O MITO DE PSIQUE
O mito de Eros
(Cupido) e
Psique tem sido
muito usado como
analogia para a
psicologia
feminina por
diversos
analistas junguianos.
Psique é uma
mulher mortal
grávida que
procura a união
com seu marido,
Eros, Deus do
Amor e filho da
Deusa Afrodite.
Entretanto,
compreende que
deve submeter-se
a brava Afrodite
para
reconciliar-se
com Eros.
Ao apresentar-se
à Deusa, essa
para testá-la lhe
dá quatro
tarefas. As
tarefas possuem
importantes
significados
simbólicos, que
representam
capacidades que
todas as mulheres
precisam
desenvolver. A
cada tarefa
cumprida, Psique
adquire uma
habilidade que
não tinha antes,
habilidade
masculina ("animus")
presente na
personalidade da
mulher.
O mito de Eros
(Cupido) e
Psique nos foi
transmitido por Apuleio, poeta
romano do século
II d.C., em seu
livro O Asno de
Ouro ou
Metamorfoses.

O MITO

Psique era a mais
nova e bela das
três lindas
filhas de um rei
e uma rainha. Sua
beleza ao ser
exaltada pelo
mundo inteiro,
chegando a ser
comparada com a
Deusa Afrodite.
Essa irritou-se
com a atenção
dispensada a essa
mera mortal e
chamou seu filho
Eros para
ajudá-la a
resolver o
problema. As
setas de Eros
eram
irresistíveis e
invencíveis e
todos que eram
atingidos por
elas
apaixonavam-se.
Afrodite pediu ao
filho que fizesse
que o homem mais
vil e cruel se
apaixonasse por
Psique.
Eros preparou-se
para obedecer às
ordens maternas.
Havia duas fontes
no Jardim da
Deusa, uma de
água doce, outra
de água amarga.
Eros encheu dois
vasos de âmbar,
cada um com água
de uma das fontes
e dirigiu-se ao
quarto de Psique
que dormia.
Derramou, então,
algumas gotas da
água da fonte
amarga sobre os
lábios da jovem,
depois, tocou-a
de lado com a
ponta de sua
seta. Psique
acordou e abriu
os olhos diante
de Eros, que
perturbado,
acabou ferindo-se
com sua própria
seta.
Descuidando-se do
seu ferimento,
derramou as
balsâmicas gotas
da alegria sobre
os cabelos da
moça.
Desde deste dia,
nenhum rei,
príncipe ou
plebeu
apresentou-se
mais para pedi-la
em casamento.
Suas duas irmãs
mais velhas
casaram-se, mas
Psique, confinada
em seus
aposentos,
deplorava a
solidão, irritada
com sua beleza,
que agora não
mais despertava o
amor.
Seus pais,
decidiram então,
buscar o conselho
do oráculo do
Deus Apolo em
Delfos, que
respondeu:
-" A jovem não se
destinava a ser
esposa de um
amante mortal.
Seu futuro marido
a esperava na
montanha e era
uma horrível
serpente alada".
Os pais foram
aconselhados a
levar Psique ao
alto da montanha
para que
encontrasse a sua
sorte. Quando lá
foi deixada, a
jovem tremia de
medo e apreensão
e o gentil vento
sul, Zéfiro, com
suas brisas
suaves fez com
que ela
adormecesse.
Quando acordou na
manhã seguinte,
viu-se em um
palácio de
grandiosidade
inimaginável.
Dúzias de servas
apareceram para
satisfazer seus
caprichos.
Durante à noite,
foi acordada por
uma voz gentil,
era o seu amante.
Na escuridão, não
podia vê-lo, mas
seu corpo e sua
pele pareciam ser
de um homem jovem
de grande beleza.
Depois dessa
primeira noite,
Psique ficou
curiosa para ver
seu rosto.
Entretanto, ele
insistiu que ela
jamais deveria
olhar seu rosto
e, se isso
acontecesse teria
que deixá-la para
sempre.
Certo dia, Psique
recebeu a visita
de suas irmãs,
que ao chegar
queriam saber de
seu amante. Como
jamais vira seu
rosto, suas
respostas foram
consideradas
muito
inconsistentes.
As irmãs
percebendo que
existia muitas
falhas nas
histórias de
Psique,
provocaram-na
dizendo:
-"Esse é um
palácio
magnífico, mas
mesmo assim é uma
preço alto demais
por ter que
deitar com um
monstro".
Quando as irmãs
partiram, Psique
ficou cheia de
dúvidas e então,
resolveu que
usaria astúcia,
mas iria tentar
ver o seu amante.
Ela esperou
acordada sua
chegada. Quando
ele entrou no
quarto escuro e
caiu no sono, ela
foi até a sala e
pegou uma
lamparina à óleo,
que levou até o
quarto. Vendo-o
na luz pela
primeira vez, não
pôde acreditar em
seus olhos: era a
visão mais linda
do mundo, talvez
até ele fosse um
Deus. Ela
curvou-se para
beijá-lo e um
pouco do óleo
quente da
lamparina caiu
sobre o seu
ombro,
acordando-o.
O jovem ergueu-se
num salto e
gritou:
-"Eu disse que
nunca deveria
olhar meu rosto!"
Vestindo seu
manto da
invisibilidade,
ele fugiu do
quarto. Psique
correu atrás
dele, mas já era
tarde demais.
Enquanto o
perseguia,
ouviu-o
identificando-se
como sendo Eros,
o Deus do Amor,
filho da Deusa
Afrodite.
Psique soube que
estava condenada.
Era óbvio que seu
relacionamento
com Eros não
teria mais futuro
e ainda, sua
própria vida
estava fadada a
extinguir-se.
Tudo que lhe
restava era
jogar-se aos pés
de Afrodite e
jurar servi-la o
resto de seus
dias. Talvez a
Deusa tivesse um
pouco de
compaixão dela.
Zéfiro encaminhou
Psique até às
câmaras de
Afrodite, que
apreciou a
oportunidade de
vingar-se
pessoalmente de
sua rival mortal.
Psique joga-se
aos prantos as
pés da Deusa,
rogando seu
perdão. Afrodite,
embora não tenha
intenção de
perdoá-la, nem
mesmo ajudá-la a
reconciliar-se
com Eros,
resolveu
testá-la.

