A LENDA DOS TÚNEIS DAS MISSÕES

 

Por onde andavam nesse mundo de Deus, os padres jesuítas deixaram rastros de histórias de túneis subterrâneos, tesouros encantados escondidos ou enterrados.

Conta a tradição missioneira que os padres tinham muito medo das invasões bandeirantes, saqueadores natos e por isso estavam sempre preparados para fugir em qualquer momento, escondendo seus ricos tesouros. Esses tesouros seriam as alfaias das igrejas, nas quais eles requintavam, as moedas de ouro e prata conseguidas com o comércio da erva-mate e do gado e até, quem sabe, de alguma mina encontrada nas proximidades de São Luiz Gonzaga.

Algumas vezes escavam o lombo ou a cabeça das estátuas de santos para esconder dentro até ouro em pó. Depois tapavam tudo e voltavam a pintar a imagem para disfarçar.

O povo gaúcho acredita que esses jesuítas escavaram dois túneis na região das missões: o primeiro fica embaixo das ruínas de São Miguel e iria ter seu fim à beira de um rio; o segundo começaria na igreja de São Borja atravessando a praça e terminando no Passo, nas barrancas do rio Uruguai.

A lenda conta que o túnel de São Miguel esconde muitos tesouros e é guardado por um fantasma vestindo um longo manto branco de luz, que tanto pode ser um padre como uma mulher. Esse vulto já foi visto várias vezes na porta principal das ruínas.

Já o túnel de São Borja também está também cheio de tesouros que estão bem guadados por um grande lagarto de ouro, com grandes olhos de rubis. Muita gente já viu essas assombrações!

Essa narrativa foi colhida por Antonio Augusto Fagundes em "Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul".

A existência do túnel de São Miguel foi comprovada pelo trabalho de Carlos Galvão Krebs. Acredita-se que o de São Borja também exista.

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

 

ROSANE VOLPATTO