
Atrás
de Guinevere estão as tradições das rainhas celtas. Atrás de Morgana e da Dama do Lago, se ocultam tradições de sacerdotisas e
Deusas. A rainha celta reinava por direito próprio, comandava exércitos
como Boadicea e tinha amantes. Para os autores medievais esta
liberdade e igualdade da mulher era inaceitável e incompreensível.
Ela foi considerada libertina e atrevida ao se tornar infiel.
Da
mesma forma, dado que o mito pagão e a magia são considerados os
piores dos pecados, Morgana se converte em uma bruxa que conspira
contra Artur, e Nimue, a dama do Lago, passa a ser a ruína do
embrutecido Merlim. Mas a história poderia ter sido bem diferente,
não é mesmo? Pois sabe-se hoje, que o amor não é um sentimento que
precise testemunhas, muito menos ser negociado, como foi imposto à Guinevere.
Na nossa Era, as mulheres já
conquistaram seu espaço e o respeito dos homens e hoje nos unimos
à eles através do amor da alma. Na tradição celta existe um belo
entendimento do amor que resume-se a uma palavra: "anan
cara". Anam é a palavra gaélica para alma e cara
é a palavra para amigo.
Na vida de todos, existe uma grande
necessidade de um anam cara, um amigo da alma. Neste amor,
somos compreendidos tal como somos, sem máscara ou afetação. As
mentiras e meias-verdades superficiais e funcionais das relações
sociais se dissolvem e pode-se ser como realmente se é.
O amor permite que a compreensão
se manifeste, pois quando se é compreendido, fica-se à vontade. A
compreensão alimenta a relação. Quando nos sentimos realmente
compreendidos, sentimo-nos desembaraçados para nos libertar à
confiança e abrigo da alma da outra pessoa.
Este
reconhecimento é descrito neste belo verso:
"TU
NÃO TE PARECES COM NINGUÉM PORQUE TE AMO" Paulo Neruda
FADA
MORGANA

Quando
danço com a Vida
danço
meu próprio ritmo
mantendo
o meu compasso
Minhas
marés anímicas
estão
alinhadas e fluem
com
a minha pulsação
minha
expressão única
Reverenciando
a mim mesma
eu
reverencio tudo
Quando
você dança
com
a sinfonia da Vida
qual
é seu ritmo?
É
rápido ou lento
lépido
ou litúrgico
repetitivo
ou volúvel?
Você
deixa o ritmo levá-la(o)
ou
abatê-la(o)
acalmá-la(o)
encorajá-la(o)
ou
perturbá--la(o)?
Como
é seu ritmo?
Morgana
representa na lenda arturiana, a figura de uma Deusa Tríplice da
morte, da ressurreição e do nascimento, incorporando uma jovem e
bela donzela, uma vigorosa mãe criadora ou uma bruxa portadora da
morte. Sua comunidade consta de um total de nove sacerdotisas
(Gliten, Tyrone, Mazoe, Glitonea, Cliten, Thitis, Thetis, Moronoe e
Morgana) que, nos tempos romanos, habitavam uma ilha diante das
costas da Bretanha. Falam também das nove donzelas que, no submundo galês, vigiam o caldeirão que Artur procura, como pressagiando a
procura do Santo Graal. Morgana faz seu debut literário no poema de
Godofredo de Monntouth intitulado "Vita Merlini", como
feiticeira benigna.
Mas sob a pressão religiosa, os autores a
convertem em uma irmã bastarda do rei, ambígua, freqüentemente
maliciosa, tutelada por Merlim, perturbadora e fonte de
problemas.
Nenhum
personagem feminino foi tão confusamente descrito e distorcido como Morgana ou Morgan Le Fay. A tradição cristã a apresenta como uma
bruxa perversa que seduz seu irmão mais novo, Artur, e dele concebe
o filho. Entretanto, nesta época, em outras tribos celtas, como em
muitas outras culturas, o sangue real não se misturava e era muito
comum casarem irmãos, sem que isso acarretasse o estigma do
incesto.
Morgana
e Artur tiveram um filho fruto de um Matrimônio Sagrado entre a
Deusa (Morgana encarna como Sacerdotisa) e o futuro rei.
O "Matrimônio Sagrado" era um
ritual, no qual a vida sexual da mulher era dedicada à própria Deusa
através de um ato de prostituição executado no templo. Essas
práticas parecem, sob o ponto de vista da nossa experiência
puritana, meramente licenciosas. Mas não podemos ignorar que elas
faziam parte de uma religião, ou seja, eram um meio de adaptação ao
reino interior ou espiritual.
Práticas religiosas são
baseadas em uma necessidade psicológica. A necessidade interior ou
espiritual era aqui projetada no mundo concreto e encontrada através
de um ato simbólico Se os rituais de prostituição sagrada fossem
examinados sob essa luz, torna-se evidente que todas as mulheres
devessem, uma vez na vida, dar-se não a um homem em particular, mas
à Deusa, a seu próprio instinto, ao princípio Eros que nela existia.
Para a mulher, o significado
da experiência devia residir na sua submissão ao instinto, não
importando que forma a experiência lhe acontecesse. Depois de passar
por essa iniciação, os elementos de desejo e de posse ficam para
trás, transmutados através da apreciação de que sua sexualidade e
instinto são expressões de força de vida divina cuja experiência no
plano humano.
A nível transpessoal, o "matrimônio
sagrado" envolve o mistério da transformação do físico para o
espiritual, e vice-versa. Cada pessoa conecta-se com o universo como
se fosse célula única no organismo do campo planetário da
consciência. A partir da união do humano com o divino, a "Criança
Divina" nasce. A "Criança Divina" é a vida nova, vida com nova
compreensão, vida portadora de visão iluminante para o mundo.
QUEM ERA MORGANA?
Como muitos indivíduos legendários e
românticos, há versões conflitantes sobre quem o que foi Morgana. O
historiador e cronista do século XII, Geoffroi de Monmouth, escreveu
que "sua beleza era muito maior do que a de suas nove irmãs. Seu
nome é Morgana e ela aprendeu a usar todas as plantas para curar as
doenças do corpo. Ela também conhece a arte de mudar de forma, de
voar pelo ar...ela ensinou astrologia às irmãs."
Relatos antigos contam-nos que ela era
uma Velha Deusa da Sabedoria, a Senhora e Rainha de Avalon, a Alta
Sacerdotisa da Antiga Religião Celta. Aprendeu magia e astronomia
com Merlim. Alguns achavam que ela era uma "fada arrogante", pois
era símbolo de rebeldia feminina contra a autoridade masculina.
Quando zangada, era difícil agradar ou aplacar Morgana; outras
vezes, podia ser doce, gentil a afável. Também era descrita como "a
mulher mais quente e sensual de toda a Grã-Bretanha."
Morgana era um enigma aos seus
adversários políticos e religiosos. Os escrivões cristãos
transformaram-na em demônio, talvez devido ao seu papel como
sacerdotisa de uma Antiga Religião, que eles estavam tentando
desacreditar nas suas investidas para cristianizar a estrutura de
poder da Grã-Bretanha. Ela, entretanto, defendeu valentemente a fé
das Fadas e as práticas dos druidas, achando entre os camponeses
simples seus mais fiéis seguidores. Ela negou as acusações de
prostituição dos monges e missionários cristãos.

É
Morgana, que depois da batalha final, ampara o irmão ferido de
morte e o cuida com o zelo de uma mãe e consoladora espiritual.
O
cristianismo menospreza o poder e o conhecimento de Morgana, do
mesmo modo com que impediu a mulher à ascender ao sacerdócio,
anulando completamente o seu poder pessoal.
Layamon,
autor de um poema narrativo inglês é o primeiro a descrever como a
mulher levou Artur pelas águas e não simplesmente recebendo-o na
sua chegada.
Morgana é a fada mais bela das que
habitam Avalon. Não existem fundamentos suficientes para se
acreditar que Avalon seja o lugar que a cultura celta atribuí como
residência dos mortos. O que se sabe é que quando Artur é
transportado sobre as águas em companhia das mulheres com destino a
Avalon, se perde no horizonte do mito imemorial.
Este é o pano de fundo sobre
o qual se desenvolvem as diferentes lendas relativas à partida e
imortalidade de Artur, que supostamente continua vivo dentro de uma
caverna ou em uma ilha. Estas mulheres que acolheram Artur pertencem
ao mundo das fadas, que provavelmente foi antes um mundo de deusas.
Segundo
Robert Graves e Kathy Jones, a Morg-Ana "surgiu da união das
estrelas com o ventre de Ana". Muitas vezes foi equiparada as
Deusas Morrigan e Macha, que presidiam as artes da guerra.
Entretanto, como fada controlava o destino e conhecia as pessoas.
Famosa
por seus poderes de cura, seu conhecimento de plantas medicinais e
sua visão profética, era uma xamã capaz de alterara a sua forma,
tomando o aspecto de diferentes animais para utilizar seu poder.
DEUSA-MÃE PRIMITIVA
Em "Estoire de Merlin",
temos uma descrição bastante detalhada de Morgana, indicando seu
verdadeiro caráter e também os estreitos vínculos que estabelece com
a Deusa Mãe primitiva:
"Era
a irmã do rei Arthur. Era muito alegre e jovial, e cantava de forma
muito agradável; seu rosto era moreno, mas bem metida em carnes, nem
demasiadamente gorda nem demasiadamente magra, de belas mãos, de
ombros perfeitos, a pele mais suave que a seda, de maneiras afáveis,
alta esguia de corpo, em resumo, sedutora até o milagre; a mulher
mais cálida e mais luxuriosa de toda a Grã Bretanha. Merlim havia
lhe ensinado astronomia e muitas outras coisas, e havia se aplicado
ao máximo, de maneira que havia se convertido em uma boa
sacerdotisa, que mais tarde recebeu o nome de Morgana a Fada, em
virtude das maravilhas que realizou. Se explicava com uma doçura e
uma suavidade deliciosas, e era melhor e mais atrativa que tudo no
mundo, embora tivesse sangue frio. Porém quando queria alguém, era
difícil acalmá-la..."
Esse é decididamente o retrato da
Deusa Mãe primitiva, com toda sua ambigüidade, as vezes boa, outras
nem tanto, "cálida e luxuriosa", como a Grande Deusa oriental e,
"virgem", pois não se submete à autoridade masculina. Observemos
também que Merlim ensinou-lhe magia do mesmo modo com que fez com Viviana, a Dama do Lago.
Outras versões da história do Merlim, versões hoje perdidas, porém cujo rastro encontramos na
célebre obra do século XV devido a Thomas Malory, "La muerte de
Arturo", vasta compilação dos relatos da Távola Redonda, outras
versões levam a pensar que Merlim foi amante de Morgana antes de
sê-lo de Viviana.
MORGANA E URYEN

Em "Lancelot en prose" em francês,
encontramos elementos interessantes sobre Morgana. Ela se apresenta
como esposa de Uyen e mãe de Yvain:
"Um dia que Morgana supreende a seu
marido, o rei Uryen, dormindo na cama, ocorreu-lhe a idéia de
livrar-se dele. Chamou a criada de toda a confiança e disse:
-Vá e busca a espada do meu senhor, pois
jamais vi melhor ocasião de matar-lhe do que agora.
Porém, a criada assustada com o plano de Morgana, vai em busca de Yvain, o filho de Uryen e Morgana, explica
tudo e pede para que intervenha.
Yvain lhe aconselha a obedecer, e quando Morgana levanta a espada sobre a cabeça de Uryen, Yvain que havia se
escondido, se precipita sobre ela, arranca a espada das mãos da mãe
e a reprime. Morgana implora seu perdão, dizendo haver sofrido um
episódio de loucura. (La muerte de Arturo, IV, 13)
Essa tentativa de assassinato está
no espírito da Deusa que não suporta os laços do matrimônio e
necessita ter um certo número de amantes.
Há relatos ainda, que Morgana rouba
continuamente a bainha ou a espada de Arthur em benefício de seus
amantes:
"Morgana, a Fada, ama outro cavaleiro
muito mais que a seu marido, o rei Uryen e que ao rei Arthur, seu
irmão. Então manda fazer outra bainha exatamente igual por
encantamento e dá a bainha da Excalibur a seu amante. O nome do
cavaleiro era Acolon." (Muerte de Arturo, II, 11).
Morgana se encarrega para que Acolon lute
com Arthur, porém Acolon resulta ferido de morte pelo rei. Morre
depois de haver confessado a traição de Morgana. Essa se desespera
pela morte de Acolon, e busca vingar-se de Arthur. Ordena que enviem
a seu irmão um rico manto que é mágico, pois queima todo aquele que
tem a desgraça de cobrir-se com ele. Porém, no momento em que Arthur
ia colocar o manto, a Dama do Lago revela a Arthur o perigo em que
se encontra." (Muerte de Arturo, II, 14-16)
MORGANA, A DEUSA VIRGEM
Essa é uma lenda referida a Morgana
que ilustra sua Potencialidade de Virgem possuidora de Poderes:
O VALE SEM RETORNO (relato cortês)
A Fada Morgana, abandonada por seu amante Guyomard, decide vingar-se dos homens. Encanta o Vale Perigoso, de
tal maneira que todos os cavaleiros infiéis a sua Dama que passem
por ali, ficam aprisionados nele para o resto da vida. Permanecem
dentro de um paraíso de sonhos; bebem, cantam, celebram festas,
dançam, jogam xadrez, porém não podem franquear as ladeiras do vale,
que estão vigiadas por gigantes, animais monstruosos e barreiras de
fogo. O encantamento só pode ser levantado por um herói excepcional,
um homem sempre fiel a sua dama. E, embora Morgana tenha feito todo
o possível para seduzir Lancelot do Lago, é ele quem destrói o
encantamento e libera os cavaleiros, demonstrando-lhes que as
barreiras de fogo, os monstros e os gigantes não passavam de
produtos de sua imaginação. Assim ganhou o ódio mortal de Morgana."
Morgana, nessa lenda faz o papel de
Deusa Mãe Virgem que guarda em seu regaço os homens igual guardaria
seus filhos. Pois seus filhos também são seus amantes. A atitude de
Lancelot é uma atitude repressiva contra tudo que recobre a noção de
feminilidade. Essa é também a história da feiticeira Circe, que
transforma seus amantes em porcos. Lancelot, aqui, representa
Ulisses, que rechaça à submissão e dissipa o que crê que som
ilusões.
Circe e Morgana são a "Virgem" que
dá medo, a "Virgem" que engole, a Indomável.
Os homens, que se crêem dominadores
do mundo e os reguladores da ordem estabelecida, não se imaginam,
nem por um instante, que seu poder no é mais que passividade, e que
o poder da mulher, que depreciam ou temem, é o poder ativo.
Quando o homem contemporâneo
suprimiu a Mãe Divina e a substituiu pela autoridade de um Deus Pai,
desarticulou o mecanismo instintivo que produzia o equilíbrio
primitivo. Daí surgiu a neurose e outros dramas das sociedades
paternalistas, que se dizem pretender devolver a mulher sua honra e
seu verdadeiro lugar, um lugar escolhido pelo homem. Buscou-se
estabelecer uma "lei racional" contra uma "lei natural". Mas, a "lei
natural" se concretiza através do instinto e esse, é algo que não se
pode negar. Todo nosso comportamento se apóia na natureza e
portanto, a disputa entre a natureza e a razão é uma falsa disputa,
mas é a responsável pela cegueira que vive nossa sociedade hoje,
que, querendo corrigir o instinto, separou o ser humano do que era
sua natureza.
AVALON, A ILHA DAS FADAS
Poucos
são os autores que especulam sobre o tema "Avalon, residência
dos Mortos" e menos ainda os que se atrevem a situá-la. Alguns
o fizeram de uma forma extravagante, situando-a no Mediterrâneo.
A
crença de alguns de que esta ilha não era outra que a Sicília,
explica o fenômeno de miragem que se produz no estreito de Messina
se conheça com o nome de "fata morgana", recordando a
feiticeira.
Avalon está inserida em uma relação
de ilhas, algumas são verdadeiras, outras fruto de diversas obras
literários. Avalon se encontra em lugar indeterminado, que
está vinculada aos celtas, não só os de Gales, mas também da
Irlanda.
Os
irlandeses tinham a idéia de um enorme paraíso ocidental. Lá
havia uma Ilha das Maçãs de sua propriedade. Emain Ablach, doce
lugar onde habita o deus dos mares Manannan. Emain Ablach só era
uma das ilhas do arquipélago atlântico, que se ampliava em direção
ao sol sem limites conhecidos. Lá se encontrava Tir Nan N-Og, a
"Terra dos Jovens", Tirfo Thuinn, Tire Nam Beo, Terra dos
Vivos; Tirn Aill, e Outro Mundo; Mag Mor, Mag Mell, entre outras.
Havia também uma "Terra de
Mulheres", habitada por fadas parecidas às da irmandade de Morgana.
Acreditava-se que essa ilha era um vasto país sustentado por quatro
pilares de bronze e habitado unicamente por mulheres.
Essas ilhas eram terras onde tudo era
felicidade, paz e abundância. Não existe o envelhecimento nem o
trabalho, porque tudo cresce sem necessidade de semear e nas árvores
sempre há frutos.
Algumas dessas ilhas flutuam e outras
ficam submersas e só saem a superfície à noite. O rei Artur
navegando em sua mágica embarcação "Prydwen", visitou muitas dessas
ilhas.
Avalon, para quem ainda a procura, é a viagem ao coração. É
conhecida também como o "Céu de Artur", uma ilha do amor incondicional, onde
tudo se harmoniza com a transmutação da energia luminosa do amor. Avalon é um
reino interior. É a maravilhosa essência do verdadeiro ser nascendo a cada dia
em nosso interior. É a nascente do amor no íntimo. E Morgana é a fada que nos
faz refletir sobre tudo isso, pois foi ela, com todo seu amor, empregou todas as
suas artes para curar as feridas de Artur.
A jornada dos homens e mulheres pela vida
assemelha-se à jornada épica de muitos mitos. O herói que busca a verdade, poder
ou amor reflete-se em nós, que buscamos o significado da vida e os tesouros,
como o amor, que dão razão à vida. No entanto, cada um deve descobrir seus
elementos de busca pessoais.
ARQUÉTIPO LUNAR

Morgana
possuiu muitos nomes e é a representação
da energia mítica das mulheres. Possui
também, múltiplas facetas, é o arquétipo
da Deusa-Lua e da Mulher Eterna; é Mãe,
amante e filha; é Senhora da Vida e da
Morte. Foi associada inclusive à rios,
lagos, cachoeiras, magia, noite, vingança
e profecias.
Hoje, a
maioria das bruxas invocam o nome de Morgana e praticam magia para ela. Ela
pode ser uma enorme aliada para as
mulheres que reivindicam os poderes de
feminilidade que emergem apenas em
pesadelos à noite, mulheres que buscam a
reafirmação de que é certo exercitar se
poder de Fada, de serem capazes de passar
de um mundo para o outro.
Quando
nos aliarmos com Morgana, quando nos
abandonarmos totalmente, com a maior
confiança ao seu mundo feérico, nos
aliaremos também com a vida, com a magia
da vida e o amor infinito que ela contem.
Aliar-se
com Morgana é aliar-se com a melhor parte
de nós mesmos!
Morgana chega para despertar sua atenção para a
independência. Você depende de outra pessoa até para respirar? Pois saiba
que se plantarmos uma árvore lado a lado elas se asfixiarão. O que cresce
necessita de espaço, talvez um pequeno espaço para se exalar o perfume da rosa. Kahlil Gibran diz:
"Deixai que haja espaço em vossa união. Deixai que os ventos
dos céus dancem entre vós."
O espaço permite que a diversidade encontre ritmo e
contorno. Você desperdiça sua vitalidade focalizando os problemas dos outros,
relegando os seus para um segundo plano? Você move-se com o rebanho sem exprimir
suas idéias ou opiniões?
Morgana pede para que você, pare, reflita e dimensione
suas potencialidades, tentando se libertar de todas suas dependências físicas e
psíquicas. É hora de mudar o ritmo! Morgana, a fada, chegou dançando à sua vida
com seus tambores e sua magia para convidá-la a descobrir e viver seus ritmos.
Talvez você nunca tenha descoberto seu ritmo porque você agradar àqueles com
quem convive. Mas é de vital importância que você tenha seu próprio ritmo. Fluir
com ele lhe dará mais energias, porque você deixará de reprimir o que lhe é
natural. Morgana diz que a vitalidade, a saúde e a totalidade são cultivadas
quando você flui com sua pulsação única.
JORNADA À AVALON
Procure um lugar sossegado em sua casa, onde não
possa ser interrompida(o). Acenda um incenso e coloque uma música suave de
fundo. Sente-se com a coluna ereta e coloque a sua frente uma caneta e papel.
Agora feche os olhos e expire e inspire
profundamente, tentando esvaziar a sua mente. Comece então a balançar o corpo da
direita para esquerda lentamente. Você agora perceberá que está dentro de um
pequeno barco.
O barco balança para trás e para
frente. Faça o mesmo jogo com seu corpo. A sensação será bem agradável, de
relaxamento total.
Você olhará para cima e só verá a bruma, que irá se dissipar
aos poucos. Erga os braços e visualize uma luz branca direcionar-se do céu para
baixo, que entrará por cima de sua cabeça e iluminará todo o corpo. Neste
momento notará que a bruma desapareceu e avistará a ilha de Avalon.
O barco
chegará à margem e você deve desembarcar. Morgana lhe dará as
Boas-Vindas.
Ela perguntará o que você deseja e terá então o direito de
lhe fazer duas perguntas. Ela tomará a sua mão e a(o) conduzirá até seu
caldeirão mágico disposto no centro de um círculo de macieiras. Morgana pegará
sua varinha mágica e agitará a água do caldeirão.
Quando a água se aquietar, você verá na
superfície as respostas de suas perguntas. Você deverá então, agradecer sua
ajuda e provavelmente ela lhe peça uma oferenda, que você ofertará de coração
aberto. Ela lhe conduzirá de volta ao seu barco e você parte.
Agora respire fundo novamente por três vezes e abra os
olhos bem devagar. É hora de anotar tudo o que você viu no caldeirão de Morgana
e refletir.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia
O Amor
Mágico - Laurie Cabot e Tom Cowan
O Livro
da Mitologia Celta - Cláudio Crow Quintino
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
O Medo
do Feminino - E. Neumann
Consciência Solar, Consciência Lunar - Murray Stein
As
Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
Caminho
para Iniciação Feminina - Sylvia B. Perera
La Mujer Celta - Jean Markale
La Mythologie Celtique - Y. Brékillen
La Reine et le Graal - C. Méla
La légende Arthurienne - E. Faral
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