OS FILHOS DO SOL

Pachamama,
Santa Tierra
Kusiya, kusiya!
Vicuña cuay,
Amá mi naicho,
Kusiya, kuisya!...

"O
homem andino passou a chamar-se Filho do Sol, porque seu ideal era ativar o seu
"Sol Interno", reconciliando-se com as forças femininas da Pachamama (Mãe Terra) e com as forças masculinas de Viracocha (Grande Criador).
O "Filho do Sol" é o compromisso com a
unificação e o crescimento, um compromisso de viver profundamente os seus
poderes e de ser tão brilhante quanto o nascer do Sol."

O
IMPÉRIO DOS QUATRO QUADRANTES
Em
finais do século XII de Nossa Era, a pequena tribo dos Incas chega ao Vale de
Cuzco. Segundo uma lenda, conta-se que de uma caverna a 30 Km ao sul do Vale
sa'ram quatro irmãos: Ayar Cachi, Ayar Uchu, Ayar Auca e Ayar Manco, também
conhecido como Manco Cárpac. Sem pais, sem terras, em extrema pobreza,
migraram pelo Vale sem rumo certo, até que Ayar Cachi, voltando à
caverna, se transformaria em Huaca (entidade divina), ficando
petrificados seus irmãos Ayar Uchu e Ayar Auca.
Manco Cárpac, o
último irmão, lançando no ar o seu bastão de ouro e simbolizando com isso o
fim da vida errante e sem rumo, tomou sua irmã como esposa. Reuniu então, as
populações dispersas que viviam em plena "barbárie" no Vale, teria
lhes dado acesso a formas mais "civilizadas" de viver. No mito da
caverna, Manco Cárpac, é, pois, o fundador do Império Inca e herói
civilizador de toda a humanidade.
Os
Incas desenvolveram uma civilização muito avançada que ocupou quase toda a América
do Sul por aproximadamente cinco séculos. A cidade de Cusco, capital do Império,
e Machu Picchu, uma misteriosa cidade descoberta no início do século são a
expressão máxima de religiosidade e poder da civilização Inca.

A
ENCARNAÇÃO DO SOL

O
Império Inca se constituía de uma espécie de monarquia teocrática
hereditária, na qual os poderes do governante,o INCA, só eram limitados
pelos costumes da comunidade. Ele era, tal qual como o faraó egípcio,
considerado descendente direto do Sol e sua encarnação, sendo adorado
como um deus. Era também legislador e o comandante supremo do exército.
REPRESENTAÇÃO
DO TEMPO HISTÓRICO

O
tempo para os Incas era pensado como um tempo cíclico. O tempo atual é
entendido como a "Quinta Idade" (Quinto Mundo).
A
Primeira-Idade (Primeiro Mundo), foi intitulada de "Homens de Viracocha",
seu fim deu-se com as guerras, a peste e com a rebelião dos objetos contra seus
senhores.
A
Segunda-Idade (Segundo Mundo), seria a dos "Homens Sagrados" e seu fim
foi o de arderem com o Sol.
A
Terceira-Idade (Terceiro Mundo), foi a dos "Homens Selvagens", que
chegaria ao final com o Dilúvio Universal.
A
Quarta-Idade (Quarto Mundo), a os "Homens Guerreiros "terminaria com a
decadência completa.
A
Quinta-Idade (Quinto Mundo), a "Idade dos Incas", seria o tempo
cíclico da etnia que veio regenerar os homens, o corolário e cumprimento das
quatro idades precedentes.

A
MULHER DO QUINTO MUNDO
Quando
nos referimos a "Mulher do Quinto Mundo", devemos ter em mente, que
ela nasceu com as quatro raças e com os quatro mundos. Esta mulher tem como
missão o despertar da espiritualidade e com a conseqüente transformação de
todos os seus valores. Ela deverá também ajudar seu companheiro de caminhada a
trilhar este novo caminho.
A
Mulher do Quinto Mundo é protagonista anônima, não de um Novo Planeta que
está nascendo, mas sim de um novo ser que desponta dentro dela e da felicidade
que deve estar dentro de cada célula para favorecer sua evolução.
Não
viemos para este Planeta tão somente para decidirmos que profissão vamos nos
ater e dedicar, ou simplesmente nos tornarmos seres sedentos de poder e
ambição. É lógico, que necessitamos que nossa matéria seja alimentada,
vestida, protegida e precisamos de um lugar digno para habitar. Mas, satisfeitas
estas primeiras necessidades, é imprescindível que se compreenda a nossa
essência divina. Quem chegar perto de compreender estes mistérios sagrados,
com certeza, será um melhor pai, uma melhor mãe, um melhor governante, ou
seja, um melhor ser humano.

PANTEÃO INCA
A divindade suprema da religião Inca era o
Sol (Inti, deus do Alto) e também, Viracocha (deus de Baixo) , a
cujo o culto estavam dedicadas as "Virgens do Sol", comparadas às vestais romanas.
Viracocha e o Sol são deuses
complementares. O Sol refere-se ao céu, fogo, a serra e ao alto; Viracocha aponta para a Terra, a água, a costa, o baixo. Este deus, teve seu
culto imposto e difundido a todas as comunidades conquistadas nos Andes Centrais
por razões de ordem política.
Viracocha
era o deus criador e civilizador do universo. Terminada sua obra de gênese
material e humana, partiu andando pelo mar na direção oeste.
Inti,
o deus Sol, era a divindade protetora da Casa Real. Seu calor era vital para
as plantas crescerem. Um rosto humano sobre um disco radiante era a sua
representação. A sua grande festa, o INTI RAME, é realizada no
Solstício de Inverno. Para lhe dar boas-vindas os Incas ofereciam-lhe uma
fogueira junto com folhas de coca e milho.

