DEUSA IDUN

Idun é uma encantadora Deusa Aesir nórdica que
tinha a mesma função de Hebe para os gregos:
alimentar os deuses com suas maçãs douradas.
A Deusa era considerada a personificação da
primavera e da juventude eterna. Alguns
autores pesquisados, admitem ser Idun filha de
Ivaldi, o anão da terra e sua mãe o sol. Já
outros, afirmam que ela não tinha nascido e
portanto, nunca morreria. Foi muito bem-vinda
pelos deuses, pelo fato de ter se casado com
Bragi, o deus da poesia e filho de Odin.
Em
agradecimento a tão calorosa acolhida, Idun
prometeu aos deuses presenteá-los
diáriamente com suas maravilhosas maçãs que
tinham o poder de outorgar juventude e beleza
eterna a todos aqueles que a saboreassem.
Graças a esta fruta mágica, os deuses que
não eram imortais, evitaram o passar do tempo
e enfermidades, se mantendo jovens e belos
durante inumeráveis décadas.
Conseqüentemente, estas maçãs despertaram
muito interesse e Idun as trancava
cuidadosamente em seu cofre mágico. Não
importava o número que distribuísse, pois as
maçãs sempre eram magicamente multiplicadas.

O
RAPTO DE IDUN
Um
certo dia, Odin resolveu fazer uma viagem
além da fortaleza de Asgard. Foram com ele
Hoener e Loki. Muito embora Loki geralmente
criasse muitos problemas, suas mágicas e
jogos eram muito divertidos, especialmente
quando a jornada era longa.
Após
se deslocarem o dia inteiro, atravessando
florestas escuras e escalando elevadas
montanhas, resolveram descansar no vale dos
carvalhos. Lá fizera uma fogueira e saíram a
procura de caça. A sorte sorriu para eles,
pois encontraram um rebanho de bois pastando.
Mataram um e colocaram-no no fogo para
cozinhar. Após um longo tempo assando, a
carne ainda continuava crua quanto quando foi
posta no fogo.
Uma
enorme águia pousou na copa de uma árvore e
observou o que ocorria e em seguida propôs um
negócio com os deuses. Se eles deixassem que
ela fosse a primeira a comer, o boi seria
cozido. Os deuses concordaram, pois não havia
outra alternativa. A águia então voou para
baixo e arrebatou o caldeirão onde o boi
estava cozinhando. Aterrizou mais adiante e
passou a comer com voracidade.
Loki
em fúria com o roubo da refeição, pegou uma
estaca e lançou-se contra a águia.
Entretanto, o pássaro não era uma simples
águia, mas se tratava do gigante Thiazi, que
tinha tomado tal forma. Loki não conseguiu
tirar sua mão da estaca e a águia carregou-o
pelos ares, arrastando-o por montanhas e
penhascos, ao ponto de que Loki acreditou que
iria arrancar seus braços. Quando a águia
pousou, o deus implorou-lhe para que o
deixasse ir, mas Thiazi só o liberaria se
jurasse lhe entregar a encantadora Idun
juntamente com a caixa de suas maçãs
mágicas. Loki aceitou e regressou para junto
de seus companheiros, que depois dos recentes
acontecimentos, resolveram voltar a Asgard.

Logo
ao chegar, Loki foi visitar Idun, a quem
enganou assegurando-lhe que havia encontrado
um bosque onde cresciam maçãs melhores que
as suas e a convidou para vê-las. Idun
aceitou e tomou sua caixa dourada onde
guardava suas maçãs e foi com Loki ao tal
bosque. Thiazi os esperava oculto entre as
árvores e ao ver Idun se aremessou contra
ela, disfarçado de águia, a tomou entre suas
garras, levando-a até Jotunheim, a Terra dos
Gigantes.
Os
deuses nórdicos não eram imortais e
precisavam das maçãs para sobreviverem. As
divindades então, começaram imediatamente a
envelhecer e enfraquecer. Reuniram-se então
para discutir o problema e pediram
informações sobre o paradeiro de Idun e
souberam que a última vez a ser vista estava
em companhia de Loki. Ao interrogá-lo
descobriram o rapto da Deusa e ameaçaram Loki
com tortura e morte, caso não encontrasse uma
maneira de trazê-la de volta.

