O MITO DOS COROADOS

Saber um pouco mais da
vida dos nossos índios é abrir clareiras na floresta dos enganos, pois
se fazem conhecidas ricas e verdadeiras informações sobre a vida e
costumes do nosso amado indígena, que, infelizmente, até hoje permanece,
por vezes, ignorado por seu vizinho branco, em um espaço de terra
cada vez menor.
OS BUGRES
Os indígenas que habitavam as matas do Rio Grande do Sul, são conhecidos
pelo nome de "bugres". Este parece ter sido o nome guerreiro dado a alguns
indígenas para diferençá-los dos guaranis, que na época das conquistas, não
procuravam a vida florestal.
Conta-se que quando os primeiros homens brancos foram avistados pelos
índios, o espanto ou o sinal de alerta, por eles dado à tribo a qual
pertenciam era um grito agudo, no qual ouvia-se perfeitamente a palavra
"bugre". Esta, conservada na memória pelos exploradores das matas, daquele
tempo, acabou por denominar os índios que a tinham proferido.

COROADOS, GUERREIROS
INDOMÁVEIS
Os indígenas que se
encontravam nas matas da província rio-grandense, pertenciam a Nação
Coroados, nome que lhes foi concedido, devido ao modo de tonsurarem o
cabelo.
A linguagem que os coroados falavam era um dialeto que se derivava em grande
parte, da língua tupi e dos guarani. Porém, de tal maneira alterada e
corrupta, por uma pronúncia um tanto aspirada, que lhes modificava as
palavras. Além disso, o dialeto era muito pobre em palavras e muitos objetos
diferentes tinha o mesmo nome.
No tempo das conquistas e das missões dos Padres da Companhia de Jesus, os
índios guaranis conheciam os coroados pelo nome de "caábabal" e de "caáhan".
Os padres ensinaram os guaranis a chamarem os coroados de curupira (diabo do
mato) e de "tapya-caápora" (homem bravio e mau).
Os coroados da província do sul, diferiam tanto na linguagem, quanto nos
usos e costumes dos habitantes das províncias do Mato Grosso, São Paulo,
Santa Catarina e Paraná. Assemelhavam-se, porém todos, sem distinção alguma,
no caráter feroz e sanguinário.
Fisicamente, os coroados, em geral, apresentavam estatura mediana, sendo que
as mulheres eram mais baixas que os homens. Apresentavam pele de tom
assemelhado á de um mulato escuro, eram robustos, corpo bem delineado,
visualizando-se músculos aparentes. As crianças que escapavam dos riscos da
lavagem em água fria ao nascer, tornavam-se indivíduos adultos com muita
saúde e notável vigor.

ORIGEM DA TONSURA
Os cabelos dos coroados eram tonsurados de maneira a figurar uma rodilha de
cabelo enfiada em uma cabeça calva. Arrancavam também o cabelo das
sobrancelhas, das pestanas, da barba, do púbis e, finalmente, de todas as
partes do corpo onde aparecem, ordinariamente, cabelos. Motivo para tal
feito, até hoje permanece incompreendido.
Os coroados não usavam no corpo, objeto decorativo de espécie alguma e
andavam nus da cabeça aos pés, tanto os homens como as mulheres.
A privação do cabelo, quanto as demais partes do corpo efetuada por meio de
epilação ou arrancamento, remonta à mais remota antigüidade. Este processo,
já era utilizado pelos antigos egípcios, persas, gregos e romanos. Hoje é
usado ainda pelos chineses, árabes e entre algumas comunidades religiosas.
Na Igreja Católica também foi observado a tonsura ou coroinha. De acordo com
a proporção eclesiástica se adiantava nas ordens, o diâmetro de da tonsura
aumentava. A tonsura dos indígenas coroados, assemelha-lhe, pelo tamanho, à
tonsura do Papa.
No Rio de Janeiro, o nome de Coroados foi generalizado a todos os
selvagens que se distinguiam pela maneira de cortarem o cabelo ou fosse em
torno e no alto da cabeça, como os “Goitacazes”, ou só no alto da cabeça,
ficando os cabelos longos e corridos, espargidos pelos ombros, como os “Ararís”,
os “Xumetós” e “Pitás”.

