FACHAN

Este duende peculiar das terras altas de Argyll, na Escócia, tem um olho, uma mão, uma orelha, um braço e um dedo do pé. Tem um único fio de cabelo no topo da cabeça, sobre o qual Campell diz que era "mais fácil tirar uma montanha do lugar do que dobrá-lo". Campell também chama a atenção para a possível influência de criaturas da tradição árabe como Nesnas ou Shikk, descritas como "metade de um ser humano" (tem meia cabeça, metade de um corpo, um braço, uma perna) e pula com uma perna com muita agilidade.

As vezes empunha um taco gigante, com vinte correntes e cinquenta maçãs envenenadas presas a elas, com o qual ataca qualquer ser humano que se atreva a aproximar-se de seu reino montanhoso. Odeia todas as criaturas vivas, sobretudo aves, objeto de sua inveja por sua faculdade de poder voar.

Um ser semelhante aparece em um relato galês do Mabinogion: Cynon, cavalgando pelo bosque, chegou a um monte que estava em uma clareira. Ali viu sentado um homem enorme e negro com um pé, um olho no centro da face e um grande porrete de ferro. Com a arma atacou a um veado e logo deu um grito que convocou a centenas de animais silvestres na clareira, que inclinaram sua cabeça em sinal de reverência ao seu senhor.

Existe também uma raça irlandesa de seres de uma só perna e um só olho  chamados "Formorianos" descritos como os habitantes mais antigos do país, uns bruxos que se misturaram com os Tuatha dé Danaan.

A figura do Fachan faz lembrar a postura dos xamãs celtas, que na hora de lançar sortilégios se seguravam sobre uma perna e fechavam um olho:  aquele que olha até os reinos interiores e mantem uma perna elevada simbolizam não se acharem inteiramente em um reino ou em outro. Os druidas adotavam essa postura quando cortavam o visco com uma foice de ouro. Quando talhavam em estacas sortilégios ogham, permaneciam sobre uma perna e usavam um braço e um olho para imitar a postura da grua, ave mágica associada com as ogham, porque se diz que a posição de suas patas em voo inspirou tais letras.

RITUAL

É possível encontrar o eremita Fachan através desse simples ritual.

Tente encontrar um local silencioso em que possas relaxar. Sente ou deite comodamente e inspire e expire por três vezes e depois tente escutar as batidas de seu coração. Nesse momento imagine estar em um local pantanoso, sombrio envolto em uma névoa que se move e gira ao teu redor. Reina um silêncio sobrenatural. E então, um pouco a frente, percebes um movimento entre os juncos. Iluminado por um pequeno facho de luz, vês um fachan que te aguarda.

Quando chegares até esse ser, ele te levará caminhando lentamente pelo pântano, parando algumas vezes para esperar que o alcances.

Ao término de um tempo, a névoa se abre para revelar que alcançaste a entrada de uma ilha encantada. O fachan está ali, entre as árvores, como se montasse guarda. Você terá que dizer uma senha para conseguir entrar. Pronuncie e primeira palavra que venha à tua mente. O fachan vai para o lado e te deixa entrar.

Começas a ver que árvores, tocos e rochas estão marcados com símbolos. Memorize o que dizem, pois possuem um significado para ti.

Quando achares que já viu tudo que desejas, manifeste tua gratidão ao fachan. Deixe então que a cena vá se apagando de tua mente e retorne a consciência de vigília. Assim que possível, escreva os desenhos dos símbolos que contemplastes. Quem sabe agora compreenderás o significado que tem para ti.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO