A LENDA DO TESOURO DO
MENINO-DIABO
A lenda do Menino-Diabo
(Antônio Joaquim da Silva), nos conta que este pirata ficou bastante conhecido
por roubos e violência, praticados enquanto navegava pelos rios Jacuí e Rio
Pardo.
Muito embora fosse famoso
por seu caráter cruel, conhecia os rios de Porto Alegre à Cachoeira, pelos quais
navegava, como a palma de sua mão. Toda esta experiência, na época da Revolução
Farroupilha (1835-1845), fez com que os farrapos o procurassem para torná-lo um
aliado.
Em 1836, valendo-se de
seus conhecimentos de pirata dos rios, torna-se Capitão do Exército Republicano,
e em seguida, tomou e saqueou a vila de Rio Pardo. Nesta época, devido ao
desenvolvimento da pecuária e do comércio, Rio Pardo era tida como a vila mais
rica do interior gaúcho. Sendo assim, o corsário abriu o caminho para os
farrapos, mas também sentiu-se recompensado, pois engordou suas burras com mais
riquezas. Em 30 de abril de 1838, foi a vez dos farrapos derrotarem as tropas
imperialistas e apoderarem-se da vila. Conta-se que nesta batalha, que ficou
conhecida como "Combate do Barro Vermelho", foi aprisionada a banda
do
maestro Joaquim José de Mendanha, autor da música do Hino
Farroupilha, composta durante o seu cativeiro em Rio Pardo.
Mais tarde, entretanto, o
menino-diabo e os farrapos, acabam sendo vencidos pelo exército do Coronel
Medeiros, no "Combate da Ponte do Couto".
Ao sentir-se derrotado, o
temível pirata, enterrou uma fortuna de jóias, moedas de ouro e outras riquezas
em lugar incerto e até hoje nunca encontrado. Muitos acreditam que tal tesouro
pode estar escondido nas proximidades do Barro Vermelho, ou em uma lagoa que
fica próxima ao rio Jacuí.
Ao iniciar-se a
construção de uma ponte sobre o rio Jacuí, os funcionários da obra acamparam nas
proximidades da lagoa. Como era verão e uma grande seca se estendeu por muitos
dias, a tal lagoa quase secou e os operários, avistaram um baú, com uma grossa
corrente preso ao fundo. Curiosos e acreditando terem encontrada o tesouro do
menino-diabo, uniram forças para tentarem retirar o baú, mas não alcançaram o
intento. Uma máquina potente, tentou substituir a força humana e também não
conseguiu livrar o tesouro da prisão das grossas correntes.
O tesouro ainda permanece
lá, no fundo da lagoa, guardado pelo fantasma do menino-diabo. E, como sabe-se
que "com o diabo ninguém pode", permanecerá onde está com todos os seus segredos
e mistérios.
Rio Pardo é cidade histórica gaúcha responsável pela guarda e expansão das
fronteiras do sul do Rio Grande do Sul e do Brasil, na América Latina.
Possui três bens históricos patrimoniais tombados:
- Rua da Ladeira, hoje Júlio de Castilhos, construída em 1813 com grandes pedras
irregulares e com escoamento central copiando a ''Via Appia'', ligando o antigo
Forte Jesus-Maria-José ao centro da cidade - tombada em 1954 pelo Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional do Brasil;
- Igreja da Matriz Nossa Senhora do Rosário, construída em 1779, em 7 altares e
16 metros de pé direito e sacadas para os nobres assistirem às missas e eventos,
tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978;
- Escola Militar, construída de 1846 a 1880, tombada pelo Patrimônio Histórico
Estadual em 1983.
Outro bem histórico não tombado , porém não menos importante é o Forte
Jesus-Maria-José.
Rio Pardo localiza-se a aproximadamente 145 km de Porto Alegre e seu nome é uma
homenagem ao rio, que por sua vez, é assim chamado devido à coloração "parda"
que adquire suas águas durante a época de seca.
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
 

 

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