O TEMPO DO AMOR

As fadas são
grandes
apaixonadas como
nós. E uma
estranha
fatalidade faz
com que
experimentem suas
maiores paixões
por simples
mortais, bem mais
que por outros
seres do Reino
das Fadas. Desse
modo, os homens
que por azar do
destino, venham a
conhecer uma
fada, não podem
escapar do amor
louco que ela
desperta neles.
Mas de onde vem
esta atração
mútua e
irresistível?
Ninguém sabe, mas
as lendas,
relatos ou
crônicas
populares abundam
em histórias de
amor que colocam
em cena o homem e
a fada.
Eis aqui o
testemunho,
coletado no ano
de 1849, de uma
senhora que vivia
em Arinthod
(região
pertencente a
França):
"Um de nossos
criados, chamado
Félicien, foi
levar os cavalos
para o pasto no
prado da ilha
onde vivo e
avistou pequenas
senhoritas
brancas. Era
época da seca do
feno.
Havia pilhas de
feno amarrados e
soltas na
pradaria e lindas
sílfides dançavam
ao seu redor, tão
rápidas, de um
modo tão
gracioso, que era
uma maravilha.
Nosso bom
Félicien ficou
fascinado com o
grande
espetáculo.
Voltou para casa
com um ar de
encantamento
inexplicável e
nos descreveu o
melhor que pode a
beleza, a graça e
a natureza
diáfana daquelas
pequenas
criaturas de
Deus; e tão belas
eram que havia se
apaixonado por
elas no ato. De
bom grado havia
pedido uma em
casamento, por
seus traços, por
sua elegância,
pelos diamantes
de todas as cores
que brilhavam em
seus dedos, seus
braços, no
pescoço, na
cintura...."
O s amores que
ligam as fadas e
os homens a
maioria das
vezes, estão
fadados ao
insucesso, pois
os seres dos
Reinos das Fadas
e os humanos
pertencem a
universos
diferentes e só
podem
encontrar-se em
lugares incertos
que determinam a
fronteira entre
esse mundo e o
outro.
Nos relatos e
contos
novelísticos, a
fada sempre
aparece ao herói
no coração de um
bosque sombrio,
perto de uma
fonte ou de um
arroio. O homem
está sempre só,
perdido,
debilitado, e não
tem nenhuma
possibilidade de
resistir a ela,
bela como
nenhuma, e se
oferecendo desse
modo. No mesmo
instante esquece
qualquer outra
paixão terrena e
se entrega de
corpo e alma a
sua nova
Dulcinéia. Pede
sua mão e nada
parece poder
desfazer o
sucesso dessa
mútua paixão.
O amor da fada
por seu
companheiro
humano é total, e
é de uma
fidelidade a toda
prova. Pode
permanecer com
seu eleito até o
final dos tempos.
Evans Wentz evoca
um caso de uma
fada que não
vacilou a
acompanhar seu
amante mortal até
a América do Sul.

REGRAS FEÉRICAS

Entretanto, a
felicidade dos
apaixonados em
geral, é de curta
duração. A
aliança com a
fada está sujeita
a condições que
os mortais
costumam
desrespeitar. Não
que sejam
particularmente
complexas ou
difíceis de
satisfazer, ao
contrário. As
regras que regem
o Reino das Fadas
são banais e
inclusive
insignificantes.
Os mortais as
tomam como
caprichos da fada
e não lhes
prestam muita
atenção. Não
demoram muito
para
transgredi-la,
sem se darem
conta, violando
assim seu
juramento,
perdendo para
sempre o amor da
fada e deixam de
ter acesso
definitivamente
ao Reino das
Fadas, que lhes
havia entreaberto
a porta de seus
domínios
encantados. De
volta a sua
condição
primitiva de
simples mortais,
vagam pelo mundo
como almas
penadas antes de
morrer de
tristeza e
nostalgia.
Entre os tabus
que regulam as
relações entre
fadas e mortais
podemos citar a
proibição de
chamar o ser do
Reino das Fadas
pelo nome, de
evocar sua
existência diante
uma terceira
pessoa, de
pronunciar certas
palavras ou
aludir a certas
pessoas em sua
presença, de
recordar-lhe suas
origens, pegá-lo
ou tocá-lo com um
objeto de ferro.
A menor infração,
a fada desaparece
e abandona seu
amante de carne e
osso a sua triste
sorte.

O AMOR ÉLFICO

Também os elfos
buscam
ardentemente o
amor das mortais.
Na Irlanda se
conhece um elfo
chamado Ganconer,
nome que
significa "o que
fala de amor",
jovem de olhos
negros e
brilhantes, cujas
belas palavras
seduzem as jovens
que andam
sozinhas pelos
bosques, ao cair
da noite. Pobre
daquelas que se
deixam abraçar
por ele, pois não
tardarão a morrer
de languidez,
depois que seu
amante élfico a
saciar de
carícias! Um
provérbio
irlandês afirma:
" Quem encontra
Ganconer pode
tecer seu
sudário".
Outro elfo, esse
originário da
Escócia, se
vingou cruelmente
de uma mortal que
havia lhe jurado
amor. O elfo
desapareceu por
sete anos,
contando com a
fidelidade de sua
amada.
Entretanto, essa
terminou por
cansar-se de
esperar e casou
com outro homem,
do qual teve um
filho. Ao seu
regresso, o elfo
fez de tudo para
seduzir novamente
a jovem. Propôs
raptá-la e fugir
em um navio de
ouro que
navegaria
empurrado por um
vento mágico. A
mulher abandonou
o marido e o
filho para
embarcar com o
amante. Mas,
assim que
zarparam, o elfo
suscitou uma
terrível
tempestade. O
barco afundou e a
mulher infiel com
ele.
Os elfos nem
sempre são
belamente jovens,
muitas vezes
possuem alguma
deformação
física, podem
apresentar os pés
tortos ou
voltados para
trás, orelhas
pontiagudas, rabo
de vaca, não
terem nariz ou
serem estrábicos.
Desde os
primeiros tempos
clássicos, as
lendas das
visitas de deusas
e ninfas a
mortais humanos e
sua relação com
amorosa com eles
sempre comoveu a
humanidade por
sua tragédia e
esplendor; pois o
final de todas
essas relações
entre
imortalidade e
mortalidade têm
sido trágico.
Texto pesquisado
e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia:
Diccionario de
Las Hadas -
BRIGGS, Katharine
Hadas y Elfos -
BRASEY, Édouard
Ancient Legends
of Ireland -
WILDE, F.S.


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