PRIMEIRA TAREFA:
SEPARAÇÃO DAS
SEMENTES
Afrodite
encaminha Psique
até uma sala e
mostra-lhe um
monte enorme de
sementes
misturadas:
milho, cevada,
papoula, ervilha
e feijão. Diz
então, que ela
deve separar cada
espécie de
semente em um
monte em separado
até o anoitecer.
A tarefa parece
impossível, até
que uma grande
quantidade de
despretenciosas
formigas vêm em
seu auxílio,
colocando cada
espécie, grão por
grão, em seu
monte próprio.
De igual forma,
quando devemos
tomar uma
importante
decisão, em
primeiro lugar,
devemos
classificar uma
miscelânea de
sentimentos
conflituosos. A
situação
tornar-se mais
confusa quando o
arquétipo de
Afrodite toma
parte e
influencia nas
escolhas.
A "classificação
das sementes",
requer que
olhemos para o
nosso interior,
onde deve-se
peneirar
sentimentos,
valores e
motivos,
separando o que é
importante do
insignificante.
Quando
aprendermos a nos
deter diante de
uma situação
confusa, não
agindo até que
tudo se
esclareça,
aprenderemos a
confiar nas
"formigas". Esses
insetos são
análogos a um
processo
intuitivo e estão
associados com o
inconsciente. Ou
o esclarecimento
pode vir também,
do trabalho
consciente,
mediante uma
avaliação, que
determinará a
prioridade dos
elementos
envolvidos na
questão.

SEGUNDA TAREFA:
COLHENDO A LÃ
DOURADA
Em seguida,
Afrodite ordenou
a Psique que
adquirisse
amostras de lã
dourada que
deveria ser
retirada dos
terríveis
carneiros do sol.
Eram animais
enormes,
agressivos,
providos de
chifres, que
ficavam no campo,
dando cabeçadas
um no outro. Se
Psique tivesse
que andar entre
eles certamente
seria esmagada ou
morta.
Uma vez mais a
tarefa parece
impossível, até
que um verde
junco vem em sua
ajuda e a
aconselha a
esperar até o
pôr-do-sol,
quando os
carneiros se
recolhem e
dispersam. Nesse
momento, ela
poderá apanhar
com segurança
fios do velo de
ouro das
amoreiras contra
as quais os
carneiros tinham
se raspado.
Simbolicamente, o
velo de ouro
representa o
poder que toda
mulher precisa
adquirir para não
ser destruída na
tentativa de
conseguir algum.
Quando saímos por
esse mundo
competitivo,
almejando
adquirir poder e
posições, podemos
nos tornar
feridas ou
desiludidas se
não tivermos
plenos
conhecimentos dos
perigos que
devemos
enfrentar. Não
devemos nos
tornar
insensíveis, mas
temos que ser
prudentes para
que não nos
tornemos uma
"vítima
pisoteada".
Psique nos
revela, que em
situações
adversas, o
melhor é primeiro
parar e observar,
esperando para
gradualmente
obter o poder
indiretamente.
A busca do velo
de ouro sem a
destruição de
Psique é metáfora
para a tarefa de
ganhar poder e
permanecer uma
pessoa
compassiva. Essa
tarefa é muito
útil para toda
aquela mulher que
está aprendendo a
se afirmar.

TERCEIRA TAREFA:
ENCHER A JARRA DE
CRISTAL
Para a terceira
tarefa, Afrodite
põe uma jarra de
cristal na mão de
Psique e manda
que a encha com a
água de um regato
proibido. O tal
regato cai em
forma de cascata
de uma fonte no
pico do mais alto
rochedo íngreme
até a mais ínfima
profundeza do
mundo subterrâneo
antes de ser
levado para cima
através da terra
para emergir uma
vez mais da
fonte.O regato
gelado também é
guardado por
dragões o que
torna a tarefa de
encher a jarra
quase impossível.
Desta vez, quem
vem ajudar Psique
é uma águia. A
águia simboliza a
habilidade de ver
a paisagem de uma
perspectiva
distante e
precipitar-se
velozmente para
apoderar-se do
que realmente
necessita.
É de especial
importância, que
nós mulheres,
consigamos alguma
distância
emocional de
nossos
relacionamentos,
para que possamos
ver padrões
totais,
necessários para
selecionar
detalhes
importantes, que
possibilitem nos
apoderarmos do
que é
significativo.
Metaforicamente,
esse regato no
qual Psique deve
encher sua jarra,
representa a
corrente circular
da vida.

QUARTA TAREFA:
APRENDER A DIZER
NÃO
Para quarta e
última tarefa,
Afrodite ordena a
Psique que desça
ao mundo
subterrâneo com
uma pequena caixa
para Perséfone
encher com seu
creme de beleza.
Psique relaciona
a tarefa com a
morte. Agora, uma
torre vista de
longe lhe dará um
conselho.
Essa tarefa é um
tradicional teste
de coragem e
determinação de
um herói, pois
Psique é
informada que
encontrará
pessoas que lhe
pedirão ajuda e
por três vezes
deverá endurecer
seu coração e
negar todos os
apelos, para
poder continuar.
A tarefa que
Psique executa
quando diz não
três vezes, é
para exercitar a
escolha. Muitas
mulheres permitem
serem molestadas
e desviadas de
fazerem alguma
coisa por si
mesmas. Não podem
realizar o que
quer que
estabeleceram
fazer ou o que é
melhor para elas,
até que aprendam
a dizer não.
É através dessas
quatro tarefas
que Psique
evolui.
Desenvolve
capacidades e
forças enquanto
sua coragem e
determinação são
testadas. Mas,
apesar de tudo,
sua essência e
suas prioridades
permanecem
inalteradas.
Acima de tudo,
ela valoriza seu
relacionamento
amoroso e arrisca
todas as coisas
por ele, e no
final, vence.