A HABITAÇÃO E ORGANIZAÇÃO

Os Coroados organizavam
suas aldeias nos lugares mais altos dos morros, sacrificando a
comodidade da água perto de seus ranchos. Em lugar alto, era mais fácil
visualizar uma fumaça longínqua, reconhecendo-se assim, a presença de
gente estranha e, podendo então, acautelar-se contra um ataque de
surpresa.
Na escolha do local para dispor suas choças, evitavam a vizinhança com
banhados por causa dos mosquitos que se geram em águas estagnadas.
Suas aldeias eram formadas de ranchos com vários tamanhos e configurações.
Todos eram cobertos com folhas de gevivaseiro ou com fetos arborescentes.
Construíam ranchos de forma prismática, chamados de "ranchos de beira do
chão", de tamanhos diversos e proporcionados ao número de indivíduos que
deveria conter.
Outro tipo de abrigo, que os
Coroados adotavam, era o de uma cabana solidamente construída,
aproximando-se, na sua estrutura, ao tipo dos pequenos casebres usados pelos
escravos dos cultivadores brasileiros. A única diferença era a ausência do
barro nas suas paredes. Esse tipo de cabana era comum aos índios mais ou
menos civilizados.
Também construíam outra espécie de rancho, que eram cobertos somente pelos
lados, coberto com um toldo plano e inclinado e paredes fechadas com folhas
de palmeira interlaçadas. Estes últimos só eram construídos quando estavam
em marcha, de um lugar para o outro e alguma circunstância os obrigavam a
parar.
Os Coroados solteiros,
habitavam só um rancho formado com um toldo que tinha a forma de uma
meia esfera.
Dentro dos alojamentos,
imperava a "lei do silêncio". Lá dentro não se ouvia o menor ruído.
As choças abandonadas eram conhecidas pelo nome de
taperas, nome hoje dado aos sítios abandonados.

ALIMENTAÇÃO
Os coroados
alimentavam-se quase que exclusivamente de frutas. A caça era uma
alimentação secundária, já que para consegui-la, era necessário o
desperdíçio de flechas (elas quebravam), que muito trabalho lhes dava a
fabricação.
O fruto mais
consumido por eles era o pinhão, retirado do pinheiro (Araucaria
brasiliana), que assavam e depois comiam.
Na falta do
pinhão comiam palmito e todas as espécies de frutos silvestres que abundam
nossas matas como: bacuri, araça, a fruta do tucum, banana do mato,
guabiroba, entre outras.
Todos estes
frutos que mencionei eram apanhados indistintamente em qualquer mato, por
qualquer indivíduo das tribos. Mas já os pinheirais eram repartidos e
divididos em territórios correspondentes, em tamanho, e ainda, de acordo
com o número de indivíduos que compunham cada tribo.

ORGANIZAÇÃO FAMILIAR
A Nação dos Coroados, dividia-se em pequenas tribos, constituídas por
famílias entrelaçadas e parentes chegados. Cada uma dessas tribos, possuía o
seu cacique e estavam sujeitas há uma autoridade superior, de quem
dependiam, o cacique principal, a quem prestavam uma obediência cega. Nada
faziam os chefes das tribos subordinadas sem consultar o cacique principal
e, o que este resolvia e ordenava, era executado com todo o risco e
pontualidade. Qualquer falta de obediência ou dissidência, trazia para o
chefe e sua tribo uma guerra de morte e, quando tal acontecia, raramente
tornavam a se reconciliar.
"Os índios livres de gravames eram fiéis aos “caciques”:
tributavam-lhes o mais terno carinho e lhes eram sinceramente solidários.
"O “cacicado” passava de pai a filhos, herdando-o o primogênito, e, na falta
deste, o segundo ou terceiro filho. "

AS MULHERES NA TRIBO
(As redes eram
confeccionadas com embira)
Elas eram em número
inferior e consideradas escravas dos homens. Somente o cacique poderia
dispor de mais de uma mulher. Aos chefes das tribos subordinadas, era
concedido o direito de trocar ou ceder uma mulher, mas sempre com o
prévio consentimento do cacique principal. Na troca das mulheres,
quando as faziam, os filhos sempre ficavam em companhia dos pais.
As mulheres coroadas grávidas, eram tratadas com mais rigor que as outras.
Os índios Coroados eram muito supersticiosos a respeito das mulheres
em estado de gravidez. “Eram condenadas ao jejum severo enquanto se achavam
nessa situação. Embora os índios fossem muito gulosos pela carne, elas eram
proibidas de prová-la sob o receio de que a criança nascesse com o nariz
disforme, nem podiam comer aves ainda pequenas, para que a pequenez do
alimento não fosse transmitida aos filhos”. O rigor
da lei se estendia, também, aos maridos, aos quais era proibido matar feras
e para não serem tentados a isso, eram desarmados durante o período de
gravidez de sua companheira. Logo que a índia dava à luz, o marido jejuava
quinze dias, sem sair de casa; e, em algumas tribos, o marido ficava de
cama, enquanto a mulher se purificava nas águas fluviais.
Quando eram constatados os indícios de um parto breve, a parturiente era
obrigada a isolar-se apenas em companhia de uma das mulheres velhas da
tribo, que deveria assisti-la no parto.
Se durante a amamentação a mulher ficasse menstruada, a mulher velha corria
em busca de umas folhas de um pequeno cipó que era machucado com a mão e
adicionado a um pouco de água fria e, em seguida, dado de beber o sumo à
mulher. Em torno de 2 a 3 horas, depois de consumir este remédio, a
menstruação desaparecia. Entretanto, este costume de suprimir a menstruação,
foi abandonado quando as mulheres passaram para a condição de aldeadas e
usavam vestuário.
Outra observação que deve ser acrescentada, é que as mulheres sempre eram em
menor número em relação aos homens. Para cada 100 indivíduos do sexo
masculino, havia tão somente 30 do sexo feminino.

