VACA DUENDE
Os duendes se interessam muito pelo gado
leiteiro. Criam para si mesmos rebanhos embaixo
de um lago ou no fundo do mar, onde os animais
se alimentam de algas. Ocasionalmente, uma
dessas vacas duendes aparece na costa como
presente a um granjeiro humano. É afortunado,
porque lhe proporcionará uma quantidade
inesgotável de leite.
Existem várias lendas sobre vacas duendes
entregues como doação e identificadas por suas
orelhas vermelhas redondas. Em tais histórias as
chamam com frequência "vacas dos túmulos"
alusivo aos duendes. Existem vacas dos túmulos
nas tradições populares inglesas e escocesas
como a do Bosque de Mac Brandy e a da Kirkham

VACA MARROM DE KIRKLAM
Wilkinson, em suas "Legends and Tradicions of
Lancashire" relatam a história da "Vaca marrom",
versão ligeiramente humorística que se encontra
em Gales como na Irlanda.
A lenda de Lancashire fala de uma grande vaca
marrom que vagava e deixava que a ordenhassem
todo aquele que quisesse.
Por mais que fossem os baldes, eles estavam
sempre cheios, até que um dia uma bruxa
mal-intencionada colocou uma peneira em vez de
um balde e começou a ordenhar a vaca. Á noite, a
vaca, exausta por seu esforço, morreu.
Esse conto faz parte de uma antiga tradição
referente a uma vaca celestial que apareceu em
uma época de fome e alimentou a todos que
necessitavam, até que morreu por causa da cobiça
e malícia dos homens.
Por último, permita-me adicionar uma referência
dos "Iolo Manuscripts", pp. 85, 475, em que
aparece um breve relato sobre uma certa Vaca
branca leiteira de leite doce (e Fuwch Laethwen
Lefrith) cujo leite era tão abundante e possuía
tais virtudes que quase competia com o Santo
Graal. A vaca ia por todo o lugar derramando o
bem em abundância, até que chegou ao Vale de
Towy, cujos tolos habitantes quiseram matá-la
para comê-la. E então a vaca desapareceu.

VACA MARROM DE MAC BRANDY

Havia um homem chamado Mackenzie que um dos
arrendatários de Oonich, em Lochaber (Terras
Altas da Escócia) Durante todas as noites
durante uma temporada o curral se rompia e o
gado pastava pelo campo de trigo. O fazendeiro
estava convicto que os responsáveis por isso não
eram os vizinhos nem as vacas, e chegou a
conclusão que deviam ser as fadas, por isso foi
buscar seu irmão, o barqueiro torto, que possuía
a segunda visão (podia ver fadas), para que o
acompanhasse em sua vigilância. A altas horas da
noite ouviram um ruído como se alguém arrancasse
as estacas da cerca, o barqueiro torto foi até o
outro lado do curral e viu uma vaca marrom e sem
chifres que jogava para um lado as estacas e
batia nas pernas das vacas. Logo as conduziu,
através da barreira derrubada até o campo de
trigo.
O barqueiro a seguiu em silêncio e viu que subia
a colina das fadas de Derry Mac Brandy. A colina
se abriu diante ela e a vaca entrou. O barqueiro
correu atrás dela e teve tempo de cravar sua
adaga na grama junto a porta, de modo que ela
não pode fechar-se. Do interior da colina surgia
um jato de luz e o homem pode ver tudo. No
centro da colina uns grandes e velhos homens
cinzentos estavam sentados em torno do fogo em
que um caldeirão era aquecido. Naquele momento o
fazendeiro já havia chegado, porém não pode ver
nada até que pôs os pés em cima dos do irmão e
então toda a cena foi bem visível para ele. O
fazendeiro ficou muito assustado, porém o
barqueiro gritou com voz forte: "Se vossa vaca
voltar a incomodar no curral de Oonich, vou
tirar tudo o que há na colina e jogarei em Rudha
na h-Oitire". Em seguida arrancou a adaga e a
porta fechou por si mesma. Voltaram para casa e
a vaca sem chifres nunca voltou a incomodá-los.
Esse conto se encontra no livro de MacDougall e
Calder Folk Tales and Fairy Lore (pp. 280-283).
Esse é um exemplo nada comum de vaca feérica
prejudicial, pois, por via de regra, elas são
dóceis e fazem o rebanho prosperar.
FUWCH GYFEILIORN
Também há muitas lendas galesas sobre vacas
duendes, incluindo uma chamada Fuwch Gyfeiliorn.
Este ser pertencia a um grupo de duendes da
região Llyn Barfog, um lago galês próximo a
Aberdovey. Ao crepúsculo aparecem os duendes,
vestidos de verdes, acompanhados por suas lebres
e suas vacas, todos brancos como leite. Em certa
ocasião um camponês capturou uma dessas reses e
fez sua fortuna: produzia manteiga, leite e
queijo em quantidades jamais vistas.
O camponês se tornou mais rico do que jamais
tivesse imaginado até que um dia lhe ocorreu a
estúpida ideia de que a vaca duende já estava
velha e que devia engordá-la para seu
sacrifício. Chegando o dia fatal e apesar dos
olhos suplicantes da vaca, o homem ergueu o
braço e lhe acertou um golpe mortal. De repente
se ouviu um grito horrível e o bastão saltou
sobre a cabeça da vaca e derrubou nove homens
que estavam próximos. Ante a surpresa de todos,
surgiu do lago uma Dama Verde e chamou baixinho
a vaca. Juntas desapareceram embaixo das águas
para nunca mais serem vistas.
Desde do
séulo XIII, cabeças de gado descendentes de
vacas duendes tem pastado nas redondezas do
castelo Chillingham em Northumberland
(Inglaterra setentrional). Tem orelhas vermelhas
e pele branca das vacas duendes e se fala que
matarão qualquer um que as toquem.
Cabe deduzir
que se existem vacas duendes, também devem
existir touros duendes. Para os celtas, os
touros eram animais sagrados que representavam a
energia, a fertilidade, a virilidade, a potência
e o vigor. Os touros que pereciam de morte
natural eram enterrados como oferenda aos deuses
da terra, enquanto que na época da coleta do
visco, dois chifres de brancura imaculada eram
oferendados ao deuses do céu.

CONTATO COM A VACA DUENDE
Vá para fora da casa, ou perto de uma janela em
possas ver o céu noturno. Relaxe e feche os
olhos, inspirando expirando por umas três vezes.
Em seguida imagina que esteja em um prado
embaixo da abóbada do firmamento. em torno de ti
há uma grama exuberante e percebes o perfume das
flores noturnas.
Vacas marrons e brancas pastam tranquilamente a
grama, movendo-se de maneira sublime e peculiar.
Deite-te sobre a grama (ou chão) e sintas a
terra que te acolhe. A terra te sustenta e de
mantêm. Sentes tua força. A terra te nutre. A
terra te cura. Perceba como flui até ti a sua
força.
Contemplas as estrelas, a Via Láctea, a galáxia
onde está situado nosso pequeno planeta, aquela
a quem os antigos consideravam leite dos seios
da Deusa Mãe, que as vezes adota a forma de uma
vaca. Sinta o contato físico da luz das estrelas
sobre sua pele. Penetra em teu corpo e nutre teu
espirito. És um filha (o) do universo.
Quando estiver disposta (o) a retornar,
manifesta tua gratidão ao espírito da Deusa Mãe.
Deixe que a cena se esfumace e então retorne.
Seja bem-vinda (o)!
ROSANE VOLPATTO

 

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