Fala-se, aqui no Rio Grande do Sul, da
história do Monge conhecido pelo nome de João Maria, um homem santo que possuía
o poder de curar através de ervas e seus poderes divinos. Ele era um andarilho
que vivia só e não costumava visitar as casas. Sempre acampava ao ar livre e
cravava no chão seu cajado de pastor. Quando partia, o cajado ficava lá e mais
cedo ou mais tarde criava folhas, galhos e frutos e em seus ramos pássaros
costumavam residir.
Aqui nos pampas do sul o monge ficou
conhecido em Rio Pardo, Candelária, Soledade e em muitos outros rincões, mas foi
em Lagoa Vermelha que sua lembrança ficou mais viva. No centro da cidade, ele
tocou com o cajado em uma pedra e nasceu uma fonte, a Fonte de São João Maria,
que abasteceu a cidade de água durante muito tempo e que ainda existe até hoje.

Era, porém um tempo de guerras e
revoluções, no fim do século passado e algum caudilho mandou matar o Santo do
século passado alegando que era espião. Os degoladores foram até o lugar onde
acampava São João Maria e, chefiados pelo famoso Neco Rengo, degolaram o santo
homem. Voltaram os degoladores para a cidade e lá ficaram sabendo que São João
Maria estava vivinho da silva, no seu lugar de sempre. Foram atrás dele,
novamente, encontraram-no e degolaram-no outra vez, voltando então à cidade para
beber e festejar. Aí ficaram sabendo, de novo, que o santo permanecia
vivo...Pela terceira vez os degoladores foram à sua procura e lhe cortaram a
garganta, outra vez.
Mas São João Maria não morreu. Ficou ali
o tempo que quis, até que partiu, no rumo de Santa Catarina. No lugar em que ele
foi por três vezes, assassinado, o povo humilde começou a fazer pedidos e
promessas, a acender velas e a trazer flores. Com o tempo, mãos piedosas
ergueram uma cerca de ferro resguardando o "túmulo de São João Mria", que está
até hoje, enfeitado de flores, iluminado por velas, bordado de placas e
"ex-votos", quase dentro do perímetro urbano de Lagoa Vermelha.

Antonio Augusto Fagundes, acrescenta em
nota que:
"Fidelis Dalcin Barbosa é que dá o
apelido de Neco Rengo = Barba Azul e entrevistou em 1974, um velinho de 95 anos
que conheceu pessoalmente São João Maria. O entrevistado confirmou tudo a
respeito do Santo Monge, até o seu sotaque estrangeiro e nomeia os seus amigos,
na região, como Henrique Boeira. Um neto deste, o barbeiro Pedro Boeira, recebeu
na década de 50 a visita do Santo Monge ou de alguém igual a ele. A lenda de São
João Maria continua...
Demétrio Dias de Moraes conta que o
profeta foi degolado por Neco Rengo na revolução de 1893, em obra citada."
No Paraná, na cidade de Prudentópolis
também o nome São João Maria é citado como um santo fazedor de chuva. Também
dizia-se que quando alguém, sentia alguma dor e ele falava o incomodo passava.
Procurava sempre acampar em lugares próximos da água.
Em Prudentópolis,
existem locais próximos da sede da cidade como Linha Ronda, Linha Ivaí, São
João do Rio Claro e bairro Pousinhos, com inúmeros olhos d’água. A crendice
popular acredita ser possível a cura de determinadas doenças, através da água
ou do barro dos olhos-d’água de São João Maria, existentes nesses locais.
Ainda nos dias de hoje, muitas crianças são batizadas nesses olhos-d’águas.
Como profeta
predisse que um dia haveria uma estrada preta que iria tirar a vida de muitas
pessoas. Na época associaram a tal estrada como sendo aquelas em que
trafegavam as carroças, mas hoje sabemos que as estradas pretas são as que
conhecemos como asfaltadas e matam muito mais do que câncer ou aids e
acarretam tristeza e desespero para inúmeras famílias que perdem seus entes
queridos em trágicos acidentes.

O São João Maria é mais um dos homens
santos que veio para essa terra para ajudar os seres humanos e, como a maioria
deles foi mal interpretado e degolado por três vezes. Mas ele não perdeu a fé
nos homens e continuou sua jornada e conseguiu seu intento, pois ele é lembrado
por sua humildade e amor pela humanidade ainda hoje.
João e Maria, imitando Cristo,
empreendeu sua missão na terra, como um homem entre os homens. Sua mensagem
sempre foi de otimismo e fez o homem acreditar que não é um brinquedo nas mãos
de forças cegas e de que não está condenado à sustentar uma guerra fraticida de
todos contra todos, mas sim uma criatura de Deus, um ser livre, que está
destinado a viver sobre a terra até que o germe da perfeição divina que nele
permanece possa crescer e tornar-se forte.
João Maria é lembrado como um
profeta, um líder carismático, um curandeiro, um milagroso, benzedor, monge, um
peregrino, um João de Deus. É lembrado também como apóstolo, um enviado de Deus,
um santo, como alguém que não morreu, continua vivo, encantado...!