
DIVINDADES CELESTES
Itzamna aparece com freqüência como monstro bicéfalo, espécie de crocodilo ou
lagarto, com uma testa em ponta e então simboliza a abóbada celeste. Aliás itzam
significa lagarto em iucateque.
Uma das cabeças desse dragão celeste é viva representando onde os astros
nascem e a segunda tem a aparência da morte representando o oeste onde
desaparecem as estrelas e o Sol. Ele era representado também sob os traços de um
velho magro, às vezes barbudo com um único dente de tubarão apontando de seu
maxilar superior. Às vezes, sua cabeça singular brota da goela do dragão
celeste.
Este jacaré obsedava os Maias, pois eles imaginavam que a terra era um disco
circular pousado sobre um crocodilo, ou quatro, segundo outras versões. Um para
cada ponto cardeal, flutuando sobre as águas subterrâneas e este disco
comportava 9 diferentes mundos subterrâneos, empilhados, cada um dominado por um
terrível e aterrorizante Senhor da Noite.
É necessário acrescentar, que os Maias concebiam o Céu composto por 13 Céus,
um sobre o outro, chamados de "oxlahuntikú". Abaixo da Terra outros 9 Céus eram
presididos pelos "bolontikú". O último dos Céus era o "Mitnal", o inferno, reino
de Ah Puch, Senhor da Morte. De resto, quatro gênios protetores, os Bacabs
sustentavam o Céu:
O do LESTE era rubro,
O do NORTE era branco,
O do OESTE era negro (noite) e
O SUL era amarelo.
Eles tinham a missão de cortar o vento com lâminas de
obsidiana.
Itzamna, como a maioria dos deuses se "desquadruplicava" em 4 personalidades,
um para cada pólo, com uma cor própria como atributo.
Na iconografia maia, estes monstros voltam com regularidade constante.
Podemos identificá-los como Chaacs, deuses da chuva e da vegetação.
Esses deuses eram bem conhecidos com seu nariz em forma de trompa, possuindo
dois caninos pontiagudos. Os Chaacs podem ser uma manifestação dos Itzamnas, ou
talvez uma manifestação regional, não se sabe ao certo.
Nós códices são reconhecidos pelos traços ofídicos, pois as serpentes estão a
eles associadas, e podemos vê-los emborcando e entornando jarras cheias de água
sobre o solo. Eles são os deuses da chuva, do vento, da vegetação, da
fertilidade e da agricultura.
Entre os 13 deuses celestes está o planeta Vênus cuja importância foi menor
apenas nos espíritos. Deve ser mencionado também Xaman Ek, o deus da Estrela
Polar, de rosto simiesco, achatado e negro. Ele é o padroeiro e protetor dos
mercadores que lhe fazem oferendas em pequenos oratórios postos à beira das
estradas.

DIVINDADES TERRESTRES
Os astros foram para o céu e fizeram chover sobre a terra. É deste modo, que
a semente germina e o milho amadurece. O camponês maia, antes mesmo de semear ou
colher, jejuava e praticava abstinência por 13 dias e jamais deixava de fazer
oferendas para as divindades do solo.
Personificar o milho como um ser vivo e divinizá-lo, pode nos parecer
bastante estranho, mas esta concepção foi fundamental no pensamento maia, pois
eles se diziam nascidos do milho. Sendo assim, o deus do milho era idolatrado
ocupando um lugar de destaque em seu panteão e no coração dos camponeses.
É aliás o único deus que tem formas humanas, juvenis e amáveis. Ele se
apresentava com os traços de um jovem, sua cabeça servia também de símbolo ao
algarismo 8, de cabelos longos, sugerindo as barbas da espiga do milho.
Seu nome era Yum, Kax, o "Senhor dos Bosques" e revestia-se de todos os
caracteres de uma divindade agrária. Deus da prosperidade e da abundância, o
deus do milho também é associado a símbolos da morte. Não há como se criar vida
senão com a morte.
Para que o grão germine é preciso enterrá-lo e deixá-lo agir como um cadáver.
Sendo assim, representam-no em sua forma decapitada, ou trazendo a cabeça
cortada com uma medalha no peito, para lembrar que o grão morre para que nasça a
jovem planta.
Os feijões tiveram igualmente seus deuses, mas muito menos apreciados do que
os do trigo. Podemos aproximar aos deuses telúricos os que residem no cume das
montanhas, em relação com as nuvens e a chuva, na confluência dos rios, nas
fontes ou nas grutas.
O deus Jaguar participava de dois universos: sob seu aspecto visível e
externo, ele encarnava as forças do solo; sob seu aspecto oculto, enterrado em
seu covil, encarnava as forças do subsolo.

DIVINDADES SUBTERRÂNEAS
Nove Senhores da Noite, ditos Nove Deuses (Bolontiku), presidiam aos diversos
mundos subterrâneos superpostos: foram encontrados seus glifos, que não se
conseguiu traduzir. Este é o domínio da morte e do além.
Os símbolos da morte, como crânios descarnados e ossos cruzados, voltam
constantemente na iconografia maia.
Sob a forma de um esqueleto enfeitado de Guizos, Ah Puch é o deus da morte.
Talvez Ek Chuah, o deus da guerra e dos sacrifícios, representado nos códices,
não passe de uma segunda forma do deus da morte.
É fácil reconhecê-lo, pois possui uma silhueta magra, lábios grossos e caídos
e às vezes possui a cauda de um escorpião.
Sua personalidade é dualista e ambivalente, ora é visto levando um fardo nas
costa e é, igualmente muito apreciado pelos viajantes e vendedores ambulantes.
No rol dos deuses da morte e dos mundos infernais devemos incluir IXTAB, a
deusa do suicida.
Ela está representada nos códices suspendida dos céus por uma corda atada no
pescoço. Suicidas, sacrificados, soldados mortos em combate, mulheres mortas de
parto, toda essa gente, tinha direito a ingressar direto no paraíso maia, lugar
idílico, um éden plantado de "ceibas", as árvores sagradas.
São árvores imensas que contêm em seus grãos-cápsulas rebentos de "kapok".
As lendas maias nos ensinam que uma ceiba gigantesca atravessa todo o
universo, dos mundos subterrâneos aos mundos celestes.
Os condenados quando morriam iam para o "Mitnal", o mundo inferior onde
impera um frio insuportável. Segundo o pensamento maia, a morte, as enfermidades
não tinham um caráter acidental, mas eram o justo castigo de erros passados,
enviados pelos deuses irados.
Os maias sempre foram extremamente fascinados pela passagem do tempo, seu
ritmo cíclico, como eram apaixonados pelo conhecimento da eternidade. Todas as
divisões do tempo, dos dias, dos meses de 20 dias, dos anos, dos séculos de 52
anos, eram deificados. Eles prestavam culto às estrelas, erguidas em datas
regulares, bem como os números, que lhes permitiam efetuar esses prodigiosos
cálculos.
Durante os séculos XI -XII, é preciso notar o culto preponderante da Serpente
Emplumada, Quetzalcoalt.

Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
Bibliografia consultada:
Segredo das Civilizações Perdidas - Clifford Wilson
Os Segredos da Ciência Maia - Hunbatz Men
Atlântida, O Enigma dos Deuses - Curtis Masil
América Pré-Colombiana- Livraria José Olympio - LIFE
Grandes Civilizações Desaparecidas - Guy Annequin