XOCHIQUETZAL,
DEUSA DO AMOR E DA BELEZA

Xochiquetzal
significa "flor preciosa". Ela é a Deusa das flores, do
amor, do canto, da dança, criadora de toda a humanidade e intermediadora
dos Deuses. Era
considerada
ainda, a versão
mexicana de
Afrodite. Era
ainda uma virgem
da Lua, a Deusa
Tríplice
completa, e
possuía um
filho-amante
muito semelhante
a Adônis.
Sua
morada está
localizada em Tamoanchan
(uma montanha),
depósito das
águas universais
da vida em que o
homem deposita os
zoospermas. Lugar
parasidíaco,
adornado de
flores, de
fluentes rios
azuis e onde
cresce a
xochitlikakan,
a árvore
maravilhosa que
basta os
apaixonados
descansem debaixo
dela ou toquem
seus galhos e
suas flores para
que sejam
eternamente
felizes. É também
a padroeira do
dia 21 do
calendário
asteca.
Foi mulher do Deus Tlaloc,
Deus da chuva, mas acabou sendo raptada por Tezcatlipoca que
a levou aos nove céus. Permanecia um determinado tempo sobre a
Terra, mas depois retornava ao seu lugar de origem.
Seu
templo estava dentro do templo Maior de Tenochtitlan. Embora
pequeno, reluzia entre bordados, plumas, pedras preciosas e adornos
de ouro.
Xochiquetzal
tinha o poder de perdoar. A seu templo iam as mulheres grávidas,
depois de tomar um banho lustral, para confessar seus pecados, pedir
seu perdão e ajuda.
Em sua homenagem são
celebradas grandes festas, nas quais se ofereciam flores,
especialmente calêndulas. Teve vários nomes incluindo Ixquina e
Tlaelquani. Vivia no alto da montanha dos nove céus.
Xochiquetzal era
chamada pelas mulheres astecas como "A Senhora com saia de penas
azuis" ou "A Mãe das flores" e era venerada com oferendas de
pequenas figuras de barro.

MITOLOGIA
Xochiquetzal, a Virgem da Lua, é a Deusa dos prazeres do amor e dos
pecados, das diversões, das danças, das canções, da arte, da fiação
e da tecelagem. Ela é a Deusa da união conjugal, bem como a
padroeira das prostitutas. É freqüentemente comparada com a Deusa urobórica
dos primórdios.
A identidade de
virgem como mãe urobórica primordial, aponta, para a figura da
Grande Mãe original considerada como virgem. De acordo com essa
identidade arquetípica, ela também é considerada a "primeira mulher
a ter gêmeos", assim, é a mãe primordial do princípio dos opostos de
vida e morte, morte e ressurreição, tais como foram todas as figuras
das mães primordiais da humanidade.
O casamento
arquetípico da Grande Mãe com o filho que surge como deus da luz, do
milho e das flores, também é celebrado no México; aqui, novamente,
uma filha Deusa rejuvenescia aparece ao lado da divindade maternal
terrível, à qual é idêntica. Esse é o motivo pelo qual Xochiquetzal,
a jovem Deusa-Lua virgem do amro e das prostitutas, é freqüêntemente
comparada, e de uma forma bem clara, com a Deusa urobórica dos
primórdios.
Um lindo
conto, que conservou uma grande quantidade de seus traços
primordiais, apesar das modificações históricas pelas quais passou
mais tarde, nos diz que:
Quetzalcoatl e sua irmã, que os demônios levam até ele, são
embriagados. Entretanto, os verdadeiros antecedentes do delito
cometido, cuja plena implicação permaneceria, de outro modo,
incompreensível, são esclarecidos por uma história segundo a qual os
demônios teriam levado até ele uma "prostituta" chamada Xochiquetzal.
Essa prostituta é a própria Deusa do amor e das meretrizes, idêntica
à Grande Mãe, e Quetzalcoatl, seduzido por ela, torna-se Xochipilli,
o príncipe do milho e das flores, isto é, da sedução exercida pela Deusa Mãe
ele regride ao estado de seu filho-amante. Ele é representado sob um
aspecto fálico como um deus que se posta entre a noite e o dia,
levando como símbolo um báculo com corações nele espetados,
semelhante ao juvenil Eros-Amor. Tal como no Egito, o sol matutino
juvenil pertence ao céu noturno maternal; e, como príncipe das
flores, refere-se à Mãe Terra da mesma forma que os jovens amantes
fálicos da mitologia européia e asiática. Xochipilli é, pois, o
amante da Madona asteca Xochiquetzal que, por sua vez, também o leva
em seus braços como filho.
Depois de
ter cometido o delito, o Quetzalcoatl, entoa o lamento por si mesmo,
no qual revela as circunstâncias antecedentes de seu crime:
"Ele
compôs um lamento, um canto fúnebre,
Acerca de
sua partida e cantou:
Ela me
leva comigo, como se fosse seu filho,
Ela,
Nossa Mãe, a Deusa com seu manto de serpentes. Eu choro."
Aqui vemos
claramente, que o Feminino mostrou-se mais forte que o Masculino,
como terra de origem, mãe e também como irmã-amante, responsável
pela embriaguez. Na verdade, o Feminino também surgi aqui em sua
forma dupla; entretanto, como figura de transformação da irmã ainda
não se diferenciou da figura da mãe elementar, o Feminino torna-se a
Mãe Terrível, sinistra e fatídica.

Encontramos mais uma
constatação da relação do jovem deus do milho com sua mãe na festa
do equinócio da primavera, em que o jovem Xochipilli é o adversário
da terrível Deusa Terra do solstício do inverno, no jogo de bola
sagrado.
O sentido da festa é
cósmico, o triunfo do deus jovem do poder primaveral ascendente sob
o aspecto velho da Mãe Terra. Esse significado cósmico está ligado a
fertilidade, pois o crescimento do grão e a consciência, a luz e o
sol são dimensões arquetípicas correlacionadas.
O objetivo do jogo
era dirigir a bola, mediante manobras complicadas, através de um
anel de pedra, associando-se com o ato sexual. Essa interpretação é
corroborada pelo fato que o anel era chamado de "fonte' que vertia
água. A união de filho e mãe leva à fluida fertilidade do útero
materno, da fonte, que é ao mesmo tempo um símbolo urobórico e
bissexual do ato criador. A água, fluente e fecundante, é, por um
lado, masculina, mas a fonte como um todo é um símbolo uterino da
terra feminina prenhe, que dá vida a riachos e rios.
No incesto com sua
mãe, o herói concebe a si mesmo. Mas, uma vez que o filh-amante
sucumbe à Grande Mãe no "incesto matriarcal", é profetizada uma
morte prematura para o triunfante "varão de sua mãe'.

ARQUÉTIPO DA
MULHER JOVEM-VIRGEM
Xochiquetzal
representa o arquétipo da mulher jovem no auge de sua potência
sexual. Ela é a amante divinizada. Deusa extremamente feminina, é
a própria personificação da sensualidade. Sua esfera de ação
alcança o canto, a dança e a alegria. Ela é também a Deusa dos
pintores, escultores e bordadeiras. É a deidade da adivinhação e
estava relacionada com a água. Xochiquetzal era a Deusa primordial
que protegia os amores ilícitos. Em todo e qualquer tipo de
atividade amorosa, esta Deusa é protetora.
A
identidade da virgem como a mãe urubórica primordial aponta para a
figura da Grande Mãe original, considerada como virgem. De acordo
com essa identidade arquetípica, Xochiquetzal é a mãe primordial do
princípio dos opostos de vida e morte, morte e ressurreição, tais
como foram todas as figuras das mães primordiais da humanidade.

ARQUÉTIPO DA
MULHER GUERREIRA
Xochiquetzal,
como a maioria dos Deuses, forma parte de uma dualidade, que
compartilha com o deus do canto,
Xochipilli,
as atividades artísticas e do fogo. É pois, por oposição, por
dicotomia, que a Deusa se associa com os Deuses guerreiros. A
unidade desse dualidade é o princípio guerreiro.
Convém
acrescentar que a aparência desta deusa é de uma guerreira,
carrega escudo, bandeira, flechas e um cinto multicolorido na
cintura. Xochiquetzal foi a primeira mulher a morrer na guerra. E,
morrer na batalha implica em dizer, que esta Deusa-Mãe foi a
primeira mulher a ser sacrificada, já que a guerra foi instaurada
pelos deuses nos primórdios dos tempos, para que o Sol tivesse, por
meio de sacrifícios, a sua comida: o sangue e os corações.
As
mulheres que morriam durante o parto eram os equivalentes femininos
dos guerreiros mortos nos campos de batalha. E entre os mexicanos,
não há dúvida, que se celebra a maternidade, uma maternidade
particular, exaltada quando havia um desenlace fatal e que vinha a
constituir-se um paralelo da proeza masculina guerreira. Se trata de
um exemplo típico do conceito da dualidade-unidade tão fundamental
para o pensamento náhuatl.

