SERIEMA
OU SIRIEMA

É
uma ave arredia
existente no norte da Argentina, no Paraguai e no Brasil central
(Minas
Gerais e Goiás)
e
oriental (Piauí a Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul).
Pertence ao filo dos “Chordata”, à ordem dos “Gruiformes” e a família
dos “Cariamídae”. Seu nome científico de família, se relaciona com um
par de termos do tronco tupi, “siriema” (pequeno nhandú), ou seriema,
(nhandú com crista), em virtude do aspecto genérico destas aves (que
recordam os nhandús), apresentando uma crista de plumas e patas avermelhadas
(a espécie missioneira). Medem
90 cm
, alcançando um peso de
1.000 a
2000 g
. Sua plumagem é cinzenta com ligeira tonalidade parda ou amarelada,
apresentando um olhar ameaçador. Seu habitat preferido são o cerrado, campos
sujos e planaltos descampados. É
considerada uma bioindicadora do ambiente de cerrado, juntamente com a ema (R.americana),
perdigão (Rhynchotus rufescens), codorna e outra aves.

As
seriemas andam em casais ou em pequenos grupos e se alimentam de gafanhotos e
outros artrópodes, roedores, lagartixas e outros animais de pequeno porte,
inclusive cobras. Para devorar suas presas, a seriema tem o hábito de
atirá-las diversas vezes contra o solo e começam a comer suas vítimas pela
cabeça. Em algumas ocasiões, podem alimentarem-se com sementes e folhas de
diversos animais. São aves que caminham e correm velozmente, só voam, quando
se sentem obrigadas. Se algo as assusta escondem-se atrás de troncos caídos,
deitando no chão. São muito desconfiadas, não tolerando a aproximação por
parte de possíveis inimigos. À noite empoleiram-se no alto das árvores,
onde também encontramos seus ninhos.
Seu
canto é composto por uma estrofe longa e de gritos estridentes, que possuem o
alcance de
1 Km
Produz outras vocalizações
como por exemplo, aquelas feitas durante a cópula, ao descansar e quando
devora uma presa.

A
LENDA
Kabôi,
o patriarca dos Carajás, vivia com seu povo no interior da terra. Lá havia
sol, quando na terra era noite e vice-versa. Um dia penetrou a voz da seriema
até lá e Kabôi resolveu, acompanhado de alguns de sua gente, seguir aquele
canto. Deste modo, chegou até uma abertura que levava à superfície da
terra. Mas só uma parte de seu povo passou, ele mesmo que era um pouco mais
corpulento, não pode passar, senão a cabeça. Os que conseguiram, devassaram
à região, achando muitas frutas, abelhas e mel, encontrando também muitas
árvores mortas e lenha seca. Tudo levaram ao lugar onde se encontrava Kabôi,
mostrando-lhe o que acharam.
-“É
verdade que a terra é bela e fértil, podem a madeira podre prova que o que
ali vive, depressa deve morrer. Por isso, é melhor permanecermos onde
vivemos”.
No
reino de Kabôi os homens eram micróbios e só morriam quando de velhos não
podiam mais mover-se.
Quando
Kabôi voltou a seu povo mostrando os frutos, a maioria quis conhecer aquela
terra. O patriarca então, preveniu sobre o perigo:
-“Vós
achareis tudo o quanto precisardes, mas vós morrereis depressa”.
Mas apesar
dos conselhos, grande parte do povo foi-se e povoou a superfície da terra.
Somente alguns poucos ficaram com Kabôi debaixo da terra. Eles ainda hoje são
vigorosos, enquanto o povo sobre a terra, pouco a pouco se aproxima da sua
perdição.
Na
América do Norte entre os índios Mandans encontramos uma lenda análoga.

Siriema
do Mato Grosso
(Mário
Zan/Nhô Pai)
Ó
Siriema do Mato Grosso
Teu
canto triste me faz lembrar
Daqueles
tempos que eu viajava
Tenho
saudade do teu cantar
Maracaju,
Ponta Porã
Quero
voltar ao meu sertão
Rever
os campos
Que
eu conheci
E
a siriema eu quero ouvir
Ó
siriema quando tu cantas
Do
Mato Grosso a saudade vem
Ó
siriema quando tu choras
E
vai embora, choro também.

Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto

Bibliografia
Lendas do Rio Grande do Sul
- Publicação n.7 - Comissão Estadual de Folclore do Rio Grande do Sul
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