~*~DEUSA MAYAHUEL~*~

 

MAYAHUEL

 DEUSA PROTETORA DOS VENTRES GRÁVIDOS

           

A fertilidade exuberante tanto humana quanto agrícola, corresponde ao campo de atuação de Mayahuel. Simboliza o poder nutritivo que é capaz de reproduzir a vida, assim como aumentá-la. É também a Senhora do oitavo signo dos dias "tochti" (coelho) no calendário nahua.

Seu principal elemento iconográfico é a planta maguey em plena florescência. Na maioria de suas imagens, esta Deusa aparece dentro de uma destas plantas, ou ao lado dela, com as pernas abertas em posição de parto e sentada sobre uma tartaruga (o animal maternal da lua e da terra). No contexto mexicano ela foi a protetora do parto e de todos os ventres grávidos.

                             

DEUSA DO MAGUEY

A bebida mais famosa do México é extraída de um superabacaxi, o agave-azul, que os mexicanos chamam de maguey. O maguey é um velho conhecido dos astecas, que usavam sua seiva para produzir aguamiel, bebida com características mais nutritivas que alcoólicas.

 O aguamiel, hoje em dia, é vendido nas lojas como pulque. Tudo era aproveitado deste tipo de abacaxi. As folhas viravam fibras e, depois, tecidos. Esta planta está identificada com a Deusa Mayahuel, que como a Vênus do Êfeso, tinha 400 peitos para alimentar seus 400 filhos.

 Mayahuel como a divindade do pulque, teve grande importância na vida dos indígenas do centro do México, pois a introduziu como bebida ritual e como oferenda cerimonial aos deuses.

O pulgue era consumido em festividades e banquetes. Segundo uma lenda, em tempos míticos, os homens possuíam os grãos que garantiam o seu sustento, porém, careciam de outros produtos para proporcionar-lhes lazer e prazer. Os deuses concordaram em dar-lhes algo que os tornassem propensos ao canto e a dança. Quetzalcoatl decidiu que uma bebiba embriagante traria mais prazer as suas vidas e lembrou-se então de Mayahuel, a linda jovem Deusa do maguey.

A avó da Deusa era uma tzitzimitl, ou seja, um demônio celestial da escuridão. Quetzalcoatl convenceu a Mayahuel a partir com ele para a terra e ali os dois se reuniram em uma frondosa árvore e tomaram a forma de um ramo cada um. Entretanto, a avó de Mayahuel, ao tomar conhecimento de sua fuga, convocou as demais tzitmime para ajudá-la à encontrar a Deusa fugitiva. Quando a localizou imediatamente destruiu a árvore e o ramo onde estava oculta Mayahuel foi quebrado. Assim, sua avó despedaçou a Mayahuel e deu as partes de seu corpo as outras tzitzimime, que a devoraram e deixaram tão somente seus ossos ruídos.

Quando Quetzalcotal, cujo ramo não havia sido quebrado, recuperou seu aspecto, recolheu os ossos da Deusa e os enterrou com muita tristeza. Deles surgiram a primeira planta do maguey, milagrosa fonte do pulgue.

Há umas vinte espécies de agave e diversas variedades de pulque. Dessas houve uma que se chamava "metlaloctli", ou seja, "pulque azul", por sua coloração.

O primeiro pulgue "huitztli" era ofertado ante ao "Colibri Feiticeiro", deus da guerra e do sol, para propiciar o nascimento de valentes guerreiros ou mulheres hábeis.

O marido de Mayahuel é Patécatl, deus da medicina herbária, que representa certas plantas que se agregam ao pulque para ajudá-lo no processo de fermentação.

SOBRE O PULGUE

O pulgue contêm proteínas vegetais, hidratos de carbono e vitaminas. Entre os otomies do Vale de Mezquita, cuja a dieta alimentícia é muito precária, sua ração se completa com o pulgue. O efeito é sentido através da plenitude gástrica e a aquisição de novas forças para continuar seus trabalhos como peões.

Em tempos mais antigos o pulque se chamava "ixtac octli" (o licor branco). O nome atual para ser uma corruptela espanhola de octli poliuhqui (licor decomposto), o termo náhuatl para um pulque muito fermentado.

O abuso dessa bebida era severamente proibido. A embriaguez que causava era considerada a causa de toda a discórdia, como uma tempestade infernal, que atrai consigo todos os males. Só podiam embebedar-se os doentes e os velhos, cabe suspeitar que tais regras não eram obedecidas sempre. Era recomendada também para as mulheres próximas do parto e lactantes.
 

