O LEÃO
DO CAVERÁ
O Caverá é uma região na
fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, situada entre cerros, que se estende entre
Rosário do Sul a Alegrete. Na Revolução de 1923, entre os Maragatos (os
revolucionários) e os Chimangos (os legalistas) o Caverá foi o santuário do
caudilho maragato Honório Lemes, justamente apelidado "O Leão do Caverá" e
tropeiro da liberdade.

Personagem
histórico nascido em Cachoeira do Sul em 23 dezembro 1864, durante a Guerra
contra Aguirre, do Uruguai e pródomos da Guerra do Paraguai e falecido em 30
setembro 1930, 3 dias antes da eclosão da Revolução de 30, aos 65 anos e
sepultado e Rosário. Apelando em poesia Testamento a seguinte inscrição na
lápide em seu túmulo : " Aqui jaz o tropeiro O Leão do
Caverá".

Figura carismática de líder militar guerrilheiro
nato, Honório Lemes descendia do bandeirante Fernão Dias Paes Lemes, o
descobridor de Minas Gerais. Atuou de 1890 a 1920 como Tropeiro chefe de boiadas
em Charqueadas, tarefa que lhe rendeu um vasto conhecimento da região, inclusive
da serra do Caverá, mais tarde cenário de fundo de grandes feitos
militares.
A Honório é atribuída a seguinte citação:
"Quero leis que governem homens e não homens que
governem leis".


AQUI UMA HISTÓRIA QUE NÃO SE
ACABA...
OS SEGREDOS REVELADOS COMO
DIVERSÃO...
O povo gaúcho, orgulhoso de sua terra
tem em seus mitos e lendas sua auto-biografia. Existiu e existe, uma necessidade
sempre urgente de explicar-se e recontar seu glorioso passado, relatar suas
memórias. Aqui, com o friozinho do minuano, reunimo-nos em rodas de
chimarrão,com um fogo de chão acesso e aconchegados em fofos pelegos, onde
através de uns poucos "dedos de prosa", se ressuscita fantasmas que o tempo e a
tradição não nos deixa esquecer, até porque, tal ato, não deixa de ser uma
transmissão de amor à terra, perpetuação de um hábito que se aperfeiçoa a cada
geração. Desde de guri, o gaúcho gosta do que é seu e já recebe mensagens de
alegria e entusiasmo para transmitir aos tempos de
amanhã.

A LENDA DO LEÃO DO CAVERÁ é uma destas
histórias, que agora tenho o prazer de contar a vocês...
A
LENDA...
Conta a lenda que a região, em passado
remoto, era terra de uma tribo dos Minuanos, índios bravios dos campos, ao
contrário dos Tapes e Guaranis gente mais "chucra". Entre os referidos Minuanos,
destacava-se o personagem de Camaco, guerreiro forte e valente que vive uma
paixão não correspondida por Ponaim, uma jovem da tribo, que só amava a sua
própria beleza...
O fruto de suas caçadas, valiosos
troféus de seus combates, Camaco vinha depositar aos pés de Ponaim, sem
conseguir despertar nela qualquer interesse por sua pessoa.
Um dia, achando que lhe dava uma tarefa
impossível, Ponaim disse que só se casaria com Camaco se ele trouxesse a pele do
Cervo Berá para forrar o leito do casamento. O Cervo Berá era um cervo encantado
de pelo brilhante. O mato era território dele: Caa-Berá, Caaverá, Caverá,
finalmente.

Então Camaco resolveu caçar o cervo
encantado. Montando o seu melhor cavalo, armado com vários pares de boleadeiras,
saiu a restrear, dizendo que só voltaria depois de caçar e courear o Cervo
Berá.
Depois de muitas luas, num fim de tarde
ele avistou a caça tão procurada na aba do cerro. O cervo estava parado, cabeça
erguida, desafiador, brilhando contra a luz do sol morrente. Sem medo, Camaco
taloneou o cavalo, desprendeu da cintura um par de boleadeiras e fez as pedras
zunirem, arrodeando por cima da cabeça. Então, no justo momento em que o Cervo
Berá deu um salto para a frente quando o guerreiro atirou as Três Marias, houve
um grande estouro no cerro e uma cerração muito forte cobriu tudo. Durante três
dias e três noites os outros índios campearam Camaco e seu cavalo, mas só
acharam uma grande caverna que tinha se rasgado na pedra dura do cerro e por
onde, quem sabe, Camaco e seu cavalo tinham entrado a galope atrás do Cervo Berá
para nunca mais voltar.

Segundo o "Nico" (Antonio Augusto
Fagundes), João Cezimbra Jacques conta esta mesma lenda em "Assuntos do Rio
Grande do Sul", mas dá um nome guarani a índia, chamando-a de "Nhuivoty", que
quer dizer "campo das flores", acrescentando ainda, que ela já era casada com o
personagem principal da história. Já Dante de Laytano chama a lenda de "Cavalo
Encantado", repetindo a versão de Apolinário Porto Alegre, com um triângulo
amoroso de nomes guaranis: "Jaguareté-Piré", a índia que ele amava, "Poty-poran"
e o amado dela, "Inhancá-guará".
Texto pesquisado e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia
consultada
Mitos e Lendas do Rio
Grande do Sul - Antonio Augusto Fagundes
Estórias e Lendas do Rio
Grande do Sul - Barbosa Lessa


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