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IMEMBUÍ

O
Major Cezimbra Jacques, que nasceu em Santa Maria,
foi quem deu desenvolvimento a esta lenda, que
também foi acolhida por João Belém:
Índios minuanos, seduzidos pela beleza e delícias
do local, vieram acampar em uma região que
chamaram de Iguitorí, "terra da alegria", em
campos onde fica a atual cidade de Santa Maria.
O
cacique da tribo era o valente Japacani, "águia",
que possuía como esposa a bela Ibotiquintã, "botão
em flor". O casal teve uma criança: Imembuí,
"filha da água", assim chamada porque nasceu às
margens de um arroio, onde a linda mulher do chefe
indígena fora tomara banho.
Mais
bonita que a própria mãe, Imembuí cresceu sendo
adorada por toda a tribo.
Passado algum tempo, Japacani, convocado, viajou
para encontrar-se com Taguatoberá, "gavião
dourado", respeitado e poderoso cacique da nação
minuano, que morava, com seu povo, nas fraldas da
Serra de Aceguá, em Bagé, a caminho dos campos do
Uruguai.
Terminado o "Monohonga", a Assembléia dos Povos
Indígenas, Japacani que viera na companhia da
mulher e da filha, regressa para cumprir a missão
que lhe coubera, pois as tribos preparavam-se para
a guerra contra os bandeirantes.
A
tarefa que lhe foi distribuída, consistia em
atrair para a causa da união das tribos, o cacique
Ibitiruçu, Serraria, dos Tapes, que não se
submetera aos padres da Companhia de Jesus.
Obtida a aliança dos tapes, minuanos e charruas,
passaram-se a exercitar na arte da defesa, sob o
mando de Icupuiaiara, "senhor das boleadeiras".
Mas,
no decorrer de tantas caminhadas e reuniões,
Imembuí veio a conhecer Acangatu, "boa
inteligência", jovem tape, filho de uma irmã do
cacique Ibitiruçu de nome Puicaça Poranga, "pomba
formosa".
A
paixão do jovem tornou-se uma obsessão,
entretanto, a bela Imembuí, embora muito amiga, o
tratava como irmão, "che quibui".
Festejavam os índios os bons fados que os deixavam
unidos, quando os paulistas que vinham da Colônia
do Sacramento, atraídos pelas fogueiras, danças e
ritos, caíram sobre os indígenas.
Os
nativos, mais numerosos e aguerridos, derrotaram
os bandeirantes e dos prisioneiros que iam ser
levados à morte encontrava-se um jovem branco
muito atraente, que imediatamente foi chamado
pelas índias de Angaturã, "o belo".
Não
demorou para que Imembuí e Angaturã se
apaixonassem perdidamente. A índia então, teve a
coragem de pedir a seu pai que concedesse ao
bandeirante a liberdade.
Reuniu-se a Assembléia dos Guerreiros, e estes,
porque tinham muita amizade por Imembuí,
concederam a satisfação de seu pedido, sob a
condição de que Rodrigo (este era seu verdadeiro
nome) deveria acompanhar a tribo. Os jovens, em
seguida, casaram-se.
Acangatu, coitado, quase morreu de paixão, mas
como era um homem de bom coração e ainda, vendo
que nada mais poderia fazer para conquistar o
coração de sua amada, desapareceu dos olhos de
todos, embrenhando-se na mata, para nunca mais
voltar.
O
jovem branco, "Morotin", para os índios, foi muito
feliz com sua jovem esposa e trabalhou muito para
o engrandecimento da tribo. Ele viajou, realizou
bons negócios, comprou, trocou e melhorou as
condições econômicas dos índios aos quais
pertencia sua mulher.
Passaram-se muitos anos, outra vez, e eis que um
dos filhos já de dezoito anos, perdera-se, à
noite, dentro da mata, onde foi achado pelo irmão
de criação de sua mãe, justamente no momento que
um tigre avançava sobre o rapaz.
Voltaram então, o jovem com Acangatu para junto de
Imembuí e Morotin.
E
foi assim, que todos viveram como bons amigos, até
morrerem de velhos...
E
aqui acaba a história de Imembuí, "símbolo de
graça", que foi aquela que reuniu em torno de si
àqueles que primeiro povoaram Santa Maria.

Texto pesquisado e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

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