Loki
pede a Frigga suas vestes de falcão e voa
até a casa do gigante Thiazi, que retinha
Idun. Encontra a Deusa só, já que o gigante
havia saído para pescar. Rapidamente Loki
transforma Idun em uma noz e leva-a em seu
bico de volta à Asgard. Mas quando Thiazi
encontra a casa vazia, toma a forma de águia
e voa atrás deles. Próximo de Asgard, os
deuses vêem a dramática perseguição e
acendem uma enorme fogueira que queima as asas
da águia. Já no solo, conseguem matar o
gigante.
Este
história é uma parábola, onde o Deus do
Inverno (Thiazi) seqüestra a Deusa da
Vegetação (Idun). Como em muitos mitos
nórdico, o Deus Loki, que representa o vento
quente de verão, é um o seu principal
antagonista. Idun, afastada de Asgard é
metáfora da morte da terra com a chegada do
inverno.
Idun
que retorna como uma noz ou uma andorinha, sImboliza
o retorno da Primavera. Na história, está
representada pela rejuvenescimento dos deuses.
O
tema das maçãs douradas, como fruto da
imortalidade, também aparece na mitologia
grega e crescem no Jardim das Hespérides.

Associada
a TERRA, Idun pode ser invocada para a saúde
e renovação da vida.

DEUSA
DA PRIMAVERA CAI EM NIFLHEIM

Um
segundo mito, inicia quando Idun senta-se na
árvore de Yggdrasil. De repente ela desmaia e
caiu em Niflheim, o mais profundo
subterrâneo. Lá chegando, congelou de medo,
ao contemplar as horríveis vistas do reino de
Hel. Preocupados, os deuses foram em busca
dela. Odin deu-lhes a pele de lobo branco para
aquecê-la. Quando foi encontrada, não
conseguia mais falar nem mover-se. Os deuses a
cobriram com a pele do lobo e partiram.
Entretanto, seu marido Bragi recusou-se a
deixá-la e com sua harpa canta para ela.
Esta
história é igualmente uma parábola do
inverno. Idun ao cair da árvore de Yggdrasil,
dá passagem para o outono. A desolação toma
conta da terra e a neve (pele do lobo branco)
a cobre. Seu marido, o deus da eloqüência
com sua harpa, representa os pássaros que
cantam com a aproximação do verão.

SIMBOLISMO
DA MAÇÃ E ANTIGAS SIMPATIAS
Árvores
de maçãs e maçãs foram e ainda são parte
importante do folclore do mundo. Quase
universal, a maçã é símbolo de sabedoria e
imortalidade.
Na
história bíblica, a maçã era o fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal.
Quando Adão provou da fruta, perdeu sua
inocência e foi expulso do paraíso.
A
maçã dourada também foi um elemento
positivo para garantir a união entre
Hipômenes e Atalanta. O jovem jogou três
frutos durante uma disputa com Atalanta; se
vencesse a corrida casaria-se com ela, se
perdesse, seria morto. Graças as maçãs
douradas, que distraíram a atenção da
moça, o jovem venceu a donzela e o casamento
se realizou.
Na
mitologia céltica, a maçã está ligada a um
espaço específico: a ilha de Avalon, local
de abundância e imortalidade. Os gregos já
imaginavam essa ilha com um clima ameno e
aprazível, cercada por árvores frutíferas e
fontes para onde os heróis eleitos se
dirigiam sem jamais morrer. Avalon, a Ilha das
Maçãs, era, de acordo com as descrições da
"Vita Merlini" de Geoffroy de
Monmouth (século XII) uma ilha tão abundante
que ao invés de grama o chão era coberto por
frutos.
Para
os nórdicos, destruir um pomar de maçãs era
quase um sacrilégio e dizia-se que se fosse
destruído, outra colheita nunca prosperaria.
Uma
simpatia que era muito realizada na noite de
Samhaim (31 de outubro), pelas jovens
solteiras, consistia em amarrar uma maçã a
uma corda e girá-la em torno da fogueira. A
maçã que primeiro caísse no fogo, seria
daquela que mais rápido contrairia núpcias.
Outra
simpatia era a de descascar a maçã de modo a
formar uma tira longa, que deveria ser
lançada para trás sobre o ombro esquerdo. A
forma feita pela casca, mostraria a inicial do
futuro esposo.
Uma
velha cura para verrugas, estabelecia que se
deveria cortar uma maçã em tantas partes
quantas verrugas houvessem. Depois se
friccionava cada pedaço da maçã à sua
verruga correspondente. Depois, deviam ser
enterradas tais partes na terra.
Quando
cortada transversalmente, o centro da maçã
revela uma estrela de cinco pontas, o
pentagrama. Provavelmente foi através da
visualização desta imagem que o símbolo
sagrado se originou.
A
maçã aparece também na mitologia nórdica
associada ao amor e a fertilidade. As mulheres
de Kirghizstan esfregavam-se em árvores de
maçãs para conceber.
Árvores
de maçãs eram plantadas depois do nascimento
de um filho homem, se ela se desenvolvesse
bem, assim seria a vida do menino.
Se
uma jovem tivesse muitos pretendentes e
quisesse escolher um para casar, deveria
remover as sementes da maçã e jogá-las ao
fogo, recitando o nome de um dos rapazes para
cada uma delas. Se a semente estalasse,
deveria casar com esse homem.
As
flores e sementes de maçã podem ser usados
nos incensos para invocar e honrar as Deusas:
Idun, Afrodite, Ceridwenn, Morgana,
Hespérides, Flora, Godiva, Inanna, Deméter.
Varas de maçã são usadas em Beltane e na
mágica do amor. As flores podem ser usadas
como decoração, a fruta pode se transformar
em deliciosos bolos e a cidra pode ser usada
para substituir o vinho nos rituais. Se você
tiver árvores de maçãs realize o ritual de
Yule em torno delas. Derrame cidra e deixe
oferendas de bolos ao pé de suas raízes. Tal
rito, substitui a antiga prática de derramar
sangue nelas, que era um dos atos do ritual de
fertilização.
A
maçã é ainda, um símbolo importante nas
iniciações, pois representam a morte e um
renascimento metafórico da Deusa.

Deusa
Idun chega até nossas vidas para nos dizer que
é hora de alimentarmos nossa consciência com
mais abundância. Não devemos passar por este
mundo sem almejar a ilimitada abundância. Idun
diz que a abundância é difícil de ser
percebida quando a carência, a pobreza e a
escassez dominam a consciência.
Abra-se
para o fluxo da abundância e deixe que ela
permeie sua vida. Quando você se abrir para
este fluxo, tornar-se-á parte dele e o atrairá
para junto de si. Conscientize a abundância em
todos os aspectos de sua vida: no amor, na
saúde, na beleza, no talento, no humor, etc. A
partir de hoje, a palavra de ordem é não
economizar abundância!

Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto
Bibliografia Consultada:
O
Novo Despertar da Deusa - Shirley Nicholson
Os Mistérios da Mulher - M. Esther Harding
A
Grande Mãe - Erich Neumann
O
Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Os Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Livro Mágico da Lua - D.J. Conway
O
Medo do Feminino - Erich Neumann
O
Livro de Ouro da Mitologia - Thomas Bulfinch
Mitos Paralelos - J. F. Bierlein
Consciência Solar, Consciência Lunar - Murray
Stein
O
Caminho para a Iniciação Feminina - Sylvia B.
Perera
Rastreando os Deuses - James Hollis
O
Amor Mágico - Laurie Cabot e Tom Cowan
El Libro de
Las Diosas - Roni Jay
|