 

Fim de Semana em Paquetá
(Braguinha - Alberto Ribeiro)
Em Paquetá se a lua cheia
Faz rendas de luz por sobre o mar
A alma da gente se incendeia
E há ternuras sobre a areia
E romances ao luar
E quando rompe a madrugada
Da mais feiticeira das manhãs
Agarradinhos descuidados
Inda dormem namorados
Sob um céu de flamboyants
A Ilha de Paquetá, bairro do Rio
de Janeiro - descoberta em 18 de dezembro de 1556, por André Thevet - tem
por nome oficial Freguesia do Senhor Bom Jesus do Monte da Ilha de Paquetá. Após
uma tempestade na Baía de Guanabara, o galeão de Dom João Vl atracou em
Paquetá, deslumbrando o Príncipe Regente que a chamou de "Ilha dos Amores".
Nas águas de Paquetá ocorreu
uma das principais batalhas da vitória Portuguesa, com a morte do líder Tamoio
Guaixará. Ainda no ano da fundação da Cidade do Rio de Janeiro, em 1565 e,
mesmo antes do seu falecimento, Estácio de Sá dava andamento à sua missão
colonizadora, e Paquetá foi incluída na relação de terras doadas a seus
aliados, sob forma de Sesmarias. No caso de Paquetá foram duas Sesmarias: A
parte norte da Ilha, hoje o bairro do campo, doada a Inácio de Bulhões e a
parte sul, bairro da ponte, doada a Fernão Valdez.
Muitos foram os que se
apaixonaram por esta ilha, mas quem mais amou Paquetá foi mesmo o Príncipe
Regente e depois Rei do Brasil, D. João VI, que dela fez seu local preferido
para as férias de verão.
Todo aquele que tenha se
debruçado sobre as páginas animadas da ilha de Paquetá, sentir-se-á tentado
a ir devassar o reino singular onde habita a lenda enternecedora da Gruta dos
Amores. Ela reza, mais ou menos assim:
Era um vez...uma ilha de alvas
areias semeadas pela praia, aquário encantador dos cardumes de peixes das mais
diferentes grandeza e cores, onde nuvens de pássaros com seus redobrados
gritos, anunciam seu domicílio. Nesta pequeníssima, mas bela fatia de terra,
nasceu uma de suas filhas mais belas, Poranga. Neste tempo, época em que os
tamoios habitavam esta ilha, também Itanhantã, índio não menos belo, se fez
presente.
Poranga quando moça
apaixona-se por este jovem guerreiro. No entanto, Itanhantã, absorto com seus
afazeres rotineiros, não tinha olhos para ela.
Vivia então, a indiazinha
montivagando pela madrugada, dilacerando-se pelos rochedos, desfeita em
lágrimas, cantando seu desencanto, enquanto esperava Itanhantã chegar pelo mar
em sua ubá. Mas, como "água mole em pedra dura, tanto bate até que
fura", as tristes lágrimas da jovem índia, abriu um buraco na pedra e
foram cair sobre os olhos o índio que cansado de sua fatigante jornada,
adormecera na gruta abaixo do rochedo.
Como que por encanto, Itanhantã,
apaixonou-se perdidamente por Poronga, que a chamou de "Cunhã-Porã",
que significa "moça linda" em tupi.
E, então, as lágrimas da jovem
índia se transformaram em uma fonte, que ainda existe nos nossos dias na Gruta
dos Amores.
Ainda hoje, a ilha de Paquetá
continua a ser exaltada com entusiasmo e amor por todos aqueles que perlustraram
os seus belos recantos, iluminando artistas e torturando poetas, homens cuja
alma sensível se vê contaminada com tão maravilhosa paisagem. Até a viagem
até seu alcance é pura sedução, oferecendo-nos um panorama com pontilhadas
ilhas, caminho em que se respira misticismo , assim como muita paz e
tranqüilidade nos faz sentir.
A
vegetação da ilha de Paquetá é composta de diversas árvores em extinção,
como "Maria Gorda"(o Baobá), um dos vinte exemplares brasileiros,
árvore originária da África que possui mais de quatrocentos anos. Ao pé da
árvore visualiza-se uma placa com a seguinte inscrição:
"Sorte
por longo prazo
a
quem me respeitar mas,
sete
anos de atraso
a
cada maldade a mim feita."
Outra
árvore típica da ilha é o "flamboyant", quase todas com mais de cem
anos. Esta árvore associada aos atributos naturais da ilha, é que a tornaram o
mais belo cartão postal do Rio de Janeiro.
Mas
o passeio imperdível ainda é, a Gruta dos Amores, pois reza a lenda que todo
aquele que desejar encontrar um amor para vida inteira, basta beber de sua
fonte, acompanhada ou não por seu amor.
A
Pedra da Moreninha, complemento para o romance "A Moreninha", e o
Parque "Darke de Matos" são outros passeios imperdíveis. A ilha também
tem seu mirante, situado no Morro da Cruz, de onde se tem um panorama parcial de
Paquetá.
Paquetá continua linda à satisfazer pedidos de corações apaixonados ou por
se apaixonar....
Lenda do Poço de São Roque:
BEBA DESSA ÁGUA PENSANDO NA PESSOA AMADA
E, POR VOCÊ, ESSA PESSOA FICARÁ GRANDEMENTE APAIXONADA...
E SE AINDA NÃO TEM PAR,
BEBA UM GOLE SÓ: BEM DEVAGAR...
E, POR VOCÊ, UM CORAÇÃO DESSA ILHA IRÁ SE APAIXONAR...
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
Bibliografia:
Lendas
Brasileiras - Câmara Cascudo; 3 Edição; EDIOURO
Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito
Santo e Rio de Janeiro - Mary Apocalypse


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