
























|
Das
figuras femininas da Irlanda, Maeve é a
mais espetacular. Ela era a deusa soberana
da Terra com seu centro místico em Tara.
Com o passar do tempo a cultura irlandesa
mudou sob a influência cristã e então,
Maeve foi reduzida a uma mera rainha mortal.
Mas nenhuma mortal poderia ter sido como
ela, "intoxicante", uma mulher
"embriagante", sedutora, que
corria com os cavalos, conversava com os pássaros
e levava os homens ao ardor de desejo com um
mero olhar.
Maeve,
segundo a lenda, era uma das cinco filhas de
Eochardh Feidhleach, rei de Connacht, uma
mulher muito bela e forte, dotada de uma
mente brilhante, estrategista hábil,
talhada para enfrentar todo o tipo de
batalhas. Era muito segura de sua
feminilidade e sexualidade. Diziam que possuía
um apetite sexual voraz, mas é um erro vê-la
como inconveniente e lasciva que utilizava a
satisfação sexual com a finalidade de
ganho egoístico. Ela ofertava aos seus
consortes uma taça de vinho vermelho como
seu sangue. O vinho de Meave representava o
sangue menstrual que era considerado como
"o vinho da sabedoria das
mulheres".
O Festival Pagão de Mabon
era comemorado em sua honra. Durante estas
festividades, aqueles que almejassem ser
rei, aguardavam que Meave os convidasse à
beber de seu vinho. Isto assegurava de que o
homem para ser rei, necessitava ser versado
no feminismo e nos mistérios das mulheres.

Maeve
foi considerada a Deusa da guerra similar a Morrigan, fez que seus guerreiros
experimentassem as dores do parto de uma
mulher.
Ela
é a Rainha de Connacht, simboliza o poder
feminino e é a personificação da própria
Terra e sua prosperidade.
Shakespeare
a trouxe à vida como Mab, a Rainha das
Fadas. Em uma versão mais moderna, os
ecologistas a converteram em Gaia, o espírito
da Terra.

Na
Antiguidade Celta, as mulheres se
equiparavam aos homens. Possuíam
propriedades e ocupavam posições de prestígio
dentro da sociedade. Também não existia a
monogamia nas uniões. A rainha Maeve do
reino irlandês de
Connacht era famosa por
sua beleza e possessão sexual. Teve muitos
amantes, a maioria eram oficiais de seu exército,
o que assegurou de algum modo a lealdade de
suas tropas. Muitos homens lutavam duramente
nos campos de batalha por uma possibilidade
de receber seus favores sexuais.
Maeve
é figura central de um épico irlandês
"Tain Bo Cualngé".
O
primeiro marido de Maeve, foi justamente o
seu rival mais constante, o rei Conchobor
Mac Nessa. Maeve foi-lhe dada em casamento
como compensação pela morte de seu pai, mas
para provar sua independência, ela o
abandona. Conchobor, insatisfeito, encontra
Maeve banhando-se no rio Boyne e a estupra.
Em decorrência do fato, os reis da Irlanda
se unem para vingar o ultraje. Nesta
batalha, perde a vida Tinne, o então marido
de Maeve.

A
rainha de Connacht está sem rei, e por isso
os nobres se reúnem e indicam Eochaid Dala
para ser seu novo marido. Ela consente,
desde que o marido não seja nem ciumento,
nem covarde, nem avarento.
Certo
dia, Maeve adota um garoto, o qual passa a
integrar sua corte. Com o tempo o tal garoto
cresce, tornar-se um hábil guerreiro e
obviamente,
torna-se seu amante. Eochaid não aceita bem
a situação, assim como os nobres de
Connacht, que tentam expulsar o rapaz da
corte. Maeve consegue impedir e o jovem
desafia o rei para um combate. Por ser um
grande guerreiro, acabou matando o rei e
assumindo o trono ao lado de Maeve. Esse é
Ailill, seu marido mais importante,
protagonista da nossa história...

A
BATALHA DAS RESES DE COOLEY -
("Tain Bo Cualngé")
Maeve
estava casada com seu terceiro marido o rei
Ailill.
Quando discute com esse para saber quem tem
maior fortuna, ela faz alarde de possuir
mais que Ailill: em virtude da legislação
celta, quem possuir mais bens, então pode
mandar nos assuntos de casa. Quando lhe
contam que lhe falta um touro para vencer
Ailill, se dispõe a fazer qualquer coisa
para obter um animal extraordinário, cujo
posse, faria inclinar a balança a seu favor.
Ailill tinha um touro a mais chamado de "Finnbennach"
(touro branco). Maeve pede então, para Daré,
filho de Fiachna, que lhe ceda seu touro, o
famoso Donn de Cualngé, que vivia em Ulster,
nas terras de seu rival Conchobar. Em troca
ela lhe daria terras, um carro de guerra e,
sobretudo, o receberia em sua cama.
Filha do rei supremo da Irlanda, a rainha
Maeve possui soberania, ou seja, ela é a
soberania, o poder. Do mesmo modo, segundo a
mitologia grega, que os mortais adquiriam
poderes divinos ao converterem-se amantes de
uma Deusa, também um homem que se tornasse
amante de Maeve, também poderiam obter os
poderes que ela representa. E ainda, segundo
a lenda, Ailill sempre "fechava os olhos",
cada vez que sua esposa prodiga a "amizade
das coxas" a um homem, segundo o delicado
eufemismo utilizado pelos autores épicos. E,
nos damos conta dele em Tain Bo Cualgé,
quando as negociações com Daré não foram
muito satisfatórias e Maeve decide
apoderar-se do touro à força, empreendendo
uma guerra contra Ulster. Necessita
portanto, de guerreiros, em especial do
terrível Fergus, exilado de Ulster. Sendo
assim, dedica a Fergus cuidados muito
particulares, e um dia quando ambos são
surpreendidos por um criado de Ailill que
explica ao rei o que tinha visto, esse se
limita a dizer:
-"Ela o necessitava, era necessário que
atuasse assim para assegurar o êxito da
expedição".
Mas isso não impede que Ailill fique
aborrecido em numerosas circunstâncias, a
tal ponto que, um dia, vendo Maeve acariciar
de forma indecente Fergus, ordena a um de
seus homens que lancem um dardo sobre ele, o
que causa a morte do herói.

Maeve, reúne seu exército e invade o norte
da ilha (Irlanda), fazendo pouco caso das
previsões adversas que anunciavam o fracasso
de sua expedição por causa de Cuchulainn.
Quando o avanço inimigo foi detectado, o
semideus dedicou-se a emboscar os invasores.
Maeve recorre então a uma cruel estratagema:
o obriga a enfrentar seu irmão adotivo,
Ferdiad, antigo companheiro de armas ao qual
engana para atacar Cuchulainn.
Durante três dias, os velhos amigos e
companheiros se enfrentam em um rio num
combate que terminou com a vitória do herói
de Ulster, graças ao uso que este fez de um
golpe ensinado pela Deusa
Scâthach (sua treinadora em artes
militares): o "gai bolga", ou "descarga de
raio". Porém, após a vitória, ele ficou
completamente esgotado do ponto de vista
físico e psicológico, pois tirar a vida de
Ferdiad foi um golpe muito difícil para ele.
É nesse momento, que o Deus do Sol aparece
dizendo:
-"Sou Lugh, teu pai do Mundo Exterior, filho
de Ethliu. Dorme um pouco Cuchulainn, que eu
desafiarei a todos."
O Deus Sol então se materializa para assumir
as funções do guerreiro que, após morrer
durante três dias, continua mortal. Nesse
estado de bardo, pode ascender em direção a
três mundos místicos celtas: ao de seu corpo
terrestre, ao do espírito físico e, por fim,
ao radiante da luz da alma, no qual o
próprio sol se manifesta. Quando Cuchulainn
dorme, fica unido a seu próprio resplendor,
habitando todos os mundos ao mesmo tempo.
Essa fácil mutação entre o soldado humano e
seu arquétipo do outro mundo é algo muito
comum em qualquer tipo de relato celta. Essa
é a chave dos mistérios celtas: a fusão do
espiritual, do físico e do imaginário.
Enquanto Lugh permaneceu no lugar de
Cuchulainn, os exércitos da rainha de
Connacht, não tiveram passagem. Mas, como
Maeve era muito esperta, conseguiu enviar um
pequeno grupo de homens que conseguiu roubar
o touro. Por fim, ela é obrigada a recuar
com seu exército, entretanto, ela já tinha
em seu poder o que desejava.
No entanto, quando os touros se encontraram
nos prados de Connacht, lançaram-se um
contra o outro. Eles lutaram durante horas,
inclusive após o pôr-do-sol, sem que ninguém
fosse capaz de separá-los, nem sequer Maeve
e Ailill. A peleja foi tão colossal que se
diz que na mesma noite eles deram a volta em
toda Irlanda, perseguindo um ao outro. Ao
amanhecer, Donn era o único que continuava
em pé. Ele matou Findbennach e espalhou seus
restos por toda a ilha. Mas a alegria da
rainha pelo valor de sua recente aquisição
não durou muito. O touro sobrevivente subiu
em uma colina para mugir para todos os
reinos irlandeses e morreu devido ao esforço
despendido no ato. Desde então, a colina
passou a chamar-se Druim Tairb, a Colina dos
Touros.

