
COMO NASCEM AS FADAS?

É realmente bem difícil
descrever a aparência de
uma fada, pois elas
vivem em um mundo
paralelo ao nosso e
segundo algumas pessoas
que já as viram, dizem
que para poder notar sua
presença, temos que
silenciar a mente, pois
elas aproximam-se como uma
suave melodia, ou mesmo
um pequeno murmúrio.
Outra forma de
percebê-las é quando de
repente nos sentimos
envolvidos com um doce
perfume com uma
fragrância
indescritível.

Mas estas qualidades
comuns ao mundo
angelical podem
confundir-nos e não
saberemos discernir se
estamos na presença de
um anjo ou de uma fada.
Só quando visualizamos a
sua forma é que podemos
diferenciá-los, dados
que os primeiros adotam
formas mais leves, mas
apresentam-se com
vestimentas mais
corpóreas.

No caso das
fadas, suas vestes
possuem um grande
diferencial:
apresentam-se sempre
ataviadas e cobertas por
gases ou muselinas,
quase transparentes com
cores translúcidas,
ocupando espaços
fluídicos e seus
graciosos corpos são
esbeltos e femininos,
possuem mãos alongadas,
pés pequenos, tronco
estilizado, cabelo com
cor de arco-íris, que
caem cobertos por véus
transparentes. Algumas
delas têm a cabeça
coberta com uma touca
cônica, muito parecida
com a dos magos e como
eles também utilizam
varas mágicas com as
quais produzem seus
fenômenos.

Entretanto, a matéria da
qual as fadas provêm é
sutil e etérea,
translúcida. Seu corpo é
fluídico e pode se
moldar com a força do
pensamento. Sendo assim,
a aparência dos seres
feéricos, refletirá com
freqüência as idéias
pré-concebidas que deles
já tenhamos.
Em virtude da natureza
de sua estrutura
corpórea, a fada pode
também variar seu
tamanho.
Teósofos que estudam
este tema, afirmam que a
função das fadas é
absorver "PRANA", na
vitalidade do sol e
distribuí-la em nosso
plano físico.
Desde os primórdios da
civilização, segundo nos
contam livros muito
antigos, as pessoas
estavam mais em contato
com a natureza e seus
fenômenos, essas
fantásticas "presenças"
faziam parte da vida
cotidiana, instaladas
nos bosques, nos
arroios, na cozinha, na
cabeceira da cama das
crianças doentes, etc.
Depois que o homem
trocou o campo pela
turbulência dos grandes
centros urbanos, elas
deixaram de ser ouvidas.

ORIGEM DAS FADAS

Popularmente, se crê que
as fadas e o resto do
Povo Pequeno remontam
dos tempos mais antigos
da Terra, quando ainda
estavam em formação os
montes e os oceanos e
não havia ainda surgido
o primeiro "homo
sapiens". Viviam em um
lugar determinado do
planeta, mas não
tardaram a se estenderem
por regiões mais
longínquas, ao mesmo
tempo que se iam
formando as montanhas,
os mares e os rios, e
aparecia o homem
primitivo.
Para explicar sua remota
origem, existem uma
série de lendas, onde
quase todas possuem uma
fonte comum: a "caída"
de anjos.
Na Irlanda, existiu a
crença de que as fadas
seriam anjos caídos, que
foram expulsos do céu
pelo Senhor Deus, em
virtude de seu orgulho
pecaminoso. Alguns
caíram no mar, outros em
terra firme e os que
sobraram no mais
profundo do inferno.
Esses últimos, receberam
do diabo o conhecimento,
poder e os envia para a
terra, onde trabalham
para o mal. Entretanto,
as fadas da terra e do
mar seriam em sua
maioria seres belos e
bondosos, que não causam
nenhum dano, se as
deixarem em paz e lhe
permitirem dançar em
seus anéis feéricos a
luz da lua com sua doce
música, sem ser
molestadas com a
presença dos mortais.
Há uma outra versão
irlandesa que conta que
na época do Paraíso
Terrestre, Eva estava
lavando seus filhos nas
margens de um rio,
quando Yahvé veio lhe
falar. Assustada
escondeu os filhos que
ainda não havia lavado,
e Yahvé lhe perguntou se
estavam ali todos os
seus filhos, e ela
respondeu que sim. Como
não se convenceu da
resposta, advertiu a Eva
que aqueles que ela
havia ocultado
permaneceriam ocultos do
homem também. Essas
crianças se converteram
em elfos e fadas, e nos
países escandinavos são
denominados raça "huldre".
As jovens huldre são
muito belas, mas
apresentam rabos de
vacas unidos aos seus
corpos.
Os escandinavos contam
ainda, em uma versão mitológica, que
foram os vermes que
surgiram do corpo em
decomposição do gigante Ymir, que se converteram
em: elfos claros,
elfinas e elfos escuros.
O verme é símbolo de
vida que nasce da
podridão. É ainda,
símbolo da transição da
terra para luz, da morte
para a vida, do estado
larvar para o vôo
espiritual.
Em um período
pré-cristão, existiu
também, a
crença que que as fadas
seriam os espíritos dos
mortos. Já na era
cristã, se afirmava que
as fadas eram anjos
caídos ou então almas
pagãs que não estavam
aptas para subir aos
céus, nem descer ao
inferno. Por isso,
ficaram destinadas a
passar toda a eternidade
nas escuras regiões de
um "reino
intermediário", a nossa
Terra. Acreditava-se
ainda em Cornualles, uma
região inglesa, que as
almas das crianças
mortas sem batismo,
tornavam-se "PISKIES"
(duendes) e apareciam no
crepúsculo na forma de
pequenas mariposas
noturnas brancas. Os
duendes "KNOCKER", das
minas de estanho também
eram considerados almas
de mortos, mas nesse
caso, eram os judeus que
haviam sido
transportados para lá
por sua participação na
Crucificação.

Todo o norte da Europa
possui um rico
conhecimento sobre as
fadas, assim como as
Ilhas Britânicas e de
igual maneira, não são
ignoradas na Alemanha,
já que ali são
conhecidas pelo nome de
Norns, fiandeiras ao
estilo das Parcas
gregas.
Na França encontramos a
Dame Abonde, uma fada,
cujo o próprio nome já
invoca a abundância. Na
Itália é venerada como
Abundita, uma Deusa da
Agricultura. Em terra
romana ainda, é muito
conhecida a figura
mítica da fada Befana,
cuja função é
estabelecer uma ligação
das famílias atuais com
seus antepassados, com
uma troca de presentes.
Ocupa, portanto a função
de uma
educadora-pedagoga que
recompensa ou pune as
crianças na época
natalina.
Befana é a Grande Avó
que preside várias fases
de desenvolvimento das
crianças.
A "meia natalina" que todos nós,
mesmo aqui no Hemisfério
Sul, penduramos nas
portas ou lareiras, não
é só um lugar para
depósito de presentes,
mas tem o poder de
invocar Befana, que tal
como Frau Holda e
Berchta visita as casas
no período do Natal,
recompensando todo
aquele menino ou menina
que foi bem comportado
durante todo aquele ano.
Conforme a tradição
mítica, Befana chega
voando em uma vassoura,
intensificando sua
associação com as
plantas e os animais,
que antigamente eram
considerados sagrados e
muito utilizados como
tótens.
Befana
voa do Reino das Fadas,
para trazer presentes e
alegria ao mundo dos
homens.

O certo é que todas as
culturas e todos os
povos primitivos
adoravam os velhos
espíritos da natureza,
suscitados pelo
animismo (crença
religiosa que
considera todo o ver
vivo e todo o objeto
possui um espírito ou
força interior), que
mais tarde deram
nascimento, entre os
babilônios e gregos, à
deidades terrestres e
aquáticas, com toda
uma sofisticada
genealogia de Deuses.
Muitas foram as
teorias que se
formaram sobre a
possível etimologia
das fadas, fazendo-as
descender de antigas
divindades celtas
(Deusa Danann) ou de
Dianas romanas.
Na realidade, no
entanto, tanto sua
origem como suas
possíveis etimologias,
se perdem na noite dos
tempos ao se tratar de
seres que iam se
adaptando às
circunstâncias das
épocas, pois nem
sempre se chamaram
fadas, nem ninfas, nem
lamias, nem elfos...,
porém eles permanecem
no meio de nós, com
diversas aparências e
revestidos de
numerosos nomes.
Já dizia o inglês
William Shakespeare,
que há mais coisas
nesta terra do que
alcança a nossa
precária percepção.
Carl Jung complementa,
ao afirmar
que existe e sempre
existiu, um realismo
mágico contraposto a
todo o mundo real.
É justamente através
da dualidade destes
opostos, é que se
estabelece uma função
reguladora. Se o ser
humano não oscilar
entre estas oposições,
o espírito morrerá.

