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DIVINDADES PROTETORAS DA MONARQUIA E DO EGITO

BAT

Embora seja raramente representada na arte no
antigo Egito, essa Deusa com cabeça de vaca,
adorada sobretudo no Alto Egito, é muito freqüente
como amuleto.
Figurada, primitivamente, com cabeça humana,
orelhas de vaca e com dois cornos, cuja
extremidade se curva para o interior, é possível
que estivesse diretamente relacionada com a
unidade do Egito, tanto do Norte como do Sul, como
do vale com o deserto, das zonas férteis com as
áreas estéreis.
Adorada em Batyu, perto da cidade de Hu (a antiga
Dióspolis Parva) Bat era a divindadae tutelar do
"sétimo sepat" ou distrito do Alto Egito,
intitulado "Sistro", cuja insígnia distintiva era
uma representação da Deusa. Há mesmo hipóteses
que, reforçando os seus atributos de divindade
unificadora, defendem que a Deusa-vaca
representada nso cantos superiores da Paleta de
Narmer é Bat e não Hathor. Foi a poderosa
identidade pessoal de Hathor veio, portanto, a
absorver a personalidade de Bat, assimilação que,
em termos de História das Religiões, é um fato
sobejamente documentado e, em termos de História
da Religião Egípcia extremamente freqüente.

Já
não tão freqüente é a "coisificação" de uma das
divindades. No caso de Bat, no Império Novo, acaba
por se transformar no sistro hathórico "sechechet".
Aliás, o corpo de Bat em forma de colar de
contrapeso, sugere, justamente a iconografia desse
sistro sagrado da Deusa Hator. Essa ligação é
tanto mais adequada quanto o "sétimo sepat" do
Alto Egito, o seu centro do culto é designado por
"A morada do sistro" ou simplesmente "Sistro".
Os
"Textos das Pirâmides" confirmam, simultaneamente,
a identificação de Bat com o sistro hathórico "sechechet"
e a sua realçao com o monarca egípcio: o faraó é
Bat, "com as suas duas faces", ou seja, a parte
superior e anterior do sistro. Num peitoral da XII
dinastia, é figrada juntamente com dois elementos
que personificam a luta-reconciliação dos dois
contendores míticos pelo trono do Egito, Hórus e
Seth.
SEFKHET-ABUY
Surgindo pela primeira vez no reinado de
Menkheperré Tutmés III (1504-1450 a.C./XVIII
dinastia), pelos seus principais atributos e pela
sua representação, essa Deusa emerge como uma
simples duplicação de Seshat (Sechat), a Deusa da
Escrita, principal esposa de Thot em Hermópolis.
O
seu nome significa "Sete chifres" e, tal como
Seshat, é a Deusa da Escrita representada com uma
estrela de sete pontas e um arco recortado.
Quando o faraó efetua as medições para os recintos
sagrados dos templos, nas cerimônias rituais de
fundação de lugares sagrados, é Sefkhet-Abuy que
preside, "esticando a corda" ao monarca,
ajudando-o na determinação exata dos novos
santuários. A sua ação junto do monarca ou em seu
favor não se esgota aqui: junto com Seshat,
competia-lhe registrar a duração da vida do faraó
e o seu nome nas folhas da árvore sagrada,
concedendo-lhe, assim, a imortalidade.

USERT
Deusa de Tebas, cujo nome significa "A Poderosa",
parece ter sido uma antiga esposa do deus Amon em
Karnak, procedendo assim a Deusa Mut. A sua
ligação com o faraó é particularmente constatada
no Império Médio e bem ilustrada nos nomes
teóforos dos faraós da XII dinastia, os três
Sesóstris, em egípcio "Senusert": S-n-Wsrt, "O
homem pertence à grande Deusa" ou "O homem
pertence à Usert".
Apresenta-se com arco, flechas e o cetro uas. Não
obstante ser originária de Tebas e aí ter o seu
centro de culto, foi a divindade padroeira das
expedições egípcias ao Sinai.
Alguns soberanos da dinastia XII incluíram o nome
dessa Deusa em seu próprio nome como elemento
protetor.

MEHET-UERET

Chamada
Methyer em grego, o seu nome significa "A Grande
Inundação". É uma Deusa do fluxo primordial: é a
manifestação das águas primevas (Nun). Na época
das Pirâmides, era o canal navegável dos céus,
utilizado pelo deus-sol e pelo faraó. Tal
característica levou-a a ser considerada "Mãe de
Rá", sendo, por extensão, identificada a Neith.
É uma
Deusa Vaca, representada tanto sob a forma
compósita com cabeça de vaca, o que, desde logo,
suscitou a sua estreita ligação com Hathor. Um
papiro do Império Novo representa-a como uma vaca
deitada sobre uma esteira de palha com disco solar
entre os seus chifres.

No Período
Ptolomaico, várias lendas referem-na como mãe do
deus-crocodilo Sobek, o demiurgo, o que significa
uma promoção extremamente importante no âmbito das
concepções egípcias.

HESAT
Originária
de Atfih (Tep-Ihu, 22º sepat do Alto Egito),
diante de Meidum, na margem direita do Nilo, Hesat
era a vaca celeste que se apontava como a mãe de
Anubis. No âmbito das suas funções, juntamente com
a Deusa Sekhat-Hor, estava encarregada do
aleitamento real.
No "mammisi"
de Filae, Osíris recebia uma libação de leite
proveniente, precisamente, das tetas das duas
Deusas-vacas, Hesat e Sekhat-Hor. Essa libação
tinha lugar, tal como na ilha de Biga, de 10 em 10
dias.
Em
Heliópolis, Hesat era considerada a mãe do boi
Meruer, a encarnação terrestre de Rá.
É uma
Deusa maternal que figura nos "Textos das
Pirâmides" e seu leite era chamado de "cerveja de
Hesat".

SEKHAT-HOR
Deusa de
Imau, capital da província do Ocidente (cidade de
Tanta, no Delta), Sekhat-Hor era representada com
corpo de mulher e cabeça da vaca ou, simplesmente,
como vaca. Freqüentemente assimilada a Hathor,
essa emprestava-lhe algumas das suas
características. Estava relacionada com a
amamentação do faraó.
Em Filae e
em Biga, de 10 em 10 dias, Osíris recebia no "mammisi"
uma libação de leite proveniente das tetas de
Sekhat-Hor e Hesat.

UERET-HEKAU
A Deusa
Ueret-hekau, cujo nome significa "Grande em Magia"
ou "Grande Mágica", era a divinização da coroa
real, sendo, por isso, considerada esposa do
deus-sol Rá.
Como era
representada como uma mulher com cabeça de leoa ou
como uma serpente com cabeça de leoa, é, por
vezes, confundida com Sekhemet.
Por ser um
poderoso símbolo de proteção, seu nome junto com o
símbolo de uma serpente aparece freqüentemente nas
armas mágicas enterradas com os mortos para
ajudá-los e protegê-los no submundo.
MAFDET

Chamada "A
Corredora", Madef era uma Deusa violenta que, sob
a forma de uma pantera, era uma das potências
protetoras da corte do faraó.
Primitivamente, estava associada à repressão dos
criminosos. A sua ferocidade era letal para as
serpentes e para os escorpiões, pelos arranhões
das suas garras, demembrando-os e aniquilindo-os.
Tinha também poderes terapêuticos que justificam o
epíteto de "Senhora da morada da vida" (espécie de
sanatorium ou hospital). Era invocada para evitar
mordeduras e picadas de serpentes e escorpiões.
Participou
com os deuses da derrota de Apófis (serpente
maligna), aparecendo na Barca Solar. Era a
manifestação da autoridade judicial e, sobretudo,
do instrumento usado para a execução, que consiste
em uma vara encurvada em sua parte superior, com
uma corda enroscada e uma machadinha que se
sobressai em ângulo reto; a Deusa, em forma
felina, se apresenta subindo pela vara.
Quando o
faraó, no Mundo do Além, enfrentava os vários
adversários com que se deparava, recorria a Mafdet,
à violência dos seus ataques, para os decapitar e
vencer. Nesse sentido, a Deusa-pantera era um
precioso auxiliar dos monarcas egípcios e muitas
vezes aparece nas proas das barcas.
Venerada
desde o Período Tinita e está presente nos Textos
das Pirâmides.

PAKHET

Deusa-leoa, adorada particularmente à entrada de
um Uadi, no deserto oriental, perto de Beni Hassan,
no Médio Egito. O seu nome evoca manifestamente a
sua natureza leonina, significando "Aquela que
arrebata" ou "A Dilaceradora". Os Textos dos
Sarcófagos descrevem-na como feroz caçadora
noturna, de garras afiadas. Pakhet desempenhou um
importante papel na corte faraônica e nas crenças
relativas à vida depois da morte.
Foi
assimilada pelos gregos à sua Deusa da caça,
Ártemis, pelo que o pequeno templo rupestre que
lhe foi consagrado, na XVIII dinastia, por
Hatchepstu (1498-1483 a.C.) e por Tutmés III
(1504-1450 a.C.), junto de Beni Hassan, foi
chamado "Speos Artemidos (caverna ou capela
rochosa de Ártemis).


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