~*~SAMBA, O SABOR DO BRASIL~*~

 

SAMBA, SABOR DO BRASIL

 

“O samba é o mais belo documento da vida e da alma do povo brasileiro”

Texto de Rosane Volpatto  

 

O hábito de dançar corresponde a um instinto primitivo e universal do homem. A dança desde os tempos remotos, é peculiar a todos os povos do mundo, tanto os civilizados como os primitivos e, em sua origem, teve geralmente caráter mítico e religioso.

Entre os povos primitivos, a dança representava um fator social importante, pois simboliza a vida a coesão de uma tribo, desenvolvendo em cada indivíduo sentimentos e excitações referentes à religião, à sociedade e à guerra. Só bem mais tarde, com o progresso da civilização, a dança foi-se individualizando.

Na estruturação da dança popular brasileira, foi de vital importância a contribuição lusa. O negro, porém, entrou com grande cópia de elementos coreográficos, que deram a dança brasileira características próprias. Você já viu samba ter graça sem nossas mulatas? Pois é, nosso negro tem sabor na sua cor. Sem ele o samba fica descaracterizado e sem samba o Brasil perde seu caráter nacional e internacional. Talvez até hoje a maioria das pessoas não tenham se dado conta do valor patrimonial do nosso samba, pois saiba que, o samba é o mais belo documento da vida e da alma do povo brasileiro.      

Já dizia nosso amado poeta, Dorival Caymmi, que "quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé...". Realmente, é difícil resistir ao ritmo contagiante do samba, seja você brasileiro ou estrangeiro. Quem nasceu aqui, sabe que na presença do samba, não temos alternativa, exceto cair na FOLIA e deixar rolar.

Muito fala-se da origem do samba, contudo, parece ser a mais remota. Seria, provavelmente, uma derivação do quimbundo semba, que significa umbigada, ou do umbumdo samba que significa estar animado ou estar excitado. Em verdade, o termo "semba" designava um tipo de dança de roda praticada em Luanda (Angola) e em várias regiões do Brasil, principalmente na Bahia. Do centro de um círculo e ao som de palmas, coro e objetos de percussão, um dançarino solista, em requebros e volteios, dava uma umbigada em um outro companheiro a fim de convidá-lo a dançar, sendo substituído então por esse participante. A própria palavra samba já era empregada no final do século XIX dando nome ao ritual dos negros escravos e ex-escravos.

 

Oficialmente o primeiro samba foi gravado em 1917 com o título de "Pelo Telefone" e sob a autoria do músico carioca Donga. 

O Samba está presente em todo o território brasileiro, aliás está no sangue e no pé da nossa gente, entretanto, ele adquire feições particulares e marcantes nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

O samba baiano apresenta formas variadas cujos nomes remetem às coreografias e aos ritmos musicais. Dentre alguns, destacamos: Samba de roda, Samba de chave, Samba partido-alto, Samba corrido, Batido, Chulado, Baiano, Bate-pau, etc. Os movimentos incluem a umbigada e os passos fundamentais: “Corta a jaca”, “Separa o Visgo”, “Apanha o bago”, “Miudinho” e “Vamos peneirar”. Os cantos são tirados por um puxador, respondidos em coro pelos demais dançadores. O Samba que não tem refrão é chamado de “Samba corrido”. Os instrumentos musicais acompanhantes são: o violão, chocalho, pandeiro, atabaques. No Samba de roda observam-se ainda ritmos marcados em prato de mesa de ágate com duas colheres de sopa, além de tabuinhas.

No Rio de Janeiro, acredita-se que o samba nasceu no asfalto, mas foi galgando os morros à medida em que as classes pobres do Rio de Janeiro foram empurradas do Centro em direção às favelas, vítimas do processo de reurbanização provocado pela invasão da classe média em seus antigos redutos. Atualmente freqüenta as favelas, as ruas, os salões e os clubes de todas as classes sociais. Existe aqui a dança individual e a de roda, com solista exibindo passos miúdos e ligeiros, requebrados e gingados. O Samba partido-alto e o Samba de roda são encontrados sobretudo nos morros.  

Em São Paulo já existiu três modalidades principais: Samba de roda, círculo com destaque de solista ou de instrumentista; Samba rural ou Samba de bumbo, com duas fileiras que se movimentam em conjunto, com a presença do instrumento que lhe dá nome. O Samba de Bumbo é hoje, praticado somente em localidades do interior do Estado como Mauá, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus. E, o Samba-Lenço, com fileiras que se defrontam com cada participante trazendo um lenço que orienta a coreografia dos pares. A importância desta manifestação fez surgir, com o tempo, outros gêneros populares, como a base dos primeiros cordões, ranchos e escolas de samba paulistas. É também uma das fontes inspiradoras da “música caipira”. Embora de origem e caráter popular, o Samba-Lenço é uma manifestação praticamente desconhecida.

O Samba é o símbolo maior da expressão cultural brasileira. Não se concebe Brasil sem samba, é através dele que se unem todas as raças e penetramos na dimensão eterna do tempo.

Falar de samba, é falar do Brasil, pois está no SAMBA o sabor peculiar deste país.

Sendo assim, podemos afirmar convictos que o BRASIL TEM SABOR DE SAMBA!

 

VARIAÇÕES DO SAMBA  

SAMBA DE RODA:

O samba de roda é uma das variações do batuque de Angola. Conforme reza a tradição, no meio da roda, um dançarino sambava sozinho. Depois de certo tempo, através de uma umbigada, convidava um dos presentes para substituí-lo. A orquestra de samba geralmente é composta por pandeiros, viola, chocalho, prato de cozinha arranhado por uma faca e, às vezes, por berimbau. O canto é puxado por uma pessoa, respondido pelos demais, acompanhado por palmas.

 

Samba carnavalesco :

Designação genérica dada aos sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval. Os compositores tinham uma certa queda por este "gênero" (neste incluem-se as marchinhas) por visarem os gordos prêmios oferecido pela Prefeitura em seus concursos anuais de músicas carnavalescas.

Samba de meio-de-ano :

Qualquer samba despretensioso aos festejos carnavalescos.

Samba raiado ou chula:

Uma das primeiras designações recebidas pelo samba. Segundo João da Baiana 1, o samba raiado era o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto.

Samba de partido-alto:

Um dos primeiros estilos de samba de que se tem notícia. Surgiu no início do século XX, mesclando formas antigas (o partido-alto baiano) a outras mais modernas (como o samba-dança-batuques). Era dançado e cantado. Caracterizava-se pela improvisação dos versos em relação a um tema e pela riqueza rítmica e melódica. Cultivado apenas pelos sambistas de "alto gabarito" (daí a expressão partido-alto), foi retomado na década de 40 pelos moradores dos morros cariocas, já não mais ligado às danças de roda.

Samba-batido: variante coreográfica do samba existente na Bahia.

Samba-corrido: samba existente na Bahia, que não tem refrão.

Samba de morro: tradicionalmente conhecido como o samba autenticamente popular surgido no bairro do Estácio e que teve na Mangueira, um dos seus redutos mais importantes a partir da década de 30.

Samba de terreiro: composição de meio de ano não incluída nos desfiles carnavalescos. É cantado fora do período dos ensaios de samba-enredo, servindo para animar as festas de quadra, durante as reuniões dos sambistas, festas de aniversário ou confraternizações.

Samba-canção: estilo nascido na década de 30, tendo por característica um ritmo lento, cadenciado, influenciado mais tarde pela música estrangeira. Foi lançado por Aracy Cortes em 1928 com a gravação Ai, Ioiô de Henrique Vogeler. Foi o gênero da classe média por excelência e a temática de suas letras era quase sempre romântica, quando não assumindo um tom queixoso. A partir de 1950, teve grande influência do bolero e de outros ritmos estrangeiros.

 

Samba-enredo: estilo criado pelos compositores das escolas de samba cariocas em 1930, tendo como fonte inspiradora um fato histórico, literário ou biográfico, amarrados por uma narrativa. É o tema do samba-enredo que dá o tom do desfile em suas cores, alegorias, adereços e evoluções, pois este é o assunto que será desenvolvido pela escola durante a sua evolução na avenida.

Samba-choro: variante do samba surgida em 1930 que utiliza o fraseado instrumental do choro. Entre as primeiras composições no estilo, figuram Amor em excesso (Gadé e Walfrido Silva/1932) e Amor de parceria (Noel Rosa/1935).

Samba carnavalesco: designação genérica dada aos sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval.

Samba de breque: variante do samba-choro, caracterizado por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas chamadas breques (do inglês "break"), designação popular para os freios de automóveis. Essa paradas servem para o cantor encaixar as frases apenas faladas, conferindo graça e malandragem na narrativa. Luiz Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente máximo.

Samba-exaltação: samba de melodia longa e letra abordando um tema patriótico. Desenvolveu-se a partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. Foi cultivado por profissionais do teatro musicado, do rádio e do disco depois do sucesso de Aquarela do Brasil (1939) de Ary Barroso. A ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral que deve conter elementos grandiloqüentes, conferindo força e vigor ao nacionalismo que se quer demonstrar.

Samba de gafieira: modalidade que se caracteriza por um ritmo sincopado, geralmente apenas tocado e tendo nos metais (trombones, saxofones e trompetes) a força de apoio para o arranjo instrumental da orquestra. Criado na década de 40, o estilo, influenciado pelas "big-bands" americanas, serve sobretudo para se dançar.

Sambalada: estilo de ritmo lento, surgido nas décadas de 40 e 50, similar ao das músicas estrangeiras lançadas na época (como o bolero e a balada, por exemplo) tido como um produto da manipulação das grandes gravadoras que tinham apenas finalidade comercial.

Sambalanço: modalidade que se caracteriza pelo deslocamento da acentuação rítmica, inventado na metade da década de 50, por músicos influenciados por orquestras de bailes e boates do Rio e de São Paulo que tinham como base os gêneros musicais norte-americanos, principalmente o jazz. Pode ainda ser definido como o estilo intermediário entre o samba tradicional e a bossa-nova, do qual Jorge Ben (Jor) foi o grande expoente.

Sambolero: tipo de samba-canção comercial fortemente influenciado pelo bolero, que teve o seu apogeu também na década de 50. Imposto pelas grandes companhias de disco.

Samba-jazz: gênero comandado por Carlos Lyra e Nelson Luiz Barros e mais tarde cultivado por outros compositores ligados à Bossa-Nova que buscavam soluções estéticas mais populares como resposta ao caráter demasiadamente intimista de João Gilberto. Abriu espaço para o nascimento da MPB, através dos festivais de música promovidos pela TV Record de São Paulo, durante os anos 60.

Sambão: considerado extremamente popular e comercial, o gênero conheceu seu momento de glória a partir dos anos 70, quando se pregava a volta do autêntico samba tradicional. Nada mais é do que uma apropriação muitas vezes indevida e descaracterizada do conhecido samba do morro.

Samba de moderno partido: modalidade contemporânea do gênero liderada pelo compositor Martinho da Vila, que mantém a vivacidade da percussão tradicional do samba aliada a uma veia irônica na temática de suas letras.

Samba de embolada: modalidade de samba entoado de improviso. Segundo Câmara Cascudo, citado no Dicionário Musical Brasileiro de Mário de Andrade, os melhores sambas de embolada estão em tonalidades menores.

Samba-rumba: tipo de samba influenciado pela rumba, ritmo caribenho em voga no Brasil na década de 50.

Samba-reggae : misturado aos ritmos da Bahia, com forte influência da divisão rítmica do reggae.

Pagode – Nascido em São Paulo , é vagamente ligado ao partido-alto – a melodia é fácil, linear e repetitiva, como o sambalada. É o chamado samba de fundo de quintal, comum também na Bahia e no Rio de Janeiro. Com letras românticas, usa instrumentos de percussão e teclado. Destacam-se os grupos Fundo de Quintal, Negritude Jr., Só Pra Contrariar, Raça Negra e Katinguelê.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO

Texto pesquisado e desenvolvido por

Rosane Volpatto