LENDA DE SÃO JERÔNIMO

 

 

 
 

Foi construída junto a um modesto arranchamento de guaranis, conhecido como "Aldeia dos Anjos", uma grande e bela Igreja. Para adorná-la foi encomendado, de muito longe, imagens de santos, todas de tamanho natural. Tais obras de arte, em conseqüência, tiveram um custo altíssimo e se tornaram verdadeiras raridades.

 

 

 

Passado algum tempo, os jesuítas tiveram que abandonar o local em virtude da eclosão da Revolução Farroupilha. Em vista disso, as famílias da aldeia, resolveram retirar os santos e alfaias, com o intuito de preservá-las, evitando que fossem destruídas ou até mesmo, roubadas. Entretanto, com a sucessão de guerras e o total abandono, o templo religioso começou a ruir.

 

 Iniciou-se então, sua reconstrução, que embora muito demorada, acabou concretizada para a alegria de todos e, ainda existe, na cidade conhecida hoje como Gravataí.

 

 

 

Uma grande festa foi organizada para a recondução das imagens dos santos até a Igreja. Ao término da alegre festividade, alguém deu por falta de uma imagem, a de São Jerônimo, toda talhada em cedro. Como ninguém conseguiu explicar o seu desaparecimento, foi unânime a idéia de que ela teria sido roubada.

 

Passados alguns anos, em uma certa noite de inverno muito intenso, desabou sobre a povoação uma tempestade sem proporções, acrescida de grandes descargas elétricas. Um raio caiu sobre a Igreja, desceu pela cruz e fendeu a fachada até uma das janelas, produzindo sérios estragos no telhado.

 

Uma velha índia, impressionada com o fato, saiu pelas ruas gritando:

 

-"Castigo de Tupã! Castigo de Tupã! Roubaram nosso São Jerônimo e, enquanto não nos trouxerem de volta o santo roubado, a nossa vila sofrerá o castigo do céu!"

 

Esses gritos da índia calaram no espírito público e fixaram a lenda de que, enquanto a imagem de São Jerônimo não voltasse a igreja da "Aldeia dos Anjos", sofreriam com a cólera do Senhor das Tempestades, do raio e do trovão.

 

A verdade, porém, é que a imagem fora levada para a recém criada Capela de São Jerônimo, entre a demolição e a restauração da igreja, com prévia aquiescência do Vigário de Viamão, a cuja jurisdição pertencia, na época, a "Aldeia dos Anjos".

 

 

 

São Jerônimo é uma cidade do Rio Grande do Sul, muito próxima da capital (57 Km), Porto Alegre  e está localizada às margens do Rio Jacuí. Já possuiu uma grande produção de carvão em suas minas, que hoje estão praticamente desativadas. Nos tempos do Império, sua economia foi marcada pela criação de gado e pelas charqueadas.

 

São Jerônimo, após atingir grande desenvolvimento econômico, consegue emancipar-se de Bom Jesus do Triunfo, de acordo com a Lei nº 7199 de 31 de março de 1938.
 

A Igreja Matriz teve sua pedra fundamental lançada em 1858, mas a grande imagem de São Jerônimo chegou à capela oito anos antes vinda de Gravataí, por água.

 

 

O SANTO JERÔNIMO

 

Jerônimo, em latim Hieronymus, padre e doutor da Igreja latina, nascido em Estridão, na Dalmácia, por volta de 331 da era cristã, morto em Belém, em 420. Fez sólidos estudos em Roma, recebeu o batismo aos 20 anos, visitou a Gália(369), estudou teologia em Tréveris, depois dirigiu-se à Ásia Menor e embrenhou-se no deserto de Cálcis onde viveu 3 anos como anacoreta(373-376).

 Ordenado padre, ele foi para Constantinopla onde se submeteu a São Gregório Nazianzeno seus primeiros trabalhos exegéticos. Em 382, ele está em Roma onde orienta piedosas mulheres, em particular Paula e Eustóquia. Em 385, volta para o Oriente e fixa-se em Belém, onde Paula havia fundado um mosteiro. Ele faz revisão do texto grego da Bíblia dos Setenta e faz uma tradução latina a partir do texto hebraico da Bíblia que ficou conhecida como Vulgata. Ele escreveu, além disso, um número imenso de obras de exegese e de história eclesiástica. Suas epístolas são um quadro vivo de seu tempo. Seu estilo é claro e vigoroso, às vezes prolixo, suas idéias são às vezes excessivas. Alma generosa, caráter ardente, suas discussões são ásperas, sobretudo aquelas que ele teve a respeito de Orígenes com seu antigo amigo Rufino. Sua festa é no dia 30 de setembro. 

A história mais curiosa que conta-se sobre São Jerônimo foi quando ele levou um leão ao mosteiro. O leão viria a tornar-se guardião de um burro que lá trabalhava. Um dia, enquanto o seu protetor dormia, o burro foi levado por um grupo de mercadores, que se encontravam em viagem. O leão passou então a desempenhar as tarefas do burro, até que o reconheceu numa caravana que passava. Interceptou os mercadores e levou-os até ao mosteiro. Estes pediram desculpas aos monges e devolveram o animal.

 

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

 

ROSANE VOLPATTO

 

 

Bibliografia:

 

Lendas do Rio Grande do Sul - Dante de Laytano; Publicação n.7 Comissão Estadual de Folclore do Rio Grande do Sul; RJ; 1956

Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul -  Antonio Augusto Fagundes; Martins Livreiro Editor; 1992