MOIRAS, AS FIANDEIRAS DO DESTINO
Nós
tecemos a teia
Da
vida e da morte
Trançamos
a meada do destino
Para
todo e qualquer mortal
Estendemos
um fio dourado
Partindo
do Salão do Luar
Firmamos
suas pontas
No
Oriente e no Ocidente
No
Norte e no Sul
Um
arremate é dado ao Meio-dia
Uma
prega é costurada
Na
casa do Alvorecer
O
trabalho finda-se
No
Salão do Sol-Poente.
A
arte de tecer e fiar é obra e projeção da Grande Mãe, que tece a teia da
vida e fia a meada do destino. Como Grande Fiandeira, trama a vida humana, assim
como a escuridão e a luz.
As Moiras, deusas gregas que
estão acima dos deuses do Olimpio, recebem o nome de "Fiandeiras do
Destino". Elas são filhas da deusa tríplice da Noite (Nyx) e segundo
Ésquilo irmãs, por parte de mãe das Eríneas. Seu nomes são: Lachesis,
Clotho e Atropos.
Clotho
é a tecelã, responsável por tecer o destino dos homens com seu fuso mágico.
Lachesis
é a medidora, distribuidora e avaliadora.
Atropos
é a que corta com sua tesoura mágica.
A
Grande Trindade das Moiras também está associada a três fases da vida:
1.
Começo e fim;
2.
Nascimento e morte;
3.
Núpcias.
Há
fatos e momentos que estão ligados exclusivamente à vida feminina, como: o
parto e a morte; o casamento e a morte.
Noutros
o poder das Moiras referem-se aos homens, que na qualidade de guerreiros são
arrebatados pelas teias sangrentas da morte, por elas tecidas. Para os dois
casos, é aplicado o simbolismo mexicano que equipara o destino dos guerreiros
com a morte parturiente, que são vistos como heróis sob um aspecto de harmonia
fatal. Aqui há um entrelace das deusas que tecem o destino com as que devoram
(deusas sanguinárias). As deusas do destino, governam o mundo acima de tudo e
todos, tanto no México como na Índia, em seu útero onipotente.
A
vida de qualquer homem possui: Princípio, Meio e Fim. O comparecimento destas
deusas em número de 3 no nascimento, deve-se a estas articulações.
Os
jogos tarantinos, cerimônias noturnas, celebradas em Roma, eram dedicadas as
Moiras, com o propósito de cura de doenças e infortúnios. Há uma lenda que
conta que elas vivem no Céu em uma caverna vizinha de uma fonte que jorra água
branca, talvez em virtude de seu caráter lunar.

Entre
os germanos, as Moiras são conhecidas como as Nornas. Esse trio de deusas viviam
na Fonte de Urd, próxima a uma das raízes da árvore do Mundo Yggdrasil, eram
elas: Urd (o Passado), Verthandi ou Verdandi (o Presente) e Skuld (o
Futuro).
No Edda germânico existe
o mito de que o freixo do mundo Yggdrasil une a terra. Quando ela for destruída
pelos numerosos animais, que devoram suas folhas, e pela serpente Nidhöggr, que
corrói suas raízes, será o fim do mundo. As Nornas porém cuidam para que
Yggdrasil esteja sempre provida de água fresca para protelar a sua
destruição, mesmo que não consigam evitá-lo.
Os
ingleses conheciam as Nornas com o nome de "As Irmãs Estranhas". Os
anglo-saxões as chamavam de Wyrd; em alemão antigo, Wurd. Essas Irmãs
Estranhas são descendentes diretas das Moiras ou Parcas gregas. Estas deusas
sempre foram levadas muito a sério e recebiam sacrifícios de mel e flores.
Ainda no período medieval, três anéis eram utilizados em rituais especiais
para invocar as Moiras. As três gunas, ou fios coloridos (branco, preto e
vermelho) da Índia, eram entrelaçados a todas as vidas segundo as ordens das
Moiras. Ovídio, Teócrito e outros escreveram sobre linhas da vida com as
mesmas cores na literatura grega.
O destino determina a nossa vida
e ele é com certeza, FEMININO. Os homens sempre souberam que o destino está
nas mãos da Grande Mãe e nós precisamos usar as roupas que ela destina para
nós.
Seguindo
esta linha de raciocínio, o feminino é tecelã e redentora. Isso toda a mulher
sente quando engravida e logo apressa-se a tricotar ou costurar roupinhas para o
seu bebê que vai nascer. Inclusive outras mulheres da família, ou amigas,
sentem a força arquetípica do momento e iniciam trabalhos manuais para o novo
membro que está para chegar.
O
interessante da vida é a surpresa, por isso, não é bom que saibamos tudo
sobre nosso destino. Devemos sempre dar o melhor de nós em cada situação e vivenciarmos
plenamente o aqui e o agora. Se
soubessemos o que acontecerá, quando acontecerá e como acontecerá, que novidade teria
o dia de amanhã? É claro que todo ser humano é curioso e ávido de saber,
desde que comeu o fruto da Árvore do Conhecimento e muitos consultam o oráculo
e as estrelas, o que aliás as divindades antigas já gostavam de fazer. Os
povos antigos também, fabricavam esteiras de junco trançadas e apanhavam pedras claras
e escuras que lançavam em cima dessas esteiras para adivinhar o curso das
estrelas e seu destino. Mas cuidado, muita curiosidade não faz bem à saúde..
à sua e à dos outros!
A
imagem das Moiras, com o passar dos tempos, foi se tornando cada vez mais
abstrata até se converter em uma concepção singular, representando a força
misteriosa do destino. Neste sentido, a Moira era representada algumas vezes
como Änanque" (A Necessidade) ou como "Tique" (A Fortuna) . Mas
apesar deste aspecto de abstração, a Moira conservou algo primitivo de seu
caráter, o de deusa protetora dos partos. Para outros entretanto, ainda
conserva a imagem tradicional das Moiras, como três anciãs irlandesas, imagem
que também é aplicada as Parcas latinas.

