

SEREIAS,
QUEM SÃO ELAS?

As Sereias são as mulheres-pássaros segundo as fontes gregas, e
as mulheres-peixes segundo as fontes nórdicas, que simbolizam principalmente os
perigos do oceano e a morte no mar. Narrações posteriores tornaram-nas mulheres
jovens vivendo no mar, sem a conformação de peixe (é o caso da "Siren" inglesa,
diferente da "Mermaid", que tem cauda de peixe), como as Mulheres do mar das
lendas bretãs, que são uma espécie de fadas marinhas.
Para a mitologia grega, elas viviam
em uma ilha do Ponnant, perto da ilha da feiticeira Circe; mas o cadáver de uma
delas, Partênope, foi encontrado na Campânia e deu seu nome à cidade que hoje se
chama Nápoles (antes, Partênope).
Na antiguidade, as sereias eram
também invocadas no momento da morte, por isso, muitas estátuas que as
representavam eram encontradas nos sepulcros.
Deve-se acrescentar que se acreditava realmente na
existência das sereias, sendo conhecidas várias histórias de sereias vivas.
A obra literária mais antiga que existe sobre elas se
encontra na "Odisséia" de Homero, escrita no ano 850 a. C., na qual o herói,
Ulisses, alertado pela feiticeira Circe, não cai prisioneiro de seus encantos,
ao passar próximo da ilha onde habitam, tapando os ouvidos dos marinheiros e
fazendo-se atar no mastro do navio. Desde então, as sereias passaram a ser um
símbolo mitológico das artes da sedução e da atração feminina.

Segundo essas crenças, as sereias não
só seduzem os homens para dar-lhes a morte, mas a sua aparição também era
anúncio de tempestades e desastres. O historiador romano Luciano, do século II
d. C., já se referia a uma extraordinária figura pisciforme como deidades
oceânicas.
Segundo algumas crônicas, no ano 558, uns pescadores de
Belfast Lough (Irlanda do Norte), ouviram o canto de uma sereia e foram pescá-la
com suas redes.
Conseguiram resgatar uma sereia que se chamava Liban, filha
de Eochaidh, na praia de Ollarbha, na rede de Beon, filho de Inli. A colocaram
num aquário, do mesmo modo que um peixe e ali ela permaneceu por durante 300
anos. Durante esse tempo, desejou ardentemente por sua liberdade. Uns monges
piedosos resolveram libertá-la, mas antes a batizaram segundo o rito
cristão, dando-lhe o nome de Murgen, que significa "nascida no mar". Depois
desejou a morte para salvar sua alma. Desde do dia que morreu ficou conhecida
como a Santa Murgen, aparecendo com essa denominação em certos almanaques
antigos e no santoral irlandês, sendo atribuídos à ela vários milagres. Você já
tinha ouvido falar numa sereia santa? Pois não é freqüente essa simbiose entre o
paganismo e o cristianismo.
Em algumas descrições célticas
antigas, as sereias tinham um tamanho monstruoso, apresentando quase dezoito
metros de altura. Essas medições foram possíveis porque elas penetravam pelos
rios e podiam ser encontradas em lagos de água doce.

SEREIA ASSASSINA

Um exemplo típico de sereia selvagem
é a que aparece no conto "O Senhor de Lorntie", que conta Robert Chambers em
"Popular Rhymes of Scotland":
"O jovem Senhor de Lorntie, em
Forfarshire, regressava uma tarde de uma excursão de caça, acompanhado somente
por um criado e dois cães galgos, quando, ao passar junto de um lago solitário
situado a umas três milhas ao sul de Lorntie, e que naquela época estava
completamente rodeado de bosque, ouviu os gritos de uma mulher que parecia estar
afogando-se.
Sendo de caráter intrépido, o jovem lord pulou do cavalo e
se dirigiu a margem do lago, e ali viu uma bela mulher que lutava com a água e
parecia estar à ponto de afogar-se.
-"Socorro, socorro, Lorntie!",
exclamou.
"Socorro, Lorntie, socorro, Lor...." e as águas, penetrando
em sua garganta, pareceram afogar os últimos sons de sua voz. O Lord, incapaz de
resistir a um impulso de humanidade, se lançou no lago, e quase ia agarrar os
loiros cabelos da dama, que flutuavam como madeixas de ouro sobre a água, quando
seu criado o segurou por trás e o obrigou a sair do lago.
O servo, mais perspicaz que seu amo,
se deu conta que aquela era um espírito aquático.
"Espera, Lorntie, espera um
instante!", exclamou o fiel servo, "aquela dama não era outra, Deus nos proteja!
que uma sereia!"
Lorntie, imediatamente reconheceu a verdade dessa
asseveração, que, enquanto montava de novo em seu cavalo, se viu confirmada
quando a sereia, tirando meio corpo para fora da água, exclamando um voz de
frustração e ferocidade diabólica:
"Lorntie, Lorntie, se não fosse por
teu criado, teria seria sido uma presa muito fácil!".

