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NISSES E TOMTES,

OS PAPAIS NOÉIS NÓRDICOS

 

 

Nisses e Tomtes são um tipo de gnomo doméstico do norte da Europa.

Os Tomtes habitam essencialmente na Suécia e na Noruega, enquanto que os Nisses vivem na Dinamarca, na Finlândia, ao longo da costa báltica e nas ilhas Feroe, onde lhes chamam Niägruisar.

Honrados e venerados como divindades do lar, esses gnomos não se contentam com cuidar do gado, mas assumem a carga da casa e de todos os que vivem nela. Dizem que uma casa protegida por um Tomte ou um Nisse se reconhece à primeira vista: todo está limpo e ordenado e da uma sensação de beleza e harmonia. Entre os muitos trabalhos que realizam também ajudam na limpeza dos estábulos e manter os animais quietos.

 

Amantes da música, tocam admiravelmente o violino, gostam de dançar e fazem teatro, porém detestam os ruídos intempestivos. As noites de lua cheia patinam durante horas nos lagos gelados. Igual aos brownies escoceses, se ocupam também cuidam do bom estado das finanças da casa, podendo até roubar leite, sementes e inclusive dinheiro quando seus donos precisam de algo.

Porém, esses amáveis gnomos nórdicos são antes de tudo os gênios bons das crianças, para os quais servem de iniciadores e pedagogos, e até companheiros de viagem.

ASPECTO FÍSICO E TEMPERAMENTO

Fisicamente, Tomtes e Nisses se parecem com pequenos anciões de rosto muito enrugado, dotado de longas barbas brancas e gorros vermelhos. Se diria que são como Papai Noel em miniatura, alcançando a altura no máximo de uma criança de sete anos. Mas, muito embora sejam pequenos, são muito poderosos. São também muito tímidos e podem tornarem-se invisíveis com um leve torcer de suas orelhas.

Um único Tomte pode viver em uma casa por diversas gerações, pois sua longevidade é muito maior que a dos humanos. Ele é uma criatura solitária e haverá sempre somente um em cada casa ou fazenda. Ele geralmente procura um local pequeno para repousar, tal como um sótão, um celeiro, ou embaixo do soalho. Pode também cavar um lar subterrâneo nas raízes de uma árvore.

Um Tomte é muito benévolo para com os seres humanos e cuidará muito bem de sua família adotada, protegendo-os de qualquer dano e trazendo-lhes boa sorte. Como pagamento de serviços prestados e sua amizade não pede mais do que um prato de mingau de aveia, uma vez por ano, na Véspera de Natal. Na imagem abaixo vemos um Tomte compartilhando sua refeição com um gato, como acontece frequentemente na vida real.

Quando são ignorados pela família que escolheram para viver, freqüentemente esconderão ferramentas, perturbarão os animais, abrirão sacos de farinha lançando-a pela casa toda, ou até mesmo podem levar a fazenda à completa ruína.

Esses gnomos se conectam facilmente com alguns animais, como os gansos, porcos, gatos, cabras, mas estimam muito o cavalo. Muitas vezes os tomtes trançam os cabelos de seu rabo, para demonstrar o seu descontentamento da atitude do dono em relação ao animal (acham, por ex., que o cavalo não está bem escovado ou alimentado).

AJUDANTES DE PAPAI NOEL

Na noite de Natal, são eles quem descem pela chaminé para levar presentes aos bons meninos. Nessa noite é costume, para agradecer-lhes seus favores, deixar perto da chaminé, um pratinho com seu mingau preferido e um pedaço de fumo em rama.

Os Tomtes e os Nisses são mais sábios que os gnomos do Papai Noel. Ajudam a fazer os brinquedos e a alimentar as renas. Na véspera do Solstício do Inverno (Hemisfério Norte), os Tomtes, Papai Noel e sua esposa, todos sentam-se em frente à uma grande e quente panela de mingau de aveia coberta de aveia ou pudim de arroz, para alimentarem-se e depois iniciarem a viagem para distribuir os presentes natalinos.