 

Mayahuel é a mais notável de todas as Deusas, principalmente devido a sua comitiva. Em sua volta, conta-se, que havia um grupo de pelo menos 15 deuses, conhecidos como os 400 coelhos, todos "Patronos da Embriaguez", considerados como emanações de Mayahuel.

ARQUÉTIPO DA MÃE-FÉRTIL

                 

Na lâmina 16 acima do Códice Borgia podemos observar Mayahuel amamentando um pássaro como símbolo de fecundidade e abundância. Os pássaros são conhecidos, por serem intensamente prolíferos em sua reprodução. Verifica-se também que seus peitos estão cheios, acusando um recente parto. E, mesmo com o corpo semi-nu, ela ostenta delicados ornamentos. Sua face é tão branca quanto a luz da lua. Abaixo de seu nariz visualiza-se um "yacameztli"em forma de lua, todo em ouro. Complementando estes acessórios, vê-se pulseiras de turquesas e suas sandálias bordadas com pedras preciosas. A cor de seu corpo é amarelo de acordo com a simbologia desta deusa terrestre.

ARQUÉTIPO DA MÃE-BENFEITORA

             

Finalmente na lâmina acima, Mayahuel, se mostra sentada sobre o "icpalli" de pele de jaguar, demonstrando a sua hierarquia e domínio sobre as outras deusas, como Mãe-benfeitora. A planta maguey, símbolo que a identifica, é observada atrás do "icpalli". Desta deusa existem 7 imagens, todas com a mesma conotação.

Cabe acrescentar, que Mayahuel foi a inventora do processo de retirar o pulgue do maguey.

A GRANDE DEUSA

Mayahuel é a Deusa Sufocadora e todos os homens sucumbiram ao prazer, à magia e à embriaguez que ela proporciona: entretanto, ela é também a Curadora e seu marido é "aquele que vem da terra dos remédios". Assim como Tlazolteotl que é a divindade do prazer e da morte, acompanhada por curandeiros, médicos, videntes e magos, Mayauel também é, a um só tempo, inebriante e mortífera.

A Deusa da bebida inebriante é mais uma vez a Grande Deusa, a Deusa-Mãe-Terra-Noite; por isso, Mayahuel é o colosso terrestre, a Deusa da terra e do milho, e também do céu noturno. Na forma de Deusa com os "quatrocentos", isto é, com inumeráveis seios, ela alimenta, como Mãe Celeste, as estrelas que são os peixes do oceano celeste, que são idênticos aos quatrocentos deuses do "octli" ou pulque, seus filhos.

Os mais jovens eram proibidos de consumir pulque, e aquele que se apresentasse embriagado em público era punido com a morte. Era consumida de forma moderada, na verdade, em muitas festas; todavia, a sua verdadeira importância consiste no fato que os guerreiros bebiam da pulque inebriante antes de se dirigirem à batalha, bem como os prisioneiros, antes de ser sacrificados. A força mágico-encantadora da bebida é um recurso de que se valia a Deusa da guerra para tornar mais aguerridos os homens aptos para o combate, mas também era o símbolo do poder mortífero do próprio Feminino, em que embriaguez e morte se interligam de forma sinistra.

A conotação de "belicosidade" ligada à bebida inebriante, que pode ser observada em todo canto da Terra até em um período histórico posterior, aparece com clareza na crença mexicana de que o homem que nascesse sob o signo da planta medicinal pulque seria um bom guerreiro.

O frenesi da belicosidade, porém, não é sempre e exclusivamente uma conseqüência do entorpecimento provocado por uma bebida inebriante, muito embora esse tipo de "recurso" tenha se disseminado, com certeza, em muitas sociedades secretas.

RITUAL

Dia 24 de abril é o dia da celebração de Mayahuel, a Deusa asteca detentora do poder visionário pelos sonhos e pelas alucinações, regente da Terra e do Céu Noturno. Nessa noite aproveite para realizar esse pequeno ritual.

Tome um banho demorado e depois prepare um chá de artemísia. Em seguida, medite ao som de um tambor e tente transportar-se ao Reino de Mayahuel. Com suas próprias palavras peça-lhe saúde e orientação para transformar todos seus sonhos em realidade. Ou então peça-lhe que lhe envie algum sonho significativo para que possa compreender o que se passa em sua vida.

Agradeça a oportunidade do contato e vá deita-se, aguardando que bons sonhos surgiram!

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO