
Cada um pega na cintura da pessoa a sua frente.
Enguiçou!
Param...
Marcha-à-ré!
Andam de costas em trem
Consertou!
Seguir em frente.
Olha a chuva!
Cada um coloca as mãos entrelaçadas sobre a própria cabeça.
Já passou!
Os cavalheiros colocam os braços para trás, as damas seguram a saia.
Olha a cobra!
Todos gritam "Ui!" e se viram - a fila agora anda em sentido contrário ao que vinha.
Já foi embora!
Todos gritam "Oba" e se viram - a fila volta a andar no sentido inicial.
Grande roda
Se dão as mãos e formam uma roda (atenção para que fique intercalado - dama, cavalheiro, dama, cavalheiro)
Damas ao centro
Manter 2 rodas, a de cavalheiros por fora e a de damas por dentro.
Cestinha de Rosas
Cada dama deve parar à direita de seu par. Os cavalheiros levantam os braços e as damas passam por baixo. Girar.
Grande Roda
Desfazem a cesta e se dão as mãos.
Cavalheiros ao centro
Cestinha de cravos
Cada cavalheiro deve parar à direita de seu par. As damas levantam os braços e os cavalheiros passam por baixo. Girar.
Grande roda.
Olha o caracol!
A noiva puxa a fila, sem desfazer a roda, e começa a formar uma serpentina dentro da roda, até chegar ao centro.
Desmanchar
A noiva volta e começa a desfazer, até conseguir formar a grande roda de novo.
Passeio dos Namorados
Formar os pares novamente, e andar em fila (sempre damas atras de damas e cavalheiros atrás de cavalheiros).
Olha o Túnel!
Os noivos param e se dão as mãos no alto, por cima da cabeça, formando uma "casinha", o próximo par, passa por debaixo do tunel e forma também a "casinha" e assim sucessivamente, até todos passarem. Os noivos então desfazem a sua "casinha" passam por debaixo de todo o tunel e se dão os braços, formando o "Passeio dos namorados"; cada par então também desmonta a "casinha" passa pelo tunel e o vão desfazendo.
Hora do Baile
Os casais param e formam uma roda bem aberta.
Valsa dos noivos
Os noivos vão para o meio da roda e dançam.
Viva o padre!
O padre e seu par se juntam aos noivos.
Viva o xerife!
O xerife e seu par se juntam aos noivos.
A dança agora é geral!
Todos valsam.
Lá vem o arara!
Um cavalheiro sem par entra na roda com um cabo de vassoura e o entrega para qualquer cavalheiro da roda e dança com a dama dele. O cabo de vassoura vai sendo passado entre os cavalheiros até a valsa acabar.
Cada um com seu par!
Passeio dos namorados
Despedida
Vão saindo acenando, as damas com a mão (ou com um lenço), os cavalheiros com o chapéu.
(Retirado do site déias e Dicas para JE & ED )

AS
FOGUEIRAS

As
fogueiras juninas merecem uma consideração à parte. A de Santo
Antonio é quadrada. A de São João, redonda. A de São Pedro,
triangular.
O
festeiro escolhido para comandar os festejos de qualquer um dos
santos de junho deve escolher um bom Capitão de Mastro e um bom
Alferes de bandeira, os quais organizarão a fogueira, tratarão
da implantação do mastro para a bandeira e mandarão
confeccionar (onde ainda não existir) a própria bandeira.
|
É
adequado, também, fincar-se um pau-de-sebo no local da festa, para
diversão dos jovens. A fogueira centraliza a festa.

A
LAVAGEM DO SANTO

Na
festa de São João, em alguns locais se costuma realizar a
"lavagem" ou o "batismo" do santo. Este ritual deve
ser realizado antes da meia-noite, quando todos os participantes formam
uma procissão com andores onde estão dispostas as imagens de alguns
santos e se dirigem às margens de um riacho, rio, lagoa ou córrego das
proximidades. Entoam pelo caminho diversas cantorias como:
"Viva
São João Batista
Vivia
Batista João
Vivia
São João Batista
Que
foi batizado
No
rio de Jordão."
Chegando
ao riacho, sempre com cantos e com velas acesas, cada devoto recebe nas
mãos uma imagem de um santo e a mergulha brevemente nas águas, ou então
apanha um pouco da água e a despeja sobre a imagem. Também neste
momento, cada devoto faz o sinal da crua e às vezes com a própria
representação do santo. Durante a lavagem é comum cantar:
"Lira,
oi lira
Corrida
do mar
Quem
tem seus pagão
Pode
vim batizar".
A
lavagem abençoa a imagem do santo e a água. É costume também,
banhar os pés , rosto, mãos, e outras partes do corpo com o intuito e
busca de proteção.

ISTO
AQUI TÁ BOM DEMAIS....

As
festas juninas em centenas de cidades e principalmente no
Nordeste, movimentam mais gente que o nosso famoso Carnaval. Os
arraiais em municípios do interior são confraternizações
pequenas, mas em outros já se transformaram em megaeventos que
fazem moda, chegando a reunir até 1 milhão de turistas ao longo
do mês. O circuito junino do Nordeste é hoje uma atração muito
procurada e já atrai brasileiros de todas as outras regiões.
Caruaru,
em Pernambuco e Campina Grande, na Paraíba, disputam o título da
melhor festa do país. A primeira é conhecida como "capital
do forró" e a outra como "o maior São João do
mundo". Na década de 80 surgiram em Caruaru as drilhas,
quadrilhas que desfilavam atrás do trio elétrico ao som de um
som modernizado. |
Caruaru
criou uma cidade cenográfica denominada Vila do Forró, uma réplica de
cidade típica de sertão reproduzindo a arquitetura das casas, que são
geralmente simples e coloridas, habitadas pela rainha do milho, pela
rezadeira, pela rendeira, pela parteira. Lá estão também o correio, o
posto bancário, a delegacia, igreja, restaurantes, teatros mamulengos.
Atores encenam nas ruas o cotidiano dos habitantes da região. Uma das
grandes atrações da festa é o desfile junino na véspera de São João,
através do qual desfilam mais de vinte carros alegóricos, carroças
ornamentadas, em cujo cortejo são apresentados Bacamarteiros, bandas de
pífaro, quadrilhas, casamentos matutos, grupos folclóricos.
Já,
Campina Grande, construiu o "Forródromo" que recebe todos os
anos milhões de pessoas que se divertem, assistindo apresentações do
forró pé de serra, quadrilhas, cantores, bandas, desfiles de jegues;
participam de jogos e brincadeiras e deleitam-se com as comidas típicas
vendidas nas barracas. As duas cidades disputam a popularidade da festa,
realizada como um grande espetáculo que atualiza manifestações
culturais, transformando as homenagens a São João num mês de contínua
folia junina.
Na
Amazônia cabocla, a tradição de homenagear os santos constitui um
calendário que tem início em junho com Santo Antônio e termina em
dezembro com São Benedito.São festas de arraial, onde estão presentes
as fogueiras, o foguetório, o mastro, os banhos da meia-noite, muita
comida e a folia, que representam sempre a festa realizada no décimo
dia depois das novenas.
A
noite de São João na cidade de Belém, como em toda a vasta terra
paraense, é noite de feitiçaria indígena. Noite desejadas pelos
namorados que esperam ler à sorte de ovo ou nos desenhos da faca que à
meia noite foi espetada na bananeira, a sua predestinação, o nome do
bem amado, os caminhos incertos do futuro, aquilo que mais se quer e nem
sempre se alcança, muito embora a sorte o vaticine. São realizados
também, os divertidos "banhos de cheiro" que, no dizer de
Raimundo Morais "não somente dão sorte, alegria, prosperidade,
como tiram o caipora, o azar, equivalendo a uma limpeza no físico e na
alma do indivíduo".
No
Rio Grande de Sul, esta festividade folclórica possui características
próprias. Observa-se um misto de culturas regionais, a caipira e a gaúcha,
sob o ritmo do vanerão, muito embora esta mistura já esteja perdendo
espaço.
No
sul de Minas, já há uma preocupação em comemorar as festas juninas
nos moldes simples do homem do campo. Ao contrário das grandes cidades,
que vão deixando de lado o caráter folclórico destas festas, no
interior a tradição ainda sobrevive. Durante o evento são servidas
comidas típicas, pipoca quentinha à luz da fogueira e a famosa
quadrilha e tanto cativa e alegra.

"AS
SORTES", VOCÊ QUER SABER A SUA?
Nas
noites de 13, 24 e 29 ou na passagem do respectivo dia anterior para
esses dias (o instante mágico é a meia-noite) se podem tirar
"sortes" do santo, ligadas à amor, à profissão, a destino
ou outros assuntos. Saiba agora algumas dessas sortes:
Sorte
no Namoro
Planta-se
um dente de alho com o nome da jovem ou do jovem de quem gosta, escrito
num papel. Fica o dente do alho para cima, junto com o papel. No dia
seguinte diz que já amanhece brotando o que vai dar casamento. Se não
no dia seguinte, espera mais alguns dias.
Sorte
do prato d'água
Escreva
os nomes de seus pretendentes em pedaços de papel branco. Em seguida,
pegue todos os papeizinhos e torça-os, bem torcidos. Disponha-os então
em um prato cheio de água. No dia seguinte, o papel que amanhecer
aberto é o que tem o nome daquele que pode acabar em casamento.

ÊTA..
TERRA FESTEIRA!

Não
há quem não se contagie com a alegria das festas juninas, que irrompem
teatrais, inspiradoras, videntes e iluminadas. É muita dança e
brincadeiras, regadas à comidas típicas e bebidas afrodisíacas como o
quentão e o ponche à brasileira.
Passar
o mês de junho sem "pipocar" nestas animadas festividades, é
deixar de viver momentos felizes de pura descontração.
As
festas juninas têm o poder mágico de reavivar velhas tradições,
reforçar nossos laços de origem e recriar no presente, a caminhada de
nossos antepassados. Aliadas ao magnífico espetáculo que nos oferece a
natureza, elas têm se tornado um produto turístico cada vez mais
atraente, geradoras de empregos, que propiciam um rápido crescimento da
região onde elas ocorrem.

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O Brasil
é um país muito rico em acervo cultural, mas é de fundamental
importância conhecê-lo, para que possamos compor a identidade de
nosso povo. É através destas manifestações folclóricas, que
mantêm vivas as tradições e costumes de um povo, preservando
deste modo, sua identidade para futuras gerações. |
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto

Bibliografia
consultada
Antologia
do Folclore Brasileiro - Luiz de Câmara Cascudo. SP, Global 2001.
Folclore
Paulista - Américo Pellegrini Filho
O
Ramo de Ouro - James George Frazer
Antônio
Augusto Fagundes. Curso de Tradicionalismo Gaúcho. Martins Livreiro. 2ª
Edição
João
Carlos Paixão Côrtes. Festejos do Ciclo São João na Tradição Gaúcha.
Editora Proleta.1986.
Dança Brasil - Gustavo Cortes
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