REINO SUBTERRÂNEO DOS ELFOS


Quando não residem em suas ilhas
encantadas, os elfos vivem embaixo da terra, especialmente na Irlanda, Escócia,
a ilha de Man e o País de Gales. Parece que em certas épocas do ano, e em
determinadas circunstâncias, é possível ver os "sidhes" e entrar em contato com
eles.
Em função das fases da lua, as
moradas ocultas dos elfos de Highlands surgem da terra e permanecem sustentadas
na cúspide de colunas. Então é possível distinguir as silhuetas de seus
habitantes e perceber o som de sua voz e da sua música.
Para se ver a entrada das casas
dos sidhes, é recomendável realizar nove vezes a volta na colina e na noite de
lua cheia. Então a porta de sua morada se abrirá. Senão, é possível colocar a
orelha no solo. Se estiver dotado de boa audição, poderá perceber os ecos das
diversões que animam ao Povo Pequeno.

As "Colinas Ocas" servem de
residência para os elfos, de esconderijo para os tesouros dos anões, de
cemitério das fadas, e também de campos santos. Tem-se notícia de que o
rei Artur, assim como o rei Sil, costuma cavalgar sobre seu cavalo, vestindo uma
armadura de ouro, na colina de Silbury, em Wiltshire. Há uma lenda parecida que
envolve uma colina em Bryn, perto de Mold, Clyd Flint, onde também foi visto um
cavaleiro que vestia uma armadura de ouro.
O povo comenta que as casas dos
elfos são muito grandes e belas, embora invisíveis para os olhos ordinários, mas
como em outras ilhas encantadas, possuem luzes de abeto, lâmpadas que ardem sem
interrupção e fogos que não têm nenhum combustível que os mantenha acesos.
Entretanto, os elfos da colina não
gostam de ser molestados e não permitem serem vistos por simples humanos. Os
observadores devem ter paciência e serem discretos. Se conseguirem ganhar a
amizade e a cumplicidade do povo invisível, tudo irá bem. Dormir no alto da
montanha enquanto os elfos celebram suas festividades era um meio muito bom de
obter um passaporte para o seu país.

A CORTE DOS ELFOS
Giraldus Cambrensis, autor galês
do século XII, descreve os elfos como um pequeno povo de cabelos claros, belos
rostos e porte digno, que vivem em uma região escura em que não há sol, nem lua,
nem estrelas. Falam pouco e sua maneira de expressar-se é através de um sibilo
claro. As mulheres fiam habilmente, tecem e bordam.
Os Sidhes da "tribo de Dana"
possuem em sua corte magníficos palácios subterrâneos sepultados embaixo das
colinas da Irlanda. Dagda, o soberano supremo dos Thuatha De Dannan", vivia no
mais belo deles, o palácio de "Brug na Boinne", no qual se dizia conter três
árvores que davam frutos em todas as estações, um copo cheio de um néctar
delicioso, um caldeirão mágico e dois porcos, um vivo e outro assado a ponto de
ser comido a qualquer hora do dia e da noite. Nesse palácio nada envelhecia ou
morria. Imortais e eternamente jovens, os Thuatha De Dannan não conheciam a
doença e a velhice.

Se diz que os mortais que têm
acesso aos seus palácios encantados, podiam saborear a plenitude do eterno
presente e da primavera permanente. Assim foi o que aconteceu com o célebre
herói irlandês Finn e seus seis companheiros quando foram atraídos para um dos
palácios secretos por uma fad que havia se metamorfoseado em cervo quando eles
estavam caçando. Nesse palácio viviam belas ninfas e seus apaixonados. Se tocava
uma música maravilhosa, havia abundante comida e bebida, e os móveis eram feitos
de cristal. As vezes, esses palácios estavam dissimulados no fundo dos lagos;
quando a água estava clara e pura, podia-se ver na superfície os reflexos das
torres das belas construções submarinas.

A MÚSICA DOS ELFOS

Os maravilhosos palácios dos elfos
servem de morada para poetas e músicos extraordinários. O próprio São Patrício
que cristianizou a Irlanda declarando uma verdadeira guerra contra os sidhes,
escutava maravilhado a música dos elfos. Um dia, sentado em um monte, em
companhia do rei de Ulidia e alguns nobres, viu aproximar-se um homem vestido
com um manto verde com pregas presas a uma fivela de prata e uma camisa de seda
amarela, carregando uma espécie de harpa.
-"De onde vens?" - lhe perguntou o
rei.
-"Do palácio subterrâneo de Bodhb
Derg, do sul da Irlanda".
-"E quem tu és?"
-" Meu nome é Cascorach, filho de
Cainchinn, e eu sou como meu pai, bardo da corte dos Tuatha De Dannan".
De imediato pegou sua harpa e dela
saiu sons tão belos que tanto o rei como toda a sua corte caíram em um sono
mágico. Ao despertar, São Patrício confessou ter apreciado muito o concerto da
Cascorach:
-"Era uma música verdadeiramente
bela, por desgraça infestada com alguns sortilégio feérico, fora isso, nenhuma
música me parece mais próxima da harmonia celestial."
Essa música encantada dos elfos
era tão famosa na Irlanda que mais de um humano tentou ser admitido na corte dos
Tuatha De Dannan, só para poder receber educação musical. Ao que parece, os
melhores violinistas e gaiteiros da Irlanda obtiveram seu saber entre os elfos.
O povo conta a história de um
violinista medíocre que tinha o costume de ir até às sombras das colinas
encantadas, só para aprender melodias novas. Quando regressava ao povoado,
retirava de seu violino uns tons endiabrados que faziam dançar as moças e os
moços durante noites inteiras. Inspirado pelas fadas e os elfos, esse músico
tornou-se uma grande celebridade, porém não tardou a ficar deprimido e desejar
morrer. A música dos elfos é belíssima, mas melancólica e desperta naqueles que
a escutam uma nostalgia tão profunda que acabam perdendo o gosto pela vida
normal.
Os elfos e as fadas tocam vários
instrumentos musicais: o violino, a harpa, o pandeiro, o címbalo e a guimbarda
(harpa de boca). Acredita-se que toda a música acompanhada de canções teve sua
origem no mundo feérico.
Texto pesquisado e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO
 
 


 

|