O POVO DOS SAMBAQUIS



SAMBAQUIS é o nome que foi dado à sítios
pré-históricos formados pela acumulação de conchas e moluscos, ossos humanos e
de animais, que foram descobertos em várias regiões do Brasil, mas
principalmente no Sul.

Os sambaquis nos provam a existência de
comunidades de caçadores e coletores, os quais, consumiam os moluscos, para
depois amontoar suas cascas para morar sobre elas, já que constituíam um lugar
alto e seco.
No interior dos sambaquis foram encontrados
vestígios de fogueiras, instrumentos cortantes, amoladores, restos de mamíferos,
além de ossos de peixes, répteis e baleias.

Sabe-se, portanto, que este povo, que viveu há
mais de 1.500 anos atrás, já produzia machados de pedra polida, ornamentos de
conchas, instrumentos feitos de ossos de animais e zoólitos ou pequenas peças
esculpidas em pedra representando animais.
Foram ainda encontradas ossadas humanas,
depositadas com seus pertences, o que nos leva a acreditar que os sambaquis
também eram usados como Monumentos Funerários.


Ocupação após ocupação, passou-se milênios, o
que fez com que os amontoados de moluscos alcançassem alturas fantásticas. O
Estado de Santa Catarina possui o maior sambaquis do mundo, espalhados pelo seu
litoral, de norte a sul. Esses sambaquis chegaram a ter centenas de metros de
extensão por 25 metros de altura e idade aproximada de 5.000 anos.
O povo dos sambaquis ignoravam a olaria, a
agricultura, a domesticação normal de qualquer espécie, mesmo o cão, que os
índios atuais conhecem. Vivia principalmente da pesca e da apanha, e muito pouco
da caça. Não possuindo instrumentos mais potentes de arremesso, talvez nem mesmo
o arco e a flecha, a caça de animais grandes, como o tapir, a onça, certamente
por meio de armadilha. A presença da baleia explica-se pela freqüência com que
este cetáceo encalhava nas nossas praias, fato muitíssimo registrado ainda nos
séculos XVI e XVII.

Como o alimento era muito abundante no
litoral, esse povo não precisava ficar se deslocando como os do interior. Só
deveriam ter o cuidado de escolherem lugares elevados, próximos da praia, onde
tivessem também alguma fonte de água doce e daí estabeleciam-se por anos, ou até
séculos.

COMO ERAM ELES?

Entre as características físicas mais marcantes deste povo está nas diferentes
alturas dos esqueletos de homens, com uma média de 1,60m, e de mulheres, com
1,50m, ambos vivendo 30 a 35 anos em média.

O tórax e membros superiores bem
desenvolvidos levam a crer que os indivíduos eram bons nadadores e
provavelmente remadores de canoas. Tal suposição é apoiada também pela
presença de restos de peixes de espécies como a garoupa e miragaia, típicas de
regiões mais profundas e com pedras que, para serem capturadas, exigiria que o
pescador se deslocasse da beira da praia.

Outra característica importante é o
desgaste de algumas regiões da arcada dentária, que aponta o costume deste
povo consumir alimentos duros e abrasivos.
Apesar do número de sambaquis existentes no
Brasil não ser consenso entre os arqueólogos, é possível que possam passar de
mil, com idades que variam de 1,5 mil a 8 mil anos, sendo que a maioria tem
cerca de 4 mil anos. As datações são feitas através do método do carbono 14 em
carvões fossilizados em várias alturas de um sambaqui.

No Brasil, o estudo científico dos sambaquis
é relativamente recente e mesmo em toda a América do Sul poucas são as
análises, que foram seriamente estudadas. Além disso, muitos sítios
arqueológicos já foram danificados.
Muitos sambaquis foram destruídos pela
exploração inconseqüente das pessoas.

A cultura sambaqui desapareceu
misteriosamente há quase 1.000 anos. Acredita-se que foram exterminados pelos
tupis ou aculturado por eles.

Os sambaquis constituem o alicerce básico para
entendermos a cultura de um longínquo período da evolução do homem, por isso é
tão importante a sua preservação.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO