A LENDA DA LAGOA VERMELHA
Lagoa Vermelha, como tantos outros
municípios gaúchos, surgiu em função do
trânsito das tropas que, no século XVII
eram conduzidas a São Paulo. Um dos
caminhos dos tropeiros paulitas passava
junto a um local preferido para descanso,
já que junto ao mesmo havia uma lagoa onde
o gado matava a sede. A coloração das
águas dessa lagoa inspiraria a denominação
dada ao povoado que ali surgiu.Em 1842, já
se haviam fixado os primeiros moradores.
Em 1845, foi erguida a capela de São Paulo
Apóstolo de Lagoa Vermelha.Em 1842, já se
haviam fixado os primeiros moradores. Em
1845, foi erguida a capela de São Paulo
Apóstolo de Lagoa Vermelha.
A
grande maioria da população (cerca de 28
mil habitantes) são produtores rurais. Em
Lagoa encontram-se extensas e belas
paisagens rurais (trigo, soja, milho e
maçã).
A lagoa que
deu origem ao nome do município localiza-se
às margens da BR 285, distante cerca de
cinco quilômetros do centro da cidade.
A
LENDA

"A primeira
tentativa dos padres jesuítas, que
resultou na fundação de 18 Povos
Missioneiros no Rio Grande do Sul, deu em
nada. Os bandeirantes de Piratininga, que
haviam arrasado as reduções do Guairá
caçando e escravizando índios para a
escravidão das lavouras de cana-de-açúcar
de São Paulo e Rio de Janeiro, quando
souberam que os padres tinham vindo mais
para o sul e erguido suas aldeias no Tape,
vieram aqui fazer o que sabiam fazer.
Assim e aos poucos, os padres tiveram que
refluir para o oeste, fazendo agora na
volta o mesmo caminho que tinham feito na
vinda.
E nessa fuga
tratavam de levar consigo tudo o que
podiam carregar. O que não podiam,
queimavam ou enterravam. Casas, plantações,
até igrejas foram incendiadas, para que
nada ficasse aos bandeirantes.
Pois diz que
numa dessas avançadas pelo Planalto, no
rumo da Serra, uma carreta carregada de
ouro e prata, fugindo das Missões.
Ali vinha a alfaia das igrejas,
candelabros, castiçais, moedas, ouro em pó,
um verdadeiro tesouro cujo peso faziam os
bois peludearem. Com a carreta, alguns
índios e padres jesuítas e atrás deles,
sedentos de sangue e ouro, os bandeirantes.
Ao chegarem
às margens de uma lagoa, não puderam mais.
Desuniram os bois e atiraram a carreta com
toda a sua preciosa carga na lagoa, muito
profunda. E aí então os padres mataram os
índios carreteiros e atiraram os corpos
n'água, para que não contassem a ninguém
onde estava o tesouro. Com o sangue dos
mortos, a lagoa ficou vermelha.
E lá está,
até hoje. Ao seu redor, cresceu uma bela
cidade, que tomou seu nome - Lagoa
Vermelha. E cada um dos seus moradores que
passa na beira das águas coloradas, lembra
que ali ninguém se banha, nem pesca, e
segundo a tradição, a lagoa não tem fundo.
E nas secas mais fortes e nas chuvaradas
mais bravas, o nível da lagoa é sempre o
mesmo."
Lendas sobre tesouros enterrados ou
atirados em rios e lagoas pelos jesuítas
existem muitas aqui no Rio Grande do Sul,
principalmente por que não desejam que
caíssem em mãos erradas. Conta-se
inclusive que os padres escondiam
relíquias dentro das imagens dos santos ou
até mesmo se metiam dentro delas para
convencer os índios de que os santos
falavam. Esses seriam os legítimos "santos
do pau oco", expressão usada mesmo em
nossos dias para designar os hipócritas e
dissimulados.
Os moradores mais antigos da cidade de
Lagoa Vermelha dizem a verdadeira lagoa
que gerou a lenda não existe mais, pois
foi aterrada no centro da cidade e a
atual, que é ponto turístico, nada tem a
ver com toda a história, segundo nos conta
Antonio Augusto Fagundes. Segundo ele, "
Demétrio Dias Moraes, escritor lagoense de
prestígio, escreveu dois livros sobre sua
cidade natal. No primeiro, não inclui os
aspectos lendários, mas no segundo, sim.
Brasil Grande e a História de Lagoa
Vermelha, o segundo livro, é uma ampliação
do primeiro e lá está a velha lenda que o
autor chama: O Tesouro da Lagoa. Ele conta
como os padres jesuítas atiraram na lagoa
os muares carregados com as riquezas
sacras das missões. "
Fidelis Dalcin Barbosa, um outro autor,
escreveu "Lagoa Vermelha e sua História",
cuja versão é igual a de Demétrio,
entretanto, acrescenta que se algum dia, o
tesouro for retirado de dentro da lagoa,
todos os rios da região irão secar. E no
final ainda fala que a verdadeira lagoa
estaria mesmo soterrada.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO


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