DEUSA MODRON


Modron (Grande Deusa Mãe) é uma Deusa céltica
similar a Deusa grega Deméter. Etimologicamente, Modron é a "Matrona",
cujo nome (Modr em galês) é o do rio Marne (rio da França), igual ao nome
genérico de todas as Deusas Mãe que se observava nas estátuas da época
galo-romana.
A tradição galesa fala, algumas vezes que Modron é
mãe dos gêmeos Owein e Morvud, outras vezes fala de um filho único. Esse filho
único não deixa de ser misterioso, pois trata-se de Mabon.
Mabon é o Deus Sol celta da profecia e está ainda,
associado à caça selvagem ou à caça ritual. Igual a Deusa Perséfone, foi roubado
de sua mãe com três dias de idade. Sua saga é contada na narração galesa "Kulhwch
y Olwen", cuja origem é muito antiga.
Modron é também muito citada nos textos mitológicos
galeses. Uma Tríada referida a "três portas benditas da Ilha da Bretanha" cita a
"Owein, Morvud, e Modron. Morvud, que algumas vezes aparece como irmã de
Modron, é, segundo outra Tríada, uma das mulheres mais amadas pelo rei Arthur.
No entanto, sua amante é Kynon ab Klydno.
Ela é ainda, neta do Deus Belenus e filha do rei de
Avalon, Avallach, onde mora com suas irmãs e cuida da terra. Associada à
soberania da terra, é feiticeira e curadora, e protege as nascentes sagradas,
fontes, artesãos e artistas. Seus símbolos mágicos são as crianças, as flores e
frutas, e ela incorpora a força da vida e a fertilidade, bem como a maternidade
e as energias criativas da natureza.
A indicação de Modron, filha de Avallach, que é o
nome galês de Avalon, nos conduz estranhamente à Morgana, rainha e sacerdotisa
da ilha de Avalon: não podemos nos esquecer que, segundo "Vita Merlini", Morgana
conhece a arte de trocar de aspecto de seu rosto e voar através dos ares, coisa
que a Deusa Modron também é capaz de fazer.
Tanto Morgana quanto Modron, têm a capacidade de
transformar-se em pássaros e sempre estão acompanhadas de suas irmãs, que podem
tomar o mesmo aspecto que elas. Aqui fica a dúvida se Morgana e Modron sejam o
mesmo personagem.
DEUSA CORVO
Os Corvos de Owein (País de Gales):
"O rei Arthur e Owein ab Uryen jogavam uma
partida de xadrez. Durante esse tempo, os servos de Arthur se divertem
perseguindo e massacrando os corvos de Owein. Por três vezes Owein pede ao rei
que ordene a seus servos para parar o massacre. Arthur se nega a abandonar o
jogo. Então Owein disse a um dos seus que levante o estandarte e inicia-se uma
batalha. Os corvos de Owein se precipitaram contra a gente de Arthur,
massacrando-os um atrás do outro. Por três vezes Arthur pede a Owein que faça
cessar o massacre. Owein se nega a abandonar o jogo. Finalmente, ordena baixar a
bandeira e se restabelece a paz". (O sonho de Rhonabwy, Joseph
Loth, Mabinogion, I, 365-371).
Owein é um dos filhos da Deusa Modron que possui um
exército de corvos, que nada mais são que as irmãs de sua mãe, ou seja, mulheres
fadas capazes de transformarem-se em pássaros. A narração que se seguem vai
complementar essa teoria:
Didot-Perceval (relato cortês):
Perceval se bate contra um tal Urbain e está a
ponto de vencer-lhe. Então vê aparecer um bando de pássaros mais negros que nada
que houvera visto jamais. Os pássaros lhe atacaram com violência, esforçando-se
por defender a Urbain. Perceval mata um dos pássaros, o qual, ao cair, se
transforma em cadáver de uma moça. Urbain lhe explica que se trata das irmãs de
sua esposa Modron, que têm o poder de transformar-se em pássaros.
(Edição de Roach, versos 200-ss)
O personagem de Urbain em Didot-Perceval, não é
difícil de identificar: é "Uryen ab Cynfarch, em galês moderno.
Esse Uryen, tão celebrado pelos poeta, sobretudo por Llywarch-Hen e Taliesin, como o guerreiro temido por excelência, era chefe dos
bretões do Norte (região de Strathalyde e Glasgow), é o rei Urien indicado por
Chrétien de Troyes como um dos cavaleiros da Távola Redonda, e pai de Yvain, ou
Owein.
A conclusão do relato também não é difícil de
entender: Urbain sendo o pai de Owein é defendido pelos famosos Corvos de Owein,
um bando de pássaros negros, que protegem tanto o filho como o pai.
Já em relação a Owein, é provável que não designe
outro personagem do que Mabon, ou vice-versa, pois é o Filho.
A BUSCA DE MABON
Na narração "A Busca por Mabon", cabe ao herói
Culhwch (Kulhwch) encontrá-lo, pois é uma das tarefas que deve realizar para
conseguir a mão de Olwen em casamento.
Para essa aventura, levou junto:
Gwrhyr, que era um excelente tradutor da língua
dos animais e o rei Arthur.
Ao seguir caminho para cumprir a missão, Gwrhyr
questionou um melro de peito branco:
-"Você
sabe alguma coisa de Mabon, filho de Modron, que lhe foi roubado com três dias
de vida?"
Mas o pássaro apesar de velho, disse que nada
tinha visto, mas que perguntassem para o veado de Rhedynfre, que já tinha vivido
mais tempo que ele e talvez soubesse algo.
Ao
ser consultado o veado respondeu:
-"Quando
cheguei aqui, era o único veado galhado e nenhuma árvore crescia, com exceção de
uma única árvore de carvalho. A árvore de carvalho cresceu e inúmeras outras
surgiram a sua volta. Entretanto, apesar de ter aqui passado tanto tempo, nunca
ouvi falar do homem que procuram. Mas sei que mais velho que eu é a coruja".

O
O veado então conduziu-lhes à coruja de Cwm Cawlwyd. Gwrhyr, voltou a indagar se
ela tinha visto Mabon. A coruja respondeu-lhe:
--"Quando
aqui cheguei, esse vale grande que você vê era estreito e arborizado. Então a
raça do homem veio para destruí-lo. Mas, um tempo depois, uma nova floresta
cresceu por cima. Essa floresta que você vê hoje já é a terceira. Quanto a mim,
minhas asas desgastaram e não consigo mais voar. Embora já tenha vivido tanto,
nunca ouvi falar do homem que você procura. Mas sei de uma criatura, a mais
velha do mundo e quem viajado muito mais que eu, que poderá lhe ajudar."
A
A coruja levou-os até à águia de Gwernabwy.
Gwrhyr perguntou à águia:
-“Você sabe qualquer coisa de Mabon, filho
de Modron, que foi roubado de sua mãe quando tinha três dias de vida?”
A águia respondeu:
-"Eu vim para cá há muito tempo, mas não ouvi falar
do homem que você procura, exceto quando fui caçar meu alimento no lago Llyw. Lá
enfiei minhas garras em um grande salmão, esperando que me alimentaria por
diversos dias. Em vez disso, arrastou-me para dentro da água e eu mal consegui
escapar. Eu fui atrás de todos meus parentes para tentar destruí-la, mas ele
pediu paz e veio nos encontrar com cinqüenta peixes espadas. Talvez esse salmão
saiba algo sobre o homem que procura. Vou levá-lo até ele."

Ao ser indagado, o salmão disse que nadando rio
acima para alimentar-se, perto de Kaer Loyw, ouviu lamentos que nunca havia
escutado antes. Propôs então, levá-lo nos ombros até o local.
Assim, Kai e Gwrhyr montaram no ombro do salmão e
chegando próximo a um castelo, ouviram gemidos e terríveis lamentos vindos de
dentro das paredes. Gwrhyr perguntou:
-"Quem é que está gemendo desse jeito?"
Ouviu então a resposta:
-"Aliás, há uma razão para tão terríveis lamentos.
Mabon, filho de Modron, está aqui prisioneiro."
Gwrhyr volta a perguntar:
-"Existe esperança de podermos libertá-lo em troca
de algum resgate?"
E foi respondido:
-"Não, só pela força conseguirei escapar."
Gwrhyr então voltou para contar o ocorrido ao rei
Arthur. Esse, reuniu seus homens, atacou o castelo e conseguiu libertar Mabon,
que foi encontrado em uma prisão subterrânea. Devemos acrescentar, que a prisão
de Mabon se encontra em Kaer Loyw, que significa "Cidadela da Luz" e só lhe
liberam graças a um veneno, o que equivale a um verdadeiro "regressus ad uterum",
uma regeneração pela mãe.
Chamado de o "Filho da Luz" ou o "Filho Divino",
Mabon representa a plena juventude, o sexo, o amor, a magia e adora pregar
peças. Associado a Myrddin e posteriormente a Cristo, seus símbolos são o
javali, as nascentes minerais e a lira.
MABON, A DIVINA "CRIANÇA INTERIOR"
Mabon, como toda a Criança Divina", passou pouco
tempo junto de de sua mãe, conforme a narração, três dias, pois é raptada e
colocada num local úmido, escuro e subterrâneo de um castelo, que muito lembra o
útero da Grande Mãe Terra.
Confirma-se assim, que toda a Criança que se destina
a algo grande, necessita de um segundo parto no santuário da Grande Mãe,
enquanto é equipado com as capacidades extraordinárias e as forças que precisa
para cumprir suas árduas tarefas. Tal criança, portanto, precisa receber o sopro
vital da Mãe Divina e este é o motivo pelo qual, devem ser afastadas de suas
verdadeiras mães, mas nunca para serem aniquiladas e sim serem salvas. Sua
salvação não está ao alcance de sua mãe biológica.
Entretanto, o relacionamento primal com sua mãe,
jamais será esquecido. Mesmo que mãe e filho se dispersem, se separem, as
vivências, as recordações permanecem, pois o filho é um pedaço de sua mãe e
nunca seu destino a deixará indiferente.
O que todos nós precisamos, assim como a Criança
Divina, é alguma vez na vida experimentar como uma pessoa se sente quando é
amada. E, se nenhuma pessoa estiver disposta a nos proporcionar essa
experiência, então precisamos aprender a amar à nós mesmos.
Entretanto, muito embora a Criança Divina, seja
tratada de um modo especial, isso não quer dizer, que não terá dificuldades na
vida adulta, pois quanto mais importante é o personagem, tanto mais arriscada
será a sua existência. É como se ela precisasse primeiramente dar provas de sua
missão conforme o lema: "o que não me mata me fortalece".
A lenda do Deus Mabon representa, em um sentido mais
pessoal, a capacidade de superar as dificuldades, de suportar as dificuldades e
aprender com elas, para renascermos como pessoas melhores.
Mabon é a Criança Divina que dormita em nosso
inconsciente e que não pode ser negligenciada e muito menos afogada com
argumentos "racionais", pois ela contêm em si todo o conhecimento sobre a
capacidade de resistir à nova vida. E, quando esse arquétipo infantil constela
dentro de nós, surge também o arquétipo "Mãe", pois não existe filho sem mãe. E
também, o arquétipo "Pai", pois não existe filho sem pai, muito embora os povos
mais antigos não tivessem consciência do fato. Assim, a família está completa,
uma "Família Divina", porque representa a totalidade, o Si-mesmo.
Ao acessarmos nossa Criança Divina Anterior, também
devemos cavalgar nas costas do salmão que nos levará até a entrada de uma gruta
muito escura, mas cheia de tesouros. O "Abre-te Sésamo" para chegarmos até toda
essa riqueza é tomarmos consciência da nossa "criança interior", porém, quanto
mais tempo nos demorarmos nessa auto-descoberta, mais nos afastamos de sentir o
prazer da felicidade plena.
O POÇO SAGRADO DE MADRON

O poço consagrado à Deusa Modron, que foi
cristianizada como Santa Madrun fica em Cornwall,
na Inglaterra.
No trajeto até o poço, encontramos árvores adornadas
com muitas tiras de panos ("clouties"). O costume de pendurar tiras de tecidos
nas árvores ou arbustos das vizinhanças de um poço ou fonte sagrada, ainda é
bastante difundido na Escócia, País de Gales e na Irlanda. A idéia desse ritual
é rasgar uma parte da roupa do corpo, mas exatamente do local que está doente.
Em seguida, deverá ser atado à árvore. Quando o pedaço do pano apodrecer na
árvore, a enfermidade desaparecerá com ele.

O simbolismo relacionado com a Deusa Mãe foi
esquecido quase por completo, desde que começaram a ser realizados ritos
cristãos nas igrejas. Contudo, a veneração da água, que desempenhou papel
importante na antiga religião celta, ainda se conserva em alguns costumes
populares relacionados com os poços sagrados.
Os poços e fontes, são muito visitados com várias
intenções, entre elas: com o propósito de adivinhação, especialmente por moças
solteiras, na primeira quinta-feira do mês de maio. As visitantes confeccionam
anteriormente, cruzes com dois pequenos pedaços de palha, fixados com um
alfinete. Tais cruzes devem ser colocadas na água para flutuar. O número de
bolhas que surgirá na superfície, indicará o número de anos de espera para se
casarem.
Ou ainda, objetivando a cura de alguma enfermidade.
Nesse caso, a pessoa ou criança deve mergulhar despida (ou traje de banho), três
nas águas do poço, estando de frente para o sol. Em seguida, deve dar nove
voltas em torno do poço e depois deitar-se em qualquer relva próxima para
secar-se ao sol. Esse ritual deve ser realizado na primeira quarta-feira ou
domingo do mês de maio e em absoluto silêncio. Quando estiver indo embora, se o
ritual foi realizado para uma criança, deixe uma peça de roupa dela amarrada em
uma árvore próxima.
DEUSA MÃE SOLAR

Modron, como Mãe de Mabon, que encarna o jovem sol,
é a Anciã Deusa Solar. Ainda, como filha de Avallach, está associada com as
maçãs, que são as imagens simbólicas do sol. Já como neta de Belenos, cujo nome
significa "Brilhante e tem sua origem na mesma raíz que Apolo, Deus solar grego,
mais uma vez, vemos reforçada sua posição Deusa associada aos Deuses Solares.
Todas essas correspondências, portanto, nos leva a afirmar de que Modron é, sem
sombra de dúvida, uma Deusa Sol.
E, mais ainda, Modron, com seus filhos gêmeos Morwud
e Mabon-Owen, parece ser o equivalente celta da Deusa Leto-Letona com seus
filhos Apolo e Ártemis. Isso se confirma pelo feito que a Grã Bretanha, na
Antiguidade, passava por ser o país de nascimento de Leto. Além disso, Diodoro
Sículo demonstra que o templo circular de Stonehege é um santuário dedicado a
Divindade Solar, opinião corroborada por Pomponio Mela.
O fato da Deusa Modron sempre vir acompanhada de
pássaros, ou ela mesma ser um pássaro, sendo o dito pássaro um corvo, lhe rende
uma direta associação com Deus Apolo, pois o corvo é o animal símbolo desse
Deus. E, apesar do corvo apresentar a cor negra, é um símbolo solar. Por outro
lado, existem corvos brancos, e o nome da Deusa Branwen (Corvo Branco), irmã do
herói Bran, não nos deixa esquecer.
ENERGIA FEMININA SOLAR
Em períodos mais arcaicos, muitos povos adoravam o
Sol como um aspecto da Mãe Natureza, com as funções de iluminar o mundo, curar
os enfermos, vivificar e ressuscitar os mortos, acalentar o âmbito privado do
lar e do Templo, proteger os campos contra geadas, etc.
Mas como eram essas culturas centradas na mulher e
na adoração da Deusa?
Nessas culturas eram amantes da paz, pois junto a
elas não haviam fortificações militares, nem armas. Parece também, não ter
havido guerras organizadas em grande escala, apenas as escaramuças e conflitos
pessoais de escassa importância que ocorrem em qualquer sociedade humana. As
armas encontradas, eram pequenos instrumentos pessoais, o que sugere que seriam
usadas primordialmente para defesa.
Aos centros da Deusa faltava também uma estrutura
política burocrática, pois as pessoas viviam em famílias extensas, semelhantes a
clãs governado por mães. Não existia escravatura. As mulheres atuavam como
sacerdotisas, artistas, agricultoras e caçadoras de animais de pequeno porte. Em
suam, essas culturas neolíticas da Deusa parecem ter lançado as sementes para o
fascínio dos pensadores ocidentais com a Utopia, não como uma possibilidade
futura, porém, mas como um sonho a respeito de uma realidade que perdemos.
As sociedades matrifocais podem ter tido, na
verdade, as características de uma Idade de Ouro simplesmente porque a
vinculação primária era entre filhos e mães. Como já salientou o psicanalista
Erich Fromm, os filhos devem "conquistar" o amor do pai, usualmente pela
obediência e o conformismo. O amor de mãe é incondicional, o que engendra boa
vontade. As culturas baseadas no amor materno e reforçadas pelos ritos
religiosos em torno da Deusa-Mãe teriam sido sociedades pacíficas,
condescendentes, mantenedoras da vida, baseadas na confiança. A natureza
sacrossanta de toda a vida teria sido realçada, e o comportamento destrutivo,
violento, destrutivo, desencorajado. Os valores humanistas decorrentes da
jovialidade natural das relações entre mãe e filho teriam cimentado muito mais o
relacionamento social do que a mera obediência a uma figura autoritária.
Com a implantação do regime paternalista, toda essa
energia feminina solar canalizada na Deusa, assim como todos os seus símbolos
foram considerados demoníacos. O clímax desses acontecimentos se deu na Idade
Média, com a Inquisição, momento em que a imagem oposta do arquétipo do Cosmo
Feminino começou a emergir.
Quando os Deuses Solares tornaram-se heróis todas as
Deusas passaram a ser as vilãs, e muitas velhas histórias foram reescritas. A
mitologia sacra começou a refletir um dualismo desconhecido nos tempos
neolíticos. Sol e Céu opostos à Terra e à Lua, coisas que eram parte da
Grande Mãe, incluindo o poder de destruir, o mistério da morte e a escuridão da
noite. Essas polaridades não tinham conotação moral. Não era questão de "Bem"
contra o "Mal", e sim, que todas as coisas tinham aspectos positivos e
negativos, todos eles ingredientes necessários na Grande Roda da Vida Criada.
Com a Criação do Antigo Testamento, a interpretação
da história tornou-se então a base para a auto-negação do próprio homem, negação
essa que não pode despertar outra coisa do que espanto e horror, pois a natureza
humana e principalmente a mulher são considerados repulsivos e envenenadoramente
maus.
Talvez as palavras mais crassas sejam aquelas do
Papa Inocêncio III em "De contemplu mundi" ("Do desprezo por este mundo", onde
ele declara claramente sobre a humanidade:)
"Formatus de spurcissimo spermate, concetus in
pruritu carnis, sanguine menstruo nutritus, qui fertur esse tam detestabilis et
immundus, ut ex ejus contactu frudes non germinent, arescant arbusta... et si
canes inde comederint, in rabiem efferantur." (Formada do esperma mais imundo,
concebida no prurido da carne, alimentada pelo sangue menstrual, que é
considerado tão nojento e imundo que depois de ter contato com ele, as frutas
dos campos já não germinam, os pomares secam... e os cães, se dele comem, ficam
raivosos.) Impressionante!
É uma pena a humanidade ser míope às influências
divinas femininas que poderiam conferir à vida do mortal algum esplendor. Em todo o ser
humano há um arquétipo que personifica a Grande Mãe, e em todo ser humano
dormita a sabedoria da Deusa Modron. Todos podem reivindicar para si a dádiva de
Modron, purificada pelo fogo do sofrimento, com as forças que antes lhe pareciam
sobre-humanas para vencer na vida.
O DESPERTAR DA DEUSA MODRON
Modron chega até nossas vidas com sua antiga
religião, depois de uma longa apatia, para trazer à tona poderes latentes, que
toda a mulher poderá desenvolver e aplicar na vida, tanto para sua própria
satisfação e vantagem, como para aumentar sua contribuição à vida em grupo.
Mas, esse passo adiante no desenvolvimento
consciente, não acontecerá sem dificuldades e obstáculos. Para todas as mulheres
da sociedade atual, uma vida unilateral não é suficiente e o conflito entre as
tendências opostas do masculino e feminino dentro delas tem de ser encarado. Não
podemos mais restringir o "feminino" àqueles velhos padrões instintivos e
inconscientes. Se as mulheres pretendem ter contato com seu lado feminino Sol,
isso precisa ser feito pelo duro caminho de uma adaptação consciente.
Os problemas de adaptação, surgido da recente
consciência da dualidade na mulher, têm que ser necessariamente tratados sob seu
aspecto moderno. A necessidade de reconciliação dessas duas partes da natureza
feminina é um problema secular e é somente em sua aplicação à vida prática que o
aspecto moderno surge. Basta olhar por sob o verniz da vida contemporânea para
se encontrar o mesmo problema num nível mais profundo. Não é um problema de
adaptação da mulher ao mundo do trabalho e do amor, esforçando-se para dar o
mesmo peso a ambos os lados da natureza, mas sim uma questão de adaptação aos
"princípios" femininos (anima) e masculinos (animus) que interiormente governam
o seu ser. Ela tem que se voltar para aquele material subjetivo rejeitado, que
para os cientistas objetivos do século XIX era somente superstição ou questão de
humor.
Nós precisamos nos reconciliar com nossas Deusas
Solares interiores que representam a projeção ingênua de realidades psicológicas
e que não estão deturpadas pela racionalização.
RITUAL DA MAÇÃ

A Deusa Modron pode ser celebrada com um simples
ritual da maçã, pois essa fruta é consagrada à ela e seu filho Mabon. A maçã era
depositada ao longo dos túmulos funerários, como forma de honrar os míticos
seres que habitam neles. A oferenda de maçãs também simbolizava o agradecimento
das tribos pelas boas colheitas como também eram ofertadas em respeito aos
ancestrais que já partiram para o Outro Mundo.
Existe ainda um antigo costume popular que consiste
em beber suco de maçã para atrair o amor ou aumentar a potência sexual.
Para esse ritual você precisará de apenas uma maçã.
Espere até a entrada da primeira Lua Nova, segure a maçã com as duas mãos e, de
pé ou sentada em um local onde possa estar exposta à luz do sol, recite antes de
dar a primeira mordida:
Ó Modron Mãe adorada, Deusa toda poderosa
Honro seu amor, ó formosa
Conceda-me um amor apropriado
Que pelas estrelas me seja enviado.
Ao dar a primeira mordida pense na Deusa. Imagine
também a fruta do amor, doce e úmida, transformando-se em um romance saboroso!
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia
O Amor
Mágico - Laurie Cabot e Tom Cowan
O Livro
da Mitologia Celta - Cláudio Crow Quintino
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
O Medo
do Feminino - E. Neumann
Consciência Solar, Consciência Lunar - Murray Stein
As
Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
Caminho
para Iniciação Feminina - Sylvia B. Perera
La Mujer Celta - Jean Markale
La Mythologie Celtique - Y. Brékillen
La Reine et le Graal - C. Méla
La légende Arthurienne - E. Faral
CONFIRA AS CIDADES CELTAS




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