DEUSA
MAMA QUILLA

Mama Quilla era (e
ainda é) a Deusa da Lua mais venerada entre os
Incas, depois do Sol. Ela era a esposa do Sol (Inti)
e seus filhos eram Mama Ocllo, a Donzela da Lua e
seus irmão, Manco Capac, o Homem-Sol.
É a Deusa cujo rosto
redondo de prata diminuía à medida que suas forças
enfraqueciam, recuperando-se com orações e
oferendas de seus seguidores. Durante os eclipses,
acreditava-se que um jaguar celeste a devorava e,
para impedi-lo, eram feitos rituais e sacrifícios
de animais. Os íncas acreditavam que a prata eram
as lágrimas da Deusa e os templos que foram
construídos para ela tinham suas paredes
revestidas de folhas de prata.
Deusa protetora dos
casamentos, nascimentos, dos ciclos menstruais, do
fluxo das marés, do calendário Inca e dos
festivais religiosos. Criadora dos seres do sexo
feminino, seu culto ficava à cargo das mulheres.
Se dizia que a Lua era mais poderosa que o Sol,
porque ela aparecia tanto a noite como de dia.

FESTIVAL LUNAR -
CITUA
O Festival Lunar em
honra a Mama Quilla era conhecido pelo nome de
Citua e ocorria durante a Lua Crescente mais
próxima do Equinócio de Outono. Todos executavam
um ritual de limpeza, e em seguida espalhavam em
suas faces um creme à base de milho moído.
Seguia-se vários dias de festividades e danças.
No santuário de
Titicaca, construído no modelo dos de Cuzco o
momento solene da festa do Citua era a imolação de
uma mulher.
"No cortejo, escreve
Molina, marchava uma bela mulher chamada Coya Pcsa;
filha do governador, is ser imolada como esposa do
sol. Era costume de numerosos povos indígenas o
sacrifício às divindades de uma jovem escolhida
entre as famílias de elevada posição". Esse rito
tinha por fim dar uma esposa ao deus que se
pretendesse honrar.
Relações estreitas
existiam entre os santuários do sol e da lua,
edificados em ilhas vizinhas; simbolizavam estas a
união mística das duas divindades. Em jangadas
ricamente adornadas, sacerdotes e sacerdotisas dos
templos de Inti e de Mama Quilla trocavam
freqüentes visitas; duas embarcações levavam
pequenos oratórios. Um era ocupado por um
sacerdote que representava o deus Sol; o outro,
pela sacerdotisa que representava a Deusa-Lua.
Saudavam-se e depois a sacerdotisa pedia ao deus
Sol que concedesse aos homens suas bênçãos
cotidianas, fazendo germinarem os frutos da terra,
e que continuasse a brilhar.
No fim da festa,
realizavam-se banquetes que, conforme o costume,
terminavam em bebedeiras e excessos.
O templo da Lua, na
ilha de Coati, fora edificado por ordem do Inca
Tupac Yupanqui. Ele achava ofensivo deixar sem
esposa o deus-sol que residia na ilha Titicaca.
Por esse motivo, mandou construir em Coati, no
centro de pequeno bosque próximo da pátria, um
santuário que dava abrigo a uma imagem feminina de
ouro.
Seu culto está
relacionado com o período das chuvas e é
transmitido e conservado até hoje através da
Virgem de Guadalupe.

CERIMÔNIA DA VIDA -
UYASCAY (NASCIMENTO)
Mama Quilla era
protetora das grávidas e dos recém-nascidos. Tinha
um recinto especial em Coricancha (Cuzco). Porém,
as mães não necessitavam ir ao templo. Muitas
noites a viam prateando com sua luz às casas, os
campos e o palácio. Ela estava ali no céu, para
quem quisesse vê-la e invocá-la.
A Coya, esposa do Sapa
Inca e outras esposas da nobreza, viviam rodeadas
de servidoras e damas para terem uma vida só de
comodidades. Essas a parteira lhes atendia no
parto
A mulher camponesa
entretanto, trabalhava ao lado do marido até a
hora do parto. Devia mostrar-se uma mulher forte.
Chegado o momento de dar à luz, se aproximava de
um arroio ou num caminho de água (canal de
irrigação) e estendia no solo sua manta listada
confeccionada por ela mesma e com as bênçãos da
Mama Quilla esperava seu filho. Quando o colocava
para fora, cortava o cordão umbilical, o amarrava
e, reservando um pedaço, enterrava o resto com a
placenta.
Em seguida lavava o
filho e o enrolava em outra manta que também havia
confeccionado para este fim. Colocava sua preciosa
carga sobre as costas de maneira que o bebê
pudesse ouvir claramente as batidas de seu
coração. Durante nove meses essa música o havia
acompanhado e agora deveria seguir ouvindo-a para
que não se sentisse em um mundo estranho. Feito
isso, a mãe voltava a sua vida de camponesa.
No quarto dia a
criança era apresentada aos parentes que lhe
traziam presentes, alimentos e chica. Se colocava
o primeiro nome. O cordão umbilical que reservou,
era posto para secar e seria usado para criança
mordiscar quando já tivesse dentes.

O CASAMENTO DO SOL COM
A LUA

É através do casamento
interno do sol com a lua, da rainha com o rei, da
água feminina com o fogo masculino que o homem e a
mulher vivenciam o arquétipo da totalidade e podem
se relacionar de uma forma mais harmoniosa. A
tensão entre os opostos é geradora de movimento e
vida. Os opostos precisam se afastar para poderem
se reunir num outro momento. Viver a unidade
absoluta é impossível, pois teríamos a parada do
movimento, a morte.
A vida flui através
das tensões dos opostos. Um relacionamento entre
duas pessoas precisa ter momentos de encontro e
momentos de afastamento. O sol e a lua se
encontram periodicamente no céu e também se
afastam, e a qualidade desse encontro sempre é
diferente. O sol ilumina a lua e a lua se deixa
iluminar pelo sol de maneira diferente.
É preciso que o homem
e a mulher experimentem também, várias formas de
se encontrar e se desencontrar. Então o casamento
pode permanecer vivo e atingir o objetivo do
desenvolvimento psíquico das duas pessoas
envolvidas na relação. A aceitação das diferenças
é a condição básica para um relacionamento
criativo. A harmonia se cria a partir dos opostos,
e só é possível a harmonia porque a desarmonia
também existe. A harmonia nasce da união dos
opostos, mas é preciso que eles se separem para
que possam voltar a se reunir.
Essa é uma lição
básica que nos proporciona o nosso Pai-Sol e nossa
Mãe-Lua, no seu eterno encontro e desencontro.
Entretanto, a nossa tendência é eliminar um dos
opostos, caindo-se então, no desequilíbrio e
perdendo-se a oportunidade de viver de maneira
mais plena.

A MÃE-LUA

São
muitas as Deusas da Lua. Mas, assim que se estuda seus atributos,
características e histórias de suas vidas, reconhecemos que todas elas são
realmente uma única divindade. O culto a Mãe-Lua acontece desde o mais
longínquo registro histórico.
Mama
Quilla, nossa Mãe-Lua Inca, é a esposa do deus Sol "Inti". O contato com o
arquétipo desta Deusa é feito através de meditação, que deve ser realizada
na Lua Crescente, três dias antes da Lua Cheia. Coloca-se as mãos em forma de
triângulo, voltando-a para a Lua. Se estiver nublado e não for possível
enxergar a Lua, poderá fazer o movimento com as mãos e voltá-las para uma
árvore. Todas plantas têm a energia forte da Mama Quilla.
A
Mama Quilla identifica-se com a Deusa grega Ártemis. É protetora das mulheres
casadas e guardiã de nossos sonhos.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

 


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