A MULHER-HEROÍNA
Nas estradas da
vida sempre
haverá cruciais
bifurcações, onde
devemos tomar
decisões. Qual
caminho tomar?
Que direção
seguir? Continuar
um relacionamento
ou abandoná-lo?
Ter um bebê ou
praticar um
aborto? Apostar
no casamento ou
se divorciar?
Desistir ou
perseverar? Qual
a escolha? E qual
o seu custo?
Assumir nossas
escolhas nem
sempre é fácil. O
que define a
heroína é que ela
tem a coragem de
fazer isso. A
não-heroína é a
que concorda com
a escolha dos
outros. É muito
mais fácil
consentir do que
realizar, mas o
que pode ocorrer
no final é
sentir-se
vitimada e
acusar:
-"Eu não queria
fazer isso, foi
idéia sua!".
Tornar-se heroína
é uma
possibilidade
iluminadora para
todas as
mulheres. Fazer
valer nossos
direitos é uma
tarefa heróica,
para toda aquela
mulher que sempre
colocou seu
marido e filhos
em primeiro
lugar.
A heroína para se
tornar apta para
realizar suas
escolhas, deve
repetir a
primeira tarefa
de Psique de
"separar as
sementes" toda
vez que se
encontrar em uma
encruzilhada da
vida. Deve
deter-se para
selecionar suas
prioridades e
causas, e as
potencialidades
na situação.
Precisa ver quais
são as escolhas,
qual poderia ser
o custo emocional
que as decisões
acarretariam e o
que importa mais
intuitivamente a
ela. Com base em
quem ela é e no
que sabe, deve
tomar uma decisão
sobre qual
caminho seguir.
Para desenvolver
a clareza, ela
precisará também
resistir à
pressão interior
de decidir
precipitadamente.
Toda mulher que
decide e
prossegue em sua
jornada heróica,
se confrontará
com obstáculos,
tarefas e
perigos. O como
ela responderá é
que a farão
mudar. A viagem
da heroína é uma
jornada de
descobrimento e
desenvolvimento,
de aspectos
integrantes de si
mesma em uma
personalidade
total, embora
complexa.
Tanto no mito
como na vida, a
mulher-heroína
encontrará
dilemas, mas tudo
o que deve fazer
é ser ela mesma,
fiel aos seus
princípios e
lealdades, até
que alguma coisa
inesperada venha
em sua ajuda.
Sempre algo virá,
nessas situações
arquetípicas,
portanto, nunca
deve-se desistir
ou agir por medo.
O melhor é
esperar, meditar
ou orar pedindo
clareza, pedindo
a vinda do
inconsciente para
que possa
transcender o
impasse.

RITUAL
Realize esse
ritual para lhe
dar coragem e ser
forte. Faça-o
sempre na lua
nova, para
alinhar-se com as
Deusas da Terra,
acostumadas com o
útero escuro,
onde crescem as
sementes e onde
habitam os
mistérios mais
antigos.
Você precisará:
Algumas moedas,
Sementes (milho,
feijão, etc) ou
pétalas de
flores.
Abençoe suas
oferendas na
noite anterior ao
ritual e
coloca-as em um
lugar perto de
sua cama.
No dia seguinte
leve suas ofertas
até um poço ou
fonte e jogue-as
lá dizendo:
"Grande Mãe,
permita que sua
sabedoria flua
das profundezas
que essa água
representa.
Deixe-a fluir em
mim, faça de mim
um canal de
transformação e
amor. Ofereço
esses símbolos,
objetos de meus
sonhos. Aceite-os
como sinal de
minha dedicação a
ti e do
conhecimento e
poder que
outorgas".
Que assim seja!
Texto pesquisado
e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO



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