NORNAS, SENHORAS
DO DESTINO

Conta
a Völuspá da Edda Maior, que os deuses de Asgard viviam uma ditosa
idade de ouro, até que apareceram as três gigantas que os superaram em poder,
já que encarnavam o Destino, ao qual todos estavam sujeitos. Esse trio de
deusas eram três tecelãs que viviam na Fonte de Urd, próxima a uma das
raízes da árvore do Mundo Yggdrasil, eram elas: Urd (o Passado), Verthandi ou
Verdandi (o Presente) e Skuld (o Futuro).
As
Nornas pertenciam ao estrato mais primitivo da mitologia nórdica, vindo da
época mais primal do que a de Odin ou dos grupos de deuses Vanes e Ases. Elas
espargiam água do seu poço de Urd (situado no céu) nas raízes da Árvore do
Mundo, tingindo-a de branco, sendo que as águas de Urd tornavam todas as coisas
brancas. Por renovarem eternamente a sua brancura, essas três irmãs foram
identificadas como uma deusa tríplice lunar, com Urd (a Lua crescnete),
Verdanti (o disco da Lua inteiro) e Skuld (a Lua minguante). Urd é a mais velha
e é freqüentemente descrita como anciã. Verdandi é a mais bonita das três e
Skuld é representada, às vezes, vendada. Elas são encontradas muitas vezes
nos contos do folclore germânico (e também celta), rodeadas de
recém-nascidos, oferecendo-lhes seus dons e profetizando seus gestos.

No
Edda germânico existe o mito de que o feixo do mundo Yggdrasil une a terra.
Quando ela for destruída pelos numerosos animais, que devoram suas folhas, e
pela serpente Nidhöggr, que corrói suas raízes, será o fim do mundo. As
Nornas porém cuidam para que Yggdrasil esteja sempre provida de água fresca
para protelar a sua destruição, mesmo que não consigam evitá-lo.
Nos
poemas épicos germânicos é comum encontrarmos alusões a estas Senhoras do
Destino do tipo: "As Nornas julgaram", "Terrível é a sentença
das Nornas" e "Não se sobrevive uma noite ao veredicto de Urd".
Em
um primeiro momento, a religião dos povos nórdicos, considerava o Destino como
uma força impessoal que atuava cegamente no mundo e que a ela estavam
submetidas todas as criaturas divinas e humanas. Entretanto, as idéias
demasiadamente abstratas tem, em toda a mitologia, uma clara tendência a
personificar-se e assim, encontramos um grande número de figuras como as Disas
ou Disir. Disir era um nome coletivo dado a todas as deidades femininas. As
Disir protegiam e orientavam os clãs e definiam o destino do homem ao nascer.
Esta função de agente do destino, recebeu um nome especial: Norna.
O
fato de surgirem em número de três tem sua explicação na tríplice
articulação subjacente a todas as coisas criadas, porém, refere-se mais
especificamente às três etapas temporais de todo o processo de crescimento:
começo-meio-fim, nascimento-vida-morte, passado-presente-futuro. Por seu
número, também nos recordam as Moiras e as Parcas greco-romanas, pois a
atividade de todas elas é exatamente a mesma: são divinas tecedoras dos
destinos das criaturas que se simbolizam mediante o fio que trançam, medem e
cortam.
Todas
as Grandes Deusas são consideradas tecelãs, tanto para os egípcios quanto
entre os gregos, os romanos, os povos germânicos e os maias americanos. Tendo
em vista o produto elaborado pelas Grandes Tecelãs é a realidade, as
atividades como tecer, trançar, o coser e alinhavar pertencem ao rol das
atividades da mulher que governam o destino, cuja natureza é ser a Grande
Tecelã e a Grande Fiandeira.
O significado de
tecer, como tudo que é arquetípico, é tanto positivo quanto negativo,
portanto as Nornas definiam o destino tanto para o bem quanto para o mal. Duas
das Nornas fiam e enrolam a meada e a terceira corta o fio. Duas das mulheres
são bondosas e clementes, mas a terceira amaldiçoa os talentos. Como Grandes
Mães Fiandeiras, tramam não só a vida humana, mas também, o destino do
mundo, tanto na escuridão como na luz.
Os ingleses
conheciam as Nornas com o nome de "As Irmãs Estranhas". Os
anglo-saxões as chamavam de Wyrd; em alemão antigo, Wurd. Essas Irmãs Estas
deusas sempre foram levadas muito a sério e recebiam sacrifícios de mel e
flores.
Essas Fiandeiras
do Destino, são originariamente, a forma tríplice da Grande Mãe, pois em toda
a parte a atividade de fiar é desempenhada por mulheres.
As mulheres que
fiam e tecem o destino se mantêm vivas, até hoje, nos contos de fada. O seu
comparecimento no momento do parto indica o conhecimento nascido da experiência
de que o homem chega ao mundo com determinadas aptidões ou predisposições que
lhes foram conferidas desde o berço.
FALANDO COM TUA
NORNA INTERIOR

A voz da Norna é
fácil de ser identificada, pois é uma voz viva, que nos faz sentirmos fortes e
nos dá muita confiança e fé. A Norna nos conhece mais do que nós mesmos e
vive conosco desde que nascemos, podendo ainda, ler nossos pensamentos e
sentimentos. E por mais incrível que pareça, só ela conhece o nosso destino.
Mas a
Norna, nem
sempre fala, porque é de poucas palavras e nem sempre surgi assim que a
chamamos, pois ela é prudente e jamais decide por nós. Só nós decidimos e
vivemos a nossa vida. Salvo em ocasiões muito especiais (de morte ou de vida) a
Norna nos avisará de algo, mas sem jamais revelar o nosso destino. Igualmente
ela se calará quando não escutarmos suas palavras. Muitas das suas palavras
emergem na forma de intuição ou inspiração. Portanto, esteja alerta, pois
muitas vezes, sua comunicação se fará através de acontecimentos
"exteriores", ou seja, quando um acontecimento passa a ter uma
conotação bastante reveladora. É o caso quando uma idéia ou algo que uma
pessoa nos fala nos leva à uma grande inspiração.
Você pode estar
agora se perguntando para que escutar a Norna interior? Pois eu lhe digo que só
ela poderá levá-la a encontrar a direção certa de teus sonhos e de teu
destino. Só ela lhe fará sentir-se inteira e feliz, pois lhe ajudará a
compreender que todas as coisas não ocorrem por si, mas sim por alguma causa.
Tudo ocorre por uma razão, cujas causas a maioria das vezes desconhecemos. A
ciência já desvelou algumas, porém há outras mais sutis que só podem ser
compreendidas com a experiência pessoal.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto
Bibliografia Consultada:
O
Novo Despertar da Deusa - Shirley Nicholson
Os Mistérios da Mulher - M. Esther Harding
A
Grande Mãe - Erich Neumann
O
Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Os Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Livro Mágico da Lua - D.J. Conway
O
Medo do Feminino - Erich Neumann
O
Livro de Ouro da Mitologia - Thomas Bulfinch
Mitos Paralelos - J. F. Bierlein
Consciência Solar, Consciência Lunar - Murray
Stein
O
Caminho para a Iniciação Feminina - Sylvia B.
Perera
Rastreando os Deuses - James Hollis
O
Amor Mágico - Laurie Cabot e Tom Cowan
El Libro de
Las Diosas - Roni Jay


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