DEUSA SKADI


A gótica skadus, significando "sombra". A
Escandinávia se chamava antigamente Scadin-auja, ou terra dos Skadi. Os
skads escandinavos, os quais eram poetas xamãs, diziam que seus poderes e
inspirações, bem como seu nome, vinham da Mãe Escura Skadi. Acreditava-se
que o que quer que profetizassem realmente acontecia, pois possuíam uma
ligação direta com o caldeirão de todo o tempo no centro do reino dessa Deusa.
Os mitos nórdicos descrevem Skadi como a bela filha do Gigante Thiazi (ou
Thjazi).

Skáldskaparmál
Após seu pai ter sido assassinado por Thor, Skadi foi aos portões
de Asgard e desafiou os deuses". Aqui abro um parênteses, para esclarecer
que Thiazi foi o gigante responsável pelo rapto da Deusa Idun e por isso foi
assassinado pelos Deuses. Confira:
deusaidun.htm
Numa tentativa de dissipar sua raiva, Loki apanhou uma cabra e desceu para
saudá-la. Uma vez que ele havia causado problema originalmente, os deuses julgaram apropriada a decisão. Loki amarrou uma ponta de uma corda à cabra,
e a outra extremidade aos seus genitais. A cabra puxou para um lado enquanto Loki puxou para o outro, até que seus genitais fossem arrancados. Loki caiu
sangrando no colo de Skadi, banhando-a com seu sangue. A deusa julgou isso o
suficiente para compensar a morte de seu pai. Entretanto, Loki, através de
sua magia, restaurou os órgãos castrados e saiu em busca de outras deidades
femininas"
Mas, também encontrei outra versão, que conta que Skadi foi Asgard com os olhos
chamejantes de ira reclamar pela morte de seu pai. Os deuses então, lhe
ofereceram ouro como compensação pela morte do pai. Skadi respondeu que só
abandonaria sua vingança sob duas condições: poder eleger qualquer dos
deuses para que fosse seu marido e os Ases deveriam fazê-la rir. Os deuses
aceitaram, porém com uma condição de que,durante a escolha, Skadi só veria
os pés dos deuses.

Os candidatos se ocultaram detrás de uma grossa cortina, de forma que a
giganta só pudesse ver seus pés. Skadi encontrou um com a planta dos pés
grossas, com cicatrizes e cheias de calos, identificando-o com Thor, a quem
os gigantes temiam, assim o descartou. Logo viu uns pés grandes e poderosos
e reconheceu como se sendo de Tyr. Olhando um por um, foi identificando os
deuses, até que encontrou um par de belos pés que acreditou pertencerem a
Balder, o deus amado por todas as coisas da criação. Imediatamente o elegeu,
mas para sua surpresa os pés pertenciam a Njord, com a pele curtida pelo
vento do mar e com o odor do sal. Sua decisão tinha sido tomada e agora não
poderia recusar a união.
Educado em Vanaheim (Reino de Vanir) e era o mais destacado dos Vanir.
Governa os ventos e pode acalmar a fúria do mar desatada por Aesir, e a
violência do fogo. Njord tinha o poder de outorgar a boa sorte aos homens no
mar, e em terra aos caçadores. Quando os Aesir selaram a paz com os Vanir, houve
um intercâmbio de deuses, a maneira de reis. Os Aesir enviaram a Honir, enquanto
que os Vanir enviaram a Njord, junto com seus filhos Frey e Freya. Os Aesir se
alegraram com a presença de Njord, que ganhou seu respeito e sua admiração.
Agora, em uma segunda etapa, os Aesir deveriam fazê-la rir e para isso chamaram Loki. Sua tarefa era
árdua, pois o sentido de humor não era uma das qualidades de Skadi. Loki
começou relatando a história de um camponês que levava uma cabra ao mercado.
Atou a extremidade de um acorda nas barbas da cabra e o outro extremo em
seus próprios testículos, para arrastar o animal. A cena era tão hilariante
que Skadi começou a rir.
Para aplacar a raiva de Skadi, Odin lhe entregou duas esferas líquidas. Skadi reconheceu como sendo os olhos do pai; os tomou e os colocou no céu,
onde se converteram em estrelas. Em seguida foi celebrada uma grande festa
para comemorar as bodas de Njord e Skadi.

Gylfaginning
Fragmento
de Gylfaginning, que trata de Njord. Capitulo XXIII:

De acordo com
Gylfaginning, desde o início esse casamento teve problemas. Njord habitava em Noatun, seu
palácio à beira mar, de onde podia dirigir as ondas e os ventos. Porém Skadi
desejava viver em sua antiga casa, em Thymheim, um reino nas montanhas de
Jötunheim que pertencia a seu pai. Depois de
muitas discussões decidiram alternar: viveriam nove dias nas montanhas e três à
beira mar. Quando Njord voltou para Noatum,
vindo as montanhas, declamou este verso :"Me aborreço nas montanhas, não fiquei
muito por lá, apenas nove noites. Detestei o uivo dos lobos,se comparado ao
canto dos cisnes."Skadi por sua vez ao voltar de Noatum disse : Não consegui
dormir junto ao oceano,com os gritos das aves.Toda a madrugada me acordavam as
gaivotas vindas dos mares."
Concluíram finalmente que seus gostos nunca coincidiriam,
decidiram separar-se para sempre, regressando ambos à seus respectivos lares,
onde cada um poderia realizar suas tarefas.

Saga Ynglinga
Na Saga dos
Ynglings, Snorri Sturluson fala de Skadi, afirmirmado que logo depois de deixar
Njord se casou com Odin, com quem teve um filho de
nome Seming, o primeiro rei da Noruega e o suposto fundador da estirpe real que
governou o país durante muito tempo.
Segundo outras versões, Skadi terminou casando-se com
Ull (ou Uller), o Deus da
Justiça e dos Duelos. Ull era um excelente arqueiro e se divertia deslizando
na neve. Por isso, foi aceito por Skadi, em uma nova união bem mais tranqüila
que a anterior.

Lokasenna
Em
Lokasenna, Skadi está presente durante uma festa no salão de Aesir e
toma parte provocada pelas calúnias de Loki. Logo que este
reprimenda a Heimdall, Skadi o defende e provoca Loki, dizendo que
seu futuro será amarrado à uma cova com os intestinos de seu filho.
Loki então lhe diz que foi ele quem assassinou seu pai. Skadi diz
que se isso for verdade teria direito à palavras mais ofensivas de
sua parte, porém Loki lhe lembra que ela já tinha lhe dito palavras
mais doces quando ela o convidou para partilhar de sua cama. Essa
referência amorosa não aparece em outras fontes.
Quando
Loki foi amarrado em uma cove como castigo por ter matado Balder,
foi Skadi quem colocou a serpente venenosa sobre sua cabeça,
gotejando veneno em seu rosto.

DEUSA DA
CAÇA

Skadi era uma arqueira e portanto, sempre era representada com um arco e
flecha e, como uma Deusa caça, sempre era acompanhada por um cão esquimó com
aspecto de lobo. Essa Deusa era invocada por caçadores e por viajantes no
inverno, cujos trenós ela guiava sobre a neve e o gelo, ajudando-lhes à
alcançar seu destino ilesos.
A cólera de Skadi contra os deuses, que haviam matado seu pai, é um símbolo
da inflexibilidade e rigidez da Terra envolta no Céu, a qual, suavizada,
finalmente pela travessa representação de Loki (o relâmpago do verão), sorri e
cede ao abraço de Njord (Verão). Seu amor, no entanto, não pode retê-la durante
mais de três meses ao ano (representado no mito pelas noites), já que ela está
sempre desejando em segredo as tormentas invernais e suas atividades habituais
entre as montanhas.

O
SUBJULGO DE SKADI E OS DEUSES NÓRDICOS
Skadi era honrada na
tradição Nórdica como a "Deusa dos Sapatos de Neve" ou "Noiva Radiante dos
Deuses". Ela personifica o norte das florestas, vista como tanto erótica como
vingativa como um mito sobrevivente primitivo. Gigantas como ela, foram
reverenciadas como Deusas locais, entretanto foram perdendo seu aspecto
religioso com a inclusão da Saga dos Vikings. Nestas sagas, as Gigantas são
enganadas e sempre aparecem associadas a um novo deus, casamentos são escritos
entre antigas Deusas e membros do panteão universal, a fim de se criar uma
mitologia nacional. Essa nacionalidade mitológica trouxe para o povo escandinavo
uma unidade sem precedentes. Mas, através da implantação desse método, a Deusa
teve uma diminuição de seu poder, acarretando o triunfo do masculino sobre o
feminino.
Skadi na Saga Viking
é humilhada pelo panteão de Asgard (Reino dos Aesir). É direito seu vingar a
morte de seu pai, entretanto, acaba desviada de seu objetivo com a promessa de
um marido, escolhido entre os Aesir. A promessa de vingança, foi amenizada pela
oferta de uma gratificação sexual e promoção social através de um casamento com
um poderoso deus. Esses pequenos "subornos" oferecidos e aceitos por Skati a
tornam "fraca" em comparação com os outros deuses. Dá para visualizar-se
claramente aqui, uma mudança de poder das antigas Deuses locais para os deuses
nacionais e as Deusas primordiais agora, são meras figuras de fertilidade.
Skadi é levada a
casar com um deus do panteão nacional, contra sua vontade, e ela escolhe para
marido Njord. Esse casamento nunca teve sucesso, pois a Deusas se angustia com o
clamor das aves marinhas na casa do deus do mar e Njord detesta o uivo dos
lobos. O casamento termina em divórcio, talvez esse fato seja um indicativo da
incapacidade de antigas Deusas se misturarem completamente com os recentes
deuses de Asgard.

DEUSAS
NÓRDICAS
O mundo nórdico não conheceu
templos poderosos ou cultos públicos importantes para deidades femininas. Os
rituais e a adoração às Deusas foram estendidos apenas para os limites da
família e da casa, aparecendo vários aspectos destas entidades no trabalho
feminino.
As Deusas nórdicas se
concentravam em facetas particulares da vida e da atividade doméstica,
associadas a uma área limitada da fazenda e do rebanho. Em geral, elas eram
vistas como poderes sustentadores da vida, do mundo natural e das comunidades,
encorajando a sexualidade e o casamento, mantendo uma continuidade entre os
ancestrais e a família.
As representações das Deusas
como figuras totalmente benignas e defensoras das mulheres não tem suporte nas
fontes, pois elas também foram interpretadas com aspectos terríveis: figuras
destrutivas, cruéis, implacáveis, associadas com o crescimento e cura, mas
também com as forças indomadas da natureza e com aspectos selvagens do
comportamento humano.
Na realidade, existem três grandes deidades
femininas adoradas pelos Vikings: Freyja (“a dama”), Frigg
(“a bem amada”) e Skadi foram manifestações diferenciadas de uma mesma
deusa, que originalmente compunha o panteão da Escandinávia pré-histórica.
Freyja teria recebido os valores mais sexuais e mágicos da divindade
primordial, enquanto Frigg herdou os aspectos mais familiares, sendo o símbolo
da esposa por excelência, mas também sendo a senhora do destino.
Skadi, portanto,
representava os aspectos de sazonalidade da natureza, o renascimento e renovação
das estações do ano.

Texto pesquisado e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia:
Mitología Universal, tomo 2, Juan Bergua, Ediciones Ibérica.
1990
Mitología Nórdica. Heinrch Nieder. Edicomunicaciones.
1997.
Los Vikingos. H. A. Guerber. M. E. Editores. 1995
Los Vikingos. Frédéric Durand. EUDEBA. 1967
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