RITUAL
Consiga
três fios: vermelho, preto, branco e entrelace-os. Ate as duas extremidades em
separado. Faça-o do tamanho que desejar. Você poderá usá-lo como cordão
para amarrar seus trajes de rituais.
Enquanto
os entrelaça, diga:
"Acima,
abaixo, linhas do destino.
Tanto
na minha vida, como em todas as coisas.
Trançando
o padrão, cedo ou tarde,
Verei
o resultado que as ações trazem."
Beije
a trança quando estiver pronta e amarre-a ao redor de sua cintura, ou coloque-a
no pescoço. Visualize as Moiras ou as Normas nórdicas diante de você. Erga
suas mãos para ela e diga:
"Um
novo ano surge.
As
linhas se entrelaçam,
Para
finalmente revelar meu destino.
Ó
Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para
clarear meu caminho e me libertar.
Que
as velhas coisas feneçam e desapareçam.
Que
o novo chegue me trazendo prosperidade.
Ó
Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para
clarear meu caminho e me libertar."
Durma
com o cordão trançado sob seu travesseiro e preste atenção a seus sonhos. E
esteja para fazer o que for necessário e apropriado para retificar sua vida e
tornar seu caminho mais suave.

O
SIMBOLISMO DA ARANHA

A
aranha, como uma epifania lunar, é dedicada à tecelagem e fiação. Seu fio
evoca as Moiras ou Parcas, mas seu simbolismo é um pouco diferente. Sua teia é
uma imagem do mundo criado e como tecelã se faz senhora do destino. Mas quem é
ela? Seria a aranha a artesã do tecido do mundo, ou do véu da ilusão que
dissimula a suprema Realidade?
Seu
simbolismo encontra-se em muitas culturas do mundo, dependendo do lugar ela pode
vir a ser uma criadora cósmica, uma divindade superior ou um demiurgo.
Considerado
o criador do mundo, mistificador da mitologia do oeste africano, respeitado pela
sua rara inteligência, possui muitos nomes entre eles: Anansi ou Anansê. Esse
deus-aranha é conhecido pelo nome popular de "Mister Spider" (Senhor
das Aranhas). As façanhas deste personagem criaram contos populares na África
Ocidental, que alcançaram às Antilhas, o Haiti e à América do Sul. Anansi
engana outros animais e os homens (pode tomar qualquer forma), mas seu maior
trunfo é o seu profundo conhecimento psicológico de suas vítimas. Confirmando
assim, um antigo provérbio: "A sabedoria da aranha supera a o mundo".
Originalmente, foi Anansi que criou os primeiros humanos, assim como o Sol, a
Luz e as Estrelas.
A
aranha, aparece como mito para os ameríndios Navajos, no qual Nayenezgani
(matador de monstros) e Tobadzistsini (Nascido das águas), os gêmeos
heróicos, em sua viagem com o deus Sol encontram a Mulher-aranha, que os
advertem sobre os perigos futuros e lhes presenteia com penas mágicas para
ajudá-los em sua procura.
Na
mitologia do povo que habita a Ilha Banks (Melásia), Marawa, o
espírito-aranha, é amigo e adversário de outro grande espírito, Qat, o
benevolente. Em versões conhecidas, Marawa representa a morte ou é ele que
traz a morte para o mundo.
Algumas
vezes a aranha é um animal que representa a alma. Na Sibéria ela é a alma
liberta. Para os muícas da Colômbia, a aranha, em um barco feito de teia,
transporta através dos rios das almas os defuntos que devem ir para o Inferno.
Entre os astecas ela é o símbolo do deus dos Infernos. Para os montanheses do
Vietnã do Sul, a aranha também é uma forma da alma, que escapa do corpo
durante o sono. Matar uma aranha é portanto, arriscar-se a matar também um
corpo que encontra-se adormecido.
Na
cultura popular de algumas regiões da França, a aranha algumas vezes traz bom
agouro e pode ser presságio de dinheiro extra. As superstições são
variáveis, há quem diga que ao se ver uma aranha logo pela manhã, é sinal de
chegada de uma tristeza. Mas, se ela for vista à noite, é esperança.
Os
feiticeiros do Congo e de Gana recolhem cuidadosamente suas teias, pois
por ser elásticas e muito resistentes, protegem contra os ferimentos e os
venenos.
Na
baixa Bretanha, afirmava-se que existiam aranhas-duendes, as quais, de dia, eram
aranhas comuns, mas à noite, tornavam-se grandes e podiam até estrangular um
homem, ou se tornarem forma de duende.
texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto
Bibliografia
consultada
O
Simbolismo Animal - Jean-Paul Ronecker
A
Grande Mãe - Erick Neumann
O
Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
A
Deusa Tríplice - Adam Mclean
A
Grande Mãe e a Criança Divina - Angela Waiblinger
Livro
Mágico da Lua - D.J. CONWAY



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