O ESCRAVO QUE SALVOU A SENHORA

Adalberto Pio Souto, conta nas "Lendas do Caverá" a lenda que se segue:

Sob a base granítica do morro do Sol, em dos cumes mais elevados da Serra do Caverá, justamente na face voltada para o Oeste, sobressai uma grande pedra, que ferve em franco minadouro, uma puríssima água, absolutamente negra.

Tal líquido corre deslizando pela montanha, formando um regato, que contorna o monte de seu nascedouro, estendendo-se em seguida, por entre vales, mais ou menos profundos.

Depois de percorrer, aproximadamente setenta quilômetros, abisma-se em grande caverna, entre dois rochedos e ressurge ao pé de um grande lago que existe na frente da Estância  da Serra.

Apesar da coloração da água ser negra, ela não mancha, pode-se lavar alva toalha de linho que mais limpa e alva ficará. As mãos que a tocarem, não mudará de cor e os animais podem beber dela sem temor.

O gosto é igual ao de qualquer água de fonte cristalina.

Contam os moradores da região, que no local onde hoje corre o líquido cristal negro, fora, em tempos já longamente afastados, assassinado e enterrado um escravo africano, por ter evitado que seu cruel senhor batesse de látego na própria esposa.

Os escravos que conviviam com a família, principalmente com as crianças e as senhoras das fazendas, presenciavam os maus tratos diários que sofriam, principalmente as mulheres nesta época. Mas, com certeza, eram poucos os que se arriscavam à defendê-las, pois sabiam que não viveriam o suficiente para se arrepender do ato bravio.

Hoje já existe inclusive legislação que protege aa mulheres da ira de seus maridos. Mas, o que ainda falta para elas é coragem para denunciá-los.

Texto pesquisado e desenvolvido por

Rosane Volpatto