SEREIA CURADORA

Uma bonita história de uma sereia que
dá conselhos médicos é a que cita Chambers em "Nithsdale and Galloway Song" de
Cromek:
"Um homem chorava por sua namorada, uma encantadora jovem a
que a tísica havia levado à margem da tumba.
Com um tom de doçura vivificante, aproximou-se dele uma boa
sereia e cantou:
"Deixarias morrer a bonita May em
tuas mãos, e a artemisa florescer nos campos?"
O jovem arrancou e espremeu as
corolas e deu o suco a sua bela namorada, que se levantou e agradeceu a sereia
por haver lhe dado de volta a saúde."
Alguns autores têm uma visão
favorável das sereias. Renfrewshire confirma esse pensamento através de um conto
sobre uma sereia que emergiu da água enquanto passava o funeral de uma jovem, e
disse queixosamente:
"Se bebessem urtigas em março
e comessem artemisa em maio,
não iriam para tumba
tantas elegantes donzelas".
A artemisa era muito usada para a
tísica. As sereias tinham grandes conhecimentos sobre ervas, além de poderes
proféticos.

LUGARES ONDE APARECERAM AS
SEREIAS

Cantábrico, que banha a costa
norte da Península Ibérica, já teve fama de ser um mar muito povoado de sereias.
No ano de 1147 uma grande expedição marítima levou um exército cristão do norte
da Europa à Terra Santa, no começo da segunda cruzada. Por uma carta que se
conserva na Biblioteca do Colégio de Cristo da Universidade de Cambridge,
escrita pelo cruzado Osbone, sabemos que a frota saiu do porto de Dartmouth, ao
sudoeste da Inglaterra "na sexta-feira anterior à Ascensão de Cristo", e que,
várias jornadas depois, foi dispersada por um forte temporal um dia antes que
pudessem alcançar o porto de Mala-Rupis (Gijón).
O relato de Osbone, traduzido por
Jesus Evaristo Casariego, diz assim:
"A noite que se seguiu (ao temporal),
apavorou todos os nautas, por mais serenos que fossem. Entre todos os perigos,
escutamos os horríveis alaridos das sereias, que primeiro eram como gritos de
dor e logo de riso e gargalhadas, tal como se de seus castelos nos insultassem."
Na Idade Média, na Inglaterra, elas
se chamavam "Mermaids", ou filhas do mar, que se diferenciavam das "Siren", que
eram as sereias clássicas, ou seja, as mulheres-pássaros. A crença da real
existência das sereias se manteve até muito depois do início da Idade Média,
apesar da crescente expansão do cristianismo que condenava essas superstições.
Em 1403, perto de Edam, nos Países
Baixos, uma sereia passou por uma brecha em um dique e dois jovens a encontraram
atolada no barro do canal, coberta de musgo e plantas verdes. Habitou em Haarlem
até o dia de sua morte, depois de 17 anos.
-"Ninguém a compreendia", dizia
Borges, "porém lhe ensinaram a fiar e venerava como por instinto a cruz", razão
pela qual foi enterrada em um cemitério cristão.
Em 1658, foram vistas várias sereias
na costa da Escócia, perto da desembocadura do rio Dee. A visão teve tal
ressonância que o "Aberdeen Almanac", converteu o local em ponto turístico,
prometendo aos visitantes a presença de um grupo de preciosas sereias, criaturas
conhecidas por sua beleza incomparável. Comprova-se assim, que a técnica da
propaganda enganosa não foi um invento do século XX.
No século XVIII um periódico inglês
menciona como verdadeira a aparição de uma "Mermaid" nas costas da Grã Bretanha.
Em 1728 o governador das ilhas Moluscas (atual Indonésia), Minher Van Der Stell,
contou que havia visto "um monstro semelhante a uma sereia, junto a costa de
Borneo, na província de Amboina", medindo aproximadamente 1,50 m. Permaneceu
viva em terra, dentro de uma cuba cheia de água quatro dias e sete horas,
emitindo de vez em quando um sibilo débil, como uma ratazana.

SEREIAS NA ESPANHA

Na Espanha, segundo Jesus Callego, os
relatos de Sereias, sobreviveram no tempo de boca em boca, de geração para
geração e estão ligadas às idéias fundamentais: por um lado, seu canto
melodioso, que constitui um perigo a evitar pelos seres humanos, já advertido na
"Odisséia"; e por outro lado, em todas as lendas que transmitem a idéia de
maldição de uma mãe humana faz sobre sua filha, convertendo-se essa em sereia,
passando dessa forma, a formar parte do "mundo das fadas".
Na Espanha são encontradas
referências de sereias assassinas desde o século XVI, onde os autores, falam
delas em suas obras, recorrendo ao sentir popular que sobre as mesmas existia
tanto em sua época como muito antes.
Um deles é Juan Pérez de Moya, que
faz eco, na "Filosofia Secreta", de uma das qualidades das sereias que devia ser
tópica inclusive no século XVI, quando escreve:
"Fingem cantar tão docemente, que os
marinheiros as ouvem, admirados da melodia, adormecem e, não olhando por si, as
sereias, quando os sentem adormecidos, para depois comer suas carnes."
Já, Antonio de Torquemada, em seu
"Jardim de Flores Curiosas" (1570), recolhe outro aspecto tipicamente conhecido
das sereias, aceitando a possibilidade de existência, mas não seus
comportamentos:
"Comumente, se fala e se trata dessas
sereias, dizendo que, do meio do corpo para cima têm forma de mulher, que dali
para baixo têm de peixe; representadas com um pente na mão e um espelho na
outra, e dizem que cantam com tão grande doçura que adormecem aos navegantes e
assim entram nas naus e matam todos que nelas estão adormecidos (...) e embora
seja assim, que haja no mar esse gênero de peixe, eu tenho por fábula a doçura
de seu canto e tudo a mais que se conta delas."
Em relação a sua organização social,
possuem uma rainha, que é a mais bela de todas e que se distingue por levar
incrustado na cauda um anel de pedras preciosas que deve retirar ao chegar à
praia e voltar a colocá-lo ao regressar ao mar, tal como afirma uma lenda de
Begur, na Costa Brava.

SEREIAS MULTIFORMES
As sereias, dentro de suas múltiplas
habilidades, podem trocar de forma. A imagem mais comum na Antiguidade Clássica,
foi a de mulher-ave, conhecida também como Hárpia, para só na época medieval per
se convertido em mulher-peixe.
A sereia-hárpia, cuja imagem
apresenta um rosto de mulher e o resto de uma ave rapina, personifica as
tempestades e a morte, sendo encarregada de raptar os seres humanos para logo
oferecê-los ao deus do inferno. Esse ser aparece descrito por Homero e sobrevive
na época de São Isidoro, mantendo-se inclusive até o século XII nas
representações das igrejas romanas, porém já não são vistas na arte gótica.
Há também, alguns relatos que uma
sereia pode desintegrar sua cauda de peixe e converter-se em uma mulher de
aspecto completamente humano. Para Nancy Arrowsmith, quando viajam pelo mar, só
podem tomar a forma de mulher-peixe ou golfinho e se o fazem pelo ar, aparecem
como gaivotas ou águias (essa é uma qualidade mais própria das nereidas).
Sua altura habitual é de um metro e
meio. São muito belas e adoram jóias e pedras preciosas. Como o resto das fadas
dormem durante todo o dia e somente é possível vê-las ao amanhecer ou no
pôr-do-sol.
As sereias se encontram em todo o
litoral do Mediterrâneo espanhol, mas também no Atlântico (aparecem na costa
brasileira também), pois seus principais palácios estão próximos das ilhas
Açores. Raras vezes são encontradas em mar aberto, pois gostam de aproximar-se
das desembocaduras dos rios e das rochas da costa.
O pente de ouro e o espelho são seus
atributos mais comuns, mas em algumas partes da Europa também usam um véu, um
bolso e têm um cinturão. A posse de qualquer desses objetos permite ter o
controle sobre a sereia, podendo inclusive casar-se com ela.
Dentro de suas características
genéricas estariam o dom da profecia (que lhes permite proferir maldições), a
sugestionabilidade de sua voz (que lhes permite hipnotizar através dela) e
a necessidade de possuir uma alma e filhos.
Muitas são as lendas (Livro de Enoch)
que dizem que as sereias tem sua origem no mundo humano, nos dando a comprovação
da maldição proferida por uma mãe a sua filha. Seriam as sereias, nada mais do
que mulheres humanas em sua origem, mas que acabaram convertidas em espíritos da
natureza. Esse fato seria bastante significativo, pois explicaria várias de suas
reações: buscam o contato com o homem para casar-se com ele ou para matá-lo,
buscam possuir uma alma que perderam quando passaram para esse estado
sobrenatural, podem converter-se com facilidade em mulheres com membros e
aspectos humanos, não manifestam nenhuma aversão aos símbolos cristãos e sua
estatura é maior que das outras fadas.
O francês Benoít de Mallet, publicou,
no ano de 1755, uma volumosa obra dedicada as sereias, onde recolheu todo o tipo
de lendas relacionadas com elas, chegando a conclusão que eram seres de uma raça
humana primitiva, praticamente desaparecida, assinalando sua presença desde a
Terra do Fogo até Madagascar.

IMAGEM DAS SEREIAS

A imagem estereotipada das sereias é
que têm uma doce e melodiosa voz em que concentram todo o seu poder. Com seu
canto podem enfeitiçar e fazer enlouquecer os homens, os pássaros, os peixes, o
vento e a água. Como os outros elementais da natureza, se comunicam com todos os
seres vivos e são capazes de controlar as forças naturais em seu benefício,
dentro de certos limites. Seu poder está associado a lenda negra que conta que
elas alcançam seu grau máximo nas noites de lua cheia, quando sobem à superfície
e com seus cantos chamam as nevoas, refugiando-se nelas para esperarem os barcos
que passam próximos de seus refúgios. Outras vezes, seus cantos são destinados
aos ouvidos dos marinheiros que caem enfeitiçados e acabam loucos ou mortos.
As lendas que existem sobre elas,
sempre são fábulas um pouco exageradas, pois dizem que o desejo das sereias é
afogar jovens marinheiros ou levá-los para seus belos palácios no fundo do mar.
Lá, vigiam zelosamente os homens e freqüentemente à eles propõem casamento. Se
aceitam seus clamores, os marinheiros são tratados amavelmente e podem viver
entre grandes comodidades e luxo, porém se resistirem, passam o resto de sua
existência presos, atados com cadeados de ouro.
Pode parecer para todos, que as
sereias sejam cruéis, e talvez em certo sentido sejam mesmo, sobretudo da
particular visão humana. Não devemos duvidar que os seres elementais acreditem
que os seres humanos fazem parte de um mundo imperfeito, um mundo tão material
que está perdendo sua relação harmônica com a Gaia (Terra) e que deprecia todas
as outras formas de vidas como os espíritos da natureza.
As sereias não são malvadas,
simplesmente se deixam levar por seus sentimentos e instintos e embora do nosso
ponto de vista seja aparentemente uma forma selvagem de vida, para elas é um ato
de amor.

LENDA SOBRE A ORIGEM DA
SEREIA
Essa é uma lenda contada em Cantabria
(Espanha) sobre a origem da sereia:
"Uma jovem muito linda, de alva pele,
esbelta tinha o costume de percorrer as íngremes escarpas da costa para pescar
mariscos e também satisfazer a sua paixão de cantar.
Foi repreendida várias vezes por sua
mãe para evitar uma possível desgraça e para moderar-se em suas ininterruptas
fugas. Porém a jovem, fazendo ouvidos de mercador, nunca levou em conta os
pedidos da mãe. Muito pelo contrário, considerava os conselhos da mãe empecilhos
que deveriam ser burlados e se deleitava a tagarelar suas canções sobre os
penhascos, embriagada de euforia.
Porém, a mãe cansada e farta com
tanta desobediência, em um momento de raiva lhe lançou a seguinte maldição:
-Assim permita Deus do Céu que te
transformes em peixe!
E, imediatamente a bela jovem
fugitiva transformou-se em uma belíssima mulher com rabo de peixe".
Desse conto surgiu uma famosa
cantinela que já foi muito popular:
"A sereia do mar
é uma moça muito má
que por uma maldição
a colocou Deus na água.
Sereia do mar,
natural de Santander,
por uma maldição
levas nome de mulher.
Meu destino é ser amante
de uma sereia do mar,
pois amar não poderei nunca
mulher alguma mortal."
Há uma outra canção muito conhecida
pelo folclore montanhês:
"Vi encalhada uma sereia
na praia do Puntal;
Eu me aproximei da areia
e ela buscava o mar."
Sabe-se que todo aquele pescador que
consegue capturar uma sereia recebe uma recompensa de Lantarão, o rei-tritão do
Cantábrico, um presente especial: o direito de casar-se com ela. Para isso, o
pescador deve beijar em seguida a sereia, cujo o rabo de peixe se transforma
imediatamente em belas pernas.
Em seguida, a sereia entrega seu
espelho que deve ser escondido de forma que ela possa achá-lo, pois, se isso
acontecer, o feitiço terminas e ela voltará a transformar-se em sereia e deve
regressar ao mar. Essa, sempre teve a esperança de retorno ao seu lar, muito
embora não queira dizer que não amem seus maridos humanos.
Na Catalunha não existe a idéia da
maldição, porém de soberania. Joan Amades comenta que habitam em magníficos
palácios submarinos, cheios de fantásticas riquezas, muito iluminados, onde se
servem deliciosos manjares e se ouve acalentadoras músicas. A sereia sente uma
grande paixão pelos homens e cada noite, quando o mar está tranqüilo e há uma
boa claridade da lua, sai à flor das águas e entoa canções de doçura
incomparável, acompanhando-se às vezes com um instrumento de corda.
Como quase todas as lendas, também na
Catalunha, a sereia foi em princípio humana,muito bela e vivia em povoado
pequeno da costa, passando longas horas em frente às águas do mar Mediterrâneo
absorta em seus pensamentos. Todas as propostas de casamento que recebia eram
recusadas de forma sistemática por que, consciente de sua grande beleza, não
podia se casar com um homem que não fosse tão bravo e valente como o mar.
Um belo dia subiu num barco para
estar em contato mais próximo do mar e acabou naufragando. Posteriormente, se
supõe que, com o passar dos anos, lhe saíram escamas e rabo de peixe,
transformando-se em sereia. Talvez, por essa razão tenha o costume de acabar com
a vida dos marinheiros ou de provocar tempestades e marremotos.

SIMBOLISMO
O simbolismo mais veemente da sereia
é a da sedução mortal. Certamente, ela é tentadora: "As asas da sereia são amor
de mulher, que ela está pronta a dar e a retomar", escreve Pierre de Beauvais.
A paixão inflamada que ela inspira é
perigosa, porque provém do sonho e do inconsciente, e por isso é sonho
insensato, fantasma irreal. Para preservar-se das ilusões da paixão (o amor é
cego), é necessário, como Ulisses, agarrar-se à dura realidade do mastro (centro
do navio e simbolicamente eixo vital do espírito).
As sereias são o arquétipo que
representam a união da Grande Mãe com a água, e esse elemento simboliza os
sentimentos, as emoções, a intuição, etc., por isso é freqüente que nas
histórias onde elas apareçam haja paixão, amor desenfreado e haja um mortal que
acabe morrendo afogado nas águas e em seus sentimentos.
Estamos tão condicionados pelo
comportamento atávico da lógica que só um salto no oceano da mente, com a
ruptura das cadeias do costume, nos libertará dessa confusão mental que nos
induz e crer que o normal é o que nos foi ensinado e a história como nos foi
doutrinada. Mas, além de tudo que conhecemos, existe uma outra história, um
outro conhecimento de ciência e espiritualidade, um nível supremo inimaginável
do que é a magia, do poder sagrado da sexualidade, das forças da natureza, que
podem aliar-se conosco, assim como também podemos nos unir a ela, sentindo-a
parte nossa, voltando a recordar que somos parte sua.

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia:
Diccionario de Las Hadas - Katharine
Briggs
Hadas - Guia dos Seres Mágicos de
España - Jesus Callejo

 


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