~*~TLAZOLTEOTL (Asteca) - A RAINHA MEXICANA DAS BRUXAS~*~

 

TLAZOLTEOTL (Asteca) - A RAINHA MEXICANA DAS BRUXAS

Tlazolteol como todos os deuses do panteão asteca, têm várias características e está associada a vários elementos segundo o contexto em que se encontra.

 

É a Grande Deusa da Fertilidade, do amor carnal, "comedora de imundices", Deusa parturiente, Deusa bruxa e também associada a lua.

Para esta Deusa convergem quase todos os atributos próprios da Grande Mãe-Terra. É retratada como quatro irmãs, representando os quatros ciclos de vida da mulher (também associada as quatro fases da lua). Ela possui três nomes: um que já nosso conhecido, TLAZOLTEOTL. O segundo era IXCUINA, nome que se dava porque, como já falamos, eram quatro irmãs: a maior era Tiacopan, a segunda Teicu, a terceira Tlaco e a mais moça Xucotin. O terceiro nome que recebia era TLAELQUANI, que quer dizer "comedora de imundices".

ARQUÉTIPO DA MÃE

Mas também, Tlazolteotl como Grande Mãe, tinha o poder de conceber. Existem inúmeras ilustrações e esculturas que a retratam com pernas abertas e o feto no meio delas.

                       

Por ter o poder de dar à luz(deusa da fertilidade), ela é associada à mulher madura. Neste contexto, a fertilidade da mulher tem muitos pontos em comum com a fertilidade da terra, pois a "terra é uma mulher e a mulher é da terra". Ambas encerram dentro de si os mistérios da vida, oriundos do início da Criação. Por isso, esta deusa é considerada a "Mãe dos Deuses"e Protetora das Médicas e Parteiras. Todas as mulheres-mães são representantes materiais da Grande Mãe telúrica, pois cada parto encerra uma versão microcósmica de um ato também praticado pela Terra. A mulher-mãe pratica o mesmo ato primordial da criação da vida sobre o nosso planeta.

Há imagens desta Deusa em que ela aparece envolvida ou sentada sobre uma pele de jaguar,em sentido figurado, este ato nos demonstra o poder que esta governante exerce, sua autoridade, sua dignidade. É ela também a mãe mais amorosa protetora de toda a vida e das criaturas. Também está associada a natureza cíclica da lua. A lua para a maioria dos povos mais primitivos era relacionada com o nascimento, a evolução, a morte, a ressurreição, as água (marés), as plantas, a mulher e a fertilidade. 

O que nos interessa no momento, são os aspectos que influem tanto nos ritmos das plantas como na fisiologia da mulher. Seus efeitos, são identificados na natureza feminina. A crença de que há conexão peculiar entre a mulher e a lua tem sido universalmente mantida desde os tempos remotos. O ciclo menstrual das mulheres tinha correlação com o ciclo da lua, de modo à existir uma estreita e misteriosa ligação entre elas. Do mesmo modo as plantas também são controladas pelos ritmos lunares.

A Lua é portanto, provedora da fertilidade, é o "Lugar dos Mortos", pois é para lá que acreditavam ir depois da morte e é também o "Lugar da Regeneração", pois ela provê tanto o nascimento como a imortalidade. As mães índias do México, por exemplo, seguravam seus bebês para a Lua Nova, implorando à Mãe-lua para conceber às crianças uma vida sempre renovada.

Tais associações nos levam a entender o porque várias deusas da fertilidade são ao mesmo tempo lunares. Na iconografia de Tlazolteotl nos direciona para esta idéia. Aparecem nesta deusa propriedades que a fazem responsável pela sexualidade e seus excessos.

ARQUÉTIPO DA MULHER MADURA

               

Sem dúvida,Tlazolteotl, foi uma deusa de múltiplos desdobramentos, os quais atuam em diferentes arquétipos da mulher mesoamericana dentro da mitologia da deusa. Já mencionamos o que se assemelha com a mulher madura em toda sua plenitude para o ato de procriar. Mas há também, um contexto mais tardio, que se vincula a mulheres de mais idade, conhecidas como "Nossas Avós", que se identificam com a mulher anciã e sábia.

ARQUÉTIPO DA MULHER GUERREIRA

             

Esta deidade, também incorpora o arquétipo da guerreira, muito embora seja um pouco contraditório se pensar em uma mãe com seu filho recém-nascido como guerreira. Mas realmente no Codice de Borgia 63, Cospi 26 y Land 20 mostra a "mulher guerreira" que leva "chimalli" o escudo, bandeira, lança de dardos e uma faixa colorida na cintura associada a guerra e "Cuauhpilolli".

COMEDORA DAS IMUNDICES

Portanto, como "comedora das imundices", Tlazolteotl tinha a função de limpar os pecados dos homens, exercendo o poder para perdoá-los. Sahagún relata em sua História Geral das coisas da Nova Espanha, que depois de que o penitente determinava confessar-se, ia em buscar dos sátrapas (adivinhos que tinham livros de adivinhações, das aventuras dos que nascem, das feiticieras), diante de quem se confessava e dizia que queria chegar à Deus todo poderoso, invocando essa deidade. Existia a crença que no final da vida de um homem ela vem a ele e ao confessar-lhe seus pecados, limpa sua alma comendo-lhe as imundices. Daqui surge o rito da confissão que se pratica ante aos sacerdotes de Tlazoltéol.

Também é considerada representante das fiandeiras, cuja característica principal é a venda de algodão sem fiar. As vezes era representada com uma vassoura nas mãos no mês que se varre, "Ochpaniztli", em que se celebram as principais festas em sua honra.

Em seu aspecto negativo, se apresenta como aquela que atrai enfermidades, podia portar em uma mão uma espiga de milho e na outra um maracá, que era um instrumento ritual para dança da fertilidade, mas que também é um símbolo de doença. Quando um adultério não era confessado pelos que o haviam realizado, estes eram castigados com a morte e recebiam o nome de Tlazolteomicqui, "morto por Tlazolteotl", os homens recebiam o nome de Tlazolteotlapaliuhqui e as mulheres Tlazolteotlcihuatl que dão o significado de torpes, levianos, trangressores castigados pela Deusa que devora as coisas sujas.

Tlazolteotl nos conecta com as imagens arquetípicas da Grande Mãe. Ao ter os atributos de "devoradora de imundices", possui a propriedade arquetípica de destruir o pecado e transformá-lo, reconstituindo e permitindo um novo acesso aos deuses com uma clareza que nos leva a pensar que os feitos considerados como ações negativas tinham um sentido de naturalidade se fossem reconhecidos e enfrentados, o aspecto moral se centrava mais em uma obra de purificação do que o pecado propriamente dito. Ocupa ainda, um lugar importante como sacerdotisa, é a que varre, limpa o caminho, entra em ação e é padroeira do misterioso ofício da confissão. Alem disso, é o arquétipo da Deusa amante e sedutora, ao ser representante dos aspectos carnais, em sua condução da sexualidade inclusive ante do amor como aprendizagem e como função sagrada. Considerada também a Deusa permeável dos atributos arquetípicos da criação e da destruição.

Todas as Deusas se mostram como poderosos padrões internos, por isso é tão necessário conhecê-las, já que podem determinar inconscientemente nossa comportamento, além de terem uma história e uma sabedoria para compartilhar. O importante para nós, será descobrir seu poder de cura, já que existem na alma de cada mulher, é nelas que podemos ativar suas qualidades curativas, sua segurança e presença, mas não esqueça, que podem também exercer seus aspectos destrutivos.

As mulheres ao integrar os aspectos arquetípicos da Deusa, fortalecem os laços com a própria essência espiritual, sem importar a religião ao qual pertençam. Encontra-se com a Deusa Interior ajudará a quem recorrer à ela a apreciar seu próprio poder, habilidades, herança e beleza.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO