KE
ANUENUE, A DEUSA ARCO-ÍRIS
ARCO-ÍRIS, ALIANÇA ENTRE O CÉU E A TERRA
"Para que nossos olhos tenham a alegria de ver o arco-íris, primeiro
precisamos sobreviver à tempestade".
Desde os primórdios dos
tempos o homem observou o arco-íris como uma ponte que uniria o Céu com a Terra,
ou seja, que une nosso plano físico com o espiritual. Pode-se ainda acrescentar,
que seria uma escada de cores que devemos subir para alcançarmos um nível de
maior compreensão e compaixão.
Já na Antigüidade,
quando os gregos observavam um arco colorido unindo o céu a terra, quebrando a
monotonia do horizonte, acreditavam estar recebendo um sinal positivo dos
deuses. Para eles, esse fenômeno estava diretamente relacionado a Deusa Íris,
mensageira da Deusa Juno, que surgia no céu caminhando por um arco formado por
sete cores (violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho) para trazer
mensagens divinas aos homens.
Essa imagem simbólica da
natureza também está presente na Bíblia. No livro do Gênese, conta-se que,
depois do dilúvio, um arco-íris surgiu por trás das nuvens, cruzou os céus e o
seu brilho penetrou o solo. Essa aparição mágica seria uma mensagem do Criador
anunciando o fim das chuvas e da grande inundação.
Portanto, desde as
primeiras etapas da história da humanidade, a aparição esporádica e repentina do
arco-íris já tinha um significado especial, oscilando entre o mítico e o
religioso.
O arco-íris é um
fenômeno que fascina os olhos humanos de todas as idades. Entretanto, a
representação cognitiva que a mente humana criou a respeito dele é bem variável.
A LENDA DE MAKAHA
Conta-se, que em um
certo tempo, sete anos se passaram sem que nenhuma gota de chuva caísse no vale
da montanha de Waianae. Como chefe de seu povo, Makaha deveria buscar auxílio
com o espírito ancestral, Mano ai Kanaka. Ao ser chamado em voz alta, rajadas de
vento ergueram no mar grandes ondas e em meio a uma tênue névoa dourada, surgiu
o mais temido tubarão do oceano, conhecido pelo nome de Mano ai Kanaka. Makaha
então, jogou-se ao mar e montou-o, desaparecendo a seguir, nas profundezas das
águas, onde lhe foi possível ver suculentos cardumes de peixes.
Soube então, que seu
povo não mais morreria de fome. Retornou muito feliz ao vale para contar a nova
notícia e conduzir seu povo ao lugar onde havia alimento abundante. Makaha
conseguiu assim, salvar sua tribo e tornou-se ainda mais respeitado. O seu
grande feito correu mundo e, os murmúrios subiram aos céus para serem ouvidos por Ke Anuenue,
a Deusa do arco-íris, responsável em prover o vale com sua fértil chuva.
Curiosa, do alto de seu arco-íris, passou a prestar mais atenção aos atos
valorosos do corajoso
chefe dos Waianae. Suas habilidades e coragem já haviam gerado fascinantes
histórias e não demorou muito tempo para que a Deusa se apaixonasse pelo audaz
mortal.
Um duplo arco-íris
coloriu o céu do vale onde Makaha residia e ele passou a ouvir uma voz musical
que dizia:
-"Makaha, Oh Makaha!
Venha até mim."
Seguindo o som e subindo
pela estrada do arco-íris, jogou-se nos braços da Deusa. Makaha e Ka Anuenue
tornaram-se ardentes amantes e ele, todos os dias lhe oferecia deliciosos
presentes trazidos do mar com juras de amor eterno.
Entretanto, um dia,
quando retornava da pescaria, encontrou seu povo que já o esperavam na praia.
Entre eles, estava uma linda e jovem donzela, que chamava-se Maiili. Makaha
encantou-se imediatamente com sua beleza e acabaram amando-se nas areias mornas
da praia. Louco de paixão, esqueceu-se de seu sagrado compromisso com a Deusa.
Quando retornou ao local
onde havia deixado o fruto de sua pesca, o povo já havia dividido entre si os
peixes, restando-lhe somente as sobras que haviam sido refutadas. Apanhou-as e
apressadamente, foi ao encontro de Ke Anuenue.
Ao olhar para a
miserável oferenda, irritou-se, mas não desejando agir com hostilidade, agiu
como se nada estivesse errado, mas decidiu conferir mais de perto todas as
atividades de seu amado. Na manhã seguinte, do alto de seu arco-íris, Ke Anuenue
viu Makaha encontrar-se novamente com Maiili na praia e desta vez, sua fúria não
foi contida.
Grandes nuvens negras
surgiram no horizonte, relâmpagos cortaram cruelmente o céu e uma forte chuva
inundou todo o vale de Waianae. Casas, animais colheitas e o povo foram
arrastados para o mar. Muito poucos sobreviveram para contar a história. No dia
seguinte e por muitos outros anos não mais choveu.
Makaha perdeu seu poder
e conseqüentemente seu cargo como chefe de seu povo. E, para que todos
lembrassem do fatídico evento, gerou uma grande elevação de arco-íris sobre o
alto do vale.
Só depois de
transcorrido um longo tempo, a Deusa apiedou-se do povo, pois compreendeu que o
amor não é um sentimento egoísta, mas sim um sentimento que abre as portas do
coração secreto do tempo. Tempo esse, que se encarrega de assegurar que nada se
perca ou seja esquecido.
Só através do amor é
permitido habitar o reino eterno.
A Deusa arco-íris e
Makaha desapareceram para viver nas profundezas da Sagrada Montanha quando o
vale foi invadido e destruído por pessoas que não respeitam ou compreendem a
beleza e a graça dos lugares sagrados.
Entretanto, sabemos
através das profecias que pouco falta para que o arco-íris aqui chegue
novamente, para iluminar a terra e tornar as coisas do jeito que eram.
O arco-íris exemplifica
o poder da beleza, apesar de sua natureza transitória. É também um bom exemplo
da ilusão que experimentamos neste mundo físico, que também é efêmera e
transitória.
DEUSA KE ANUENUE
A religião era um aspecto predominante
da vida havaiana que permeava cada aspecto das atividades diárias e cada evento
significativo, tal como o nascimento, a união matrimonial, a morte, a pesca, a
agricultura e a guerra.
Os antigos havainos adoravam um número
grande de deidades, sendo que alguns estavam associados as manifestações da
natureza. Portanto, o bem estar da terra e de todos os seus ocupantes dependia
de uma observância cuidadosa de oferendas e rituais que eram realizados em
templos específicos, chamados de "heiau". Tais cerimoniais eram presididos por
sacerdotes, denominados de "kahuna", que figuravam, em grau de importância, logo
abaixo dos chefes governantes, justamente por estarem em contato direto com os
Deuses, podendo assim, determinar a melhor maneira de se ganhar ou perpetuar o
poder.
A força e a prosperidade do "chefe"
estavam diretamente relacionadas com seu fervor religioso e o seu sucesso em
manter relações amistosas com os Deuses. Seria como o seu mandato dependesse do
aval divino, que seria considerado revogado somente quando houvesse uma bem
sucedida invasão.
Como KE ANUENUE é a Deusa que
personifica o arco-íris, estava então, associada diretamente com a chuva, a fertilidade
da terra, a agricultura e a prosperidade.
PROFECIAS DO ARCO-ÍRIS

Quando a terra tornar-se
extremamente doente, muitos peixes, animais e homens morrerão. Mas, será então
quando uma quarta tribo de povos de todas as nações, credos e raças do mundo,
terão fé em suas ações e não nas palavras, para tornar novamente a terra verde e
para restaurar outra vez, nosso planeta. Esses irmãos irão viver em perfeita
harmonia com a nossa Mãe Terra e falarão de amor para seus filhos. Serão eles
chamados de "Guerreiros do arco-íris", os protetores da natureza.
Profecia feita há mais de 200 anos por "Olhos de
Fogo", uma velha índia Cree.

Venerado como Deus ou Deusa, temido como
um demônio, utilizado para provar teorias óticas, o arco-íris já coloriram o céu
de nosso passado e permanece colorindo nosso céu da atualidade. Desde o período
da Antigüidade até o nosso presente, o arco-íris segue inspirando e testando o
mundo físico. Embora os cientistas já tenham compreendido o sistema ótico do
arco-íris relativamente bem, sua variação sutil encontrada na natureza ainda não
foi explicada integralmente.
SIMBOLOGIA
O arco-íris sempre foi símbolo de uma
"nova esperança", já que ele se projeta no céu, logo após uma tempestade. É
portanto, um símbolo divino que representa a harmonia. Suas cores representam
nossos chacras.
Pode ainda ser considerado um símbolo de
sucesso e prosperidade, já que acredita-se que no final de cada arco-íris há um
pote de outro nos aguardando.
Entretanto, para algumas culturas o
arco-íris por envolvido por uma atmosfera de medo. Uma lenda popular na
Finlândia, associa-o a foice do Deus Trovão. Os árabes consideram-no como sendo
o "arco do demônio". Em outras tradições, existe a crença que o ato simples de
apontar para um arco-íris pode custar a perda de um dedo ou uma úlcera. Já na
Romênia, há uma lenda que todo aquele que passar abaixo dele, obterá uma mudança
de sexo. Entre os hebreus e os cristãos, o arco-íris é considerado como o "arco
da promessa", já que ele surgiu logo após o Dilúvio.
Na mitologia nórdica, Bifrost, o
arco-íris, era a ponte que conectava a Terra, chamada de Midgard, com Asgard, a
"Casa dos Deuses".

Só os Deuses podiam cruzar esta ponte,
que era protegida pelo Deus Heindall. Essa ponte também estava associada com a
Via Láctea.
Durante a Guerra dos Camponeses no século XVI na Alemanha, foi usada uma
bandeira de arco-íris como sinal de esperança na Nova Era. Thomas Müntzer,
sacerdote que apelou à revolta dos camponeses, é muitas vezes retratado
segurando uma bandeira arco-íris. Uma bandeira arco-íris é também usada no Peru e
Equador como símbolo do
Tawantinsuyu, ou território Inca. E tem sido
exibida em protestos contra os governos destes países.
Os achewa uma tribo africana cuja
subsistência e sistema de vida estão embasados na agricultura, dependem muito da
chuva para não morrerem de fome. Por isso, na escassez deste líquido precioso,
toda a tribo invoca um ser supremo conhecido pelo nome de Chiuta (Grande Arco),
o Senhor do Arco-íris. Para os achewa, o arco-íris representam os braços do Deus
e é um símbolo de providência, que se manifesta através de nuvens carregadas de
chuva.
Na atualidade, o arco-íris é símbolo de
diversidade, de oposição à guerra nuclear, do movimento homossexual mundial.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO




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