O FERREIRO WAYLAND

Enquanto a maioria dos duendes temem o ferro, alguns são ferreiros. Nos mitos escandinavos, por exemplo, os anões são ferreiros sobrenaturais que moram nas profundezas da terra e possuem todos os segredos da metalurgia mágica, forjando para os deuses ferramentas, entre as que figuram a lança de Odin e o martelo de Thor. Entre os ferreiros do norte da Europa se encontram Alberico e Regino, enquanto na Inglaterra temos Wayland, diversamente descrito como anão, elfo ou gigante.

O ferreiro Wayland vive no interior das câmaras mortuárias neolíticas de Berkshire, Inglaterra. Se conta que se um homem amarrasse seu cavalo com uma moeda de prata na câmara da ferraria do Wayland, numa noite de lua cheia, ao regressar pela manhã o encontraria recém ferrado. Isso era mencionado no primeiro episódio de Puck of Pook's Hill de Rudyard Kipling .

Alguns afirmam que Wayland é o rei dos elfos.

Os ferreiros sobrenaturais moram nos subterrâneos, embaixo de túmulos ou cavernas, talvez no País dos Mortos. Possuem, em certas ocasiões, o poder de devolver a vida. Há narrações sobre pessoas que foram rejuvenescidas com o fogo do ferreiro, uma metáfora de iniciação xamânica. As feiticeiras são tradicionalmente invocadas para forjar o próprio athame, como parte de um processo de iniciação com o objetivo de familializar-se com os mistérios de Wayland.

Wayland foi casado com uma Valkíria por nove anos, por ter se apoderado de sua plumagem que a impediu de deixar a Terra, mas ao final desse tempo, recuperando a plumagem, ou quebrando o feitiço de alguma forma, conseguiu escapar.

Ele permaneceu em sua casa, sabendo que qualquer busca seria inútil e encontrou conforto ao contemplar um anel que Alvit lhe dera como prova de seu amor e esperava constantemente que um dia ela voltasse, já que ele era um ferreiro muito habilidoso e podia fazer os mais delicados ornamentos de prata e ouro, bem como armas mágicas. Ele passava seu tempo livre fazendo setecentos anéis exatamente iguais ao que sua esposa tinha lhe dado. Uma vez terminado, ele os amarrou. Mas uma noite, ao voltar da caça, ele descobriu que alguém havia tirado um dos anéis, deixando os outros intatos e suas esperanças se renovaram, pois ele disse a si mesmo que sua esposa tinha estado ali e logo voltaria para ficar.

Na mesma noite, porém, foi capturado enquanto dormia e amarrado e feito prisioneiro por Nidud, rei da Suécia, que empunhou sua espada, uma arma com poderes mágicos que guardava para seu próprio uso e com o anel de amor feito de puro Ouro do Reno, que mais tarde deu à sua única filha, Bodvild.

Enquanto isso, o infeliz Völund (Wayland) foi levado cativo para uma ilha próxima onde, após ser paralisado (cortaram um tendão da sua perna) para que não pudesse escapar, o rei continuamente o mandou forjar armas e ornamentos para seu uso.
Também exigiu que ele construísse um labirinto intrincado e, ainda hoje, na Islândia, os labirintos são conhecidos como "casas de Völund".

Depois disso, o ferreiro Wayland planejou uma vingança terrível. Ele começou seduzindo a rainha, que deu à luz à dois filhos gêmeos. Mas seu desejo de vingança não parou por aí e ele continuou com outra mais macabra: ele decidiu matar as crianças e transformar seus crânios em dois copos, os olhos em joias e os dentes em um colar. A família real não suspeitou de onde eles vieram, então esses presentes foram aceitos com alegria. Enquanto os jovens pobres, acredita-se que eles foram arrastados para o mar.

Quando o rei soube desse acontecimento horrível, ele tentou prender o ferreiro, mas era tarde demais. Ele fugiu para a Inglaterra voando com asas feitas de penas de cisne.

De acordo com as lendas, ele forjou várias espadas famosas, algumas das quais ainda existem. As mais famosas foram: Durandarte de Roldán (sobrinho de Carlos Magno), Joyosa - espada pessoal de Carlos Magno, Cortana de Ogier, o dinamarquês, Balmung (também chamada Gramr, Gram, Noturng ou Nothug) de Siegfried e Almacia do Arcipreste de Reims. O nome da espada de Wayland era Mimung, e foi justamente com ela que ele cortou em dois seu rival, o ferreiro Amilias.
Porém Wayland não era apenas famoso por forjar espadas, mas também por outra habilidade que o tornava um ferreiro altamente cobiçado: a de forjar anéis mágicos.

A técnica de fabricação das espadas Wayland era muito peculiar. Primeiro ele cortou o ferro em pequenos pedaços e os assou dentro de pedaços de pão. Então ele deu este pão para os patos comerem. Depois de repetir essa ação três vezes, o material se transformou e se tornou o mais duro que já existiu na Europa.
No entanto, essas declarações foram consideradas um conto. Até a década de 1950, um pesquisador metalúrgico resolveu pesquisar sobre o assunto. Parece que era verdade que o método de Wayland produzia ferro muito puro. Mas ... a magia dele foi simplesmente a mistura do metal com o ácido gástrico dos patos, que, sem oxigênio, gerou uma reação durante o processo metabólico que operou o milagre após ser defecado pelos animais.

Os celtas consideravam que os ferreiros tinham como os druidas o poder de criar encantamentos e lançar maldições. Na Grã Bretanha se acreditava que os ferreiros eram encantadores de sangue (curandeiros) e que podiam prever o futuro. Inclusive a água que utilizava o ferreiro para esfriar o metal possuía propriedades mágicas e era muito solicitada cons fins curativos. Os ferreiros possuíam também o segredo da palavra do cavaleiro que, proferida à orelha do equino mais indômito, o acalmaria.

Nas histórias de duendes, os ferreiros protegem as pessoas e animais contra os seres malignos e espíritos perversos.

Wayland é comparável ao grego Hefesto e ao romano Vulcano, ambos coxos como Wayland.

Coloque em tua porta uma ferradura para invocar a proteção mágica de Wayland.

Se necessitas de força e perseverança para enfrentar teus medos ou obstáculos na vida, Wayland é uma inspiração.

Ele nos ensina também, a fazer uso positivo e produtivo de nossas próprias habilidades, que devemos focar nossa própria energia no trabalho, pois um trabalho bem feito traz grande satisfação.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO