SOFIA,
o rosto feminino de Deus

Sofia em grego, "hohkma"
em hebraico, "sapientia" em latim, tudo sigficando sabedoria. Como
deusa da sabedoria, Sofia possui múltiplas faces: Deusa Negra, Divino Feminino,
Mãe de Deus.
Sofia é um aion (entidade de
poder divino), filha de um par primordial de invisíveis e inefáveis seres
transcendentais, chamados de Profundidade (masculino) e Silêncio (feminino).
Deste par surgiram 30 emanações ou Aions, compostos de um Aion masculino e um
feminino cada. Sofia separa-se de seu par, que em muitas variantes do mito é
chamado de Vontade. Tendo perdido seu gêmeo, o seu amor divino é pervertido em
"hubris" ou orgulho excessivo e arrogante. Ela abandona o caminho do
"coração que compreende" (gnosis kardias) e vai em busca do
conhecimento apenas do poder da mente.
Distante do abraço da
totalidade divina e dos braços de seu consorte, sem ter entendido a natureza do
par primordial, ela se torna convencida da futilidade de seus esforços mal
concentrados. Entretanto, sua paixão pelo conhecimento e seu desejo pelo
pai-mãe tiraram de dentro de seu ser entidades curiosas, que subsistiram como
criaturas vivas e impuras no abismo. Sofia neste instante, parece dividir-se em
duas personalidades; uma mais elevada e outra inferior.
Sofia mais elevada é
purificada e equilibrada, pois encontra-se unida ao seu consorte, restaurando
assim a integridade da ordem divina. A Sofia inferior, em contrapartida,
permanece na escuridão externa, onde ela dá vida à um monstro disforme
descrito como "fruto feminino fraco". Pouco a pouco, numerosos
arquétipos de luz e trevas se acercarão dela. O Demiurgo, tirânico princípio
criador e preservador dos cosmos diferenciado e material, ganha vida, assim como
sua contraparte espiritual, o Jesus Aion. Jesus desce até o universo material,
onde irá resgatar Sofia do domínio do Demiurgo, que a mantém cativa, do mesmo
modo que Teseu aventura-se para salvar a donzela-sábia das garras do
touro-monstro.
A tarefa de salvar Sofia só
se concretiza através do amor sexual e marital entre os dois, que provocará a
purificação e o autêntico despertar. Jesus seria então, um "noivo
celestial" que resgata sua amada. A imagem de Maria Madalena surge aqui,
pois numerosas passagens nas variantes gnósticas dos Evangelhos revelam que
esta figura feminina é a encarnação de Sofia.
Resta-lhe ainda, desculpar-se
com os doze poderes governantes que hostilizou com seus caprichos, ato este
denominado de doze arrependimentos. Sofia chora aos doze poderes e conquista sua
influência poderosa.
Guiada por poderes angélicos
e arcangélicos e sustentada pelo amor de seu noivo Jesus, ela entra em seu
eterno lar de luz e de alegrias sem limites. Assim termina a história de Sofia,
que depois de descer para a alienação e o caos, invocou à Luz, recebendo a
força e a santificação de sua união com Jesus, recupera seu Trono da
Sabedoria.
Do ponto de vista
psicológico, Sofia pode ser definida como a personificação da necessidade de
individualização. Sua história segue o padrão clássico dos quatro estágios
do drama grego: o conflito, a derrota, a lamentação e a redenção ou
solução conseguidas com o contato com o Divino. Este padrão quádruplo é a
manifestação da imagem quádrupla da totalidade, celebrada por Jung.
Sofia, não é somente uma
alma feminina, mas a alma de todas as coisas e pessoas. Todos nós estamos à
procura da nossa totalidade. Assim como Sofia, vagamos por caminhos incertos,
nesta frenética busca. A salvação do homem é a união com a mulher dentro da
sua alma (anima), enquanto que a libertação da mulher depende da comunhão com
seu gêmeo masculino (animus).
Sofia, grávida do
conhecimento, convida-nos para beber de sua taça da sabedoria. Entretanto, o
maior problema das mulheres hoje, é não se permitir abrir-se para o novo, pode
ser para uma chuva que cai descompromissada, para uma nova relação ou um novo
conhecimento. Ficar parada é não correr risco, mas também a vida passará e
você deixou de vivê-la.
É hora de reflexão, de
silêncio e de introspecção. É hora de ouvir e sentir o que nunca ouviu ou
sentiu. O tempo passa para todos nós, mas como gastá-lo é que faz a
diferença.
É somente com a incerteza e o
afastamento de tudo que nos é familiar que processa-se o crescimento espiritual
e, em tais momentos, é que podemos avaliar profundamente nossas vidas. Nem toda
nossa cultura oferece-nos a sustentação para aprofundarmos espiritualmente.
Quando nos dedicarmos a ouvir a nossa Sofia interior, conseguiremos tudo o que
precisamos.
Todos nós homens e mulheres,
já reproduzimos ou ainda vamos reproduzir o caminho de Sofia, a eterna busca do
sentido divino. Jesus disse: "Onde estiver o seu tesouro, aí estará seu
coração". Sofia não buscava somente o sentido da busca, mas buscava
também seu coração.
A figura de Sofia não
desapareceu, ela permanece como a principal inspiração por trás de
inumeráveis simbolizações místicas da sabedoria feminina através das eras.
Sua mão oculta é vislumbrada no culto à Virgem Maria e nas musas femininas dos
poetas sufis. Nossa Senhora Sofia com sua sabedoria de coração que
compreende ainda está desperta!
Sofia
é o mistério da vida
É
o conhecimento do corpo e da alma
Sofia
é sabedoria!
BUSCANDO
À SOFIA INTERIOR
Procure
um lugar em sua casa onde possa não ser incomodada. Sente-se ou deite-se
confortavelmente e feche os olhos. Respire profundamente e solte o ar pela sola
dos pés. Inspire novamente e enquanto solta o ar, sinta toda a tensão sendo
puxada para fora de seu corpo, como um longo fio, pela sola dos pés. Respire
profundamente e solte o ar pela boca. Sinta-se relaxar completamente, um
bem-estar tomará conta de você como uma sensação de calor confortante. Agora
encontre o lugar dentro de você onde mora Sofia. Ela mora em seu coração? Em
sua mente talvez? Em seu útero? Assim que visualizar o lugar vá ao seu
encontro. Sinta o perfume do lugar, a cor, a textura, observe tudo atentamente.
Depois que já se familiarizou com tudo vá encontrá-la que ela lhe espera.
Você
deve perguntar a Sofia tudo que precisa saber. Ao lhe responder agradeça e a
abrace demonstrando seu carinho por ela. Ela lhe dirá que estará sempre pronta
para lhe receber em sua morada, pois ela habita o seu interior. Você portanto
sempre será bem-vinda. Ela lhe dará um beijo na testa e apontará o caminho de
volta. Respire fundo novamente e abra os olhos. Feliz retorno!
Bibliografia
consultada
'A
Pistis Sophia Desbelada' Aun Weor, Samael. Ed. Agni.
O
Novo Despertar da Deusa - Shirley Nicholson
A
Grande Mãe Erich Neumann

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