Como
podemos observar, o objetivo principal de
Maeve era o touro, que desde a mais remota
Antigüidade é um símbolo feminino,
encontrado nas culturas ancestrais de Creta
do Egito e da Anatólia.

O
touro antes de tudo, evoca a idéia de poder
e de ímpeto irresistíveis. Para os celtas
ele pode ser também, símbolo da morte
violenta dos guerreiros. Na Gália são
conhecidas representações de um touro com
três chifres, o qual, sem dúvida, é
antigo símbolo guerreiro (o terceiro
chifre, seria o equivalente do que, na
Irlanda, é chamado "lon laith" ou
"lua do herói", que é uma espécie
de aura sangrenta, jorrando do alto da cabeça
do herói em estado de excitação
guerreira). O touro é ainda, representação
da força temporal, sexual, a fecundidade da
natureza.
Portanto,
não é por acaso, que o segundo signo do
zodíaco, o Touro, é governado por Vênus,
simbolizando a força de trabalho e
encarnando os instintos, especialmente os da
conservação, da sexualidade e de um gosto
pronunciado pelos prazeres em geral,
particularmente pelos da carne.

MAS
O QUE TAL LENDA SIGNIFICA, AFINAL?
Todas
as Deusas do amor sempre foram associadas à
guerra, pois o amor e o ódio, como diz um
velho ditado popular, "caminham
juntos".
Maeve,
como deusa, possui o poder intoxicante da
paixão que nós sentimos no amor, nos
desejos, no sexo, assim como na raiva e na
guerra. Sempre existiu uma linha tênue
entre o amor e o ódio, o sexo e a violência.
Se nós perdermos o controle da paixão,
motivados pela ganância, o poder, ou outro
tipo de sentimento mesquinho, fatalmente
acabaremos cruzando esta linha. Portanto,
mantenha seu coração aberto para o amor,
mas freie sua paixão com sabedoria.
Maeve
tinha muitos nomes: Mab, Madh, Medh e
Medhdb. Há poucas referências dela nos
filmes. O mais recente é em Merlim da NBC,
onde como a Rainha Mab é uma feiticeira
maligna. Não existe uma única referência
que comprove que Mab ou Meave esteve
associada as Lendas Arturianas ou envolvida
com Artur. Meave foi um mito pagão e também
nunca foi uma entidade do mal.
Maeve
aparece em nossas vidas para nos desafiar a
assumir a responsabilidade pela nossa vida.
É hora de sermos a "Rainha de nossos
domínios", tornando-nos conscientes
dos nossos erros e acertos, sendo responsável
por tudo que se faz e por tudo que se
acredita.
Existem
pontos no seu interior que lhe são
desconhecidos? Você é daquelas pessoas que
vive uma rotina programada realizando sempre
as mesmas coisas? Ou você á daquelas
pessoas que para não se incomodar deixa as
coisas ficar do jeito que estão? Ou talvez
não tenha coragem, ou não esteja disposta
a reconhecer que você e sua vida é
resultado das escolhas que faz com
responsabilidade.
Maeve,
aparece para lembrá-la que o caminho da
totalidade está em assumir a
responsabilidade de sua vida, seja ela do
jeito que for. Somente quando você se
assumir, reconhecer quem é, onde está,
porque está é que poderá criar algo
diferente.

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia
Consultada
O
Oráculo da Deusa - Amy Sophia Marashinski
Os
Mistérios da Mulher - M. Esther Harding
Bruxas
e heróis - Eisendrath Young
Os
mistérios Celtas - John Sharkey
O
Livro da Mitologia Celta - Claudio Crow
Quintino
Druidismo
Celta - Sirona Knight
Livro
Mágico da Lua - D.J. Conway
A
Grande Mãe - Erich Neumann
Os
Mitos Celtas - Pedro Pablo G. May
Os
Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
La Mythologie Celtique - Y.
Brékillen
La Mujer Celta - Jean Markale
Foram
consultados alguns sites na Internet
|