~*~LENDA GAÚCHA DO BURRINHO~*~














LENDA DO BURRINHO

O burro pode ser considerado um patrimônio da humanidade. Possui as orelhas compridas, é muito dócil, delicado, terno, inteligente e sempre disposto a servir. Esse animalzinho, foi e ainda é, nos pampas gaúchos, o melhor amigo do homem, portanto, deve ser respeitado e preservado.

Antigamente, era muito comum, até mesmo na periferia dos grandes centros urbanos, encontrarmos um burro de carga. Já hoje, está bem difícil encontrá-lo, até mesmo no meio rural, esse amigo de orelhas compridas. Entretanto a cultura universal, está cheia de lendas a respeito dele, indicando a sua importância na história de nossa sociedade.

No Rio Grande do Sul, há uma bela lenda, que foi contada por Antonio Augusto Fagundes, nosso querido "Nico", que torna o burrinho um animalzinho bíblico, abençoado pela Nossa Senhora, contradizendo a fama equivocada que ainda carrega.

Em galpões da fronteira, em torno do fogo de chão, muitos "causos" e histórias eram contadas para a alegria da "piazada". Entre elas a do burrinho:

Conta-se que durante a fuga da Sagrada Família, buscando exílio no Egito, Maria e José saíram às pressas, empurrando um carrinho improvisado com Menino Jesus. Quando já estavam muito cansados e o rei Herodes cada vez mais próximo deles, apareceu um burrinho no campo de compadecido, ofereceu-se para transportar Nossa Senhora e seu Divino Piá. E foi assim, embalado pelo trote do burrinho, que Jesus conseguiu salvar-se da ira do poderoso rei.

Nossa Senhora, muito agradecida, desenhou então no lombo do burrinho uma Cruz Sagrada e o abençoou. Por esse fato, várias culturas acreditam que o pêlo desse animal tem um poder de cura.

Mais tarde, será montado em um burrinho que Jesus Cristo fará sua entrada triunfal em Jerusalém.

 

O burro é o resultado do cruzamento entre um jumento e uma égua. Quando o filhote desse acasalamento é uma fêmea, ela é chamada de mula. O burro não consegue produzir espermatozóides por isso é estéril. A mula também é estéril porque não pode produzir óvulos.

A mecanização rural aposentou o burro, estando à beira da extinção. Com certeza, a humanidade um dia lamentará tanta "burrice", pois este animal, no passado não foi tão somente as "pernas" do homem, ele transportou pessoas e cargas, arou a terra, prestou companhia, entre tantos outros serviços e ainda possui um papel muito importante na manutenção da biodiversidade.

O burro, na atualidade tem sido ainda, um dedicado auxiliar nas terapias realizadas com pessoas incapacidades físicas e mentais. É também muito utilizado, no nordeste brasileiro, para transportar pessoas em passeios ecológicos.

Embora "burro" seja considerado quase um sinônimo de ignorância, ele na verdade, é símbolo da paciência e dos instintos domesticados. Já foi equiparado pelos egípcios ao Deus Ra e os gregos, o associavam ao Deus Dionísio.

Países desenvolvidos se preocupam muito com bem-estar dos burros e para evitar seu desaparecimento, estão inclusive, sendo clonados.

Toda e qualquer vida deve ser preservada, mas principalmente toda àquela que está ameaçada de extinção.

Todos nós somos animais, mas pelo fato de sermos mais evoluídos, não podemos nos tornar animais desnaturados. Para entendermos a essência real, íntima, da natureza, do mundo e de tudo que aqui vive, devemos vê-la com os olhos do coração e não do alto de nosso orgulho.

Use sempre a "razão do coração", não maltrate os animais e nem permita que outrem o faça, pois todos somos "Obras Divinas", criadas por Deus.

TEXTO PESQUISADO E DESENVOLVIDO POR

ROSANE VOLPATTO

Bibliografia

Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul - Antonio Augusto Fagundes