"Oh, Criador, Sol e Trovão,
sede
jovens sempre!
Multiplicai
os povos!
Deixai
que vivam em paz!"
A
esposa de Inti, era Mama-kilya, a Mãe-Lua, encarregada de regular
os ciclos menstruais das mulheres.
Apu
Illapu, era o deus da chuva, uma divindade agrícola muito cultuada. Em
épocas de seca, era grande a peregrinação aos seus templos sagrados,
construídos em regiões altas.
Outros
deuses igualmente importantes são Pachamama, a Mãe-Terra, Senhora das
Montanhas, das Rochas e das Planícies e seu marido Pachacámac, o espírito que
alenta o crescimento de todas as coisas, espírito pai dos cereais, animais,
pássaros e seres humanos.

RITUAIS
A Via-Láctea para os Incas, toma o nome de
"Mayu", o "Rio Celestial" e serve como eixo de orientação
ritual.
Na antiguidade este povo acreditava que o
sagrado sempre se apresentava de modo simétrico e espelhado. O Vale Sagrado,
segundo esta concepção é um reflexo da Via-Láctea.
Segundo Chaski (divulgador da cultura
Inca), a Vida não é exclusiva do homem, mas também sopra e existe em tudo que
nos circunda. Está em tudo que vemos, tocamos, sentimos e até no que não
vemos. A Vida abarca tudo e nos afirma que nosso planeta é o principal
sustentador de tudo que existe. A Pachamama vem nos ensinar a amar tudo
incondicionalmente, pois é amando tudo que nos tornaremos sábios.

FESTA INTI RAYME

Esta é a festa mais popular Inca. Se
festeja na entrada do Solstício de Inverno (24/08). A cidade onde ocorre as
festividades, neste dia fica lotada, vem gente dos povoados vizinhos e muitos
turistas.
Todos os anos nos Vales Calchaquies (Peru)
se elege uma Pachamama para relembrar a velha lenda da Pachamama Inca, esposa de Pachakamac, um dos principais deuses Incas.
Como tantos outros mitos, na Pachamama
concentra-se a crença primária sobre a existência de quatro princípios: a
água, o Sol, a Lua e a Terra. Durante um ritual em sua homenagem é oferecido
bebida à Terra.

A mesa do Ritual deve ser composta de
diferentes elementos como:
1. Comidas: carne assada, batata cozida,
milho tostado, pão, caramelos, lhamas e porcos.
2.
Oferendas líquidas são colocadas
em fontes chamadas de Phaqcha, Chachi, a ayahuasca, agna e o sangue de animais
(lhamas) são irrigados no templo, como sacrifício. Os animais são sacrificados para que se
busque prever o futuro pelo estudo de suas vísceras, coração, pulmões e
outros órgãos.
A.
Ayhuasca - bebida sagrada feita com duas plantas amazônicas.
B.
Agna - bebida alcoólica fermentada a partir do milho. Seu preparo é
impressionante. As mulheres incas mastigam o milho e o devolvem para um jarro de
barro, que junto com o acréscimo de água e outros ingredientes, fermentarão
à temperatura ambiente.
C.
Chica - é elaborada com a água cristalina de Cusco. Sua preparação requer
conhecimento, cuidados e muitas horas de trabalho. Esta bebida só pode ser
preparada por mulheres e é sempre ofertada como pagamento em rituais como os
para Pachamama(Mãe-Terra) e ao Apus(Montanhas Sagradas).
3.
Tabaco
5.
Incenso
6.
Folhas de coca, para serem mastigadas e ofertadas a deusa.
7.
Música: é um elemento indispensável, executada por harpas, acompanhadas de
clarim e cornetas.

LIMPEZA DOS CHAKRAS
As
cerimônias para limpeza dos chakras são também executadas no Solstício de Inverno,
na Festa de Santiago, por volta do dia 24 de julho.

RITO DE FERTILIZAÇÃO DA
MÃE-TERRA

O rito de fertilização da terra inicia-se
em setembro. Esta é uma cerimônia que homens e
mulheres participam. Depois do ritual de abrir sulcos na terra e prepará-la
para o plantio, bebe-se a "chicha", que é a bebida específica para
estes rituais e depois de jogá-la ao solo, todos os homens e mulheres têm licença para
fertilizar o mundo.

A
MESA ANDINA
Obedecem
os pontos cardeais da seguinte forma:
|
SÍMBOLO |
ELEMENTO |
ENERGIAS |
COR |
SUL (Qollosyo) |
Cura Física - quando estamos
alinhados com a Pachamama |
Terra |
Anaconda |
Amarelo |
OESTE (Kuntisuyo) |
Corpo Emocional - quando estamos
alinhados com a energia da Lua, Mama-Killa |
Água e Lua |
Golfinho/Baleia |
Branco |
NORTE (Chinchaysuyo) |
Corpo Espiritual - quando nos
alinhamos com a energia do Criador Supremo: Viracocha |
Céu, Ar e Vento |
Águia/Condor |
Preto |
LESTE (Antisuyo) |
Corpo Mental - quando nos alinhamos
com o Sol interno e externo, Inti |
Fogo |
Puma/Jaguar |
Vermelho |
CENTRO (Misarumi) |
Corpo Elevado -quando nos alinhamos
com a energia do Arco-íris, Kuychi |
Arco-íris |
Lama |
Arco-íris |

A
Mesa do Curandeiro representa o mapa energético do Universo. Ela também é a
síntese das tradições xamânicas peruanas, que se fundem com as tradições
sagradas do mundo. Entretanto, a Mesa deve refletir as experiências e as
tradições individuais do seu possuidor.

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
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