Entre o real e o
mágico existe uma
espécie de fluidez
intemporal que se rege
pelo inconsciente
coletivo. O realismo
mágico descrito por
Jung, é regido por uma
fonte que nos é mundo
familiar e transcende
a um mundo de
contrastes entre os
opostos. Isto é, toda a
magia se nutre dos
conteúdos do
consciente coletivo,
da nossa
"memória ancestral". É
através desta memória
que ocorre a inversão
do tempo.
A tradição celta
possuía uma percepção
admirável da maneira
como o tempo eterno
está entrelaçado com o
nosso tempo humano.
Existe uma história de
Oisín, que era um dos
Fianna, um grupo de
guerreiros celtas, que
sentiu uma grande
vontade de
aventurar-se a chamada
Tír na n-óg, a Terra
da Eterna Juventude,
onde vivia o povo
encantado.
Chegando ao seu
destino, durante muito
tempo viveu feliz com
sua mulher Niamh Cinn
Oir, conhecida como
Niamh dos cabelos
dourados. O tempo
pareceu voar, por ser
um tempo de grande
felicidade. Mas um
dia, a saudade de sua
vida antiga passou a
atormentá-lo. Tinha
agora, curiosidade de
saber como estavam os
Fianna e o que estaria
ocorrendo na Irlanda.
O povo encantado o
desaconselhou, porque
sabiam, que sendo ele
um antigo habitante do
tempo mortal linear,
ele correria o risco
de se perder ali para
sempre. Apesar disso,
ele resolveu voltar.
Deram-lhe um belo
cavalo branco e
disseram-lhe para que
nunca o desmontasse.
Se o fizesse, estaria
perdido. Ele montou e
seguiu até a Irlanda,
mas chegando lá soube
que os Fianna já
tinham desaparecido.
Ele consolou-se
visitando as antigas
áreas de caça e os
locais onde junto com
seus companheiros,
haviam banqueteado,
cantado, narrado
velhas histórias e
realizado grandes
festas de bravura.
Neste ínterim, o
cristianismo já tinha
chegado a Irlanda.
Enquanto passeava,
rememorando seu
passado, avistou um
grupo de homens que
não conseguiam erguer
uma grande pedra para
construir uma igreja.
Sendo um guerreiro,
ele possuía uma força
extraordinária e,
então, desejou
ajudá-los, mas não se
atrevia a desmontar do
cavalo. Ele
observou-os de longe e
depois se aproximou.
Não conseguia mais
resistir. Tirou o pé
do estribo e enfiou-o
por debaixo da pedra,
a fim de erguê-la, mas
assim que o fez, a
cilha rompeu-se, a
sela virou, e Oisín
chocou-se com o solo.
No exato momento em
que tocou a terra da
Irlanda, tornou-se um
velho débil e
enrugado.
Esta é uma excelente
história para mostrar
a coexistência dos
dois níveis do tempo.
Se se ultrapassasse o
limiar que as fadas
observaram entre estes
dois níveis de tempo,
terminava-se enredado
no tempo mortal
linear. O destino do
homem neste tempo é a
morte. Já no tempo
eterno é a presença
ininterrupta.
Todos os contos de
fadas celtas sugerem
uma região da alma que
é habitada pelo
eterno. Existe uma
região eterna em nosso
íntimo, onde não
estamos sujeitos às
devastações do tempo
atual.
Tudo o que vivemos,
experimentamos ou
herdamos, fica
armazenado no templo
de nossa memória.
Sempre que nos
aprouver, podemos
regressar e
passear pelas salas
desse templo para
despertar e reintegrar
tudo que já nos
aconteceu. Será esta
reflexão que irá
conferir profundidade
a todas as nossas
experiências.
Hoje, início do
terceiro milênio, com
um mundo globalizado,
com nações mais
preocupadas em
garantir seu poderio
político-econômico,
muito pouca atenção se
dá a este tipo de
memória.
Quero deixar bem
claro, que a
verdadeira experiência
fantástica difere
dessa visão genérica
do imaginário das
fadas composta por uma
literatura
sentimentalista com
eternos finais
felizes. Esse mundo do
"Era uma vez..." que
todos conhecemos, não
é verdadeiro mundo das
fadas. As fadas reais
representam o "Poder",
um poder
incompreensível para
os humanos, pois elas
são criaturas com
valores e ética muito
distantes do gênero
humano: não pensam e,
o que lhe é mais
singular, não sentem
como os humanos. Essa
é a essência que as
separa dos mortais e a
origem da grande parte
da inquietude que
causam, porque as
fadas são em si
criaturas da matéria
prima da vida.
O reino das fadas é um
mundo de misterioso
encanto, de cativadora
beleza, de malícia, de
humor, júbilo e
inspiração, de terror,
de riso, amor e
tragédia. Todavia, é
um mundo para ser
penetrado com extrema
cautela!
Texto pesquisado e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

NOMES DADO AS FADAS:
Fair family / Fair
Folk : Apelido galês.
Verry Volk-Gower:
Apelido galês.
Fees: Apelido dado no
norte de Inglaterra.
Good Neighbors:Apelido
Escocés e Irlandês.
Wee Folk: Apelido
Escocês e Irlandês.
The Green Children:
Apelido dado na
literatura medieval.
Still-Folk : Apelido
da região montanhesa
Escocesa.

BIBLIOGRAFIA:
Hadas y Elfos -
Édouard Brasey
Enanos y Gnomos -
Édouard Brasey
La Mujer Celta -
Jean Markale
Diccionario de Las
Hadas - Katharine
Briggs
El Gran Libro de la
Mitologia -
Diccionario
Ilustrado de Dioses,
Heroes y Mitos -
Editora Dastin;
Madrid
Os Mistérios
Wiccanos - Raven
Grimassi
Livro Mágico da Lua
- D. J. Conway
Explorando o
Druidismo Celta-
Sirona Knight
O Livro da Mitologia
Celta - Claudio Crow
Quintino
O Amor Mágico -Laurie
Cabot e Tom Cowan
Hadas - Jesus
Callejo
Os Mitos Celtas -
Pedro Pablo G. May
Diccionario Espasa -
J. Felipe Alonso
A Deusa Tríplice -
Adam Mclean
Hadas - Montena;
Brian Froud y Alan
Lee


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