
IUSAAS
Deusa de Heliópolis, cujo nome significava "A que se
torna grande", era concebida como complemento feminino do demiurgo heliopolitano
Atum, criador dos deuses e dos homens, fundador da Ordem do Cosmos. Juntamente
com Nebethetepet, a outra esposa de Atum, segundo especulação teológica,
desempenhou papel crucial como princípio feminino na criação e estabelecimento
do Mundo.
Iconograficamente é representada como um escaravelho
na cabeça. Como mão que agarrou o pênis do demiurgo Atum no momento da criação
pela polução é também chamada "A mão de deus", djeret netjer.
NEBETHETEPET
Sob a designação de "Senhora da Oferenda"
(significado de seu nome), essa Deusa de Heliópolis recobre uma elevada noção
intelectual. Com efeito, deixa de ser perspectivada como uma simples
manifestação da Deusa Hator em Heliópolis para alcançar uma posição mais
significativa, a saber, é a mão do deus-criador Atum que agarrou o seu pênis
para, pela masturbação, trazer o Cosmo à existência. De acordo com esta
intervenção erótico-sexual, o seu nome tem sido visto como significando "A
Senhora da vulva".
Como Iusaas, a outra esposa do demiurgo de Heliópolis,
é encarada como o complemento feminino do criativo princípio masculino
representado pelo deus-sol Atum.
RET
Considerada esposa de Rá, deus-solar de Heliópolis,
Ret era o seu duplo feminino. Foi também chamada Rettaui, ou seja, "Ret das Duas
Terras" ou "O Sol feminino das Duas Terras", deixando antever a sua soberania
sobre todo o Egito, tal como seu marido.
Como divindade, foi criada pelos sacerdotes do
Império Novo e era representada dentro dos cânones de divindade solar: mulher
com cornos de vaca, entre os quais ostentava o disco solar.
Foi-lhe prestado culto em Nag' el-Medamud, onde era
associada a Montu, com sua esposa, tendo como filho Horpakhered.
TEFNUT

Deusa local de Per-Medjed, no Médio Egito (a
Oxirincos do Período Greco-Romano, a moderna El-Bahnasa), capital do 19 sepat do
Alto Egito, no período dinástico, geralmente representada como mulher com cabeça
de leoa, sobre a qual possui o disco solar envolvido pela serpente "uraeus", ou
simplesmente como leoa, o seu animal sagrado. Ocasionalmente, aparece também
representada como o próprio "uraeus", particularmente quando era considerada a
protetora de Rá e do faraó.
Era também protetora de Osíris e dos mortos
justificados, com ele identificados. Por vezes, é iconograficamente descrita
como uma serpente enrolada a um cetro. Os gregos identificaram-na a Ártemis.
Personificando a umidade e o orvalho, surge na Grande
Enéade de Heliópolis, onde é considerada irmã-esposa do deus do ar, Chu (ou
Shu). Em Leontóplis, o par era adorado como um casal de leões. Parece, porém,
que foram anteriormente mulher de um determinado deus denominado Tefen, de quem
só se conhece o nome. Seja como for, foi mais um conceito teológico-intelectual
do que uma pessoa real.
Encarnando o elemento líquido presente na atmosfera,
a névoa, a chuva, o "ar inferior", gerador de vida, é descrita nos textos como
uma pálida reprodução de Chu, a quem ajudava a sustentar o céu e com o qual
recebia o Sol, todas as manhãs, quando ele surgia no horizonte oriental. Daqui
as características solares que lhe estão associadas. As suas lágrimas, caídas no
chão, quando ajudava o marido a segurar o céu, transformaram-se em plantas que
produziam incenso. Os "Textos das Pirâmides" aludem também à água pura que saía
da sua vagina para os pés do faraó, eventualmente referindo-se ao orvalho
matinal.
Sobre o processo concreto da criação desta "Primeira
Mulher" (por oposição a Chu, o "Primeiro Homem"), há alusões a três mitos: por
um lado, refere-se a sua criação a partir da polução do deus Atum; por outro
lado, numa estreita ligação com seus atributos, salienta-se a sua criação pela
saliva que saiu da boca do demiurgo Atum; por fim, como par feminino do primeiro
casal divino, teria saído das lágrimas do deus-sol Rá. O seu nome surge nas
paredes dos templos ptolomaicos figurado com um par de lábios cuspindo, o que
invoca, inquestionavelmente, o processo de criação pela saliva de Atum. A este
propósito, há mesmo quem aponte o seu nome como uma onomatopéia que imita,
precisamente, o ato de cuspir ou de escarrar.
Segundo um relato mitológico, as suas relações com o
pai Rá nem sempre foram fáceis, tendo, inclusive, abandonado Heliópolis para se
refugiar na Núbia. Só com inúmeras lisonjas, Thot, o medianeiro da
reconciliação, conseguiu trazê-la de volta. Em outras ocasiões, é o "Olho de Rá",
assumindo como Deusa com cabeça de leoa o papel de feroz protetora do chefe da
família heliopolitana.
Incorporada na cosmogonia menfita, identificava-se
com a língua de Ptah e era um símbolo da própria Criação. Associada a Maat,
Deusa tutelar da Ordem do Mundo, adquire um significado espiritual, metafísico,
ainda mais positivo.
MEHYT
Deusa leoa de Tis, era considerada a Deusa-consorte
de Anhur. Tal como o marido era freqüentemente identificado com Chu, Mehyt era
também considerada uma variante de Tefnut, a esposa de Chu.
Algumas representações mostram-na com corpo de mulher
e cabeça de leoa, usando o disco solar protegido pela cobra-uraeus.
No âmbito do relato mitológico que apresenta Anhur
como o deus que captura a Deusa-leoa que se afastara para a Núbia, Mehyt
representa essa divindade capturada. O seu nome significa "Aquela que foi
completada".
NEHEMETAUAY
Protetora dos espoliados (o seu nome significa
precisamente "Aquela que defende o espoliado" ou "Aquela que erradica o mal),
Nehemetauay era também considerada a Senhora da Embriaguês.
Usava como coroa o pilone do sistro arquitetural (sechechet).
Em Hermópolis era associada a Djehuti/Thot, como esposa, sendo respeitada como
mãe de Hornefer.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia:
As Divindades
Egípcias - José das Candeias Sales
La religión del
Antiguo Egipto - Stephen Quirke
La Diosa - Shahrukh
Husain
Os Egípcios -
Cyril Aldred