Na véspera de Natal, na Suécia, as crianças esperam seus presentes com impaciência. Após a tradicional ceia com arenques, presunto, um peixe chamado "lutfisk" e arroz de leite, aparece o Tomte de Natal  carregado de presentes.

Esses gnomos entregam seus presentes se utilizando de um trenó puxado por uma cabra.

SÍMBOLO

 O símbolo desses gnomos é o ramo de azevinho, vermelho ou verde, que indica a permanência da vida em um mundo frio entregue às trevas.

Há quem acredite que os Tomtes e os Nisses sejam as "almas" dos primeiros habitantes das fazendas, pois os corpos sempre eram enterrados em montes próximos. Talvez então, possa se dizer que o costume de alimentá-los na época de Natal, seja remanescente de uma antiga adoração ancestral.

Para Pierre Dubois, o Tomte e o Nisse é muito mais que um gnomo doméstico, é a esperança do dia, um mensageiro da vida. Não há ainda, melhor artesão, nem obreiro mais ágil.

O NISSE E O TOMTE MODERNO

O fato do Papai Noel atual ter muitas características do Tomte não é mera coincidência. Haddon Hubert Dundblom, artista que criou o Papai Noel clássico (em 1931) que aparece nos comerciais da Coca-Cola era filho de imigrantes suecos. É muito provável que, durante sua infância, tenha visto muitos retratos de Tomte, daí o porque de tanta similaridade entre os dois.

 

No folclore nórdico, o Tomte (e o Nisse tb) eram um tipo de espírito local ou deidade menor, nem sempre benevolente, conectado com as fazendas. Há de fato uma conexão etimológica da palavra "tom", significando como "parte da terra, do lote".

O Nisse das fazendas, a partir de 1840, transformou-se no portador dos presentes do Natal na Dinamarca, passando então, a denominar-se de "julenisse".

Um poema imensamente popular "Tomten de Viktor Ryberg", publicado primeiramente em 1881, transformou-lhe em um guardião filosófico e fraternal. Esse poema foi ilustrado por Jenny Nyström, que exibiu a primeira figura de um Tomte amigável e de caráter mítico, distribuindo presentes em seu trenó puxado por uma cabra, associando-o desde então ao Natal.

Pouco depois, sofrendo influências externas, uma nova variante do tomte foi concebida, passando a chamar-se: Jultomte (sueco), Julemand (dinamarquês) Julenisse (norueguês),Joulupukki (finlandês) versão moderna do Papai Noel local.

Novas ilustrações foram produzidas, e o Tomte moderno teve que parar de fumar, até para não dar mal exemplo para as crianças. Também a cabra associada ao tradicional Ritual de Yule desapareceu.

Gradualmente os olhares se voltaram para o Papai Noel americano, mas o "Jultomte", "Julenisse" e "Julemand",  têm ainda as características e as tradições na cultura local: não vivem no pólo norte, mas talvez na floresta mais próxima, ou ainda, na Dinamarca habitam no Greenland e na Finlândia no Lapland. Não descem mais pela chaminé à noite, mas entram pela porta da frente, entregando os presentes diretamente às crianças. Apenas o Joulupukki, conhecido como "cabra de Yule", e não aparece na noite anterior ao Natal, em um trenó puxado por uma rena que voa. Mas muitas são as pessoas que ainda colocam do lado de fora da porta principal um prato com mingau de aveia para ele na véspera do Natal. É ainda, retratado frequentemente em cartões de Natal e nas decorações de casas e jardins como um homem pequeno, igual ao gnomo de Jenny, acompanhado de um cavalo ou um gato ou em um trenó puxado por uma cabra.

Para muitos, o Tomte das fazendas vive somente na imaginação e na literatura.

ALGUNS RELATOS

Conta-se que tanto os Tomtes como os Nisses não gostam de ser vistos, mas gostam de ser lembrados. Quando não for satisfeita sua vontade, essa espécie de gnomo pode se tornar impulsiva e até vingativa. Vamos conferir os relatos:

RELATO 1

No município de Nuhil há duas fazendas próximas uma da outra e ambas se chamavam Tobo. Em uma delas vivia um Tomte que, na véspera de Natal, esperava receber, para se aquecer, um prato bem quente de mingau de aveia coberto com mel. Entretanto, como o delicioso mingau estava numa temperatura muito alta, o mel acabou derretendo-se e acabou no fundo do prato.

Quanto o Tomte chegou até à cozinha e encontrou o mingau, mas sem nenhum mel à vista sobre ele, ficou muito irritado e foi até o estábulo e matou uma das vacas. Depois disso, retornando a cozinha, resolveu comer o mingau, pois estava com muita fome. Ao esvaziar o prato à colheradas, encontrou o mel depositado no fundo. Arrependendo-se de sua maléfica ação, o Tomte foi até a outra fazenda e roubou uma vaca similar para substituir a que tinha matado.

Durante sua ausência, as mulheres da fazenda entraram no celeiro e dando falta da vaca, relataram a perda aos homens, mas quando esses, retornaram ao celeiro, a vaca faltante tinha aparentemente retornado.

No dia seguinte ouviram o pessoal da fazenda adjacente reclamar da falta de uma vaca, então compreenderam que o Tomtes tinha estado trabalhando na noite anterior.

RELATO 2

Uma vez um fazendeiro que trabalhava quase que dia noite, não conseguia colher um grão a mais do que seus vizinhos. Desconfiado que o estavam roubando e determinado a encontrar o culpado, escondeu-se à noite no celeiro.

Altas horas da madrugada, pode ver um Tomte carregando um saco de centeio.Numa fileira, estava o mais minúsculo do Tomte, que não era maior do que o polegar de um homem, que, ofegante e gemendo, carregava uma semente em seus ombros.

-"Porque você está tão ofegante e gemendo?", perguntou o fazendeiro, ao pequeno gnomo de seu esconderijo.

"Você não carrega nenhum fardo tão grande!"

-"Seu fardo é de acordo com sua força e ele já está muito velho", respondeu um dos outros Tomtes, "por sua rudeza, daqui para frente, você sempre terá bem menos."

Desse dia em diante, toda a sorte desapareceu da casa do fazendeiro, que foi reduzido à miséria.

 

No relato n. 1 e 2, podemos concluir que o Tomte pode ser muito útil, muito embora sua ajuda seja, na maioria das vezes, feita às custas dos vizinhos. Essa seria também, uma boa história para se contar, em razão de um fazendeiro não ser tão próspero quanto ao outro. Responsabilize o Tomte!

RELATO 3

Uma vez, uma dona de casa começou a observar que não importava o quanto de farinha utilizasse, a altura da quantidade na lata onde era guardada não diminuia. Uma noite, resolver averiguar o que estava acontecendo e escondeu-se no seu depósito de mantimentos.

Passado um bom tempo, ainda em vigia em seu posto, ela viu um homem muito pequeno, metido em uns trajes de lã cinzenta muito velhos, peneirando farinha e utilizando seus poderes para multiplicá-la.

Observando que sua roupa estava muito gasta, pensou em recompensá-lo por seu trabalho, fazendo-lhe um novo terno. Quando o terminou, pendurou-o em cima da lata de farinha, escondendo-se novamente, para poder ver o que o homenzinho pensaria de sua nova roupa. Quando o Tomte veio outra vez, observou o traje novo e, livrando-se de sua roupa esfarrapada a vestiu. Mas quando começou a peneirar a farinha, sua nova roupa começou a ficar toda empoeirada e jogou a peneira no canto dizendo:

-"Os donos da casa que peneirem eles mesmos, pois não vou mais empoeirar minha roupa".

Desse dia em diante, o Tomte não apareceu mais no depósito da dona de casa e toda a família foi reduzida à miséria.

 

O Tomte e o Nisse são gnomos que proporcionam às famílias que escolhem para viver muita prosperidade, mas exigem que suas casas ou celeiros sejam muito limpos e organizados. Se você é uma pessoa que também gosta de organização e limpeza, e além disso, ama ou animais, ou pelo menos, não maltrata seus animais domésticos, nessa véspera de natal, deixe do lado de fora da porta principal de sua casa um gostoso mingau de aveia coberto com mel. Talvez então um Jultomte bata a sua porta!

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO