DEUSA VAR

DEUSA VAR

VAR é uma Ásynjur, uma deusa dos Aesir na mitologia nórdica. Seu nome é relacionado às palavras norueguesas varda, "garantir", varar, "contratos e juramentos" e vardlokur - "canção de proteção". Em alemão wahr significa "verdadeiro", enquanto que em inglês aware indica "percepção consciente". 

 

Var representa a deusa nórdica cujas as funções eram semelhantes a deusa Héstia (que ouvia todos os juramentos e garantia seu cumprimento) e personaliza o conceito idealizado da verdade e justiça. Seu título era "A Cautelosa" e ela ensinava prudência e lealdade. 

 

Var testemunha os contratos e os juramentos, principalmente entre homens e mulheres. Ela também pune transgressores e os perjuros: sua missão é fazer respeitar a verdade. Sua proteção é mais moral do que física, pois ela zela pela integridade do espírito.

Seu poder se manifesta nas palavras que usamos para expressar nossas intenções, decisões, promessas e afirmações, pois a energia dos sons se concretiza no mundo material pelas ações. Ela recomenda cautela ao se assumir qualquer tipo de compromisso, pois sua tarefa é castigar aqueles que traem seus juramentos.

 

O casamento unia duas famílias e os respectivos clãs que depois iam partilhar sua honra, sorte e destino, por isso as escolhas dos parceiros eram feitas com muita cautela e com consentimento de todos os familiares. Além dos presentes pré-nupciais para os pais e os noivos, o marido devia dar um presente especial para sua esposa no dia seguinte à união, selando assim uma concretização física e espiritual. Se o casamento fosse desfeito posteriormente, os presentes eram devolvidos aos doadores, sem que os ex-noivos guardassem alguma coisa devido ao seu simbolismo era festejado com comida e bebida, aos brindes feitos de maneira formal e sagrada, usando o simbolismo de bragarfull, o cálice sagrado das antigas cerimônias.

Se não fosse dada a devida importância aos compromissos e promessas, o poder das palavras e intenções era anulado, mesmo se este fato não fosse reconhecido. Os nórdicos (assim como os celtas) sabiam que o espírito era fortalecido a cada vez que as ações refletiam as intenções das palavras, bem como ele enfraquecia quando as promessas não eram seguidas. As mentiras e o não comprimento das promessas diminuíam a força mágica das palavras, que não mais se repercutiam nos níveis sutil e por isso as intenções e os pedidos expressos nos rituais não se concretizavam, por não rebarlizarem no plano astral. Os povos antigos conheciam e respeitavam tanto o poder, quanto o perigo oculto contido nas palavras e na troca de presentes e votos, evitando assim a incidências dos efeitos negativos em consequência da quebra de um compromissos.

 

 

 

Acreditava-se que Var residia no calor e no brilho das lareiras, era descrita como uma aparição fugaz e luminosa, invocada em todos os acordos e compromissos familiares e tribais.

Para atrair sua benção eram ofertadas ao fogo guirlandas de ervas aromáticas trançadas com fitas, nas quais eram inscritos os compromissos. Para selar o acordo, depois eram entoados cânticos e se brindava com hidromel em chifre de boi.   

Var está presente em Edda poética, compilada no século XIII de fontes tradicionais anteriores; a Edda prosaica, escrita no século XIII por Snorri Sturlusin e kennings encontrados na poesia escáldica e uma inscrição rúnica. Os poemas escáldicos eram compostos e cantados ou declamados pelos poetas escaldos, abordando acontecimentos atuais e usando um estilo abundante em metáforas, rico em sinônimos poéticos (heiti) e substituições poéticas(kenning).

ESCALDOS FAMOSOS

Alfredo, o Poeta Perturbado (escaldo islândes, 965 -1007)

Egil Skallagrimsson (escaldo islândes, 900 - 992)

Eyvind Skaldaspillir (escaldo norueguês, 915 - 990)

No poema da Edda poética Þrymskviða, o jötunn Þrymr invocou a benção de Var depois de que sua "noiva"(que realmente é o deus Thor disfarçado como a deusa Freya) seja santificada com o martelo roubado de Thor, Mjölnir, em sua boda:

 

Disse então Thrym, senhor dos gigantes:

Traga o martelo, consagra a noiva,

e coloca a Mjöllnir em seu colo,

consagrados juntos, em nome de Var".

 

 

Var, como testemunha dos juramentos, se assemelha aos deuses Tyr, Thor e Ullr, mas ela não se limita apenas aos compromissos formais e públicos, abrange também os informais e particulares. Sua presença sutil registra todas as palavras e promessas, mesmo as feitas de forma leviana ou impensada, aconselhando cautela e respeito para não enganar ou iludir alguém. Var não é uma deusa punidora e cruel, mas a intermediária entre causa e efeito, palavras e consequências, a retribuição sendo proporcional às intenções que lhe deram origem.  Sua natureza era digna, austera e firme, sem ter a compaixão ou consolo dado por outras deusas; por isso não era invocada sem que a pessoa tivesse certeza de que os compromissos por ela assumidos e as promessas feitas seriam realizados.

 

Animais totêmicos: águia, dragão do fogo (firewyrm)

Cores: amarelo, laranja, vermelho.

Árvores: macieira, sabugueiro.

Plantas: aromática, hera.

Pedras: cornalina, ágata, citrino, topázio, granada.

Data de celebração: 13/11.Símbolos: lareira, chama do fogo, aliança, contratos, juramentos, guirlanda de fitas, chifres de boi, hidromel, ervas aromáticas para queimar nas brasas.

Runas: kenaz, gebo, tiwaz, othala, cweorth, ziu.

Rituais: para fazer honrar compromissos e juramentos; para atrair a verdade e a justiça; para assistir os acordos; para fortalecer a união familiar e grupal.

Palavras-chave: lealdade.

 

Bibliografia:

Mistérios Nóórdicos - Mirella Faur.