ÍNDIOS DE PERNAMBUCO

Sob
a denominação de Pernambuco vamos incluir todas as antigas capitanias de
Pernambuco e de Itamaracá.
A
primeira fortificação em Pernambuco é uma feitoria de pau-brasil, que Cristóvão
Jaques erige na Ilha de Itamaracá (1517). Ela será bombardeada e tomada pela
nau francesa "
La Pelérine
" (mar/1531), tendo os seus sobreviventes, pelo termo de rendição, se
comprometido a auxiliar os franceses a erguer uma fortaleza no lugar da feitoria
destruída. A nau retorna à França três meses mais tarde, deixando uma guarnição
de 70 homens no fortim. Este, por sua vez, será atacado e destruído por Pero
Lopes de Souza, quando de seu retorno de São Vicente a Portugal (nov/1532).

Com
o estabelecimento das Capitanias Hereditárias (1534), o território dos atuais
estados de Pernambuco e Alagoas ficou compreendido na de Itamaracá, da Baía da
Traição à foz do Rio Igaraçú, (3º lote de Pero Lopes de Souza), e na de
Pernambuco, da foz deste à do Rio São Francisco (Duarte Coelho Pereira).
Revertem à Coroa, a primeira por compra (1743), e a segunda após a capitulação
holandesa (1654).
Se
Pero Lopes de Souza não ocupou o seu lote em Itamaracá, Duarte Coelho e seus
colonos estabelecem-se numa colina ao Sul da Ilha de Itamaracá, fundando a
povoação de Olinda (09/mar/1535). Graças à cana-de-açúcar e o gado,
aliando-se aos Tabajaras contra os Caetés, Duarte Coelho e seus colonos
prosperam. Após o retorno de Duarte Coelho a Portugal (1553), seu filho e
sucessor, Duarte Coelho de Albuquerque, iniciou a exploração do Sul da
Capitania, e combatendo os indígenas, atingiu o Rio São Francisco.

INDÍGENAS
AQUI ENCONTRADOS

INDIOS
DO LITORAL DE PERNAMBUCO
Três
tribos do grande ramo tupi talavam as costas acidentadas da bela pindorama
nordestina: os caetés, os tabajaras e os potiguaras. No interior viviam os
cariris.
Os
caetés tinham seus domínios estendidos desde o caudoso São Francisco até as
águas do Igaraçu, onde já encontravam os tabajaras em vigilância atenta para
impedirem o avanço dos vizinhos. Os tabajaras habitaram as terras de Itamaracá
até o rio Paraíba. Deste curso de água para o norte, até o rio Jaguaribe, os
temíveis “comedores de camarões”, os potiguaras, eram senhores absolutos
de todo o vasto trato litorâneo.

ÍNDIOS
CAETÉS

A
presença do caudaloso São Francisco fez com que os caetés se tornassem
peritos na arte de construir embarcações. Desde cedo esses indígenas fizeram
amizade com os franceses com que barganhavam a valer. Ao contrário, detestavam
os lusitanos, dando-lhes morte imediata, sempre que podiam alcança-los.
Sucedeu
que, quando navegava para a metrópole, naufragou a caravela que conduzia o
primeiro bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha. Após mil peripécias,
chegaram os infortunados náufragos à praia onde já, ansiosamente, os
aguardavam os caetés. Não houve tempo a perder para que a chacina se fizesse
com brevidade.
Cerca
de cem pessoas brancas (homens, mulheres e crianças), com seus escravos, foram
mortos e devorados pelos canibais. Só concederam o direito de viver a um
português e dois índios, pelo simples motivo de entenderem a língua que
arengavam. O próprio bispo foi trucidado e sua carne servida como uma
especialidade. Como um anátema ao procedimento dos indígenas, tornou-se sáfaro
o terreno o terreno onde, sem vida, caíra o corpo do alto prelado da Igreja.
A
carnificina trouxe como conseqüência uma perseguição tenaz aos caetés que,
encarniçadamente, lutaram pela posse da terra que com facilidade haviam tomado
dos tapuias. Sem tréguas foram perseguidos, definhando em forças e em
valentia, à medida que eram empurrados para o sertão, até que, da lista das
tribos guerreiras, foi riscado o nome caetés.

