TERRA DOS PAPAGAIOS

Assim era designado o Brasil na Cartografia antiga. Neste paraíso das aves, existem várias espécies de papagaios. Em 1511, entre as primeiras exportações comerciais do Brasil Colônia, estavam incluídos 22 Tuins e 15 Papagaios.

 

O tempo passou..... as florestas foram sendo devastadas e foi-se ocupando cada vez mais o interior, mas o hábito do desejo de possuir estas belas aves como animal doméstico ainda perdura. Sempre tirando os filhotes dos pais e muitas vezes destruindo o próprio ninho para capturá-los. Esta prática levou a um índice de sobrevivência final de apenas 20%, isto é, para se ter um papagaio em casa morrem pelo menos oito (pensem nisso!) e para a natureza todos morreram, pois não reproduzem mais. O tráfico de animais, que é ilegal, está reduzindo algumas populações a limites próximos a extinção, o que é uma grande lástima!

 

Portanto, você que gosta tanto destes animaizinhos alegres e falantes, não os tenha aprisionados em gaiolas, vá vê-los em contato direto com a natureza, pois se assim não fizermos, eles realmente desaparecerão do cenário da vida.

O papagaio não é só personificação, mas parece como uma pessoa no meio da família. Talvez pela facilidade com que se amansam e imitam a voz humana, cativam a todos. Conversa, ri-se, canta e é objeto de carícias, que sabe muito bem retribuir, é, portanto, o centro das hilaridades doméstica. Seu desaparecimento ou morte é sentida como a de um membro da família. Estes são alguns dos motivos, que levaram o homem a torná-los cativos.

 

Os Tupis e os Guaranis atribuíam a um Papagaio a sua definitiva distribuição na América do Sul. Segundo reza a lenda,, os dois irmãos Tupi e Guarani são estirpes das duas grandes divisões de etnias conhecidas por esses nomes. As mulheres destes dois irmãos disputavam-se um Papagaio e não conseguiam viver em paz. Foi assim que os dois maridos e irmãos de separaram, ficando os tupis ao norte e os guaranis ao sul.

 

Humboldt faz referência em seu livro de viagens pelo Orinoco sobre uma lenda dorida, a existência de um Papagaio sobrevivente a extinção de uma tribo inteira.

 

Ao ilustre viajante impressionou-o muito ouvir as vozes plangentes do Papagaio, que conservava e repetia ainda o vocábulo da língua dos índios Atures desaparecidos havia algum tempo, figurando, portanto, esta ave como o último sobrevivente da tribo exterminada pelos Caraíbas. Esvoaçava entre as ruínas da aldeia extinta, solitária e triste, interrompia o grave silêncio daquelas abandonadas solidões, reproduzindo diálogos talvez, que seus antigos donos com ele articularam numa linguagem que ninguém compreendia. Era o único sobrevivente daquela parcela da humanidade que já não existia mais.

O poeta alemão contou este fato em sonoros versos que dizem mais ou menos assim:

 

"Nas solidões do Orinoco vive

frio e imóvel um Papagaio velho,

como se fosse a própria imagem

talhada em dura pedra.

 

Abaixo onde caem as águas lutando,

uma tribo a esses penhascos

chegou proscrita e vencida,

e hoje goza de eterno descanso.

 

Sucumbiram os Atures, sempre livres

como tinham vivido, ousados.

Os verdes canaviais das margens

ocultam tudo quanto restava de sua raça.

 

Ali geme um sinal de dor

o Papagaio, único que tem

sobrevivido os Atures.

Aguça o bico na pedra e faz ressoar

 

nos ares os seus gritos."

 

 

PENAS PARA ENFEITAR

 

 

As penas do papagaio era muito usada pelos índios em sua arte plumária. A cor mais procurada era o amarelo, mas como não encontravam aves que primam por esta cor, acharam um meio que suprir o que a natureza lhes tinha negado. Deplumavam então, em um determinado tempo os papagaios e na parte onde queriam que nascessem penas amarelas, arrancavam todas as verdes até as raízes. Na região assim pelada, aplicavam uma tinta feita das raízes da planta "Logoguigo" ou da árvore "Nibadenijo". Esfregavam fortemente com os dedos essas tintas contra a parte pelada da ave até que quase saia sangue. Depois soltavam-na livre.

 

Na época em que despontam as penas, por via de regra, saíam amarelas, porém se entre elas aparecia algumas verdes, arrancavam-na e repetiam a mesma manipulação.

 

Um periódico, O Papagaio, que apareceu na cidade da Bahia, no ano de 1850, trazia no cabeçalho a figura de um papagaio com um pedaço de corrente no bico e por divisa os seguintes versos:

 

"O Brasil não será livre,

Se um esforço verdadeiro

Não expelir os estranhos

Do comércio brasileiro.

 

Sem que isto aconteça,

Não há de o Brasil

Ser independente

Valer um cetil.

 

Nasceu livre o papagaio,

Um tirano o escravizou

Mas no 7 de Setembro,

Abico os ferros quebrou"

 

(Anais da Imprensa da BAHIA 1911, pág 64).

 

 

SIMBOLISMO DAS AVES

 

Tantos os homens como os animais e em especial as aves, compartilham o mundo dos sons e cores e, mantêm todos  uma ligação muito íntima e antiga.

 

As aves são a espécie de animais que mais impressionaram os homens, tanto pela sua capacidade de voar, quanto por seu sentido místico de serem transmissores dos reinos dos céus. 

 

O vôo dos pássaros, portanto, predispunha-os a encarnarem o elo de ligação entre o céu e a terra. Muitas vezes, são eles, que desempenham na concepção religiosa, o papel de mensageiros e intermediários entre o mundo material do gênero humano e o outro mundo. Entre os índios bribi da Colômbia, por exemplo, o papagaio vermelho serve como guia para alma do morto. Assim, no taoísmo, os Imortais tomam a aparência de pássaros para significarem leveza e a libertação da carga terrestre.

 

Na mesma perspectiva, o pássaro pode ser também símbolo das faculdades intelectuais. Não é à toa que Rigueda nos diz: "A inteligência é mais rápida que os pássaros?"

Ainda, o simbolismo das asas dos pássaros, coincide com o desejo de elevação, de transcendência e desejo de alcançar o divino. Além de que ter asas, implica metamorfose.

 

A asa, elemento material do vôo, faz o vôo tornar-se uma viagem espiritual. A asa, portanto, traduz a viagem espiritual, referindo-se aos estados superiores do pensamento e à alma, seja ela símbolo de sublimação ou de libertação das forças criadoras, as asas dos espíritos...as asas do amor...do poeta, dando asas à sua imaginação...tem asas todo aquele que estiver inspirado.

 

 

CURIOSIDADES SOBRE O PAPAGAIO

 

O papagaio é da família dos psitacídeos (araras, cacatuas, periquitos, maitacas, nativas em regiões tropicais).

Os psitacídeos possuem fôlego curto, não voam muito, somente o necessário para voarem de árvore em árvore.

 

A característica mais marcante do papagaio é apresentar  o bico e os pés com dedos opostos e penas coloridas. Dotado de um órgão especial adaptado na traquéia o papagaio pode emitir sons semelhante à voz humana. A fêmea põe até 04 ovinhos em cada gestação.

 

A capacidade de falar está associada ao formato da língua. Todos os animais que possuem língua redonda são capazes de emitir sons bem articulados, como a fala no ser humano. Se o animal tem capacidade mental para conseguir imitar a fala humana e tiver a língua redonda, como a nossa, imitará a fala. O papagaio, periquito, maritaca, cacatua, mainá etc. são, portanto, pássaros que possuem língua redonda, por isso conseguem imitar nossa fala.

 

Esta ave pode chegar aos 60 anos de idade.