AVES
MENSAGEIRAS

O VÔO DAS
ALMAS
Por aves
mensageiras, entendemos aquelas que segundo a crença
vulgar, trazem mensagens deste e de outro mundo ou, as
levam para lá.
Uma das
crenças mais poéticas dos Tupinambás era a
que reconhecia no canto melancólico de um pássaro, que
entre os Guaicurús aparece com o nome de "macacuan", uma
mensagem das almas, um aviso benéfico dos antepassados.
Eles atentamente escutavam esta ave profética dias
inteiros e usavam uma espécie de maracá para evocá-la.

Outra ave, o
"yapacani" (halietus melancleneus) é tão popular que
vive em poesias e cantigas. É um gavião que anda pelo
verão sempre muito alto, subindo às nuvens verticalmente
e descendo da mesma maneira, pronunciando no seu canto o
nome pelo qual é conhecido.
A ele é que
se refere Anta Rita Durão quando na estrofe 36 do seu
Caramuru:
"Uma ave
entre outras a que se discorre,
Ou fama
certa seja ou voz fingida
Que do
jardim a nós, de nós lá corre
Como fiel
correio da outra vida.
Dizem que
voa, quando algum lá morre
E exprime no
seu canto enternecida
O que a alma
passa nas eternidades
E que nos
leva e traz doces saudades.
Também uma
cantiga que se achou no rio Solimões, menciona esta ave:
"Quando eu
morrer, me ponham no meio do mato, que ali está o
tatú grande para meu coveiro, o urubu branco para padre
e o "yapacani" para guia de minha alma."
Já os índios
bororós crêem em um ciclo complicado de transmigração
das almas, no decorrer do qual elas se encarnam,
temporariamente, no corpo da arara. Entre os índios
bribi da Colômbia, é o papagaio vermelho que serve de
guia para a alma do defunto. Entre os astecas, as almas
dos guerreiros mortos desciam novamente à terra na forma
de colibris ou de borboletas.
Outro
pássaro de cor parda é na crença popular brasileira,
sempre anúncio de boas novas, é o quiriri, mencionado na
seguinte quadrinha:
"No balaio
da costura
Aninhou-se o
quiriri;
Minha filha,
novidade
Deve andar
ao certo aí."
O
supracitado macauan, o "macaguá" dos guaranis do sul, é
também chamado de Uacauan (falco ou herpetotheres
cachinnans) é um pequeno rapineiro de plumagem
bruma-escura no dorso e nas asas, lado inferior branco e
cocurutu amarelo. Dizem que só se alimenta de cobras e,
quando mordido por elas, procura o antídoto em uma folha
conhecida como "guaco", nome por que é conhecido o
pássaro no Peru. Esta ave era considerada santa e
encantada, protetora contra as picadas de cobras. Para
as mulheres, seu canto é anúncio de desgraça iminente.

SIMBOLISMO
Todos os
pássaros simbolizam os estados espirituais: os anjos, os
estados superiores do ser e do pensamento.
Os pássaros
azuis da literatura chinesa dos Hã são fadas mortais,
mensageiras celestes. Na mitologia celta, as mulheres do
outro mundo se apresentam muitas vezes na forma de
pássaros, cisnes ou gansas selvagens.
Os índios
hopi atribuem aos pássaros a faculdade mágica de
comunicar-se com os deuses.
Em todo o
mundo encontramos o mito da alma-pássaro. No Egito
antigo a alma do morto era representada na forma de
pássaro com cabeça humana. Nos monumentos
pré-históricos, tanto na Europa quanto na Ásia, a árvore
cósmica do mundo era figurada com dois pássaros.
No
simbolismo alquímico, o pássaro fabuloso que está no
alto da árvore do mundo representa o coroamento da Obra.
Na Normadia
e na alta Bretanha, há uma lenda que nos conta que o
pintarroxo seguiu Jesus nas estações da via dolorosa.
Havendo notado que um espinho da coroa penetrava em sua
fonte, ele o retirou suavemente. A sua mancha vermelha
lembra a gota de sangue que escorria da fonte de Cristo.
O caráter
sobrenatural dos pássaros e seu lugar excepcional no
simbolismo animal, por si sós, foi que gerou os pássaros
fabulosos, ornando-os de qualidades extraordinárias.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto
Bibliografia consultada
Ronecker, Jean-Paul. Simbolismo
Animal

  
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