SUAS
FESTAS

Nas festas
em homenagem a essa Deusa, participavam as sacerdotisas e
guerreiros. Nestas festividades era sacrificada uma donzela em "nome
do amor".
Durante a
festividade de
Atamalqualiztli para honrar
Xochiquetzal
se adornava o templo de
Huitzilopochtli com ramos e
flores, entre os quais
apareciam dançando e
bebendo seu mel, jovens vestidos de pássaros e mariposas.
Nas festividades de
Tepeihuitl os pintores, os tecelãs, bordadeiras e pessoas de outros
ofícios deviam confessar seus pecados, fazer penitências
e banhos
rituais purificadores; aos que não obedeciam essas obrigações a
Deusa mandava como castigo sarnas, feridas incuráveis e outras
enfermidades contagiosas.
Muito
importante foi o seu culto!
FEITIÇO DA LUA
Xochiquetzal é a Deusa Virgem da Lua, que tem o poder de atrair para
você o verdadeiro amor. Esse feitiço serve para determinar se a
conquista de um amor vale a pena.
Com tinta
marrom, rosa ou verde, escreva as seguintes palavras mágicas em um
pedaço de papel:
Em uma
floresta no céu,
cresce a
xochitlikakan,
a árvore
dos apaixonados.
Sorrio
para a Lua
Ajoelhada
(ajoelhe-se)
para
saber sobre o ser amado.
(Diga
para a Lua)
Brilhe,
ofusque,
Venha, ó
luar
A
incerteza no coração
Começa a
me preocupar
Prata
para o ódio
Ouro para
amor
Mostre um
anel
No alto
do céu.
Em uma
noite de lua cheia, saia ao ar livre ou vá até a janela onde possa
banhar-se à luz da lua e recite o feitiço. Quando disser o primeiro
verso, visualize a árvore da deusa
Xochiquetzal
bem florida. Quando tiver terminado o feitiço, levante os olhos para
a lua, procurando um sinal.
Observe
que a polaridade amor-ódio no feitiço indica sim-não, o ódio
portanto, não deve ser interpretado como se a pessoa a odiasse
literalmente. Um anel ou brilho prateado em torno da lua indica
"não". Nesse caso, você não deve buscar o interesse do seu atual
amor. Um anel ou brilho dourado diz: "Vá em frente!"

RITUAL PARA DANÇAR E CANTAR
Essa ritual ajudará a aumentar seu
talento para a dança e para o canto e também incrementará seu
desfrute deles. Xoquiquetzal é jovem, bela e sensual, assim que
invocá-la com esse ritual a tornará sexualmente mais atrativa como
bailarina ou cantora.
Os astecas realizam um grande
festival em celebração à Xochiquetzal, na qual usavam máscaras de
animais ou flores. Confeccione uma máscara similar usando uma
cartolina ou de tela rígida (pode comprá-la pronta). Uma máscara que
cubra os olhos, mas pode usar uma máscara inteira também. Abra
pequenos orifícios na parte lateral da máscara e passe elásticos por
eles, isso manterá a máscara no lugar.
Decore sua máscara para que pareça
uma borboleta, um pássaro ou algum outro animal. Se possível
incorpore algo real do animal em questão, por exemplo, algumas penas
ou um pouco de pelo de gato. Use a máscara enquanto dança e canta em
torna de sua casa ou pátio, e ao mesmo tempo que o faz, sinta como o
espírito de Xochiquetzal entra em você.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
ROSANE
VOLPATTO
Bibliografia:
El Libro de las Diosas - Roni Jay
América Pré-Colombiana - Joathan
Norton Leonard
A ilustração da Deusa
é de autoria de Jonathan Higareda



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