Esta lenda é muito popular em Porto Alegre.
Conta-se que um rapaz foi a um
baile, no bairro Glória, numa noite de sábado.
Lá conheceu uma moça muito
bonita, mas triste...e sozinha, o que era coisa incomum, para a época.
Intrigado, convidou a moça para dançar. Perguntou-lhe então a razão de tanta
tristeza, mas a moça de poucas palavras, não deu nenhuma explicação plausível.
Para não a incomodar mais, desistiu do interrogatório.
Dançou com ela o que deu, até
que "a meia-noite" ela disse que precisaria voltar para casa. O moço, nesse
momento, até pensou estar vivenciando um flerte com uma real Cinderela, pois
essa também precisava sumir nesse preciso momento.
Ofuscado com sua beleza e admirado
com seu comportamento, o moço decidiu acompanhá-la, até por que era muito
perigoso uma moça sozinha tão tarde andar pelas ruas.
Ao saírem, o ar da noite à fez
estremecer e abraçou o jovem arrepiada. Então o rapaz, muito educado,
ofereceu-lhe a capa, na qual ela se enrolou agradecida.
Os dois atravessaram o morro da
Glória, onde fica o cemitério e desceram um pouco a lomba, como quem vai para
o centro. Diante de uma casa a moça parou e disse:
- "Eu moro aqui." Quis devolver,
então a capa, mas o rapaz não aceitou, pensando em uma desculpa para ver a
moça ao meio-dia de domingo...
Ela sorriu, mas nada falou,
entrando na casa.
No domingo, como havia combinado,
perto do meio-dia, o moço voltou "a casa, teoricamente para reaver a
capa, mas na realidade esperando um convite para almoçar e, quem sabe, iniciar
um romance. Foi então recebido por um homem maduro e muito triste. Só neste
momento então, o rapaz percebeu que não havia perguntado o nome da moça, na
noite anterior. Daí só lhe restava perguntar:
- "O senhor é o pai da moça que
mora aqui?"
- "Aqui não mora moça nenhuma".
Disse o homem triste.
- "Mora sim. Eu vim com ela ontem
de um baile e entrou aqui dizendo ser sua casa. Emprestei minha capa para ela,
porque estava frio e fiquei de vir buscar hoje...."
- "É engano seu, deve ter sido em
outra casa.." Contestou o velho.
E, ao abrir um pouco mais a porta,
o rapaz pode olhar para dentro e viu o retrato da moça na parede. Alegrou-se,
apontando:
- "Olhe, lá está ela, é aquela do
retrato!"
-"Aquela é minha filha, que morreu
faz um ano!"
O rapaz ficou surpreso e sem
saber em que acreditar. Era tão sincera sua surpresa, que o velho se ofereceu
para levá-lo ao túmulo da filha, no cemitério mais acima.
Foram...e lá estava mesmo o
túmulo da moça, com seu retrato e em cima do túmulo, a capa do
rapaz...
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