RELACIONAMENTO SEXUAL
Os coroados tratam com
sobriedade tudo o que se referia aos prazeres sexuais. Normalmente não
eram ciumentos.

Tanto são indiferentes às suas mulheres, que as cediam com facilidade a um
estrangeiro, para que ficasse em sua companhia por algumas horas. Tal
acontecimento era realizado sem dificuldade ou repugnância, a troco
meramente de algum objeto que ambicionavam possuir. Nestes casos, as
mulheres se submetiam a estes atos com profunda indiferença e em sinal de
obediência ao homem ao qual pertenciam.
Entretanto, algumas vezes, a mulher foi pivô
de lutas. Isto sucedia-se quando chefe de tribos subordinadas tinha uma
mulher que era alvo de cobiça de outro indivíduo e, se seu dono não se
dispusesse a cedê-la, o apaixonado, sendo correspondido em seus sentimentos
a convencia à fugir. Ao chegar a sua aldeia com a fugitiva, o indivíduo
sedutor toma conta dela e abandona a outra mulher que possuía, não podendo
ficar com as duas, pois este direito só era reconhecido ao cacique
principal.
A primeira mulher abandonada era entregue a
outro indivíduo ou ainda, enviada para outra tribo. Isto, se o cacique
principal a qual tribo que pertence o sedutor, consentir na presença de
mulher alheia. Se a decisão for desfavorável, o indivíduo deve devolver a
mulher. Este sabendo que se ela for restituída será morta, nunca
concretizará a devolução, confiando nas forças da sua tribo. Neste caso, a
guerra de extermínio é declarada entre a tribo desobediente e as outras
tribos do cacique principal.

ADULTÉRIO
O adultério entre os coroados era punido com
a pena de morte, o que contrasta com a facilidade com que emprestavam aos
estranhos, a mulher que possuíam.
Os adúlteros, tanto homem quanto a mulher,
eram atados em uma árvore e mortos a flechadas. Toda a tribo reunia-se para
presenciar a execução.
Depois de mortos permaneciam atados à árvore
até a manhã seguinte, quando, novamente na presença de toda a tribo, o
ofendido pelo adultério é encarregado de retirar todas as flechas que se
encontravam cravadas nos corpos dos executados. Em seguida, as flechas eram
queimadas em frente aos corpos. A seguir, os adúlteros são retirados da
árvore e arrastados até o local em que devem ser enterrados. Durante o
percurso, ainda lançam no rosto dos mortos, a infâmia do crime que
cometeram.
O adultério entre os coroados era muito raro,
talvez devido ao temor da morte. Este é um ato, que no decorrer da história,
sempre foi considerado um crime de atentado à moral e bons costumes. É um
crime condenado por diversas religiões e sempre punido com severidade, mesmo
pelas civilizações mais antigas. Entre os judeus, macedônios e germanos, a
mulher culpada deste crime era apedrejada até à morte.

BATISMO DOS FILHOS DO CACIQUE PRINCIPAL
Logo após a mulher dar à luz, o recém-nascido
era lavado em água fria, muitas vezes em águas correntosas de um arroio
coberto de mato. Esta operação era realizada em qualquer época do ano, o que
acarretava uma mortalidade de 50% das crianças do sexo masculino e de 70% do
sexo feminino. Se sobrevivesse ao tal banho, a criança regressava a
aldeia e pela primeira vez, seria apresentada ao pai e suas demais mulheres,
que dariam de mamar ao recém-nascido. Assim que finalizasse a mamada, a
mulher mais velha do cacique tomava a criança nos braços e mostrava-a ao
cacique, que até este momento não olhou para o filho(a), para que lhe dê um
nome. Após pronunciar o nome do recém-nascido o devolve a mãe, que repetia o
nome pronunciado pelo pai. Depois a criança é passada de mão em mão e todas
as mulheres presentes, repetiam o nome escolhido pelo pai. A mulher mais
velha ficaria encarregada de criá-la.
O nome que davam aos filhos não passavam de
uma palavra, que impressionava os ouvidos pelo seu som, mas que raramente
tem alguma significação quando traduzida para a nossa língua.
Alguns destes nomes: Apapuâ, Conehó,
Nhutuperê, Nham, Ucuíty, Uynhúngué, etc.

OS FILHOS ADOLESCENTES

Os filhos dos coroados,
viviam e habitavam nos ranchos dos pais até os 12 anos. Chegando a esta
idade, ajudados pelos pais, construíam seus próprios ranchos em forma
semi-circular e as habitavam sós, como os demais membros da tribo que
não possuíam mulheres. As filhas, até aos 14 ou 15 anos, viviam e
habitavam com os pais. Chegadas a esta idade, o cacique principal
dispunha delas e as concedia em casamento.

CONTANDO A IDADE...
Os Coroados não tinham qualquer noção de tempo para regularem as idades.
Para um filho ser aclamado cacique, após a morte de seu pai, era julgado por
outros indivíduos da tribo de acordo com sua aparência, tamanho do corpo e
sua força.
Os tempos futuros, sempre eram contados por cada amanhecer de dia ou
nascimento do sol. Nunca, porém, contavam as noites em número maior do que
os dedos que continham seus pés e mãos. Esta conta, portanto, vai até o
número de 20. Quando o tempo passava disso, contavam o número de vezes que a
lua "aparecia fina", até aquele astro ter desaparecido (lua nova). Mas,
mesmo assim regulados não passavam de cinco ou seis lunações, fazendo eles,
para não esquecer, um nó em uma tira fina de imbé ou embira. Este sistema
era usado para medir o tempo decorrido entre uma correria, ou um combate, em
que fossem felizes e vitoriosos. Mas jamais se lembravam de medir deste modo
o tempo que decorria desde o nascimento do indivíduo, para dali apurarem a
sua idade.

CRUELDADE COM OS PRISIONEIROS
Por possuírem uma índole feroz, nos combates entre si ou com outra nação, se
comportavam com uma crueldade sem limites, dominados por uma paixão tão
sanguinária, que não lhes ocorria senão a idéia de extermínio, sem possuírem
piedade alguma pelas vítimas que caíam sobre o seu poder. Todos os inimigos
vencidos eram mortos com golpes de varapau, concedendo somente vida às
mulheres e às crianças que estivessem em condições de acompanhá-los na sua
marcha.

O USO DO VARAPAU
O varapau era
geralmente feito de pau de laranjeira do mato, com uma grossura variável e
relativa à força do indivíduo que dele se serve. O pau é todo liso, tal
qual é encontrado no mato, apresentando em torno de seis palmos de
comprimento.
Esta era a arma
predileta dos coroados, pois em combates no mato, as flechas propelidas com
o arco não produziam tiro tão certeiro, devido a espessura da vegetação.

FESTAS: MANIFESTAÇÕES DE
MUITA ALEGRIA
As festividades eram
realizadas depois de passados alguns meses do fato que as motivava.
Quando a causa era uma vitória obtida ou o feliz resultado de uma
incursão, só se realizavam quando não houvesse mais receio que o inimigo
os assaltassem de surpresa.

No dia destinado para a festa, todas as tribos reuniam-se em frente ao
rancho do cacique principal. Os homens traziam suas armas e as guardavam em
algum lugar próximo. As mulheres, eram responsáveis pela alimentação e as
fogueiras, que deveriam ser acesas em torno do rancho do cacique e entre
outros. A bebida servida era um licor extraído do gerivaseiro.
Os índios Coroados
tinham o desmesurado vício da aguardente. Tudo faziam, a tudo atendiam e por
tudo se sacrificavam por uma boa dose de cachaça. Conta-nos o naturalista
francês Saint Hilaire.
A região
territorial de Nova Prata era habitada por tribos de índios Coroados e
que somente a partir de 1850 contataram com a civilização, descendentes
de espanhóis. O meio de negociação entre espanhóis e índios dava-se
através de escambo. Entre muitas dificuldades enfrentadas por espanhóis
e índios conseguiu-se traçar a estrada que daria acesso a Porto Alegre.
O governo da Província do Rio Grande do Sul deu a Silverio Antonio de
Araújo o direito de escolher terras e o mesmo tornou-se proprietário de
quase toda a atual área do primeiro distrito de Nova Prata.
Em 1865 os índios Coroados venderam as suas terras a Fidel Diogo Filho
que as adquiriu por meio da simples troca por objetos de pouco valor
econômico.
A família Diogo tomou
conta das terras e decorrido algum tempo os índios entraram em luta e os
mataram, fugindo em seguida para a direção do Rio Carreiro afluente do
Rio das Antas.
Hoje, os descendentes desta tribo se encontram agrupados nas reservas
controladas pela Fundação Nacional do Índio, nos toldos de Cacique Doble,
Liguro, Nonoai, Água Santa e outros.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
ROSANE
VOLPATTO


Bibliografia consultada
http://igspot.ig.com.br/leoni.iorio/#Home
Apontamentos sobre os indígenas selvagens da
Nação Coroados dos Matos da Província do Rio Grande do Sul - Pierre F. A.
Booth Mabilde

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