A lua-de-mel do casal ocorreu durante a
guerra. Acompanhando Garibaldi, Anita luta
ao lado dos rebeldes gaúchos na Guerra dos
Farrapos. Já no primeiro combate, em 1839,
empunha a carabina e exibe sua coragem. Em
novembro, na batalha em que os imperiais
retomam Laguna, comanda a artilharia do navio
Rio Pardo, disparando o primeiro tiro de canhão
contra os inimigos. Destemida, cruza doze vezes
o campo de combate, num escaler, carregando
munição e feridos. Só abandona a luta depois de
resgatar o amante.
As demonstrações de heroísmo e valentia
se sucedem, para espanto masculino. Capturada
pelos inimigos em Curitibanos (SC), consegue
escapar atravessando o Rio Canoas a nado e
embrenhando-se sozinha na mata por oito dias. Em
1840, é surpreendida pelos imperiais em
Mostardas (RS). Semi-nua, com o filho de 14 dias
nos braços, escapa a cavalo.
Depois de um período no Uruguai, segue
com o marido para a Itália, onde até hoje é
venerada como heroína da unificação do
país.
Destemor e paixão são virtudes presentes
na personalidade de Anita. Em várias ocasiões,
Garibaldi pede que ela permaneça em lugar seguro
enquanto ele se arrisca.
-"Você quer é me deixar", ela respondia e
armava-se para acompanhar o marido nos
combates.
Em julho de 1849, 10 anos depois de o
casal se ter conhecido, Garibaldi comanda a
defesa da República de Roma contra os franceses.
Enquanto janta com oficiais no quartel-general,
alguém bate à porta. Giuseppe abre-a, abraça
quem chega e anuncia:
-"Senhores, temos mais um
soldado!"
Tratava-se de Anita, que atravessara uma
região controlada pelos inimigos austríacos para
juntar-se ao marido. A derrota frente aos
franceses acaba forçando a fuga. Vestida de
homem, a catarinense enfrenta cavalgadas
noturnas, má alimentação e noites ao relento.
Ardendo em febre, morre
no dia 4 de
agosto de 1849 em uma
casinha humilde do feitor de uma fazenda do
Marquez de Guiccioli, em Santo Alberto, em
Ravena, na Itália. Ainda não
tinha trinta anos e estava grávida do quinto
filho.

Anita, nossa heroína brasileira, nasceu
em Morrinhos de Mirim, no estado de Santa
Catarina, na época, município de Laguna, em 30
de agosto de 1821, era filha do
tropeiro Bento Ribeiro da Silva e Maria
Antonia de Jesus Antunes.
Tivemos a grata satisfação de sermos
presenteados há poucos meses atrás, com a
minissérie da Globo, "A Casa das Sete Mulheres".
Nos papéis de Anita e Garibaldi atuaram a atriz
Giovana Antonelli e o ator Thiago
Lacerda.

Esta
minissérie foi uma adaptação da escritora gaúcha
Leticia Wierzchowski, escrita por Maria Adelaide
Amaral e Walter Negrão, onde podemos observar a
Revolução Farroupilha por intermédio de uma
ótica feminina.
Anita foi uma mulher além de seu tempo:
voluntariosa, valente e com idéias próprias. A
luta pela liberdade em qualquer nível é
freqüentemente árdua e violenta, principalmente
para alguém do sexo feminino. Anita, convicta de
seus ideais, possuidora de uma personalidade
marcante, caráter íntegro e totalmente fiel ao
seu companheiro, que era a razão do seu viver,
passou por muitas dores e sofrimentos,
entretanto jamais esmoreceu. A soma de tantas
qualidades lhe renderam um lugar de destaque na
história da humanidade.
Anita Garibaldi
é
famosa também em
estátuas em Roma, em Ravena, em Belo Horizonte e
Florianópolis.

Casa de Anita: Restaurada
na década de 70 e transformada em relicário
histórico.
Sem ter sido formosa
propriamente, nem possuidora de sólida cultura,
onde quer que Anita Garibaldi aparecesse, dela
se irradiavam a luz e a fascinação de uma
extraordinária personalidade, duma vontade
inquebrantável e senhorial; luz e fascinação
poderosas a ponto de constrangerem ainda hoje -
impossível a presença física de Anita - até
mesmo a um pessimista que se dispuser a detalhar
a biografia. A mera curiosidade inicial do
estudioso brevemente cederá lugar à atenção
maior..." (Wolfgang Rau)
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto