Nos tempos muito antigos,
para os nossos índios, tanto o Sol como a Lua habitavam aqui na terra. Como
nos conta a lenda, só existia o dia e a noite sendo que esta última era muito
temida. A noite sempre encerrou muitos segredos e era tabu. Os pajés sempre
alertavam toda a aldeia para não se meterem com os segredos da noite, pois ela
era um ser vivo, antromorfo.
-"Todos os homens
bons dormem a noite, só os indivíduos maus andam por aí" é o que diz
o mito. As conseqüências de tal procedimento imperdoável não se faziam
esperar: os animais que habitam a noite como o escorpião, a aranha, a grande
formiga branca e a cobra, mordiam o malfeitor. E, quando ele chorava de dor,
era atirado mato adentro, pelo pajé, que de admoestador passava a desempenhar
o papel de executor de sentença. E o homem mau transformava-se em um bicho da
noite, em um dos seres sinistros que perfazem seus horrores, como a coruja.
Mas vamos então
a nossa lenda...
Muito antigamente
só havia a noite e o dia. E a noite era tão escura que deixava os homens
assustados e aconchegados em suas casas, ao pé do fogo. Em toda a tribo, só
uma índia não tinha medo da noite. Ela saía na escuridão e voltava com os
cabelos cobertos de vaga-lumes. Passeava na beira do rio, mas todos ficavam
tranqüilos porque ela dizia que não havia perigo.
Esta índia era
diferente de todas as outras, pois nascera com a pele muito branca e nada
lhe metia medo, muito menos uma noite escura. Entretanto, havia uma outra índia
de olhar escuro como a própria noite que não via o ato da outra com bom coração.
A inveja foi crescendo dentro dela e um dia tentou caminhar noite a dentro,
mas acabou cortando os pés nos gravetos e seixos da margem do rio.
Cheia de ódio e
inveja, foi então falar com a cascavel:
-"Cascavel,
preciso de teu auxílio"
-"Para o bem
ou para o mal?", perguntou a rastejante
A cascavel bailou
feliz, pois sua vida e seu veneno estavam a serviço dos maus trabalhos:
-"Que mordas
o calcanhar da índia branca"
- "A que não
tem medo da noite?"
-"Que fique
escura, verde, velha e muda".
A cascavel mais
uma vez saltou de alegria e prometeu:
À noite quando a
índia branca foi fazer seu passeio...A cascavel se arrastou e ficou debaixo
de uma pedra esperando. Quando a índia passou cantando, a cascavel deu
o bote, mas se deu mal, pois a jovem tinha os pés calçados com duas conchas
de madrepérolas. A cobra acabou quebrando os dentes e com eles perdeu seu
veneno:
-"Índia
infeliz, o que fizeste comigo!
-"O que
pretendias tu fazer comigo?"
-"Ia te
fazer escura, verde, velha e muda"
-"Fui salva
então, pelo sapato de conchas que o boto me deu".
-" E eu
fiquei sem dentes e sem veneno".
-"Mas porque
que querias me transformar?" indagou a índia branca.
-"Porque és
linda e a índia escura não suporta tua presença..."
Então a
indiazinha branca começou a chorar, jamais imaginou despertar tanto ódio à
alguém. Suas lágrimas eram gotas de luz, tão leves que flutuavam e
permaneciam no céu. Todos os índios se espantaram com o acontecimento, pois
agora a noite já não era tão escura.
Depois da índia
chorar muito disse:
-"Não posso
mais viver entre os que me odeiam". E passou por cima das águas do rio,
até o outro lado. A cascavel meteu-se em um buraco de onde nunca mais saiu.
Chegando ao outro
lado, procurou a coruja:
-"Mãe
coruja, ajuda-me a chegar ao céu"
-"Minha
filha, pede e eu farei".
Então a jovem
foi colher cipó e flor de manacá. Trançou tudo e fez uma escada muito
linda. Pediu então a coruja:
-"Voa bem
alto e suspende esta escada para que eu possa subir".
A coruja obedeceu
e chegou até a porta do céu com a maravilhosa escada e a índia branca
subiu. Chegou até a céu, acomodou-se em uma nuvem e lá ficou para nunca
mais voltar.
Os índios ao
olhar para o céu viram aquela forma reclinada branca e brilhante, vagando
entre as nuvens, rodeada de lágrimas de luz.
A índia escura e
invejosa olhou e ficou cega de ódio. Contam que foi morar na cova da
cascavel, pois nunca mais foi vista.
Moça Lua, no
entanto, continua até hoje a povoar a noite. E os homens sonham, um dia,
poder construir uma escada igual à dela, para poder ir ao seu encontro.
Monte um altar
com uma toalha branca ou prata, oito velas azuis, uma vela prata, uma estatueta
de coruja e um recipiente com água.
Trace o círculo
e faça a invocação:
Venha Moça Lua,
com sua coruja
Entre neste Círculo
de Magia e Esplendor
Acenda em nós as
labaredas do Amor
Esteja conosco
aqui e agora
Receba nossa
singela homenagem
Sente em
frente a seu altar em uma posição confortável. Respire e inspire
profundamente três vezes e visualize uma nuvem de vaga-lumes que
voarão até você lhe trazendo paz e serenidade.
Coloque à sua
frente o recipiente com água, de modo que possa ver a imagem da lua refletida
nele e fixe seu olhar nesta imagem. Da lua surgirá uma grande e maravilhosa
escada de cipó e flores. A Moça-Lua descerá por ela, precedida de uma
coruja que voará até você.
Seu círculo se
encherá de luz cor de prata e você poderá pedir a ela que a conecte com as
energias lunares. Converse o que tiver vontade, peça-lhe conselhos, use o
tempo que lhe foi permitido passar com ela da melhor maneira possível. Se você
tiver alguma pedra da lua, peça para que ela a energize e carregue
sempre consigo, pois ela lhe trará proteção e é uma das maneiras de se
conectar com a energia desta entidade.
Quando for
chegada à hora da partida, agradeça e peça que ela sempre esteja presente
quando você necessitar dela.
Ela irá embora,
mas você sentirá que a luz da Moça-Lua a modificou.
Volte então a
inspirar e expirar três vezes e quando se sentir bem abra os olhos.
Obs:Não esqueça
de desfazer o círculo e deixe as velas queimando no altar ou no seu quintal
até o fim. (A lua mais favorável é a cheia).
Texto pesquisado
e desenvolvido por
ROSANE
VOLPATTO