ÍNDIOS
TABAJARAS
Os
tabajaras foram os primeiros nativos a entrar em contato com os conquistadores
do Nordeste.
Duarte Coelho, durante seis meses, viu seus desejos
não satisfeitos pela luta pertinaz oferecida pelos ancestrais de Iracema, a
virgem belíssima que José de Alencar imortalizou.
Conseguiram, por fim, uma aliança com alguns
chefes indígenas e com eles dominaram, completamente, os demais.
Os três chefes aliados dos lusitanos (Fabira,
Itagibê e Piragibe), deram exemplos magníficos de bravura.
Certa vez Fabira foi atingido por uma flecha que
lhe vazou o olho. Desesperado de dores e raiva, ele arranca a seta blasfemando
que, para vencer inimigos tão pusilânimes, lhe bastava um olho só. Enfrentou
com coragem os atacantes, superiores em número, derrotando-os fragorosamente.
Piragibe
também tantos atos de bravura que, acabou sendo condecorado pelo rei com a
ordem de Cristo.

ÍNDIOS
POTIGUARAS
Os
Potiguaras pertenciam a um grupo indígena que no século XVI habitou o litoral
entre a foz dos rios Jaguaribe e Paraíba. Migrou depois, para o Maranhão e o
Pará.
Estes
índios foram amigos dos franceses, que lutaram sem tréguas contra os caetés e
contra os tapuias, no sertão. Eram aliados dos tabajaras.
O
ânimo belicoso e altivo deste povo que campeava o litoral gracioso da Paraíba
foi perpetuado pelos atuais habitantes que o conservam como um legado sagrado.
Muito
embora os portugueses tenham chegado neste país em 1500, foi somente em 1530
que eles, se preocuparam em investir no povoamento do litoral, já que era porta
de entrada para outros países europeus. Em 1534, o Brasil foi dividido
em Capitanias Hereditárias
, que foram entregues a particulares, que deviam providenciar sua colonização,
utilizando-se de recursos próprios.
No ano de 1574, surgiu a Capitania Real da Parayba.
A criação desta nova capitania (subordinada à Portugal) encontrava-se ligada
à constante presença dos franceses, que em aliança com os indígenas
dificultaram o processo de colonização portuguesa.
A criação da nova Capitania aconteceu com o objetivo de proteger a Capitania
de Pernambuco, que era o maior produtor de açúcar na colônia, e de deter os
indígenas em seu próprio território, assegurando aos portugueses a posse e a
exploração da terra.
Foram várias as tentativas de conquista da
capitania paraibana, mas os Potiguaras eram os maiores obstáculos à conquista.

A conquista da Capitania da Paraíba foi realizada pela expedição chefiada por
João Tavares e Frutuoso Barbosa. João Tavares aproveitou a rivalidade entre as
duas tribos, e fez uma aliança com os Tabajaras com o intuito de reter a resistência
Potiguara. Essa aliança enfraqueceu os Potiguaras, grandes lutadores contra a
invasão portuguesa em favor do território paraibano.
A resistência durou até o ano de 1599, quando os
Potiguaras foram derrotados pela guerra e por uma bactéria que matou milhares
de índios.
Em tupi-guarani, potiguar equivale a “comedor de camarão”, por este
motivo,
vários descendentes da tribo dos potiguaras adotaram, ao serem submetidos ao
batismo cristão, o sobrenome Camarão, sendo o mais famoso deles o combatente
Felipe Camarão Em sua homenagem é denominado
Palácio
Felipe Camarão a sede da Prefeitura Municipal de Natal, bem
como um bairro desta mesma cidade. O Exército Brasileiro homenageia-lhe
denominando a
7ª
Brigada de Infantaria Motorizada como
Brigada
Felipe Camarão.
Os
remanescentes mestiçados dos índios potiguaras, sem domínio da língua ou da
cultura, vivem hoje, em postos da Funai, em Mamanguape, Paraíba.


CONSIDERAÇÕES:
Na
época da chegada dos primeiros colonizadores ao Brasil, calcula-se que aqui
viviam cerca de seis milhões de índios espalhados pelas matas, campos e
litoral.
A maioria
foram praticamente dizimados pelo elemento colonizador, por doenças, miscigenação
e pelas guerras.
Atualmente, restam cerca de 200 mil índios no
Brasil, tendo alguns perdidos seus traços culturais. Eles continuam sendo
perseguidos por fazendeiros, madeireiros, garimpeiros, grileiros e posseiros que
invadem as terras onde vivem, que são protegidas por lei, denominadas reservas
indígenas.
No estado de Pernambuco existe um pequeno número de comunidades indígenas,
ao todo são 15 mil pessoas vivendo em reservas indígenas. Os povos indígenas
que vivem em Pernambuco são:
-
No
Agreste – Fulni-ô, Xukuru e Kapinawá, respectivamente dos municípios de
Águas Belas, Pesqueira e Buíque;
-
No
Sertão – Kambiwá, Pankararu, Atikum e Truká, respectivamente dos municípios
de Ibimirim, Tacaratu, Floresta e Cabrobó.

Rosane Volpatto


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