É com o auxílio das memoráveis palavras de Barbosa Lessa que procurarei descrevê-la:

No tempo em que a comunicação entre as cidades e vilas era realizada apenas por carretas, havia muito movimento entre as incipientes cidades de Pelotas e Bagé, zona sul do Estado do Rio Grande do Sul. No meio do caminho entre essas duas povoações ficava uma zona de coxilhas que se tornou pouso obrigatório dos carreteiros, os quais escolheram aquela região devido a facilidade de encontrar-se água potável; a poucos palmos da flor da terra se encontrava boa água. Em cada acampamento se fazia uma pequena cacimba, e em pouco tempo o lugar se celebrizou pela quantidade de cacimbinhas.

Um dia, um fazendeiro rico, chamado Dutra de Andrade que era cego e estava realizando este percurso de carreta, resolveu pernoitar no rincão das cacimbinhas.

Este homem já tinha conhecimento da fama da água desta região, por isso apressou-se a ir aprová-la. Realmente seu gosto maravilhoso e a água muito saudável. Comentou então, com outros carreteiros, que sentia muito não ter visão para apreciar a beleza do local.

Foi quando então, um carreteiro aproximou-se dele e aconselhou-o a fazer uma promessa à Nossa Senhora da Luz, única santa capaz de recuperar a vista dos cegos.

Dutra de Andrade, fervoroso, fez a promessa.

E, ao voltar lavar seu rosto com a água da cacimbinha, à medida que umedecia suas pálpebras, começou a visualizar pequenos raios de luz, na escuridão que pensava ser eterna. Aos poucos, operou-se o grande milagre do retorno de sua total visão.

Para assinalar esse milagre concedido pela Nossa Senhora da Luz, o fazendeiro comprou aquele pedaço de terra, e ali ergueu uma capela em agradecimento à tão milagrosa Mãe de Deus.Em torno desta capela, nasceu um povoado que foi crescendo em igual medida que a fé de seus moradores pela Nossa Senhora da Luz.

Depois da capela, foi criado um curato em 1851. Em 1857, foi elevado a freguesia e em 1878 ocorreu a emancipação. Como município, continuou com a primitiva denominação de Cacimbinhas.

Só teve seu nome alterado para Pinheiro Machado no governo do Intendente Provisório Dr. Ney Lima Costa quando o Senador José Gomes Pinheiro Machado foi assassinado no Rio de Janeiro, por Mânsio de Paiva, que era um morador da região de Cacimbinhas. A mudança de nome não foi aceita pela população, que se rebelou contra o Intendente, forçando-o a deixar a cidade.

Ainda hoje, os moradores desse município se empenham para que seja restabelecido o nome anterior.